quinta-feira, 25 de abril de 2013

V Domingo Páscoa C



Quando Judas saiu do Cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».

Caros amigos e amigas, só quando a traição sai da nossa cela interior, Jesus nos revela o segredo mais essencial e natural deste mundo: o AMOR.
A palavra “a-mor” é composta por um a negativo e pela palavra morte (do latim mors, mortis): o amor é aquilo que não morre, a não morte. O amor faz viver, ressuscita, renova, dá alegria, suporta dores. O amor é a Vida. O amor é aquilo que salva porque não faz morrer: só o amor faz viver e só por amor se pode viver. E Deus é Amor.

Um mandamento novo
Como pode o amor ser novo, se desde sempre as pessoas se amam? E como se pode mandar, obrigar alguém a amar? Qualquer amor forçado é uma máscara, uma contrafação do amor, frustração para quem ama e desilusão para quem o recebe. Contudo, o amor traz sempre consigo novidade, porque é sempre imprevisível, criativo, surpreendente. O ódio, a vingança, a maldade, esses são previsíveis. O amor não. Chega sempre inesperado como um presente imprevisto.
Mas o que é radicalmente inédito é que este amor antes de ser pedido é dado. Jesus, que pede para amar até ao fim, percorreu primeiro esta estrada exigente. Aquele que pede a nossa vida para fazer um sinal de amor, ofereceu primeiro a sua, sem guardar nada para si.

Amai-vos uns aos outros
Esta infinidade de destinatários do amor é uma riqueza. O amor existe sempre face a um rosto. Os “outros” quer dizer todos, todos os que vemos, porque os que não vemos é fácil amar… Os outros obrigam-nos a ultrapassar o círculo fechado dos “nossos amores” e prazeres, os outros são ocasião de amor, de acolhimento e não rejeição, de reconhecimento e não de anonimato, de hospitalidade e não hostilidade. O amor é sempre uma interação no presente, mesmo se deixa marcas no passado e ultrapassa o futuro.

Como eu vos amei
Este “como” resume e rima com todo o Evangelho: “assim como eu fiz, fazei vós também”; “sede perfeitos como o Pai”; “seja feita a tua vontade assim na terra como no céu”. Jesus não fez grandes discursos sobre o amor, mas fez da sua vida um único ato de amor, uma narração da parábola do amor, o ícone da sua beleza.
A novidade então do amor cristão não é o amor, mas o amor como o de Cristo. O amor é Ele quando lava os pés dos discípulos, quando se dirige a Judas que o trai chamando-o amigo, quando reza por quem o mata, perdoando-lhes por não saber o que fazem, quando chora pelo amigo morto ou exulta pelo perfume derramado pela amiga,… Colocar-se nesta escola de amor é retomar não a quantidade mas a qualidade do amor desproporcional, gratuito e incondicional de Jesus. O amor aprende-se vivendo no encontro e na relação. Aprende-se a amar amando.
Pode amar como Jesus apenas quem fez a experiência do quanto Ele nos ama. Só quem já viveu os efeitos do amor pode desejar para os outros aquilo que já lhe foi dado. E isto é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou considerar as características do amor de Jesus, para aprender a amar como Ele.


REZAR A PALAVRA
Meu Deus e Senhor, quero acolher este dom sempre no meu coração.
Porque o Amor dá-me tudo; e eu dou tudo pelo Amor.
O Amor é a vida que vence a morte.
E o Amor tudo pode, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
E Tu meu Deus és Amor, és o Amor. E a minha vocação é ser amor.
O amor é paciente, é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso,
não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento.
Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.
O amor jamais passará, porque Tu, meu Senhor, és a vida que vence a morte.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

JEF de Freixo/Ligares acolhe a cruz do DDJ



 No dia 21 de abril decorreu no Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Vila Flor, a celebração do Dia Diocesano da Juventude.

Pela manhã tivemos uma caminhada orientada, onde "bebemos em sete fontes". Com os sacramentos e os dons do Espírito Santo, pegando em temas (dos Resistência à Sara Tavares, por exemplo) e no Catecismo da Igreja Católica, trilhamos o caminho do acreditar, do ser jovem, até à meta que é Cristo.


Já no cimo do monte, celebramos a Eucaristia à qual presidiu o Sr Bispo D. José Cordeiro (que nos acompanhou em todo o dia). 

No final da celebração os jovens de Vila Flor, que acolheram este DDJ, passaram o testemunho aos jovens de Freixo, onde vai decorrer o próximo DDJ. O grupo JEF de Freixo e Ligares, receberam a cruz (como indica a foto) que ficará na Unidade Pastoral de Freixo até ao DDJ 2014.

Depois do almoço partilhado, tivemos um tempo de convívio com jogos e de concerto muito animado com o grupo "Os Alma" de Bragança e a "Banda de S. Sebastião" de Coimbra. O grupo JEF do Centro D Abílio abriu esta tarde cultural com a encenação do Hino das JMJ no Rio.


No final da tarde foram distribuídas réplicas em miniatura da Cruz do DDJ a cada jovem participante.

Da JEF estiveram representados jovens dos grupos de: Freixo/Ligares, D. Abílio (Macedo de Cavaleiros), Santa Clara (Bragança) e 30 jovens da JEF da UP6 Bragança

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A caminho!...



“Segui-Lo significa entranhar a própria vontade na vontade de Jesus, dar-Lhe verdadeiramente a precedência, antepô-Lo a tudo o que faz parte da nossa vida: família, trabalho, interesses pessoais, nós mesmos. Significa entregar-Lhe a própria vida, viver com Ele em profunda intimidade, por Ele entrar em comunhão com o Pai no Espírito Santo e, consequentemente, com os irmãos e irmãs. Esta comunhão de vida com Jesus é o «lugar» privilegiado onde se pode experimentara esperança e onde a vida será livre e plena.”



quinta-feira, 18 de abril de 2013

IV Domingo Páscoa C




Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».

Caros amigos e amigas, enquanto que os outros evangelistas têm parábolas, o Evangelho de João está cheio de imagens. Hoje, a beleza da imagem do bom pastor e a ternura das suas palavras revestem-se de uma enorme intensidade que transforma e alegra o coração.

“As minhas ovelhas escutam a minha voz e Eu conheço-as”
Escutar não é só ouvir os sons, mas é preciso a gramática da atenção e a pauta da sintonia para os decifrar. Ouvir é perceber um som; escutar é fazê-lo ressoar dentro, fazê-lo vibrar no coração. A gente vive daquilo que escuta, e a boca fala daquilo que vai no coração. Escutar é então o verbo da relação, da intimidade, do encontro, da partilha, do envolvimento e do compromisso.
A escuta é a primeira maneira de mostrar ao outro que existe, que é importante para mim. Quase como a mãe que ouve o choro do filho e aí escuta a necessidade de afecto, de presença, de alimento. Amar é principalmente escutar.
Escutar a voz do Pastor é ter a certeza que Deus fala e se dirige a mim. Mesmo se tantas vezes lamento o eco de um infinito silêncio, Deus atravessa a minha surdez, quebra a distância, dirige-me a sua palavra e o seu olhar. Os cristãos são aqueles que escutam a voz de Deus!
Para conhecer alguém não basta saber os dados do bilhete de identidade, tal como não basta conhecer de cor o rótulo de uma garrafa para conhecer o seu sabor, nem decorar uma receita para saciar a fome. É preciso experimentar, encontrar, perceber, saborear. Não te conheço porque sei onde vives ou tenho informações sobre ti, mas porque te encontro, acolho o que te habita, vejo quem és, o que sentes, o que vibra em ti. Do mesmo modo Deus conhece-me porque faz ecoar em mim a sua voz, me envolve, me transforma, me ama.

“Eu dou-lhes a vida eterna”
Há uma enorme desproporção entre aquilo que Deus faz por nós e aquilo que cada um deve fazer para corresponder ao seu dom. A vida de Deus, antes de qualquer resposta, mérito ou empenho, é-nos dada sem condições. Deus oferece um precioso tesouro: não coisas, mas a vida, a sua vida!
Muitos cansam-se, num activismo desenfreado, como se tudo dependesse deles, e esquecem a presença em si da humilde semente da vida de Deus.

“Ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai”
Nada nem ninguém, anjo ou homem, vida ou morte, presente ou futuro, nos poderá separar do amor de Cristo (S. Paulo). O homem é, para Deus, uma paixão tão grande que O faz atravessar a eternidade à nossa procura. Estamos nas mãos do Pai: as mãos que separaram o céu e a terra, mãos que moldaram o frágil barro de Adão, mãos estendidas aos doentes e a Pedro quando naufragava, mãos que partilharam o pão da vida na última ceia, mãos pregadas na cruz para um abraço eterno, mãos furadas que acolheram as dúvidas de Tomé… Amigos, nestas mãos eu confio a minha vida!
O Evangelho é uma longa história de mãos. Agora a tarefa é nossa: ser mão para os outros, prolongar o Evangelho.
VIVER A PALAVRA
Considero a alegria de saber que o Senhor me conhece e confio totalmente n’Ele.


REZAR A PALAVRA
Tu és o meu Senhor nada me falta!
Quando quiser encontrar o teu rosto seguirei o eco da tua voz,
confiante na segurança das tuas mãos fortes e ternas.
Tu és o meu Senhor nada me falta!
Concede-me, Pastor de beleza, a liberdade de te seguir nos verdes prados
e sacia-me com a frescura do teu Espírito.
Reconforta, Senhor, a minha alma e guia-me por caminhos rectos.
Tu és o meu Senhor nada me falta!

domingo, 14 de abril de 2013

Semana de Oração pelas Vocações



Deus Pai, fonte da vida,
que pelo teu filho, Jesus Cristo,
nos deste o Espirito de confiança e de amor:
envia operários para a tua Igreja;
dá vitalidade de fé
a cada família, paróquia e diocese,
onde desabrochem numerosas 
vocações sacerdotais e religiosas
e os baptizados vivam generosamente o Evangelho,
ilumina com a santidade da tua palavra
os pastores e os consagrados;
anima os jovens nos seminários e nas casas de formação;
renova a esperança na Igreja e continua a chamar muitos
para que nunca faltem testemunhas autênticas,
transfiguradas no encontro contigo,
e anunciadoras da tua alegria 
à comunidade cristã e aos irmãos.

Ámen.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

III Domingo Páscoa C




Naquele tempo, Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?». Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».

Caros amigos e amigas, nesta página Jesus ressuscitado ressuscita os discípulos desanimados. É no diálogo de amor que se superam as incertezas, as fragilidades e traições anteriores e se renova a vida.

Uma narração de ressurreição
Todo o texto, revestido de um ar primaveril e familiar, é o relato da ressurreição dos discípulos: a passagem da noite para a luz, da ignorância para o reconhecimento de Jesus, da improdutividade para a pesca abundante, do nada ter para comer para o banquete preparado por Jesus. A presença do Ressuscitado, até na nossa vida, produz sempre mudanças e recria a comunidade.

Reacender a vida
É uma noite amarga a de Pedro e dos amigos, reflexo de quem viu naufragar um sonho, uma pessoa, uma vida. Fechados na sua incerteza e fraqueza, depois do parêntesis místico, voltam à dura realidade no lago onde tudo tinha começado. Se por um lado eles retornam ao antigo trabalho de pescadores, por outro lado Jesus continua a sua actividade de amor. Pedro retoma as redes de pesca e Jesus retoma as relações de amor ali onde tinham parado, no jardim das oliveiras.
A fé nunca é um dado adquirido para sempre, como carimbo inapagável e garantido no passaporte da vida. É uma relação de amor, um conhecer progressivo que aquece o coração e alimenta a vida. E, como sempre, Jesus espera por nós no fim da noite mais escura.

“Tu, amas-Me”?
Jesus interroga Pedro e leva a confessar por três vezes o amor àquele que o tinha negado também três vezes por temor! “Enquanto Cristo morria na cruz, Pedro morria negando. O Senhor Jesus ressuscita dos mortos e, no seu amor, ressuscita Pedro” (S. Agostinho). Também como Pedro somos arrastados para a ressurreição! Criados para a vida, nada nos poderá separar do Amor!
No diálogo com Pedro vemos um dos diálogos mais fascinantes da história de Deus que procura o homem. E quando Jesus interroga a Pedro interroga-me a mim e a ti. A repetição da questão talvez seja mais importante do que a nossa resposta. Não importa mais as negações e os erros passados. Importa apenas o Amor que procura e pede amor. Nada mais! Naquela eterna pergunta, renovada incansavelmente, Deus torna-se apaixonadamente o mendigo do amor! E isso é Evangelho!


VIVER A PALAVRA
Quero revestir o meu olhar de amor para te reconhecer nas circunstâncias da vida.

REZAR A PALAVRA
Quando as minhas mãos apertarem as redes de uma noite de pesca sem fruto
traz à margem da minha vida, Senhor, a luz da tua aurora;
E faz que o calor da tua voz alimente a minha débil esperança.
Com as brasas do teu amor, Senhor, aquece o meu coração e alimenta-me da tua presença.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

II Domingo Páscoa C




Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

Caros amigos e amigas, na oitava da Páscoa o evangelho apresenta-nos duas cenas: a aparição do ressuscitado aos seus discípulos na ausência de Tomé e o protagonismo de Tomé no encontro com o Mestre ressuscitado.

Shalóm
A saudação do ressuscitado «a paz esteja convosco», típica entre os judeus, não é uma simples saudação, mas é uma profecia e um acontecimento. O significado profundo de shalóm (paz) é de doação de um novo estilo de vida para cada pessoa e para as comunidades que seguem o projeto do espírito de Jesus Cristo: «como o Pai me enviou também eu vos envio a vós… recebei o Espírito Santo».

Olhos de Páscoa
Tomé não acredita no testemunho dos colegas: «vimos o Senhor». Ele sente a necessidade de experimentar pessoalmente o encontro com Cristo. Quando acontece o tu a tu, já não precisa de ver nas suas mãos o sinal dos cravos e de meter o dedo no lugar dos cravos ou a mão no lado aberto. Tomé fica fascinado pelo Mestre ressuscitado. De certo modo, Tomé representa-nos a todos. É uma figura atual que não aceita ser menos que os outros colegas que tinham visto o ressuscitado. Ele podia acreditar como nós pelo testemunho dos Apóstolos ou então como fez de pertencer ao grupo dos privilegiados que tocaram o mistério.
O encontro com o Ressuscitado transfigura o coração e a razão e lança-nos um enorme desafio: «não chega só pregar sobre ti, meu Deus, dar-te a conhecer aos outros, desenterrar-te dos corações dos outros. É preciso abrir nos outros o caminho que conduz a ti, meu Deus, e para isso é necessário ser um grande conhecedor da índole humana» (Etty Hilesum).

“Felizes os que acreditam sem terem visto”
Neste contexto Tomé exprime a máxima confissão de fé de todo o Novo Testamento. Ele dirige-se a Jesus como o antigo israelita se dirigia a Yahweh, isto é como o Senhor (Yahweh) e Deus (Elohim). A bem-aventurança que se segue à confissão de fé ilustra bem o facto extraordinário da aparição do ressuscitado-crucificado; o chamamento da comunidade para acreditar através da escuta e o valor do anúncio do Evangelho
Jesus chama felizes àqueles que acreditam sem ter visto. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. E isto, caros amigos e amigas, é o dinamismo do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero acolher do Coração do Ressuscitado a Vida que me faz mensagem do Seu Amor.


REZAR A PALAVRA
Bastantes vezes também eu não reconheço a tua presença viva e ressuscitada,
nos outros, na Igreja, no mundo e na história,
mas transforma o meu coração na paz da tua Páscoa,
para que, no dom do teu Espírito, possa sempre confiar e testemunhar-te,
Senhor e Deus, o amor sem medida.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

QUANDO A VIDA NOS ASSALTA


Cfr. Jo 20, 11-18

Maria vem provida para a fúnebre missão…
Carrega a velhice de uma cidade estremunhada
e fecha o futuro sobre a neblina que carpiu.
A névoa escapa-se-lhe, o futuro abre-se
e a infância balbucia…Oh!

Maria irrita-se com a folia do horizonte
e reprime este sol irreverente que brinca na gota de orvalho.
Que luz é esta que lhe desfaz o toucado de noite
em que, cuidadosamente, tumulara os cabelos?
Solta-lhe os cabelos e eles esvoaçam ao porvir…

E que brisa inoportuna lhe enxuga a lágrima, pronta,
depois a seguinte
e esgota o saco lacrimal tão generosamente abastecido?

Maria não vem para uma festa
e a fresta no horizonte alarga-se, alarga-o…

Que perfume novo a envolve em atrevido movimento?
Estraga o aroma dos unguentos lúgubres que lhe pesam…
Maria já confunde luto com luta!

Maria cansa-se e pousa a mágoa, descuidada.
Não reparou nos rastos vivos do chão…
e que a tristeza da mágoa se magoa ao cair.
Porque se escapa esta tristeza que lhe vestira a mágoa?

Maria alça o fardo mortuário e teima o seu propósito.
Mas quando pensa chegar,
sobressalta-a a fonte onde todos os caminhos nascem
e que lhe arrevesam o sentido.

Maria chega ao sepulcro e encontra um leito desfeito,
choca-a um conforto sacudido.
Maria não pode entender a afronta de um cemitério descomposto!
Pensa já consultar um entendido em morgues e em sepulcros,
um necrólogo que lhe dê respostas,
que lhe interprete o espanto e o desconcerto perante a Vida!
Ela pertence a um povo especializado nas coisas da morte.

Maria vem preparada para vasculhar esses mundos da morte
e a Vida assalta-a no encontro mais inopinado da estrada.
A Vida fere-a, depois sedu-la e depois unge-a.
A Vida convida-a a uma dança!
E Maria rende-se, depois bebe, depois naufraga…
E depois dança.

Ah! Então Maria já dança, numa corrida deslumbrada,
Maria embriagada, possuída pela Vida,
vai semeando futuro como um presente…
com uma Presença!

Ir. Maria José Oliveira