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quinta-feira, 11 de julho de 2013

XV Domingo Comum C



Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?». Jesus disse-lhe: «Que está escrito na Lei? Como lês tu?». Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás». Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio-morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?». O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: Então vai e faz o mesmo».

Caros amigos e amigas, na sua beleza e simplicidade, esta parábola é em si um evangelho. No centro da parábola está uma pessoa e um verbo: o “próximo” e “amar”! Só quem vai e faz o mesmo é que encontrará a vida.

“Um homem descia de Jerusalém”
Esta é uma parábola universal: aquele homem anónimo que desce da cidade sou eu e tu, despidos, espancados, meios mortos,… Naquela estrada está toda a humanidade. A vida não é um “salve-se quem puder” e ninguém é estranho às sortes do mundo. Estamos diante uns dos outros como mendigos, na mesma estrada e história: salvamo-nos ou perdemo-nos todos juntos.
Um sacerdote e um levita percorrem a mesma estrada e passam adiante. Mas onde fica este adiante? É que adiante do homem não há nada, é absurdo e inútil, é o fim! E nós passamos como se adiante da mão estendida houvesse algo de importante; como se adiante fosse melhor.
Não é espontâneo encontrar um moribundo, parar e deixar-se incomodar por ele. Nem nos sentimos atraídos pelos pobres para os ajudar. Quando S. Francisco beija o leproso, não o faz porque lhe agrada, mas porque o outro precisa: o leproso necessita de um beijo para começar a curar e a ser homem. A compaixão não é um instinto mas um dom que se recebe sendo próximo de Deus.

Compaixão samaritana
Um samaritano também passa, vê o semimorto, enche-se de compaixão e aproxima-se. Não há humanidade sem compaixão recíproca e sem aproximação uns dos outros. A compaixão significa sofrer juntos, estar próximos; mete no centro a dor do outro e esquece o próprio sentimento.
A compaixão rouba a dor à solidão do que sofre e repete-lhe: “não estás só, porque a tua dor é, em parte, também a minha”. A impotência do agonizante ainda tem a força paradoxal de acordar a nossa própria humanidade que reconhece no outro um irmão, no preciso momento em que esse não pode ser instrumento de qualquer interesse. Ali, a compaixão é um gesto de radical gratuidade. O que sofre torna-nos capazes de sermos compassivos como Deus.

O amor inventa o próximo
Jesus narra a proximidade, porque talvez de longe não se vê bem, tem-se medo, discute-se as causas e não se mexe um dedo. E apresenta um decálogo, os novos dez mandamentos do crente para que o homem seja Homem, para que a terra seja habitada de “próximos”, para uma nova arquitectura do mundo. 10 verbos para descrever o amor: viu-o, compadeceu-se, aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitou, colocou-o na montada, levou-o, cuidou, pagou… até ao décimo verbo: no regresso pagarei.
Por fim, é Jesus que se faz próximo do doutor da lei, percorrido por pensamentos enganadores, compadece-se dele, liga-lhe as feridas da sua presunção e verte-lhe o vinho de uma nova interpretação do amor e da vida. E condu-lo à estalagem da sua intimidade para dele cuidar e pagar pessoalmente a compaixão. O samaritano é sempre Cristo que, na ternura insistente e materna dos gestos de compaixão, se aproxima da nossa humanidade, até ser um de nós. E Ele, neste aproximar-se, não se poupa e tudo gasta. Até à cruz. E isso, caros amigos, é evangelho!

VIVER A PALAVRA

Vou olhar o caminho e deixar que a compaixão mova os meus gestos e as minhas atitudes.

REZAR A PALAVRA
Passo a passo, procuro resposta para a sede de felicidade, de uma vida que não tem fim.
Senhor, na Tua proposta de amor incondicional descubro um caminho de fé e de graça que
me envia para a missão. A Ti, Senhor, quero entregar o meu coração, a minha alma, todas as minhas forças e o meu entendimento. A Ti, Senhor, quero entregar o desafio de amar o próximo sem passar adiante, sem esconder o gesto, sem medo de me dar, de me gastar,

de me perder. A Ti, Senhor, quero entregar o desejo de me fazer próximo...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

XIII Domingo Comum B

Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago, reuniu-se uma grande multidão à sua volta, e Ele deteve-se à beira-mar. Chegou então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés e suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva». Jesus foi com ele, seguido por grande multidão, que O apertava de todos os lados. Ora, certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de vários médicos e gastara todos os seus bens, sem ter obtido qualquer resultado, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe por detrás no manto, dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada». No mesmo instante estancou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo que estava curada da doença. Jesus notou logo que saíra uma força de Si mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?». Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas: ‘Quem Me tocou?’». Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado. A mulher, assustada e a tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se diante de Jesus e disse-Lhe a verdade. Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou». Ainda Ele falava, quando vieram dizer da casa do chefe da sinagoga: «A tua filha morreu. Porque estás ainda a importunar o Mestre?». Mas Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta que tenhas fé». E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou grande alvoroço, com gente que chorava e gritava. Ao entrar, perguntou-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: «Talita Kum», que significa: «Menina, Eu te ordeno: Levanta-te». Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados. Jesus recomendou-lhes insistentemente  que ninguém soubesse do caso e mandou dar de comer à menina.

Caros amigos e amigas, o Evangelho fala de duas histórias trágicas, nas quais Jesus entra não para explicar a dor e a morte, mas para mostrar o coração de Deus, amante e senhor da vida.

“Talita Kum”
O importante chefe da sinagoga, Jairo, num gesto de desespero e humildade, atira-se aos pés do Mestre e, com insistência, pede-lhe que lhe cure a filha. Acto de fé ou de aflição? Não sei, mas bem-aventurados são todos os Jairos desta terra que intercedem e perturbam continuamente o Senhor por causa tua e minha! Que incomodam o Criador até que ele entre na nossa casa, na nossa vida, mudando-lhe o rumo.
Cada um de nós é aquela jovem, na casa das lágrimas, que Jesus pega pela mão dizendo: Talita Kum! Levanta-te! Atreve-te a acreditar e a esperar! Acorda a vida adormecida que há em ti! Retoma a descoberta do amor e a alegria de viver! Cada dia é dia de Páscoa, de ressurreição!

“Tocar nas suas vestes”
A mulher, sem nome nem títulos, aproxima-se no meio da multidão de Jesus apenas para “roubar” o milagre, esperando que ninguém a veja tocar as vestes da graça. Há 12 anos que se esvaía em sangue e em solidão. Na verdade, tantos se aproximam, mas só ela lhe toca o coração. E aquela que sofria da hemorragia social e sentimental, despida das carícias humanas, é curada por um toque! É no calor de um gesto que Jesus “rouba” o estéril anonimato à mulher e a enche de esperança. Agora é filha, pessoa amada e tocada, moldada novamente do barro frágil e ressuscitada para uma vida nova.

Um Deus apaixonado pela vida
Duas pessoas, duas condições e dois modos diferentes de se aproximar de Jesus: uma proclama abertamente a sua fé; a outra manifesta uma fé silenciosa. No fundo ambas estão unidas pela confiança de colocar a vida nas mãos de Jesus. E isso para Deus basta. Bastam os nossos fragmentos frágeis de fé para que o seu coração vibre. E quando pensarmos que tudo acabou, Ele nos sussurrará: o teu coração não morreu, apenas dorme! Porque a vida não morre, apenas adormece. O encanto não morre, apenas entorpece. Para Deus a morte é uma ilusão, nunca a realidade! Muito em nós dorme, se esvai em anonimato e desfalece a vida. Mas porque o amor não conhece limites, Deus é capaz de atravessar o limiar do sono e da morte para, com o seu instinto de vida, nos repetir: Filho meu, levanta-te! Levantemo-nos, caros amigos e amigas, porque o amor não foi criado para morrer, mas para viver! E isso é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou descobrir formas corajosas de tocar em Jesus e nos irmãos, para que a corrente de amor não se parta.

REZAR A PALAVRA
Louvo-Te, Senhor porque Tu és um Deus misturado com a obra das tuas mãos.
Tu não és um distante e a tua criação não é operação por controle remoto…
Tudo está embebido da Tua presença; basta estender a mão para auferir o teu toque!
A brutal hemorragia do teu amor, estancou o derramamento da nossa esperança!
Senhor, socorre esta humanidade, campo onde a morte disputa com a vida.
E hoje espero-te para aceitar que me levantes, quero viver a tua vida, caminhar
no teu movimento e acompanhar-te na tua peregrinação pelo sofrimento humano.