quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Olhar de Cristo

No dia 2 de Fevereiro a Igreja assinala a festa da Apresentação do Senhor, durante a qual se evoca o momento em que Cristo, 40 dias após o seu nascimento, foi oferecido a Deus pelos pais, em rito previsto nos preceitos religiosos judaicos. Esta foi também a data escolhida pelo VenerávelJoão Paulo II desde 1997 para celebrar o anual Dia da Vida Consagrada explicando o seu objetivo: “ajudar toda a Igreja a valorizar sempre mais o testemunho das pessoas que escolheram seguir a Cristo mais de perto, mediante a prática dos conselhos evangélicos e, ao mesmo tempo, quer ser para as pessoas consagradas uma ocasião propícia para renovar os propósitos e reavivar os sentimentos, que devem inspirar a sua doação ao Senhor».

o olhar de Cristo que continua a transformar vidas:


Olhar que acorda o caos de cada instante

e impregna um movimento galopante.

Olhar que abrange o espaço sideral.

Do Universo, olhar primordial.


Olhar que impele caudais e tange o vento,

navega na ilusão de cada invento;

afoga a letargia, escoa o nada

e espreita em cada obra começada.


Olhar sob o qual geme o germinar

do cérebro e da terra a destilar

a evolução. Olhar: espaço e meio

onde o tempo acontece. Pilar, esteio.


Olhar que nos liberta e nos domina

o vital grito. Olhar que nos ensina

a domar a arrogância. Mansidão.

Matriz onde se engendra a Criação.


Olhar tão alto e nobre, olhar já perto

da íntima verdade. Olhar, deserto,

onde tudo cabe e tudo escalda.

Olhar que até nosso desterro salda.


Olhar de cujo pranto a chuva é ouro,

fecundo choro, orgânico tesouro.

Onda de mar imenso e fantasia

que segura o filão da harmonia.


Olhar de encanto, doce e doloroso

que fere e cura; olhar mais luminoso

que a luz por que vemos nosso valor.

Olhar total, olhar interior.


Olhar que penetra a nudez de tudo.

Suave carícia, aguilhão pontiagudo;

paraíso e manancial de paz;

torrente, sedução: olhar voraz.


Olhar humano e lhano, olhar divino,

maduro e sábio, tenro e menino.

Olhar que, olhando, exala a essência pura:

guarda o segredo a cada criatura.


Olhar profundo, abismo indizível

humilha e vence as cristas do impossível.

Olhar que veste às flores a beleza,

relâmpago e dilúvio, vibrar da natureza.


Olhar que cria e passa como um dom,

contempla e vê que tudo é muito bom.

Olhar de qualquer cor, olhar primeiro;

a cada olhar aberto, olhar cimeiro.


Olhar que tudo abre e tudo encerra,

que a nossa identidade a nós descerra.

Olhar de fogo e luz de toda a luz!

Olhar de sempre, agora, olhar-Jesus.


Saudação amiga,

Ir. Maria José

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