quinta-feira, 13 de agosto de 2015

XX Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 6, 51-58
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».

Caros amigos e amigas, é tempo de banquetes, festas, comidas e bebidas…mas é sempre tempo de escutarmos e deixarmos alimentar pela Palavra e pelo Pão de Deus, que é Jesus. Ele nos dá a vida para que também nós tenhamos a coragem de nos darmos em alimento.

Interpelações da Palavra
Dou a Minha carne
O banquete da multiplicação da partilha do rapazito continua a “dar que falar”. Jesus mantém a afirmação de base, verdade de fé: “Eu sou o pão vivo descido do céu”. O Pão é oferecido, fruto do amor gratuito do Pai que se aproxima e desce ao encontro das nossas (mais variadas) fomes. Podemos chamar-lhe um Pão Universal. Hoje há tanta variedade de produtos que entram pelos tempos vazios das nossas publicidades que parecem obrigar-nos a ter algumas fomes que nem sequer temos. O Pão dado por Jesus é a Sua carne, alimento universal porque é partilhado pela vida do mundo. É único e une, é vivo e dá vida, dá-se para que também nós nos demos e sejamos sementes. Jesus não dá, dá-se, dá a sua carne como alimento para que tenhamos vida, para não termos mais fome, nem habite em nós o terror da morte. A Sua carne e o Seu sangue são agora alimento, verdadeira comida e bebida, refeição divina e eterna.

Do como ao quem
Os judeus e a multidão, por seu lado, escutam, questionam e discutem entre si… mas como? Como pode Ele dar-nos a Sua carne a comer? Caros amigos e amigas, esta questão continua ainda hoje quando não reconhecemos Jesus na Palavra e no Pão, quando não sentimos fome deste amor infinito doado e partilhado. Hoje, somos nós que perguntamos onde e como pode isto ou aquilo acontecer. Como pode Jesus estar presente/ausente da nossa história? Continuamos mergulhados neste mistério do como, porque teimamos encaixar nos nossos limites o milagre de Deus. Jesus não responde aos comos, não dá receitas dos seus milagres ou manuais de instruções para que saibamos como “construir alimentos universais”. Jesus, tal como naquele imenso banquete, continua a responder-nos com a palavra quem… A felicidade, a vida eterna é fruto de uma relação de amor. Não se trata de saber como pode este milagre acontecer. Jesus, por seu lado, propõe que QUEM comer viverá. Porque se não comermos, não teremos a vida em nós. E… se continuamos detidos na teimosa procura do como… não abraçamos a magnífica realidade do quem!

Permanecer e viver
O alimento proposto por Jesus não é fruto de um saber ou conhecimento científico do milagre eucarístico. Jesus insiste no ato de comer e beber, não no facto de saber ou conhecer. Jesus dá-se em alimento, não em objeto de pesquisa ou análise. Precisamos deixar-nos fascinar por esta surpresa de Deus, milagre universal que se oferece em alimento. Desta refeição com sabor a caridade e recheada de fé, nasce a esperança de uma vida por Ele, permanecendo Nele, enviada com Ele, eterna.
Quem participa deste banquete de amor, quem se deixa enamorar por tal presente que não se merece mas se acolhe, quem procura um alimento de vida para a fome de felicidade, esse (quem) permanece na mesa, junto ao mestre na estrada da história ainda em construção. Convidados para a festa da Palavra e do Pão, somos fome mas também mesa, porque permanecemos inebriados pelo perfume do amor que se dá.

Quem come deste Pão que dá vida, dá-se em vida e torna-se, também ele, Evangelho!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, verdadeira comida que sacia a minha fome de mais e melhor.
Senhor, verdadeira bebida que fecunda a secura e o medo de ser…
Quero dar-me, ser pão, viver por ti…deixar-me sacrário que Te acolhe e Te abraça
e mesa que te reparte e oferece. Quero ser espiga, semente, farinha e pão…
Senhor, Pão Vio descido do Céu, ajuda-me também a descer, ensina-me a proximidade
e o gesto de ternura, encoraja o meu dar e servir, para ser eucaristia.

Viver a Palavra

Vou encontrar um momento para me dar, ser eucaristia no mundo de hoje.

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