sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Visitas aos grupos MEL

O Secretariado do MEL está a fazer as visitas aos grupos de crianças/jovens MEL com o tema: SANTICÓRDIA!


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

XXIX Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 10, 35-45
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje convida a passar do desejo do sucesso para o sonho dAquele que se fez servo de todos para nos dar a vida.

Interpelações da Palavra
Na glória, um à direita e outro à esquerda…
Dois irmãos sonhadores, algo atrevidos e ingénuos, antes que fossem ultrapassados pelos amigos, confiam a Jesus um pedido de promoção. João, mais místico e espiritual, e Tiago, de carácter forte, têm a coragem de manifestar abertamente o que todos os outros discípulos escondem secretamente no coração: arranjar um bom lugar no reino dos céus. Mas quem de nós não sonhará com um bom lugar, se possível ao sol, na glória de Deus?

Não sabeis o que estais a pedir
Imagino o sorriso de Jesus que não condena a ambição dos discípulos nem o seu desejo de serem os primeiros. Com uma delicadeza pedagógica orienta-lhes a estrada e o olhar: quem desejar ser grande ocupe o lugar do último; quem quiser ser o primeiro comece por servir.
Estaremos prontos a seguir tal caminho? Quem me dera ter a resposta “yes, we can” dos irmãos, dispostos a beber do cálice e do baptismo de Cristo. Talvez não tivessem consciência que o primeiro lugar se conquista na cruz. Estar à direita e à esquerda de Jesus implica acompanhá-lo no calvário do dom de si. Ali o pobre torna-se o príncipe do reino e os humildes são herdeiros da terra. O caminho de glória passa pelo maior gesto de amor: servir e dar vida.

Servir a vida e dar vida
Imagino a atrapalhação dos filhos de Zebedeu e dos outros discípulos, repetindo em silêncio aquelas palavras: servir, ser o mais pequeno, o último, o escravo… procurando entender o sonho divino. De facto, o mundo novo começa com Cristo que se “despojou de si mesmo, assumindo a condição de servo” (Filipenses 2,7) para servir a vida. De facto, a partir de baixo é mais fácil escutar o pulsar da vida, aperceber-se dos ínfimos detalhes, viver a realidade da história. Afinal as raízes vêm do chão. Do alto, pelo contrário, a distância aumenta e amplifica-se a solidão. Deus, para se fazer próximo, põe-se de joelhos diante de cada um, como para o fazer crescer desde a raiz. Dali de baixo, procura os olhos de cada filho, procura as feridas da terra para ligá-las com tecidos de luz. O seu império é aquele minúsculo espaço que lhe basta para nos lavar os pés (Ronchi). Ainda hoje, Deus é o servo que semeia vida, mais vida, sempre e apenas vida. E o divino semeador sabe que tem de começar a partir da terra…
O sonho e a ambição do evangelho é de uma humanidade onde cada um se inclina não diante dos poderosos do mundo mas do último; vive para se ajoelhar aos pés do outro e beijá-los de luz, na certeza que é mesmo ali que se encontra Jesus, e se está à sua direita e à sua esquerda. Então, caros amigos e amigas, escutaremos da sua boca: “Servo bom e fiel entra e participa na alegria do teu Senhor” (Mateus, 25,21)!É a floração do Evangelho!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, Mestre da vida, quero que me faças o que Te vou pedir:
Concede-me um lugar de serviço e doação sem limites que confunda a minha sede de poder,
para obter a riqueza da humildade e da gratuidade;
Concede-me um lugar de escravo de todos que bloqueie a “corrida concorrente” ao primeiro,
para obter a graça da verdade e da fraternidade.
Concede-me o lugar da partilha generosa, que estende a estrada de mim até ao outro,
para obter a graça do verdadeiro encontro que se faz comunhão.
Senhor, Mestre da vida, a teu lado, o meu lugar é o Teu lugar, é o lugar do próximo…

Viver a Palavra

Hoje, vou tomar o lugar do meu irmão e deixar que o outro seja mais.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

XXVI Domingo Comum B



Evangelho segundo S. Marcos 9, 38-43.45.47-48
Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».

Caros amigos e amigas, o tesouro da Palavra deste Domingo convida-nos a fazer um exame de consciência sobre o nosso grau de permanência no grupo dos “de Jesus”. Podemos estar dentro mas com os pés, as mãos e até os olhos bem afastados da caridade, do Evangelho. A caridade é a bandeira dos que “andam com Jesus”.

Interpelações da Palavra
Não anda connosco
Depois de tentar ensinar os discípulos sobre quem é realmente o primeiro, Jesus vê-se agora confrontado com o tema de quem anda com Ele ou não anda, quem pode curar e quem não pode. Apesar dos esforços do Mestre em ensinar o valor do serviço e do acolhimento, os discípulos acabam por não entender o Espírito que os anima. Depois do “primeiro e do último”, surge a discussão do “dentro e fora”. O relato de Marcos é iluminador. Ver um desconhecido que “não anda connosco” a expulsar demónios é realmente um abuso e pode ser uma ameaça ao grupo… É uma intromissão que é necessário impedir, cortar, deitar fora! Quantas vezes nos preocupamos demasiado e gastamos rios de energia na “fiscalização da fé”. Apontamos o dedo, passamos rasteiras e olhamos de lado aos que, mesmo fora do grupo, do nosso partido, da nossa paróquia, da nossa sacristia, praticam o bem, semeiam a caridade, libertam e curam. É tempo de recordar as palavras sábias do Papa Bento XVI: “a maior perseguição da Igreja não vem de inimigos externos, mas nasce do pecado na Igreja, e que a Igreja, portanto, tem uma profunda necessidade de re-aprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender por um lado o perdão, mas também a necessidade de justiça”.

A bandeira da caridade
Jesus rejeita a posição sectária e excludente dos discípulos, que só pensam no seu prestígio e crescimento e propõe uma postura de acolhimento e abertura inclusiva: “Quem não é contra nós é por nós”. Fora da Igreja há um número imenso de pessoas de boa vontade, corações cheios de humanidade e que transbordam caridade. Neles está vivo e escrito o nome de Jesus, pois defendem os valores humanos, o perdão e a fraternidade, tal como Jesus. A bandeira da caridade não tem fronteiras nem partidos, porque o amor é universal. Não podemos viver condenando iniciativas que ferem o “desde sempre” ou que não se ajustam aos nossos modelos e medidas. Jesus convida-nos a alegrar-nos com o bem, venha de onde vier. Faz bem quem é de bem, só ama quem se deixa revestir pelo amor. O reino de Deus cresce também nos seres humanos de boa vontade que levantam diariamente a bandeira da caridade no coração dos irmãos.

Mutilados pelo Espírito
Mas há mãos, pés e olhos que são escândalo, mesmo pertencendo aos que “andam com Jesus”. Não serão os nossos, caros amigos e amigas? Não seremos nós ocasião de escândalo quando esmorecemos a caridade e desistimos do perfume da missão? As mãos que não abençoam, não curam, não tocam os excluídos precisam ser cortadas. Há pés que não caminham para estar perto, não procuram os perdidos: precisam ser cortados. Há olhos que nunca veem ternura, não detetam o amor e o Evangelho: precisam ser arrancados. É sempre possível a fidelidade ao Mestre, desde que nos deixemos “mutilar” e purificar pelo Espírito. Temos que reaprender a nossa identidade sem extremismos, mas também sem nos deixarmos dissolver no “tudo vale”. Urge valorizar a pertença ao grupo dos que “andam com Jesus”, dos que permaneceram em casa do Pai até ao dia da festa do irmão mais novo e fazer festa sem condenar, acolher com um coração maravilhado e cantar o Evangelho.


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, mata o escândalo que dentro da minha mente me impede o acolhimento;
Corta o que, de dentro dos meus pés, os prende ao comodismo e à passividade;
Ceifa o que de dentro das minhas mãos as gradeia no egoísmo e na posse;
Arranca tudo o que de dentro dos meus olhos não os deixa contemplar.
Dá-me, Senhor, um coração puro, veste-me com o traje nupcial do teu amor!

Viver a Palavra

Vou afinar a minha sensibilidade para reconhecer e encorajar tanto bem que existe à minha volta.

sábado, 19 de setembro de 2015

XXV Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 9, 30-37
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».

Caros amigos e amigas, quantas vezes desconversamos perante Deus, face às exigências da missão que Ele nos confia! No Evangelho de hoje Jesus afronta uma delicada questão que sempre temos tendência em trazer à cena, as questões de precedências. Jesus elege o serviço e a simplicidade como critérios de grandeza.

Interpelações da Palavra
Tinham receio de o interrogar
Os discípulos sabem, por experiência, como é arriscado fazer perguntas a Jesus ou dar-lhe conselhos. Ele nunca lança propostas a meias medidas. Ele não condescende com a mediocridade do assim-assim. A Palavra de Jesus é tão acutilante que ainda hoje preferimos ficar com as nossas dúvidas engavetadas na ignorância e no pretexto da timidez do que confrontar-nos com uma resposta da parte de Jesus que sabemos que sempre nos comprometerá. Ainda hoje este receio de O interrogar nos embota o crescimento. Tememos que Jesus nos dê a lição da humildade. Tememos o que Ele nos possa pedir, vamos deixando fluir uma vida de fé morna, recitando um constante “logo se verá” que não quer fechar caminhos, mas não tem a ousadia de os rasgar.

O maior é aquele que mais ama
Tal como os discípulos, ainda hoje perdemos tanto tempo em discussões sobre precedências entre idades, estatutos, medalhas e borlas… Quantas vezes isto é causa de melindres, de amuos e de guerras, mesmo no seio da Igreja! Há um descaramento que herdámos destes apóstolos de Jesus continuando a gerir tão mal as nossas ambições! E o critério de Jesus é tão simples quando nos diz que o maior é aquele que mais serve. O nosso problema nem é tanto servir. Até servíamos sem parar, mas logo nos vem ao pensamento que aquele que mais serve não é aquele que tem mais aplausos, não é aquele que tem mais honras, não é aquele que é mais considerado. Os nossos lugares cimeiros são ocupados por gente engenhosa, capaz de passar por cima dos outros. Quantas vezes testemunhamos que aquele que mais serve parece ser o mais insensato, em frases como “não te mates muito porque ninguém te agradece!” Como entender a “importância” do serviço no escondimento? Há só uma forma de o entender e de saber que a Deus nunca é agradável o trabalho do escravo, do que luta por um agradecimento, porque o maior é aquele que mais ama e nunca se pode compreender um serviço sem amor. Sim, se amo, sou feliz a servir, porque o servir é uma expressão de amor.

Ter um coração de menino
Jesus senta-se, não fala de cima. Senta-se para que os amigos possam estar ao nível dos seus olhos e compreendam o que é disponibilizar um regaço para o pequeno. Talvez as chicotadas da vida, as traições dos outros, a consciência da fragilidade nos façam reagir de modo a sentir-nos maiores, capazes de resistir a embates. As manhas enferrujaram-nos a inocência, os vícios do calculismo instalaram-se, procuramos adestrar a defesa perante os outros. E Jesus revela-nos que o importante é sermos pequenos, capazes de receber o outro, desarmados, para que ele se sinta em casa, quando instalado no conforto do nosso coração. Precisamos de uma esperteza sim, mas não é a aprendida nas cartilhas da astúcia, é aquela que procura conquistar o Reino de Deus através de uma inocência que não é ingenuidade. Amigos e amigas, precisamos de pedir a Deus em cada manhã, com o pão de cada dia, aquela dose de inocência capaz de nos lubrificar a confiança, a tolerância, a misericórdia e o perdão. A engrenagem da Igreja fica perra, a sua caridade deixa de fluir se os nossos “interesses” bloqueiam a misericórdia, porque a misericórdia é o sumo do Evangelho!



Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, que caminhas para Jerusalém semeando bondade, tem piedade da minha mesquinhez.
Que quando procuro sobrepor-me aos outros sejas Tu o meu limite…
Senhor, Tu que não procuras ser servido mas servir, envolve-me na alegria da tua entrega.
Que quando procuro recompensas, Tu sejas o meu prémio.
Senhor, Tu que me lavas os pés, e carregas o peso da minha maldade, liberta-me do egoísmo.
Que quando procuro fugir à cruz e à morte, sejas a minha Ressurreição!

Viver a Palavra

Quero servir com alegria e optar pela liberdade de não esperar recompensas pela minha entrega.  

domingo, 6 de setembro de 2015

XXIII Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 7, 31-37
Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar correctamente. Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem».

Caros amigos e amigas, ouvir, escutar é condição prévia para falar. Talvez este Evangelho nos permita pedir ao Senhor que rompa a nossa surdez para que, uma vez capazes de ouvir a sua Palavra, possamos anunciar, com credibilidade e coragem, as suas maravilhas.

Interpelações da Palavra
Um Jesus em saída
Não é a primeira vez que surpreendemos Jesus em deambulações por territórios “proibidos” para a ortodoxia judaica. Para aquele tempo de horizontes fechados, o Mestre anuncia claramente que está “em saída” para fazer do mundo a sua pátria e das terras dos famintos da palavra o seu púlpito. É neste território da Decápole, terra de pagãos inveterados, que Ele se depara com uma surdez-mudez não apenas passível de se abrir à sua Palavra, mas capaz de a “apregoar intensamente”. Este Evangelho desafia os agentes da Evangelização a suprimirem todo o cepticismo esterilizante, a não “escolherem” locais “mais propícios” para a sementeira da palavra. Afinal, temos é de abandonar-nos ao movimento do Espírito que “sopra onde quer” e continua a surpreender as nossas lógicas e programas.

Um surdo que mal podia falar…
Tocar-lhe com os dedos, onde a sensibilidade do tacto é mais intensa, colocar-lhe na língua a sua própria saliva são sinais de um profundo envolvimento. Tudo nos faz recordar a criação do ser humano. O milagre torna-se um ícone da criação. Este surdo-mudo é recriado, ganha a fisionomia original. Mas seria apenas uma cura física? As preces mais imediatas são pelos males físicos. Ambicionamos o bem estar, a ausência de dor e pedimos milagres apenas com este fim. No entanto, todos nós somos portadores de chagas íntimas para as quais nem nos lembramos de pedir socorro. Pedimos ninharias, bens temporais que se esfumam, e não pedimos o Espírito Santo! A nossa surdez espiritual, a nossa gaguez para o testemunho precisam do remédio da saliva de Jesus, empapada de Palavra, precisam do toque sensibilíssimo dos seus dedos, que destilam a caridade, precisam do som da sua voz que acorda o caos. E nós também podemos ser instrumentos de Jesus para que outros possam abrir-se. E isto não se faz sem atenção e solicitude.

Effathá!
Só Jesus pode encher as nossas palavras vazias, só Ele nos pode dizer novamente abre-te. Não é um “abre-te Sésamo!” mágico, é uma verdadeira recriação. O verbo vem num tom imperativo, mas nada tem a ver com uma ordem gratuita, é antes um apelo à confiança. Este, como todos os milagres de Jesus, não é feito à distância de uma varinha de condão. Jesus envolve-se profundamente nele e demanda o envolvimento de outros. O milagre começa por uma oração de intercessão: “trouxeram-lhe”! O surdo mudo está rodeado de uma comunidade orante. Como é grande a força da oração de intercessão! Mas depois tudo se desenrola na privacidade. Jesus retira-o, elege-o. Respeita-o ao ponto de o preservar dos olhares alheios! O admirável Mestre dá ao miraculado o protagonismo da cura. É como se dissesse: “Tens capacidade de te abrires, não sou eu que te abro, apenas bato à tua porta. A abertura depende de ti, da tua disponibilidade para o acolhimento.” Jesus pede sempre uma colaboração no milagre, desde o vinho de Caná, pelo pão da multiplicação até ao milagre da última Ceia. Quando eu peço um “dá-me pão” Ele dá… depois de me ensinar a lançar a semente à terra e passada a faina da colheira e da cozedura. Caros amigos e amigas é assim que Ele continua a dizer-nos: “Effathá!” ao toque surpreendente da sua graça, à saliva fecundante do seu Evangelho!



Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, tenho dentro de mim territórios pagãos que precisam da fertilidade da tua palavra,
Vem anunciar-me de novo a alegria do imenso amor de Deus!
Senhor, tantas vezes os meus critérios são obstáculo à força dos teus apelos,
Vem abrir o meu entendimento, dá-me a docilidade de coração para te escutar e obedecer!
Senhor, há alturas em que os medos me paralisam, o comodismo me desencoraja,
Vem acender a tua aurora nos meus lábios, vem fecundar com a tua a minha mensagem!
Eis-me aqui, Senhor! Eis a minha vida entregue à arte dos teus dedos criadores...

Viver a Palavra

Vou pedir ao Senhor que me cure de toda a surdez e mudez espiritual.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Novenas da Senhora da Serra 2015

Experimenta este caminho com Maria até Jesus.
De 30 de agosto a 8 de setembro no Santuário da Senhora da Serra, no alto da Serra de Nogueira.

Com Maria até Jesus podes participar na caminhada do dia 30 com saída às 8.00h da Catedral de Bragança.

Diariamnete terás tempo para a oração de laudes, o sacramento da reconciliação, a celebração da eucaristia, dinâmicas juvenis, oração do rosário, novena, oração da noite e "evangelho dos sons".
No Espaço Jovem, através do grupo de Jovens Chiara, do qual fazem parte alguns elementos da JEF, encontras um espaço acolhedor de convívio entre os jovens que participam nas novenas com várias atividades juvenis.

XXII Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 7, 1-8.14-15.21-23
Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de fariseus e alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. Viram que alguns dos discípulos de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – Na verdade, os fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado cuidadosamente as mãos, conforme a tradição dos antigos. Ao voltarem da praça pública, não comem sem antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a que se prenderam por tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de cobre -. Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os teus discípulos a tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». Jesus respondeu-lhes: «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’. Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens». Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão e começou a dizer-lhe: «Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do homem que ao entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna impuro; porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do homem e são eles que o tornam impuro».

Caros amigos e amigas, continuamos em modo de refeição. Neste Domingo o Senhor provoca o nosso olhar, crítico e saudoso, e propõe uma limpeza interior ao nosso coração para melhor experimentarmos a refeição divina com um paladar sempre renovado.

Interpelações da Palavra
À volta de Jesus
Pelos vistos, os fariseus e escribas também “seguiam Jesus”. Procuravam-no e olhavam atentamente todos os seus gestos e atitudes. Reuniam-se à volta dele e cumpriam escrupulosamente e zelosamente todas as prescrições antigas, conforme a tradição. De tal forma eram “perfeitos” que lhes causava inquietação a falta de cumprimento dos discípulos de Jesus. Caros amigos e amigas, são tantas as vezes que estamos também à volta de Jesus e o procuramos assim, de modo “perfeito”, em relação aos outros. O nosso olhar de medição, com a régua da tradição, impede-nos de ver o essencial, deixando de ser contemplativos para ser “mirones”. O nosso olhar de medição, com a balança do preceito, ofusca a novidade e a liberdade do amor, deixando de ser misericordioso para ser “assassino”. Urge escolher uma de duas atitudes na ceia de cada dia com o Senhor: à volta dele de mãos e louça, limpas e intocáveis, ou à mesa com Ele conscientes de que Só Ele nos pode purificar por dentro. Qual escolhemos?

O coração está longe
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” O cristianismo não é um aglomerado de prescrições e regras, mas uma relação de amor com Cristo. Sem uma disponibilidade constante à novidade de Deus e uma escuta atenta da Sua Palavra que nos renova, o culto que prestamos torna-se vão e as doutrinas que ensinamos no altar e nas catequeses não passam de preceitos nossos. Não podemos deixar-nos escravizar pelas tradições, pelo “sempre foi assim”. Hoje, talvez chegássemos muito escandalizados junto de Jesus para acusarmos “de mãos muito limpas”: já nada é como antes, antes é que era bom, estes novos dão cabo da religião, tiram-nos a fé com estas modernices…. E quem nos fez juízes? Não estraremos convertidos em “fiscais da fé”, como nos alerta o Papa Francisco? O nosso coração continuará sempre longe de Deus, enquanto colocarmos a tradição ou o culto, acima do mandamento do amor e da criatividade do fogo do Espírito.

Duche ao interior
O que sai do homem é que o torna impuro, não o que vem de fora. Há dúvidas? Jesus é tão direto e esclarecedor. Verdadeiro e sábio Mestre! É de dentro de nós que saem as más intenções. Não é o roubo do outro que me faz ladrão, nem o adultério do vizinho que me torna infiel. São as palavras e os gestos que saem de mim que constroem ou destroem o Reino. As mãos e os pratos que preciso lavar para fazer parte do banquete é mesmo o meu coração. É urgente um duche de misericórdia no nosso coração para que o nosso olhar seja limpo e terno, acolhedor e grato.
Só com o coração limpo pela misericórdia de Deus e com as mãos vazias de preconceitos poderemos, caros amigos e amigas, saborear o Pão e o Vinho que o Senhor prepara para nós e fazer festa, ser Evangelho.



Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, purifica os meus lábios para melhor te dizer e anunciar ao mundo de hoje.
Senhor, limpa as minhas mãos para gratuitamente Te oferecer e partilhar nas periferias.
Senhor, cura o meu olhar para livremente Te contemplar em cada irmão.
Senhor, lava o meu coração para alegremente te receber como alimento.
Senhor, esvazia o meu querer para profeticamente acolher a novidade do Teu amor.

Viver a Palavra

Vou libertar o meu olhar de críticas e preconceitos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Novenas da Senhora da Serra








































É já do espírito dos jovens JEF/MEL participarem na dinâmica das 
Novenas da Senhora da Serra. 

Este ano também vamos lá estar!

Arrisca também fazer parte  do grupo ded jovens Chiara Luce, que ajudará voluntariamente na realização das Novenas.





XXI Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 6, 60-69
Naquele tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?». Jesus, conhecendo interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes: «Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente? O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras que Eu vos disse são espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não acreditam». Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar. E acrescentou: «Por isso é que vos disse: Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai». A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele. Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». Respondeu-Lhe Simão Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».

Caros amigos e amigas, depois da longa catequese destes últimos Domingos, agora Jesus deixa-nos “entre a espada e a parede”, há que tomar uma opção! Continuamos com um cristianismo “à minha maneira” que só vai até onde o egoísmo deixar, ou ousamos acompanhar Jesus naquela entrega “até dar a vida?”

Interpelações da Palavra
O murmúrio continua
Perante as palavras exigentes de Jesus, eles tinham que inventar um pretexto para, de qualquer maneira, se esquivarem a um compromisso. Primeiro era a multidão que murmurava, agora são os discípulos. Aquela linguagem de “ser carne para se dar a comer”, ou seja de sair da concha do meu egoísmo para prestar atenção aos outros, não correspondia nem aos seus sonhos de bem estar temporal, nem muito menos às suas ambições de grandeza humana. Como condescender com aquela ideia louca de “me dar aos outros”? Primeiro murmuraram, depois acusaram Jesus de ser demasiado duro. No entanto, Ele maravilha-nos quando não deixa perturbar a sua serenidade nem pelo êxito, nem pelo fracasso. Jesus não está interessado em “segurar” os ouvintes, nem busca o aplauso, por isso não amolda as palavras aos seus gostos. A sua palavra é a verdade. E, como Mestre da verdade, Ele continua a tentar revelar-nos o segredo do amor de Deus… e a incentivar-nos a apostar nas coisas do espírito, porque “a carne não serve de nada”.

Jesus sabia
Sim, Ele sabia. Não como adivinho sagaz, que coloca a intuição ao serviço de si mesmo, mas como quem está apto a orientar. Aquele que nos conhece, melhor nos pode conduzir pelos meandros dos nossos comportamentos até deixar exposta a nossa incoerência e fragilidade. Neste texto comove-nos uma evidência que envergonha os nossos juízos apressados e tendenciosos: Ele sabia até “quem era aquele que o iria entregar”. E, no entanto, até ao cenáculo, a delicadeza do Mestre permanece inalterável para com todos. Se eu estivesse no lugar de Jesus, não procuraria arredar o opositor da minha vida? Mas Jesus nunca desiste de alguém! Sabemos bem como mantém “aquele que O iria entregar” junto de Si e não o faz por ingenuidade, nem usa da coação para com ele. Continua a alimenta-lo da Palavra e da Eucaristia, ama-o até ao fim, dá-lhe o dom da sua confiança, tal como ao volúvel Pedro, como aos outros frágeis dez. Faz o mesmo connosco: mantém-nos com Ele… sempre. Procura-nos, acolhe-nos. Sabe que havemos de O negar, que O vendemos por pouca coisa e no entanto… ama-nos… sempre! Como podemos ser indiferentes a tal amor?

Quereis ir embora?
Depois das multidões e dos discípulos, por fim o crivo é aplicado aos Apóstolos! Esta pergunta não é tanto para obter uma informação – porque Ele sabia – mas para permitir aos próprios Apóstolos a consciência da sua adesão. Jesus tinha de pôr as coisas claras. Não estranhemos se também às vezes nos põe à prova! Não é tanto para “ver” se somos fiéis, mas para nos dar a conhecer a nossa fragilidade e finitude e aquela incoerência que, encoberta, não nos deixará avançar. O admirável Mestre não vive dependente dos nossos “sins” ou “nãos”. Ele quer que nos deixemos conduzir por Ele, mas isso é tão livre, tão livre que Ele deixa todas as portas abertas. Quem estiver com Ele terá de estar de uma forma totalmente livre! E nós, amigos e amigas, não queremos ir embora. Como afastar-nos do doce Evangelho?

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, a clareza da tua mensagem, a eloquência dos teus gestos atingem-me vitalmente.
Hoje, com Pedro, oro: já não posso ir para mais nenhum lado. O meu olhar é a ti que procura.
Não poderei deixar de te seguir se quiser investir no máximo de mim… e quero, Senhor!
Tu tens palavras de vida: a tua Palavra fala-me por dentro, é ela que me move,
Tu és o meu Mestre, o centro do meu viver, a fonte da minha vida, a tua vida me vivifica,
é na tua vida que renasço e quanto mais de ti me encho tanto mais me posso tornar fonte.
Tu és a estrada e a meta. Não deixes que nunca me possa afastar de ti. Aceito, quero seguir-te!

Viver a Palavra

Vou procurar, na minha verdade, quais as motivações que me levam a seguir Jesus.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

XX Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 6, 51-58
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».

Caros amigos e amigas, é tempo de banquetes, festas, comidas e bebidas…mas é sempre tempo de escutarmos e deixarmos alimentar pela Palavra e pelo Pão de Deus, que é Jesus. Ele nos dá a vida para que também nós tenhamos a coragem de nos darmos em alimento.

Interpelações da Palavra
Dou a Minha carne
O banquete da multiplicação da partilha do rapazito continua a “dar que falar”. Jesus mantém a afirmação de base, verdade de fé: “Eu sou o pão vivo descido do céu”. O Pão é oferecido, fruto do amor gratuito do Pai que se aproxima e desce ao encontro das nossas (mais variadas) fomes. Podemos chamar-lhe um Pão Universal. Hoje há tanta variedade de produtos que entram pelos tempos vazios das nossas publicidades que parecem obrigar-nos a ter algumas fomes que nem sequer temos. O Pão dado por Jesus é a Sua carne, alimento universal porque é partilhado pela vida do mundo. É único e une, é vivo e dá vida, dá-se para que também nós nos demos e sejamos sementes. Jesus não dá, dá-se, dá a sua carne como alimento para que tenhamos vida, para não termos mais fome, nem habite em nós o terror da morte. A Sua carne e o Seu sangue são agora alimento, verdadeira comida e bebida, refeição divina e eterna.

Do como ao quem
Os judeus e a multidão, por seu lado, escutam, questionam e discutem entre si… mas como? Como pode Ele dar-nos a Sua carne a comer? Caros amigos e amigas, esta questão continua ainda hoje quando não reconhecemos Jesus na Palavra e no Pão, quando não sentimos fome deste amor infinito doado e partilhado. Hoje, somos nós que perguntamos onde e como pode isto ou aquilo acontecer. Como pode Jesus estar presente/ausente da nossa história? Continuamos mergulhados neste mistério do como, porque teimamos encaixar nos nossos limites o milagre de Deus. Jesus não responde aos comos, não dá receitas dos seus milagres ou manuais de instruções para que saibamos como “construir alimentos universais”. Jesus, tal como naquele imenso banquete, continua a responder-nos com a palavra quem… A felicidade, a vida eterna é fruto de uma relação de amor. Não se trata de saber como pode este milagre acontecer. Jesus, por seu lado, propõe que QUEM comer viverá. Porque se não comermos, não teremos a vida em nós. E… se continuamos detidos na teimosa procura do como… não abraçamos a magnífica realidade do quem!

Permanecer e viver
O alimento proposto por Jesus não é fruto de um saber ou conhecimento científico do milagre eucarístico. Jesus insiste no ato de comer e beber, não no facto de saber ou conhecer. Jesus dá-se em alimento, não em objeto de pesquisa ou análise. Precisamos deixar-nos fascinar por esta surpresa de Deus, milagre universal que se oferece em alimento. Desta refeição com sabor a caridade e recheada de fé, nasce a esperança de uma vida por Ele, permanecendo Nele, enviada com Ele, eterna.
Quem participa deste banquete de amor, quem se deixa enamorar por tal presente que não se merece mas se acolhe, quem procura um alimento de vida para a fome de felicidade, esse (quem) permanece na mesa, junto ao mestre na estrada da história ainda em construção. Convidados para a festa da Palavra e do Pão, somos fome mas também mesa, porque permanecemos inebriados pelo perfume do amor que se dá.

Quem come deste Pão que dá vida, dá-se em vida e torna-se, também ele, Evangelho!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, verdadeira comida que sacia a minha fome de mais e melhor.
Senhor, verdadeira bebida que fecunda a secura e o medo de ser…
Quero dar-me, ser pão, viver por ti…deixar-me sacrário que Te acolhe e Te abraça
e mesa que te reparte e oferece. Quero ser espiga, semente, farinha e pão…
Senhor, Pão Vio descido do Céu, ajuda-me também a descer, ensina-me a proximidade
e o gesto de ternura, encoraja o meu dar e servir, para ser eucaristia.

Viver a Palavra

Vou encontrar um momento para me dar, ser eucaristia no mundo de hoje.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

XIX Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 6, 41-51
Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu». E diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?». Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».
Caros amigos e amigas, tantas são as nossas preocupações para prolongar a vida, a vida biológica! Mas que discurso é este que garante uma vida imortal? Não é demagogia barata: é um desafio de confiança em Deus.

Interpelações da Palavra
Murmuravam de Jesus
Não estranhamos se as palavras de Jesus sacudiram a admiração dos ouvintes que tinham sido saciados da fome corporal! Jesus quer aproveitar a oportunidade para os convidar a darem mais um passo na interpretação da vida. A vida de uma pessoa está muito para lá da biológica e essa vida precisa de se alimentar. Poderiam ter dado este passo, mas não: murmuraram. O murmúrio é subtil forma de colar um rótulo de descrédito a uma mensagem. Este é uma reedição daquele que, na caminhada do deserto, Israel já tinha imposto a Deus e a Moisés. Este murmúrio é um antepassado dos nossos murmúrios íntimos, sempre que não levamos a peito as inquietações que ainda hoje a Palavra de Deus nos proporciona. Achamos que já conhecemos tudo sobre Jesus, que já sabemos todas as “leis” da prática cristã… blindamos a capacidade de ser provocados, secamos o enxerto da comunicação deste Deus sempre surpreendente. Confiamos mais nas nossas contas, feitas com régua e esquadro, mas os resultados ficarão fracassados se tirarmos da equação uma medição essencial: a medida do amor de Deus, que não tem medida.

O nosso Deus é um Deus que desce
O Deus que no Êxodo se apresentara atento e solícito: “vi, ouvi e desci” é o Deus misericordioso que Jesus vem anunciar. Mais: a que Jesus vem dar rosto. Jesus é o Pão, é a mensagem, é a Vida daquela vida cuja indigência às vezes calamos e mascaramos com exterioridades anestesiantes. Em Deus não há distâncias. Também está no infinito sideral, mas está na partícula mais ínfima que nos compõe, é um Deus que deixa a essência das suas mãos no nosso ser, que deixa o seu sopro no nosso respirar. É um Deus que toma a nossa carne, que arma a sua tenda entre nós, que se humilha, que morre por amor! Antes de O comungarmos, é Deus que nos comunga! Mas a descida de Deus nem sempre é acolhida! Talvez temamos o risco de nos deixar encontrar e tocar por um Deus humilde e desarmante, talvez não nos apeteça assumir o seu modo despojado de amar! E, no entanto, como tudo seria diferente se O deixássemos comunicar connosco! Amigos e amigas, não desperdicemos a sua presença! A oração é o ponto de contacto, precisamos dela para deixar Deus resolver aquela fome mais acutilante que nos avassala o ser: amar e ser amados.

Um alimento para não morrer
A morte não acontece apenas pelo envelhecimento das nossas células, a flacidez dos tecidos, o mau funcionamento dos órgãos… a morte é este rondar contínuo do pecado, o esboroar da nossa relação com a Vida que nos gerou. E há fomes ilegítimas que não vêm senão desta sede da morte. Porque é uma ilusão pensar que a vida é um acumulado de saúde. A vida não vem de dentro de nós. A vida vem-nos de Deus e da capacidade de semearmos a nossa, no coração dos outros. Morremos quando deixamos de ser fiéis ao amor. Jesus, sendo o Pão da Vida, não é um elixir mágico que nos rejuvenesce as células, mas a poção preciosa que nunca deixa que a morte tenha uma palavra definitiva. Aquele que nos criou é esse que verdadeiramente nos alimenta. O que tinha de melhor Deus deu-nos, Jesus é a pérola da Vida, o clímax do amor de Deus, verdadeiro pão, concreto alimento na Eucaristia e na Palavra. Amigos e amigas, é este o alimento para não morrer, verdadeiro banquete que nos serve o Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, Pão Vivo que dá vida, dom de Deus que se aproxima e se dá sem medida,
São pequenas as palavras para Te louvar por tão grande dom.
Desces ao encontro da minha fome e sede, dor e solidão, do meu cansaço e desânimo,
Para seres vida, alegria e paz, porque és amor em dádiva constante.
Esse Pão que me dá vida para além do tempo e do espaço, que me ressuscita e me levanta,
Eu creio que vem do Céu, presente de Deus; eu creio que me alimenta eternamente…
Dá-me desse Pão, alimenta a minha esperança, para que também eu me saiba d(o)ar!

Viver a Palavra

Vou encontrar fomes concretas em mim que o Pão do Céu possa saciar.