quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Jovens de Sortes

Grupo de Jovens JEF da Freguesia de Sortes - Bragança



XXXI Domingo Comum A


Comemoração de todos os fiéis defuntos

Evangelho segundo S. João 11, 21-27
Naquele tempo, disse Marta a Jesus: «Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas eu sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Ele To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».

Caros amigos e caras amigas, neste Domingo em que celebramos os defuntos, os cemitérios acolhem multidões, as flores preenchem as campas, o silêncio e o clima outonal são tristes. É dura e incompreensível a irmã morte! Portanto, hoje, Jesus convida-nos à liturgia da vida.

Interpelações da Palavra

«Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido»
É este também o grito de escândalo com que repreendemos Deus quando conhecemos a morte, na separação das pessoas amadas. O gemido de Marta prolonga o nosso soluço: Senhor, porque não escutaste o meu desespero? Porque és tão indiferente à doença e à morte? Se estivesses aqui talvez a dor das tuas lágrimas se pudessem misturar à minha mágoa e terias feito algo! Talvez não reconheçamos a sua presença silenciosa, mas não com a dispensa da morte, porque para Ele o maior bem não é uma vida centenária, mas é viver já uma vida de ressuscitados.

«Eu sou a ressurreição e a vida»
Estas são talvez as palavras mais importantes do Evangelho, palavras grávidas de vida, palavras já presentes e não apenas realizáveis num futuro distante e enevoado. Sim, é hoje que somos assediados pela ressurreição! É Cristo o lugar da ressurreição! É Ele a semente de eternidade que Deus lançou no coração da humanidade!
Mesmo se alguns apostam tudo na escuridão, no vazio para além da morte, na inutilidade das cinzas e do pó com que fomos feitos, Deus aposta hoje na vida, na fecundidade, nos laços que nem a eternidade poderá separar. Sim, Deus acredita em mim, acredita que a beleza que eu teço agora jamais será desfeita, acredita que a ressurreição que hoje eu semeio será amanhã um campo florido, acredita que a morte não tem a última palavra porque Ele já antes a venceu, destruiu, aniquilou. Sim, na memória de Deus, a morte foi vencida e derrotada. Ainda que passem três dias ou trinta anos, o amor de Deus é inimigo do esquecimento, porque mais forte do que a morte é Alguém, é o Amor! E o amor de Deus é a força da ressurreição!
A morte pode sepultar a pessoa, impedi-la de ser e de viver, enterrá-la no esquecimento, mas não impedirá os laços indestrutíveis de amor que nos ligam a Deus. Para Ele não existe um sepulcro do qual não se possa sair, não há túmulo tão profundo que não possa ser violado, nem ninguém é cadáver putrefacto que não possa renascer de novo, porque para Deus não há morte que não possa ser vencida pelo amor!

Acreditar no amor
A vida eterna não é uma fábula ou um sonho, mas é a vida do Evangelho concreto nos gestos do quotidiano amor. Aqui nada é esquecido: nem um afecto, um copo de água ou o mais pequeno sorriso. Por isso, o Evangelho alerta-nos a ter mais medo de uma vida vazia, inútil e infecunda do que da morte, essa última portagem que ultrapassaremos agarrando-nos fortemente ao coração d’Aquele que nunca nos abandonará.
Quem nos separará do amor de Cristo? Nem anjos nem demónios, nem vida, nem morte, nada nos poderá separar do amor de Deus (S. Paulo). E esta certeza nos basta. Se Deus é amor, Ele vingará a nossa morte. A sua vingança é a ressurreição, um amor nunca separado. Esta é, caros amigos e amigas, a esperança e o amor do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, acredito no amor, por isso acredito na vida, porque o amor não deixa morrer a vida!
Acredito que Tu és Amor, por isso acredito que Tu és Vida.
Acredito que me amas, por isso acredito que não me deixarás morrer.
Senhor, acredito que amas os que eu amo, por isso acredito que eles vivem no teu amor.
Senhor, ensina-me a amar como Tu amas para que possa dar vida àqueles que amo.
Senhor, seduz o meu amor, para que te ame de tal modo que sejas sempre vida em mim.

Viver a Palavra

Vou procurar entender a vida e a morte na perspetiva de um Deus que me ama infinitamente. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

XXX Domingo Comum A



Evangelho segundo S. Mateus 2, 34-40
Naquele tempo os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».

Caros amigos e caras amigas, eis aqui, compendiado numa única frase, o caminho que sacia toda a verdadeira ambição… É este o ideal de Deus a nosso respeito, é esta a nossa meta: amar. Mas amar será assim tão simples?

Interpelações da Palavra
Perguntou-lhe para O experimentar…
A trama do tributo a César fora um fracasso, era preciso montar uma nova armadilha. Os fariseus pensam encaminhar Jesus para os labirintos de normas e de leis onde eles são especialistas imbatíveis, embrulha-lo numa discussão, e… aí não seria difícil encurralá-lo com um qualquer deslize de interpretação. E eis que o Mestre dá uma resposta tão breve quanto incisiva a esses mestres, profissionais de exterioridades: revela a joia que a lei tem dentro. É como se eles andassem a mostrar o cálice, e Jesus desse a provar o néctar.
Jesus derruba-lhes a arrogância de se acharem donos de Deus e das suas graças, mostrando que o caminho está aberto a todos: amar a Deus… com a condição de amar o próximo! Apresenta-lhes um mandamento, depois outro, ambos livres de glosas e de comentários, como duas pérolas saídas do cofre da lei, a brilhar à luz do dia, um brilho onde toda a lei ganha sentido, e que reduz a nada todo o legalismo escravizante.

Amar a Deus
É fácil confundir o amor a Deus com o cumprimento de procedimentos e de obrigações… oferecer-lhe orações, sacrificiozinhos… acrescentar créditos à nossa salvação, como se a salvação viesse de uma irrepreensibilidade exterior! É como aqueles pais que dão muitas coisas aos filhos, mas raramente lhes fazem provar a doçura de um beijo, ou o mel de uma carícia e muito menos o aconchego da atenção. Somos capazes de calar com exterioridades um apelo que nos atinge muito mais fundo… o Deus que nos seduz.
A verdade é que, como os fariseus, também nós desejamos “experimentar” Deus, mas por vezes seguimos o caminho errado. Jesus mostra-nos o verdadeiro caminho para a experiência de Deus: o amor. Não podemos deixar secar a relação vital, o trato de amizade com Ele! Deus quer homens e mulheres, livres da armadura de prescrições e de protocolos, para O amar sem coações, capazes de fazer uma experiência inteira, onde nada pode ficar de fora. A tríplice repetição de todo o coração, toda a alma, todo o espírito’ revela-nos que Deus, que é tudo e só amor, nos demanda por inteiro, não pede isto e aquilo, mas pede a nossa integridade. O amor a Deus não se trata de um sentimento, é uma opção por aceitar que o amor de Deus tome posse de nós. Significa deixar-se embeber, empapar, por Deus que é amor, passarmos a ser o que Deus é, de modo que qualquer um que nos vir tem que perceber, pelos nossos gestos, palavras e obras, que somos composição do amor… que “vai ali o amor!”

Amar o próximo
Mas o amor a Deus não é também um delírio forjado nas nuvens da nossa imaginação, um calorzinho acendido a isqueiro no coração, como nas velas das nossas devoções. O amor a Deus é um fluxo semeado na terra do coração do irmão. Os dois mandamentos, que Jesus coloca lado a lado, são como dois pés que poderão caminhar longe, são como duas mãos que poderão moldar o mundo: um sozinho… não funciona! Se o “Shemá Israel” soava diariamente a todo o judeu piedoso, para lembrar o amor a Deus, Jesus coloca o amor ao irmão no mesmo patamar para indicar que o amor a Deus sem o amor ao irmão, manifestado em obras concretas, não tem solo onde possa sobreviver. Só o irmão concreto, que vive ao nosso lado, é a porta que abre o sacrário do amor a Deus.
Jesus elevará o patamar do amor “como a ti mesmo” a uma fasquia ainda mais alta: “como Eu vos amei”. Aqui está a plenitude que queremos alcançar, a estrela que nos guia e brilha no firmamento do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, Mestre do amor,
Ensina-me um coração indiviso, onde a vida és Tu e a novidade da Palavra sacie a
minha fome de ser. Ensina-me uma alma atenta, onde a luz és Tu e a beleza
da Tua presença nutra a minha terra sedenta de Ti. Ensina-me um espírito corajoso,
onde o sustento és Tu e a descoberta de cada irmão é missão e compromisso.
Senhor, Mestre do amor, desejo amar como Tu me amas… sem medida!

Viver a Palavra

Vou apostar em gestos concretos de gratidão pelo amor de Deus para comigo.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Visitas aos grupos


Já começaram as visitas aos grupos de jovens/crianças.
ESCUTAR é o tema de base!


Em breve estaremos junto de ti para caminharmos juntos, não deixes de aparecer!


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

XXIX Domingo Comum A



Evangelho segundo S. Mateus 22, 15-21
Naquele tempo os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem Te deixares influenciar por ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?». Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário, e Jesus perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Eles responderam: «De César». Disse-lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».

Caros amigos e amigas, as perguntas que colocamos a Deus – até aquelas mais insidiosas – recebem sempre uma resposta clara e sincera que nos convidam a alargar o coração a uma desmedida que desconhecíamos.

Interpelações da Palavra
“É lícito pagar tributo a César ou não?”
A armadilha, é preciso reconhecê-lo, tinha sido bem engendrada. Demoradamente, os fariseus tinham discutido a melhor maneira de forjar uma cilada a Jesus, do qual se dizia que era o Messias. Na verdade, havia um ou dois homens que se intitulavam Messias, mas esses não eram perigosos porque a gente não os seguia, enquanto o tal Jesus atraía enormes multidões, cheias de admiração pelos seus milagres. Por isso, convencidos da sua imposturice, os fariseus montam um estratagema simples: perguntar-lhe se, nesta terra de Deus humilhada pelo invasor romano, é lícito ou não pagar impostos ao imperador. Assim, dissesse sim ou não, cairia na ratoeira: se concordasse com o pagamento do tributo tornar-se-ia colaborador de Roma, logo falso Messias; se acedesse a não se pagar o tributo seria considerado rebelde, preso e condenado! Então, com uma lisonja melosa e hipócrita, formulam a pergunta e esperam pela resposta com uma deferência simulada. Jesus escutando-os, olhou-os com tristeza, e pediu-lhes uma moeda. A rapidez com que um retiraram a moeda, embrulhada no lenço do bolso, foi a mesma com que ouviram a resposta!

“Dai a César… Dai a Deus…”
Jesus não se deixa levar pela cantiga farisaica, nem se arma em amotinador revolucionário. Pelo contrário, diante da cilada sem escapatória, o Rabi de Nazaré abre um oceano de vida. A sua resposta, cheia de sabedoria celestial, tinha sido genial! Afinal, é preciso dar a cada um o que lhe pertence: vós que sabeis reconhecer a imagem e o nome das moedas, sabereis reconhecer o rosto e os gestos de Deus? Conseguireis descortinar e escutar as suas palavras? Sede, portanto, igualmente escrupulosos com Deus como o fazeis com os Césares deste mundo! E porque Deus vos deu muito mais, logo muito mais lhe deveis! Devolvei, dai de volta, restituí a Deus! Porque nada daquilo que tendes é realmente vosso! Na verdade, de nada somos donos, porque tudo é dom e graça. A nossa vida é um tecido de débitos, um rosário de dádivas. E há tanto amor a restituir, tanta instrução, amizade, esperança a devolver!

Dar a Deus o que é de Deus
Alguns crêem que Deus se contenta com exterioridades, promessas e algumas moedas deixadas cair no cesto das esmolas. Mas Deus espera principalmente por nós, num diálogo, presença e partilha de vida.
Se a imagem de César está na moeda, a imagem de Deus está em nós. Porque a luz da sua face deixou em nós a sua marca! Somos nós a moeda do tesouro divino; uma moeda que tem a efígie e a inscrição do imperador dos céus. Devolvamos a Deus o que é de Deus! «Não foi o céu a ser feito à imagem de Deus, nem a lua, nem o sol, nem a beleza das estrelas, nem qualquer uma das outras coisas que existem na criação. Só tu te tornaste imagem e semelhança da beleza incorruptível, sinal da verdadeira divindade, receptáculo da vida feliz, imagem da verdadeira luz, na qual, olhando para ela, te tornas aquilo que Ele é, porque por meio do raio reflectido proveniente da tua pureza imitas Aquele que brilha em ti» (S. Gregório de Nissa).
Dar a Deus é inscrever no nosso coração Cristo, é descobrir a marca original do seu mistério, a grafia do milagre, a impressão digital do dedo criador, que em Jesus se fez visível. Isso, caros amigos e amigas, fará resplandecer em nós a beleza do Evangelho.


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Mestre da verdade, ajuda-me a distinguir entre o teu amor e os poderes que não me salvam;
Rei humilde, perdoa-me as perguntas que nunca querem a tua resposta;
Pérola preciosa, diz-me que vale a pena investir em ti a minha vida;
Tesouro incorruptível, mostra-me a caducidade das riquezas que amarfanham a vontade;
Cunho do meu ser, grava a tua imagem de bondade nos meus gestos de todos os dias;
Beleza infinita, que brilhas sobre mim, que eu saiba reconhecer-te e restituir-te o meu olhar…

Viver a Palavra

Vou considerar a minha dignidade de filho de Deus e a importância de corresponder-lhe.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

XXVIII Domingo Comum A


Evangelho segundo S. Mateus 22, 1-14
Naquele tempo Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial. e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos».

Caras amigas e amigos, a história da humanidade é a história da paixão de Deus que não se cansa de convidar para a festa do seu Filho; é também a história de um amor, por vezes dramático e rejeitado, mas nunca derrotado.

Interpelações da Palavra
“Vinde às bodas”
Imagino a azáfama real daqueles dias antes do casamento. E imagino também a força prodigiosa do amor de Deus que percorre as ruas, convoca o mundo, no desejo de encher a sala das núpcias. Sim, neste sonho de desposar a humanidade, o encontro com Deus é sempre banquete, júbilo, dança, sorriso, beleza. Ele prepara um banquete para todos e cada um de nós, os felizes convidados! O noivo nos espera. Mais, é Ele a festa! Até parece que não suporta estar sozinho e que o inferno é a solidão. O Reino, a amizade com Jesus, ser filho de Deus são um dom, totalmente gratuito, nunca devido ou merecido. São um dom surpreendente e não um peso a suportar, um convite para uma relação alegre e não uma doutrina a seguir ou um rito cheio de rubricas a repisar.

“Os convidados não eram dignos”
O que sentirá Deus diante da humanidade cheia de desculpas, escrava da mais pequena coisa, sem tempo para a alegria? O drama divino é encontrar a sala despojada, a orquestra sem música, os copos vazios. Sem comensais, amanhã, a fragrância do pão estará apagada, a alegria do vinho adormecida, os perfumes das carnes suculentas putrefactos. Por isso, Deus nunca desiste e regressa com entusiasmo aos cruzamentos da vida, acrescentando nomes à lista dos convidados até ao mais esquecido, o meu e o teu. É a mesma força que, desbravando as dificuldades, sai ao encontro do leproso, convida à mesa os pecadores e, nunca se resignando, ressuscita os mortos. Ele festejará com todos, bons e maus, as bodas do seu Filho com a humanidade.

“Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?”
Amigo! Palavra carregada de humanidade! Mesmo assim a festa não o convertera. O homem sem a veste nupcial talvez não acreditasse que seria possível sentar-se à mesa do rei e, por isso, não trouxera o seu contributo de beleza nem a prenda da sua alegria. Ter-lhe-ia bastado pouco: uma flor dos campos na lapela e uma escovadela no pó das calças, mas sobretudo a alegria que se gera dentro, o encanto e o aleluia da festa. Estava ali sem acreditar, sem entrar no amor louco de Deus que desejava uma aliança com ele. Não deixou que a saliva do coração lhe escorresse pela vida fora, mudando a tristeza em luz, a solidão em banquete, a exclusão em comunhão!
Também nós podemos ser cristãos trajados de severidade, tristeza, silêncio. Pensamos carregar todo o pesar do mundo em vez de trazer o sorriso de Deus ao mundo. Podemos ser convidados de rosto austero e olhar apagado, que penduraram a paz e a confiança no vestíbulo da vida. Mas não esqueçamos: a veste nupcial é Jesus Cristo! É Ele a alegria da festa da vida. Revestidos da sua presença somos, caros amigos e amigas, a alegria do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, rei do banquete da graça e da verdade, rei da festa e do encontro,
preparas cada instante com o cuidado da festa e da cor;
Preparas cada espaço com a surpresa e o perfume da caridade;
Preparas o alimento de que tanto preciso para avançar, Tu o preparas e me convidas…
para este evento, que está sempre pronto a me acolher, buscas-me
na primeira hora e na última, nas encruzilhadas dos caminhos e no ruído da cidade…
Senhor, procuras-me, precisas-me na festa que é Tua…
Nesta festa permanente que preparas, sim, Tu tudo preparas para mim…

Viver a Palavra

Vou intensificar e valorizar a minha participação no banquete da Eucaristia.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

XXVII Domingo Comum A



Evangelho segundo S. Mateus 21, 33-43
Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros. E eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho’. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; matemo-lo e ficaremos com a sua herança’. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». Eles responderam: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos».

Caros amigos e amigas, a parábola de hoje narra a história do amor excessivo de Deus. Nada bloqueia o seu sonho de encontro: nem a rejeição, o desprezo, o desinteresse ou o não acolhimento! Nada impede o seu amor!

Interpelações da Palavra
A canseira do amor
Deveria ser uma vinha luxuosa e frutuosa para desencadear os ciúmes e o apetite dos arrendatários. Na verdade, ela era a vinha mais esplendorosa da região: fora o próprio dono que lhe retirara as pedras uma após a outra; com amor apaixonado plantara as vides; fizera jorrar no centro uma fonte para a regar; edificara uma sebe como um abraço para a defender; e construíra uma torre alta para melhor a contemplar. O Senhor, atento e apaixonado pela sua vinha, descera diariamente para cuidar de cada ramo, na ânsia dos bons frutos. O amor é um sonho traduzido em trabalho e suor, em contemplação enlevada. No entanto, o sonho entregue às mãos dos vinhateiros, colocado à mira da ganância, torna-se rapidamente num pesadelo e numa tragédia.
Esta vinha é a história de um Deus apaixonado: somos nós o campo da predilecção de Deus, a vinha amada de mil cuidados e atenções. Mas somos também nós que nos esquecemos facilmente que não somos proprietários, mas apenas jardineiros! Depressa esquecemos que o amor é um dom, não se pode possuir, mas é para ser partilhado. A vida não se pode aprisionar, mas é para ser vivida, intensa, realizada, saboreada. Tudo é dom, tudo é gratuito, tudo é vida.

O amor nunca se cansa
Deus nunca se rende! Como o vinhateiro recomeça, após cada rejeição, a assediar o nosso coração com profetas, novos servos, com o próprio Filho. E arrisca, radical e gratuitamente, a própria vida. O coração do Pai, tocado por um excesso de amor, não volta as costas àqueles que lhe mataram o filho mas vai à sua procura. Persistentemente, continua um diálogo de amor que nenhuma desilusão poderá apagar. Ainda hoje, Ele bate à nossa porta, naqueles que esperam do nosso campo um vinho de festa, um canto de alegria, um punhado de mais vida.

Encher o mundo de amor
O sonho de Deus não é o pagamento de um tributo por parte dos trabalhadores, mas é uma vinha que não produza mais cachos de sangue ou uvas amargas de lágrimas, mas bagos cheios de luz e de sol.
No fim da parábola da vida, a vinha será dada a quem saberá encher de frutos o mundo. O mundo pertence a quem o torna melhor, a quem o faz florescer, a quem lhe faz amadurecer os cachos. Para isso veio Cristo, vide e vinho de festa. Sobre Ele nos enxertamos, nele nos saciamos, nele nos inebriamos, nele amadurecemos, para assim encher as ânforas do mundo do miraculoso vinho de Caná. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, és Tu que enches o mundo de calor, de irmãos e de irmãs!
Tu acendes o sol que dá brilho ao olhar, beleza ao rosto e leveza à esperança,
Tu completas o arco do horizonte, dás rumo aos caminhos e força aos meus pés.
O céu tem a cor do teu sorriso, e a ternura das tuas mãos... como és bom, Senhor!
Contemplo a tua obra em mim e à minha volta, recolho a gratuidade que tudo promove!
Talvez ontem ainda estragasse a tua obra, com um apego que me encarcerava,
mas hoje quero entregar-te os frutos do teu dom: eis-me aqui, envia-me!

Viver a Palavra

Vou considerar a solicitude de Deus para comigo e procurar corresponder ao dom do seu amor.