sábado, 31 de maio de 2014

Ascensão A



Evangelho segundo S. Mateus 28, 16-20
Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, em direcção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».

Caros amigos e amigas, hoje dia da Ascensão, Jesus subiu ao céu. Suba também com Ele o nosso coração, para que estando ainda na terra possamos já descansar com Cristo no céu (Sto. Agostinho).

Interpelações da Palavra
Recomeçar da Galileia
Os discípulos partem para a Galileia, o lugar do encontro e do enamoramento onde tudo tinha começado: ali eles tinham lido no olhar de Jesus as rotas da plenitude e, deixando tudo, seguiram-No. Agora, Jesus fixa novo encontro neste lugar da vida e do amor primeiro, e não em Jerusalém onde o sonho parecia ter terminado. Ele bem sabe que as dúvidas e os medos daqueles homens com o coração amargurado são também as nossas. Por isso, mesmo no lugar mais distante, Deus continua a tocar apaixonadamente as periferias da nossa vida. E, se Jesus regressa ao Pai, leva todavia consigo a cor da nossa terra, as feridas contraídas por amor nas mãos, nos pés e no coração, o sabor dos nossos beijos, os de afecto e os de traição, o desejo ardente de estar sempre connosco… por isso Ele faz entrar na casa do Pai a nossa humanidade!
Jesus não partiu para uma região geográfica desconhecida, mas foi para o mais profundo do nosso coração, aquele lugar que nos leva a sair da nossa prisão egoística, rumo àquele amor que abraça o universo.

Ide, ensinai, baptizai… todas as nações!
Imagino a cara dos discípulos diante da imensa surpresa da missão. Apesar das suas fragilidades e contradições, Jesus oferece-lhes uma confiança nova, intacta e envia-os pelos caminhos da vida e da humanidade, até às fronteiras mais distantes da terra. O milagre do Evangelho é, então, prodigamente semeado nas sílabas da voz humana e nas frágeis mãos de cada pessoa.
Ainda hoje Deus convida a ir, a sair, a mergulhar na vida e no amor, sem que a nossa fragilidade O detenha. Ele sabe que a sua palavra é semente nova na nossa terra árida, fermento capaz de se deixar activar pelo Espírito.
Sim, ir e sair pois só saindo encontraremos a vida que nos precede! Só mergulhando descobriremos o oceano de amor! Só caminhando alcançaremos a terra prometida e o irmão, o lugar onde Deus se pode encontrar.

Eu estou sempre convosco
No fim do Evangelho descobrimos que a promessa inicial de Deus – ser o Emanuel, o Deus connosco – se mantém. Ele não se satisfaz com visitas fortuitas, mas promete estar presente todos os dias, dia após dia, de luz e de trevas, de presença e de silêncio. Jesus não assegura coisas, riquezas, comodismos; afiança antes uma relação e uma companhia: Eu estou sempre convosco! Nunca mais estaremos sós. Nunca mais um Deus distante, separado, esquecido no alto dos céus, mas sim amassado com a humanidade. Céu e terra reproduzidos, multiplicados e engendrados juntos.
Desta união, o homem sairá recoberto de céu, porque o Filho se revestiu da humanidade. Em Jesus as realidades celestes beijaram a terra e as terrestres foram elevadas à intimidade de Deus. Maravilhosa missão que nos é confiada: criar laços com a eternidade, enamorar-se do céu, ser escada do paraíso, anunciar uma verticalidade de esperança aos caídos na fragilidade. A missão é salvar um pedaço do céu na nossa vida e fazer nascer uma semente de éden no coração da humanidade.

Ainda hoje, Deus mete os seus passos nas nossas pegadas. Basta subir e descer a humanidade de Cristo para encontrar a bênção de Deus. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, novamente marcas encontro para acender no meu olhar apagado, o fogo do teu Espírito!
És um Deus que não encerra a minha história de infidelidade, tu reabilitas em mim a confiança.
Maravilha-me que, mais uma vez, confies nas minhas mãos egoístas e nos meus pés indecisos,
que me incumbas de ser mensagem tua, roteiro da tua presença, expressão do teu amor.
Assumes o meu presente com a tua presença. Tu envias-me: não toleres que adormeça em mim,
quero percorrer contigo as estradas, ensina-me o poder do amor, a ser presença, a buscar e a ser céu.

Viver a Palavra

Vou dar razões da esperança a todos os que se cruzarem com a minha vida.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

VI Domingo Páscoa A



Evangelho segundo S. João 14, 15-21
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai, e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».

Caros amigos e amigas, as palavras do Evangelho de hoje são para saborear pacientemente no coração. Jesus tem uma única preocupação: amar! O amor faz de nós alguém: filhos e irmãos.

Interpelações da Palavra

“Se me amardes guardareis os meus mandamentos”
Como é estranho aos nossos ouvidos este discurso de Jesus! Sim, naquele “se” tão pequeno e frágil, respeitoso da liberdade, paciente e confiante, Jesus não ameaça nem obriga, apenas convida. O amor é dom e escolha! O Mestre não está preocupado em descrever o conteúdo dos mandamentos, nem em elencar um decálogo, desafia antes a fazer da vida uma parábola de amor e comunhão. Se em cada gesto e em cada palavra houver uma semente de amor então as mesmas ganham um ardor novo, uma beleza impensável, fazem vibrar a vida. Amar transforma a vida, perdoa os inimigos, abraça os humildes, renova os condenados, seca as lágrimas, põe o coração a arder, abre ao infinito! Sim, se amares sentirás o pulsar do coração de Deus em ti!

“Paráclito e Espírito de verdade”
Nos julgamentos hebraicos, quando era pronunciada uma sentença, acontecia por vezes que um homem de boa reputação incontestada colocar-se junto do acusado defendo assim a sua causa. A esta pessoa chamava-se o “paráclito”. Este testemunho silencioso e convincente confundia os acusadores. No Evangelho encontramos também Jesus como paráclito da mulher acusada de adultério que, em silêncio, escreve com o dedo no chão. Agora, pede ao Pai para enviar outro paráclito que, discretamente, está junto de nós, como testemunha silenciosa da verdade. O Espírito é assim o dedo de Deus que, ainda hoje, escreve sobre o pó do nosso coração as palavras de uma aliança nova. É Ele que grava na nossa vida um amor total que nunca poderá ser esquecido. É o Espírito que consola, exorta, encoraja, está ao nosso lado, dá alegria à vida.
O Espírito Santo recorda-nos as palavras de Jesus de que não estamos sós, faz-nos penetrar no mistério divino abrindo-nos a inteligência e o coração. O Espírito é como uma música que ressoa na história, em todos os tempos e em cada pessoa, abrindo para horizontes nunca antes explorados. Ele é a harmonia que faz bela a vida.

“Não vos deixarei órfãos”
Como são consoladoras as palavras de Jesus que nos recordam a identidade de filhos! Estar no Pai, estar com quem se ama, é não morrer de solidão, abandonado ou esquecido. A Igreja, casa da família, não é um lugar para os órfãos ou para os sem-abrigo. Ali vive-se e procura-se viver o sonho de Deus: que ninguém seja só, mas unido e habitado pela sua presença de amor. Porque o amor faz-se sempre densidade de presença para o amado, faz-se morada e alimento.

A presença de Deus não se conquista, não se compra, não está longe. Acolhe-se dentro, naquele lugar onde o Espírito sussurra repetidamente no nosso coração: “Abbá – Pai”. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, no cinzento aflitivo do medo, na secura egoísta do hoje, não estou só.
Senhor, na mentira intoxicante da competição, na rota incompreendida de cada ser, não estou só.
Senhor, na teimosia da solidão disfarçada, no silêncio gritante da dor, não estou só.
Não estou só, Senhor, porque me amas, me acompanhas e lanças sobre mim o Espírito de Paz.
Não estou só, Senhor, porque me amas, me conheces e convidas ao amor, no Espírito de luz.
Não estou só, Senhor, porque me amas e me presenteias com a luz de cada dia!

Viver a Palavra

Vou ser instrumento de paz, eco do Espírito Santo em cada irmão que se sinta só.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Imposição dos Lenços - Sortes

No passado dia 17 de Abril, 17 jovens e crianças de Bragança e das aldeias de Sortes e Viduedo (UP Senhora da Serra) participaram na imposição de lenços da JEF, lenços esses sinal da pertença à JEF. Pretende-se que cada um procure viver com entusiasmo na fé intensificando o amor à Eucaristia. Todos os jovens e crianças e restante assembleia afirmaram, novamente, “Eis-me aqui, envia-me!”.

Esta cerimónia foi incluída na Eucaristia e Procissão de velas, realizada na paróquia de Sortes, em louvor de Nossa Senhora de Fátima. A Eucaristia e Procissão de velas foi presidida pelo Sr. Padre José Luís com o apoio das Irmãs Maria José e Conceição Borges nos cânticos, na oração do terço e na imposição dos lenços. A todos o nosso muito obrigado. Desta celebração fez também parte a benção das rosas que, membros da populaçao da aldeia de Sortes, arranjaram carinhosamente em pequenos ramos.

No final cada um levou para suas casas as rosas bentas conjuntamente com um pequeno símbolo de Maria, um “SIM” à Mãe de Jesus. Em sinal de despedida ou de um “até já” cada um saudou Nossa Senhora atirando pétalas de rosa para o seu altar.


A Juventude da Freguesia de Sortes ficou muito satizfeita com esta cerimónia e muito se alegra por, a partir de agora, serem também eles membros da Juventude Eucarística Franciscana.

Daniela Lopes







Dia Diocesano da Juventude 2014

A JEF esteve presente no Dia Diocesano da Juventude que teve lugar em Freixo de Espada à Cinta.
No Sábado houve um Vigília dinamizada pelos jovens da Juventude Eucarística Franciscana.




No Domingo na parte da manhã os jovem tiveram atividades no centro da vila, e na parte da tarde estiveram na congida onde lá viveram a Eucaristia e as várias atividades propostas pelo Secretariado. 








quinta-feira, 15 de maio de 2014

V Domingo Páscoa A



Evangelho segundo S. João 14, 1-12
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai».

Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje contém uma fórmula poderosa para os corações perturbados, um alento para as vidas à procura de rumo e de sentido… o Caminho, a Verdade e a Vida, com o artigo definido, é tudo o que precisamos para nos animar a existência. E nós sabemos como encontra-l’O… temo-l’O!

Interpelações da Palavra
Ser casa
A casa é o lugar onde a vida é mais verdadeira e íntima. A verdadeira casa, é o Coração do Pai, meta anunciada e preparada por Jesus. Ele bem se recordava da casa de Nazaré, das suas cores e perfumes, onde aprendeu os traços da humanidade e as alegrias familiares; da casa de Betânia, lugar da amizade e do repouso; das casas dos amigos, em súplica ou em festa; da casa do cenáculo onde, à volta da mesa, a Vida deu mais vida.
Ser discípulo de Jesus é fazer com que Deus seja presente na nossa casa e vida, é deixar-se acolher pelo amor paterno. Ser Igreja não é ser templo nem museu arqueológico, fechando Deus entre paredes frias e mortas. Ser Igreja é ser casa, ser família, onde se vive e celebra a vida! É estar com Aquele que serena o coração.

“Senhor, não sabemos para onde vais?”
Naquela tarde, Tomé dirige a Jesus o eco da pergunta mais radical da humanidade: para onde vais, Senhor? Qual é o destino da vida? A felicidade terá futuro? Imagino o rosto sorridente de Jesus enquanto repete por dez vezes a resposta: PAI! Porque só o Pai basta! É Ele o destino. É Ele que tem preparado um especial lugar de eternidade no seu coração. É Ele que anseia por cada um de nós. E não apenas amanhã, num futuro imprevisto, mas já agora. Jesus não nos fala de habitações que se prendem a lugares, não é de lugares que Jesus fala, mas de uma pessoa que em permanência nos acolhe.

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”

 E para ter acesso ao Pai não há um caminho… é também uma pessoa que se deve percorrer. É a pessoa que arrasta, fascina, encanta, não os conceitos, as ideias ou as “verdades” manipuladas. É Jesus que conduz mais além. Ele é caminho, companheiro de viagem que se estende aos nossos pés para nos conduzir à meta. Ele dá segurança aos passos, alivia a aspereza do terreno, abrevia a distância da casa paterna. É Ele o acesso cheio de vida e de verdade ao Pai. “Quem o vê, vê o Pai”. No rosto humano e visível de Jesus, está em filigrana o rosto invisível do Pai. É também nos nossos traços humanos que Deus se revela. Em cada pessoa existe um fragmento de Deus. A voz, o rosto, o respiro, o coração e os passos de Cristo estão ao alcance de todos, para que Deus possa caminhar junto de cada filho. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, aprendo contigo a iniciativa do Teu amor por mim.
És Tu quem preparas o espaço do encontro, és Tu quem desejas a aliança comigo,
És Tu quem espera a minha presença, és Tu quem acolhes o meu regresso,
És Tu quem chamas pelo meu nome, és Tu que Te dás incondicionalmente.
Queres-me contigo, levas-me no caminho, ofereces-me a Tua vida…
Tu, és Tu o primeiro, o único, a paz de todo o meu ser que aspira crer.

Viver a Palavra

Vou descobrir obras de Deus no caminho de cada dia, como reflexo da Sua presença.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Dia Diocesano da Juventude

A JEF vai estar presente no Dia Diocesano da Juventude da Diocese de Bragança-Miranda, que decorrerá no dia 11 de maio em Freixo de Espada à Cinta!
Vens?

IV Domingo Páscoa A



Evangelho segundo S. João 10, 1-10
Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente; e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus conti­nuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aque­les que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

Caros amigos e amigas, na escalada do Tempo Pascal, Jesus faz-nos experimentar uma especial declaração do seu amor, convidando-nos a uma familiaridade íntima consigo… irresistível… impossível de desperdiçar!

Interpelações da Palavra
Olhos de quem ama
Pela pormenorizada escolha das imagens e sua descrição, apercebemo-nos de como era fecundo o olhar de Jesus que decerto tantas vezes se tinha detido perante os rebanhos e os pastores nos montes da Galileia. Que olhar tão fundo! Que esperança nos nasce de saber que não somos estranhos a este olhar, mas objectos da sua observação amorosa, que Ele nos guarda no aconchego das suas pálpebras até nos deixar introduzir nas cavidades íntimas do coração. Confirmamos que somos preciosos ao seu olhar. E não é um olhar apressado, é um olhar de detalhes. Não é o olhar do ladrão que formula estratégias de destruição, também não é o olhar do polícia avido de uma repreensão, mas é o olhar apaixonado, sensível e solícito… é um olhar que nos conhece.

Pastor e Porta
E é com este olhar que Jesus se apresenta como o Pastor e a Porta… e também o Redil. Tudo se desenrola num contexto de cumplicidades afectivas pela proximidade, pela voz, pelo olfacto, pelo sentimento de mútua pertença, em que a palavra chave é conhecer. O maior desejo dos nossos corações é sermos conhecidos. Aquele que ama conhece, acolhe amplamente o milagre do outro, disponibiliza-lhe um átrio de liberdade não limitado por preconceitos, abre-lhe uma passagem nunca impermeabilizada pelo betume da desconfiança.
Jesus não é apenas mais uma porta, Ele é a porta. Ele é a passagem, a abertura, a Páscoa, brecha de luz, lugar onde a vida brota e se difunde em comunhão. Ele é o acesso ao segredo, à intimidade divina. É também a liberdade que nos lança no desafio de qualquer percurso. Atravessar Jesus é endereçar o coração para a verdadeira vida, mas é também tornar-se porta aberta para os irmãos, disponibilidade capaz de se deixar atravessar por muitas vidas!

Não qualquer vida, mas vida em abundância
O Amor do Senhor não se contenta em nos preservar uma vida qualquer, mas grangeia para nós uma vida em abundância. Vida não medida nos espartilhamentos do tempo, não contabilizada por anos, abundante na intensidade, acesa na ressurreição. Deus dá sempre em demasia, cem vezes mais em irmãos, cestos a transbordar após saciar a multidão, água insípida transformada no melhor vinho de Caná, ossos inanimados revigorizados, pedra do túmulo rolada, perfume caro esbanjado, morte do Filho na cruz para salvar o escravo. O Amor é sempre excessivo, abundante, exagerado; de contrário não seria amor! Ser cristão é então uma experiência de vida, uma comunhão de peregrinos da vida, companheiros de uma existência esbanjada, uns para os outros. E Deus, com infinito amor, dá a eternidade ao que de mais belo trazemos no coração. É a abundância do Evangelho!

 


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, reconheço que às vezes sou como ovelha errante, à procura de pastos apetecidos.
Hoje quero permanecer debaixo do caudal dos teus olhos, saborear a doçura da tua atenção.
Quero expor-me à luz da tua misericórdia, abrir-me ao teu dom, abrir-me ao dom dos outros.
Quero familiarizar-me com a tua voz, veículo da Palavra que me recria, reconhecendo-a
entre as mil que me afogam a audição. Não deixes de provocar e convidar a minha distração!
Agradeço-te pois, cada dia, és acolhimento da minha errância, única Porta de acesso à vida!

Viver a Palavra

Vou olhar com mais atenção e solicitude aqueles que vivem ao meu lado, como se me fossem confiados.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

JEF no Fátima Jovem

"Com Alegria regressamos ao regaço da Mãe, para daqui sairmos renovados no Amor. Aqui nos sentimos amados e acariciados nos seus braços. Envoltos nesse abraço, que é lugar, aqui chegamos e daqui partimos, na nossa missão no mundo…"

Na espiritualidade mariana que abraçamos, descobrimos o sorriso e o serviço como desafio!

AVÉ MARIA!!!




Dia Diocesano da Juventude 2014

sexta-feira, 2 de maio de 2014

III Domingo Páscoa A



Evangelho segundo S. Lucas 24, 13-35
Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes. «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias». E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.

Caros amigos e amigas, a desgraça de tantos cristãos é o consentimento dado a uma “fé de poltrona”, acomodada e encadernada… urge pensar a fé como uma caminhada comunitária, deixando que os irmãos tomem parte nela e que Jesus nos acompanhe e nos leve até onde Ele quiser.

Interpelações da Palavra
Viagem pela frustração
Aqui vão dois homens em procissão, carregando o peso de uma cruz que não é redentora. Vão crucificados por lembranças, consentem na morte do sonho que os fizera viver… agonizam, tombam no túmulo do desânimo. Precisam de ressuscitar! Esta cena evangélica é um espelho das nossas atitudes frente aos sinais de morte que ameaçam abafar os abundantes sinais de vida que nos envolvem. É fácil que a morte visite as nossas meditações… mais perigoso é que ela acabe por condicionar as nossas opções e atitudes. No entanto, há aqui uma gradual libertação, que começa pelo ombro do irmão. Na “terapia do desabafo” os discípulos iniciam um caminho de ressurreição que, no entanto, necessita de algo mais para vingar, para ser consumado…

Viagem com o Ressuscitado
… e é a própria ressurreição que os visita! Afinal o Ressuscitado é peregrino e a Palavra é itinerante! Não é peça de museu, não é uma estatuada ideia que visitamos apenas nos momentos de culto. Desde a manhã de Páscoa Ele continua a percorrer as nossas estradas, a abraçar os nossos desesperos, a ressuscitar as nossas mortes. Ele continua a passar, com a força e o calor das Escrituras, a sacudir as nossas lentidões de compreensão, a nossa preguiça em peregrinar por dentro e por fora… Ele convida-nos a viajar pelo seu mistério, a deixar-nos semear pelo desígnio do Pai, a trocar qualquer Emaús por uma meta que está para lá das próprias ambições: a Eucaristia.

Viagem de Ressuscitados
Emaús não é hospedaria ou acampamento: é coração, em permanente sístole e diástole, que acolhe as nossas errâncias fatigadas, as oxigena e as lança nos percursos do anúncio. Está em risco a nossa vida cristã se a vivemos como máquinas frias, programadas por preceitos, leis e normas. É preciso reagir ao fogo da Palavra! Em Emaús a lectio faz-se pão, alimento comestível, consuma o incêndio do coração e abre a visão: “Vimos o Senhor!”.

É preciso desencarcerar a Palavra das Bíblias e dos Leccionários, trazê-la connosco, escrita em gestos e palavras, a palmilhar as estradas dos irmãos e irmãs em sofrimento… É preciso transformar-nos em Eucaristia e voltar sempre a Jerusalém, à comunidade, num regresso que não é retrocesso, pois na verdade só somos discípulos missionários em contexto de Igreja, pertença ao Corpo de Cristo onde circula, como um sangue, o amor oxigenado pelo Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor os meus olhos estão viciados pelo egoísmo, limpa-os da cegueira que não te reconhece!
Os meus pés estão trôpegos pelo comodismo, desembaraça-os, convida-me à peregrinação;
Senhor, a minha fome está entupida pela rotina, alimenta-me de Ti e faz-me Eucaristia;
Senhor, temo as trevas: abriga-me do relento da arbitrariedade. Ressuscita-me, faz-te Luz em mim…
e que eu possa ser combustível daquele “lume novo” que acende todos os círios pascais!

Viver a Palavra

Vou partilhar com aqueles que vivem ao meu lado as maravilhas que o Senhor me dá a saborear.