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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

XXIX Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 10, 35-45
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje convida a passar do desejo do sucesso para o sonho dAquele que se fez servo de todos para nos dar a vida.

Interpelações da Palavra
Na glória, um à direita e outro à esquerda…
Dois irmãos sonhadores, algo atrevidos e ingénuos, antes que fossem ultrapassados pelos amigos, confiam a Jesus um pedido de promoção. João, mais místico e espiritual, e Tiago, de carácter forte, têm a coragem de manifestar abertamente o que todos os outros discípulos escondem secretamente no coração: arranjar um bom lugar no reino dos céus. Mas quem de nós não sonhará com um bom lugar, se possível ao sol, na glória de Deus?

Não sabeis o que estais a pedir
Imagino o sorriso de Jesus que não condena a ambição dos discípulos nem o seu desejo de serem os primeiros. Com uma delicadeza pedagógica orienta-lhes a estrada e o olhar: quem desejar ser grande ocupe o lugar do último; quem quiser ser o primeiro comece por servir.
Estaremos prontos a seguir tal caminho? Quem me dera ter a resposta “yes, we can” dos irmãos, dispostos a beber do cálice e do baptismo de Cristo. Talvez não tivessem consciência que o primeiro lugar se conquista na cruz. Estar à direita e à esquerda de Jesus implica acompanhá-lo no calvário do dom de si. Ali o pobre torna-se o príncipe do reino e os humildes são herdeiros da terra. O caminho de glória passa pelo maior gesto de amor: servir e dar vida.

Servir a vida e dar vida
Imagino a atrapalhação dos filhos de Zebedeu e dos outros discípulos, repetindo em silêncio aquelas palavras: servir, ser o mais pequeno, o último, o escravo… procurando entender o sonho divino. De facto, o mundo novo começa com Cristo que se “despojou de si mesmo, assumindo a condição de servo” (Filipenses 2,7) para servir a vida. De facto, a partir de baixo é mais fácil escutar o pulsar da vida, aperceber-se dos ínfimos detalhes, viver a realidade da história. Afinal as raízes vêm do chão. Do alto, pelo contrário, a distância aumenta e amplifica-se a solidão. Deus, para se fazer próximo, põe-se de joelhos diante de cada um, como para o fazer crescer desde a raiz. Dali de baixo, procura os olhos de cada filho, procura as feridas da terra para ligá-las com tecidos de luz. O seu império é aquele minúsculo espaço que lhe basta para nos lavar os pés (Ronchi). Ainda hoje, Deus é o servo que semeia vida, mais vida, sempre e apenas vida. E o divino semeador sabe que tem de começar a partir da terra…
O sonho e a ambição do evangelho é de uma humanidade onde cada um se inclina não diante dos poderosos do mundo mas do último; vive para se ajoelhar aos pés do outro e beijá-los de luz, na certeza que é mesmo ali que se encontra Jesus, e se está à sua direita e à sua esquerda. Então, caros amigos e amigas, escutaremos da sua boca: “Servo bom e fiel entra e participa na alegria do teu Senhor” (Mateus, 25,21)!É a floração do Evangelho!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, Mestre da vida, quero que me faças o que Te vou pedir:
Concede-me um lugar de serviço e doação sem limites que confunda a minha sede de poder,
para obter a riqueza da humildade e da gratuidade;
Concede-me um lugar de escravo de todos que bloqueie a “corrida concorrente” ao primeiro,
para obter a graça da verdade e da fraternidade.
Concede-me o lugar da partilha generosa, que estende a estrada de mim até ao outro,
para obter a graça do verdadeiro encontro que se faz comunhão.
Senhor, Mestre da vida, a teu lado, o meu lugar é o Teu lugar, é o lugar do próximo…

Viver a Palavra

Hoje, vou tomar o lugar do meu irmão e deixar que o outro seja mais.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

XVI Domingo Comum C


Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».

Caros amigos e amigas, o evangelho de hoje apresenta Jesus num ambiente doméstico, quase a dizer-nos que a fé é sempre um encontro íntimo e familiar. E quando Deus entra na nossa vida ocorre ser terra silenciosa e seduzida; ocorre estar com Ele sem a tirania das inquietações, para receber um dom, uma vida, uma amizade.

Betânia
Encanta-me este Deus que se mete na vida da gente, que pede atenção e proximidade, a quem agrada sentar-se com simplicidade à volta da mesa e falar. Um Deus de risos e lágrimas, de cumplicidades e confidências. Acredito que, naquela casa de Betânia, Jesus reencontrava a familiaridade, a amizade, a tranquilidade e a intimidade da sua pequena Nazaré.
Hospedar alguém é criar-lhe um espaço e dar-lhe tempo. É partilhar a própria casa e a refeição. Mas, acima de tudo, é fazer de si próprio um espaço para o outro através da escuta. Maria que escuta a palavra de Jesus é imagem de uma hospitalidade que não se limita a acolher nos muros de uma casa, mas que faz da sua própria pessoa uma demora para o outro. Ser Igreja é ainda hoje ser Betânia, ser casa e ser família!

Marta e Maria
Não podemos opor Marta e Maria como emblemas de dois tipos de vida: contemplativa e activa. Nem podemos esquecer que elas são as duas faces de um único amor: diferentes mas sempre irmãs, nunca inimigas ou adversárias! Maria, sentada e enamorada aos pés de Jesus, tem como única preocupação saborear as suas palavras e alimentar-se daquela presença. Marta, por seu lado, preocupada em que nada falte, agita-se num frenesim. E não será repreendida pelo serviço mas sim pelas inquietações. Jesus não aprecia apenas a escuta de Maria, nem despreza o activismo de Marta, pois “em Marta há uma preocupação que nasce de uma necessidade; enquanto em Maria há uma doçura que nasce do amor” (S. Agostinho).
Marta não pode ser sem Maria, porque é estéril uma caridade que não inicie e não termine na contemplação do mistério de Deus; nem Maria se pode passar da Marta, porque não há amor de Deus ou oração que não se traduza em gestos concretos: tanto é feliz quem escuta a Palavra de Deus como também é feliz quem a põe em prática. Marta, na verdade, alimenta Cristo que Maria adora.

Escolher a melhor parte
Quando nos sentamos aos pés de Cristo tornamo-nos peregrinos do essencial, sentinelas entre as muitas coisas e a única necessária, entre o supérfluo e o necessário. Não interessa tanto o fazer ou o não fazer, mas o ser: ser pessoas à escuta da vida, pessoas capazes de estar aos pés de cada palavra que nos é dirigida, pessoas capazes de silêncio diante dos outros sem impor, pessoas capazes de acolher o dom do outro, deixando-se surpreender.
Mais importante do que fazer coisas para Deus, é fundamental reconhecer as maravilhas que Deus realiza em nós. Jesus ajuda-nos a passar de um Deus como preocupação para um Deus vivido como maravilha, de um Deus como dever para um Deus como amigo. Caso contrário, centrados em nós próprios, andamos agitados em muitas coisas, preocupados e atarefados, incapazes de deixar espaço ao outro, absorvidos sem uma atenção profunda, sem nos darmos em resposta ao Dom.
Acredito que a melhor parte é viver a vida com mistério, é maravilhar-se, deixar-se encantar! É não viver sem amigos e sem laços de amor. A melhor parte é sempre o outro, porque o outro é uma narração do Evangelho!


VIVER A PALAVRA
Vou preparar um coração acolhedor para aqueles que me rodeiam, reconhecendo neles o próprio Jesus.

REZAR A PALAVRA
Aos pés da tua palavra, Senhor, quero fazer aquele silêncio onde as
inquietações emudecem, onde a intimidade dos amigos é alegria e serenidade.
Quero cruzar o teu olhar, meu Deus, que se pousa na minha humildade
e deixar-me encantar pelas maravilhas que em mim realizas.

Porque assim poderei glorificar-Te e cantar o teu amor.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

XXXIV Domingo Comum B - Cristo Rei


Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos judeus?». Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?». Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».

Queridos amigos, com a Solenidade de Cristo Rei, termina o Ano Litúrgico B, na certeza de que Cristo é o centro, o Rei Universal. Nele, somos convidados a escutar a Sua Palavra e a pô-la em prática, construindo um reino de paz e de bem. Neste domingo ingressemos com coragem num novo Reino, aquele que é proposto por Cristo Rei!

Tu és o Rei dos judeus?
Os caminhos de Deus, nem sempre são os caminhos do Homem. Celebramos a festa de Cristo Rei, com uma passagem da Paixão do Senhor. Pode, na eminência da morte, celebrar-se a realeza de alguém? No diálogo com Pilatos, o Senhor revela-se, ajuda-nos a tocar o Seu mistério e a acolher a verdade da Sua missão.
Jesus não quis ser rei. Não quis, nem quer mandar, apenas propor. Não quis, nem quer dominar, apenas servir. Não quis, nem quer subjugar, apenas ajudar a levantar. A realeza de Deus questiona os nossos modelos de poder. Ele não deseja ser um chefe político. Cristo quer apenas reinar no nosso coração, não como ditador, mas como amigo, irmão, companheiro de viagem.
Jesus é um Rei que lava os pés aos seus discípulos, que percorre as ruas para tocar os pobres e beijar os doentes. Jesus é a imagem do poder de Deus que escuta, ampara, consola e se dá…

O meu reino não é deste mundo
Pilatos quer saber o que Jesus fez para chegar a esta situação. Um rei, não pode ser entregue à morte, não pode permitir a mentira, a injúria, a dor...Também nós fazemos perguntas a Jesus, interrogamos a Sua forma de atuar. É aqui, na sede, na procura da verdade, que Jesus faz uma catequese sobre a Sua forma de reinar.
O reino de Jesus é diferente dos reinos deste mundo, está marcado pela verdade. Este reino não se identifica com os poderes triunfalistas que conhecemos, mas com os valores mais profundos do Evangelho.
A moeda deste reino é a gratuidade, a bandeira é o amor, o hino é o Evangelho e o exército é formado pelos humildes. As armas dão lugar aos braços para acolher, os muros transformam-se em pontes para unir. A diferença é estímulo para a comunhão e a linguagem comum é a força do Espírito.
Vale a pena pertencer a este reino, ser pedra viva de um templo sempre em construção.

Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz
Sim, Jesus é Rei, para isso nasceu e veio ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Propondo um reino diferente, Cristo Rei do Universo, é a verdade, a transparência do amor. Não uma verdade como ausência da mentira, mas a encarnação da essência de Deus amor.
Só os que estiverem abertos à verdade poderão acolher esta proposta de pertencer a um reinado diferente dos do mundo. Só os que estiverem abertos à verdade poderão escutar em profundidade a catequese criativa do amor que deseja construir em cada coração um altar. Só os que estiverem abertos à verdade, poderão entender a mensagem do Senhor que é Rei. Só estes farão parte do reino.
Não nos é indiferente este reino, num mundo cheio de propostas ditatoriais, mesmo que discretas. Ansiamos a fraternidade, pois compreendemos que as escadas do poder só separam e subjugam. Precisamos acreditar neste Rei manso e humilde de coração e crer que nasce já em nós esta semente do Reino.
A feliz esperança num Reino de amor, não pode ficar guardada nas gavetas da nossa vida pessoal como uma verdade passiva que não nos transforma. Urge sair para a rua, ser soldado do reino em que acreditamos e gritar a novidade do Espírito em cada gesto. Precisamos de mapa, de um guia, de uma norma para fazer parte deste reino? Procura o Evangelho e descobrirás a verdade!

VIVER A PALAVRA
Quero abraçar, de uma forma sempre nova, a causa do amor, bandeira do Reino de Cristo!


REZAR A PALAVRA
Senhor, Rei do amor que me abraça, mestre do perdão que me conforta, caminho para a santidade que procuro, verdade única que me sacia e vida abundante que não tem fim.
Senhor, Rei do amor que me transforma, fonte de sabedoria que anseio, modelo de
serviço e humildade, pastor atento que me guia e luz da história que constróis em mim.
Senhor, Rei do amor que me convida, força e certeza para o caminho, água e frescura
nas minhas sedes, grito de paz e de esperança. Senhor, Cristo Rei, quero ser teu servo!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

XXIX Domingo Comum B


Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

Caros amigos e amigas, Jesus Mestre, apresenta-nos neste domingo uma aula sobre qual o melhor lugar que nós devemos ocupar no Seu Reino. Nele aprendemos a servir e não a ser servidos.

Queremos que nos faças o que Te vamos pedir
Tiago e João aproximam-se de Jesus, desta vez para uma missão especial. Não pretendem esclarecer alguma dúvida, ou pedir algum ensinamento. Não buscam sentido para as suas preocupações ou consolo no seu caminho espiritual. Aproximam-se de Jesus para pedir. Mas é curioso este pedido dos discípulos, um pedido imperativo, em forma ordem: “queremos que nos faças!”. Jesus vai ter mesmo que lhes obedecer, vai ter mesmo que ceder ao ditoso pedido?… Podemos, queridos amigos, questionar também o que nos move quando nos aproximamos de Jesus. Não faremos d’Ele um hipermercado de favores, ou uma farmácia espiritual? Diariamente apresentamos ao Senhor o nosso currículo espiritual e, com ele, um leque de pedidos para que nos dê emprego no Seu Reino, bem perto Dele, porque temos sede e encontramos nele a fonte da felicidade. Mas nessa “conquista”, que não nos pertence mas é dom da misericórdia de Deus, que lugar ocupamos e desejamos em relação aos irmãos? Quando Deus está no centro da nossa vida, devemos vigiar para que não nos tornemos nós o centro. Urge cuidar o sentido do nosso estar, face a Deus e aos outros, para que Deus continue a ser a meta e nós caminhemos lado a lado, em comunhão fraterna e dinâmica.

Não sabeis o que pedis
O pedido, que afinal parece ser uma ordem, é bem concreto, mas não corresponde ao verdadeiro anseio de Tiago e João. Afinal, quereriam estar ao lado de Jesus ou à frente dos outros dez? Desejavam gozar da presença de Jesus, estar perto, beber realmente o Seu cálice, ou colocar-se em destaque perante o grupo? Ansiavam ter os mesmos sentimentos de Jesus, escutá-Lo, servi-Lo, ou ser servidos?
Também nós não sabemos o que pedimos quando nos aproximamos de Jesus. Todos, de uma forma ou de outra, queremos chegar à frente, ser melhores, estar acima, em destaque, nem que seja através de uma “falsa” humildade… Cuidemos os nossos pedidos, dispamo-nos de “segundas” intenções. Sejamos transparentes na nossa relação com Deus, connosco e com os irmãos. Na corrida da vida, queremos ser mais com os outros ou mais que os outros? A competição sem medida, a inveja e a calúnia são sementes que destroem a comunidade. Somos medidos pelo quanto amamos. Aprendamos a pedir…aprendamos a amar…

Servir e dar a vida
Deus propõe-nos um lugar, um espaço, uma missão. Não são os nossos pedidos que definem o nosso lugar, pois “não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi…(Jo15)”.
Quem se deixa escolher por Deus, coloca-se aos pés, pois foi esse o “lado” que Jesus escolheu. Somos convidados a ser eucaristia, a servir. O poder dos cristãos é o amor. Nele somos escravos e servos, não chefes nem grandes. Quem ama oferece, em vez de pedir. Quem ama dá a vida, em vez de a regatear. O cristão não está à direita nem à esquerda, mas deseja estar aos pés de Jesus para escutar e aos pés do irmão para servir. Nesse lugar está o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou indagar cuidadosamente as motivações que me levam a “estar perto” de Jesus.

REZAR A PALAVRA

Senhor, abre os meus olhos à deslumbrante beleza do teu caminho de servo.
Admite-me à grandeza deste Reino onde se reina por servir, 
a este banquete de quem se alimenta apenas do teu amor e fica saciado.
Que não haja em mim a inveja que corrompe, mas a bondade que acolhe;
que não haja a competição que despedaça, mas a alegria que constrói;
que não haja a ambição que cega, mas a humildade que alarga o coração.
Coloca-me, Senhor naquele “lado” onde a tua vontade me espera.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

XXV Domingo Comum B


Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».

Caros amigos e amigas, o Evangelho deste Domingo penetra as nossas discussões e as nossas dúvidas, convidando-nos a perder a vida para “ganhar” o amor. E Deus quer deixar-se abraçar por nós.

Os discípulos não compreendiam
O mistério de Deus não parece estar ao alcance da razão dos discípulos. Eles não compreendem como pode um rei ser entregue e morto como um fracassado e um inútil e passam indiferentes à novidade da ressurreição. Hoje, talvez compreendamos a lógica do amor de Deus como um dado adquirido e não como um mistério que nos interroga e transforma. O escândalo e a loucura de Deus, são as bandeiras do seu reinado e nós, discípulos aprendizes, precisamos de aprender a humildade e a entrega como pré-requisitos para nos alistarmos neste exército do reino. A dúvida é a sede de quem procura a verdade. O medo é o reflexo de quem foge ao desafio. Cristo desafia-nos pelo que diz, é e faz. Não tenhamos medo de o interrogar, de nos aproximarmos do seu mistério.

Que discutíeis no caminho?
Jesus conhece, no silêncio, as preocupações dos discípulos. Está atento às nossas dúvidas, aos nossos porquês e aos nossos sonhos. Tal como os discípulos, enquanto caminhamos com Jesus, perdemos o nosso tempo em discussões vãs, vazias de fundamento. Percorremos quilómetros da vida com disputas sobre pontos de vista estéreis, porque nos desviamos do essencial, que é a presença de Jesus.
Inventamos formas de subir acima dos outros. Construímos galardões para que possamos destacar-nos do grupo. Obcecamo-nos em argumentos que nos favoreçam, em detrimento dos outros, sob a luz de uma falsa humildade. Escondemo-nos, numa abnegação mentirosa, para que rapidamente descubram as maravilhas que detemos como nossas e que não nos pertencem. Regateamos interesses e projetos, num egoísmo fechado, avesso à comunhão, com medo de perdermos esse jogo… discutimos…

Quem quiser ser o primeiro será o último
Jesus cala os nossos jogos de interesses com o grito sereno da humildade.
Aqueles que escolheram seguir um rei pobre, simples e que se entrega até à morte, não possuem o sonho de ser maiores, mas acolhem a aventura de serem servos.
Quem ama aprende a ser pequeno, a ser o último. Aprende com Jesus a sabedoria do serviço. Na entrega de Jesus até à morte bebemos a ciência do amor que se abandona, que se doa, que se oferece. Na corrida do amor, chega primeiro quem se esqueceu de si, para que outros também chegassem.
Quem verdadeiramente caminha com Jesus descobre o valor do acolhimento incondicional, sem juízos de valor. O abraço é a porta do serviço. Jesus ensina-nos a abraçar o outro, a criança, como modelo de acolhimento ao amor de Deus, pois quem a receber… é a Mim que recebe… e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou. Arrisquemos abraçar, servir, ser o último… arrisquemos viver o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou reparar mais nas pessoas, nas suas necessidades e sofrimentos, em detrimento dos meus interesses.


REZAR A PALAVRA
Pai, hoje colocas-me na parte menos apetecível da senda do teu Filho Jesus,
e sabes como me perturba a loucura da meta que Ele persegue.
Porque O envias assim, porque há-de Ele comprometer-se até à Cruz?
Senhor Deus, ilumina todas as sombras de egoísmo que me cegam
fecunda o meu olhar com a simplicidade e a liberdade da infância:
que veja o mundo como cenário de beleza, onde se respira o teu dom.
Purifica os meus caminhos do murmúrio estéril, da ambição insensata,
liberta o meu coração para que acolha o outro como irmão,
desanuvia o horizonte para que veja a Cruz como o sinal mais da vida.