quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

III Domingo Comum A



Evangelho segundo S. Mateus 5, 12-23
Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso, retirou-Se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou». Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus chamou-os, e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.

Caros amigos e amigas, ainda hoje, Jesus escolhe habitar na Galileia da nossa vida, caminha no nosso mar de trabalhos e preocupações, chama-nos pelo nome e convida-nos a segui-lo. Nada, ninguém, nem nenhuma situação, por mais escura que seja, está longe do olhar e do aproximar-se luminoso de Deus.

Interpelações da Palavra
À beira mar…
Quanta gente, quanto barulho, quanta confusão e promiscuidade, nesta região das periferias, contaminada por estrangeiros e pagãos! Uma Galileia de gente com as mãos corroídas pelo sal e o rosto queimado pelo sol. É aqui que o Reino se aproxima: Jesus passa entre a gente e vê, numa casa de pescadores, a sua Igreja. Esta nasce ali, nas margens dum mar, num lugar de encontros, de partidas e chegadas, num cais de relações, de pessoas, de comunhão. Ainda hoje, a Igreja é o contínuo caminhar de Deus ao encontro do homem.

…um encontro…
Desde sempre se tinham dedicado à pesca que lhes permitia sobreviver. Estavam, por isso, bem familiarizados com as redes, com a humidade da noite, com o imprevisto das ondas, com o mapa das estrelas que o pai, velho lobo do mar, conhecia como a palma da sua mão. E, contudo, bastou um olhar, uma palavra, um encontro para deixarem tudo. Ele não prometera nada: nem redes mais fortes, nem uma vida melhor. Falara apenas de um Reino que se construía com o coração e com fios de esperança. Bastara aquele convite para os jovens irmãos o seguirem. Naquele olhar até os pescadores mais experientes naufragaram! Jesus chama e eles descobrem que dentro de si não há apenas as rotas do lago, mas existe o mapa do céu, do mundo, do coração.
Jesus não rouba a rede remendada, a barca desconchavada ou o pai idoso, mas alarga o coração, faz viver cada momento e cada pessoa com um respiro universal, num oceano de amor sem fronteiras.

…que renova a vida
É sempre Ele que nos avista, nos encontra, nos habita, colocando o amor de Deus ao alcance da mão e do coração. À semelhança de Pedro e André, de Tiago e João, Jesus olha para nós e no nosso mar avista um tesouro, no frio da nossa vida vê o grão que germina, descobre uma generosidade que nós próprios desconhecíamos, uma melodia que ignorávamos, e sussurra estradas de sol, caminhos de alegria. Deus surpreende continuamente!
Quantos pescadores estariam no lago naquele dia? Não sabemos; apenas que Jesus escolhe irmãos! Os primeiros discípulos são companheiros de sangue! Desde o início, o Evangelho é um convite à fraternidade e à comunhão profunda. Os discípulos são gérmen de uma nova família, de uma Igreja de irmãos. Dois a dois! Nunca mais sós!
Ainda hoje, Jesus passa e reacende a vida, deixando um perfume de sonhos e um contagioso desejo de felicidade, semeando um rasto de milagres e de esperanças. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, disposto a lançar as redes sem Ti, a ser eu a consertar,
intercetas o meu movimento isolado e recusas o meu débil solucionar…
Sim, a Tua voz fez estremecer o meu dia, o meu esforço e o meu doar.
O Teu convite sacudiu os meus sonhos, o mapa traçado e o calendário definido.
Sim, a Tua voz abanou o meu barco, a minha casa os meus laços.
O Teu olhar iluminou o meu passado, o meu presente e o meu futuro.
Senhor, lança Tu as redes que tocam os meus braços, conserta Tu as redes que trilham os meus pés
E, porque me convidas a seguir-Te, serei, conTigo, pescador de Homens.

Viver a Palavra

Hoje vou descobrir que redes preciso lançar com Cristo no mar que me envolve.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Ordenação Diácono Manuel Rodrigues

II Domingo Comum A



Evangelho segundo S. João 1,29-34
Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».

Caros amigos e amigas, tendo ainda no coração o eco da ternura do Natal, abrem-se as páginas do Evangelho para encontrar Cristo Senhor, homem no meio dos homens, escondido no silêncio e na vida quotidiana.

Interpelações da Palavra
João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro
A partir daquele momento, os seus olhos não O deixaram até que Ele desapareceu no meio da multidão. Mesmo se, depois, as suas mãos baptizaram com mais vigor e a sua voz trovejou com mais poder, no seu coração nasceu a certeza de que Deus encontrava finalmente o homem. João, ainda perplexo e sem O conhecer bem, sabe que os seus olhos viram o Filho de Deus mergulhar no mar da humanidade.
Na verdade, ainda hoje, Deus não suporta distâncias e continua a vir ao nosso encontro. Num incansável caminhar, Ele dirige-se ao nosso olhar e à nossa vida. Somos sempre nós, ovelhas tresmalhadas ou filhos perdidos, a meta do seu peregrinar. Ele não se acomoda no paraíso, sentado no tribunal eterno para julgar as nossas acções e sacrifícios, mas é capaz de perder-se ao nosso encontro, fazendo-se nosso contemporâneo e seguindo-nos até à morte. E continuamente vem, encontra, habita, dá-se como dom. Mesmo sem, à partida, O reconhecer, nós podemos deixar-lhe espaço para que Ele nos encontre. Feliz daquele que corre o risco de ser encontrado por Deus!

Eis o Cordeiro de Deus…
Divina revolução e admirável mudança! Já não é o homem que imola, sacrifica ou oferece a Deus, mas é o próprio Deus que se entrega e se sacrifica pelo homem, numa paixão capaz de morrer de amor! Cordeiro permanece o símbolo de um Deus vítima do amor, daquela força de amor que se imerge no rio dos nossos dias e do nosso pecado. Cordeiro em aramaico significa também «servo», «filho» e «pão». Esta é a identidade de Jesus: oferta gratuita da gratuidade do amor, da não violência, da ternura, do perdão. Ele é a testemunha e o testemunho do coração do Pai. Ele é o testamento, o testador e a herança que nos cabe em sorte.

…que tira o pecado do mundo
Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo são palavras fulgurantes que, das margens do Jordão, chegaram a todas as igrejas e que, em cada eucaristia, são relançadas ao céu e ao coração de cada um. São palavras que contêm uma novidade absoluta: só o amor pode arrancar o mal, só o amor arranca o erro, e nunca arremessa o castigo, o lamento ou a acusação. Porque este tirar o pecado não é por um passe de magia, ou por uma violência imposta, mas é o milagre do amor que tudo transfigura, tudo repara, tudo completa, tudo sara, pois só o excesso de amor é fecundo!
Dar testemunho do Cordeiro significa colocar no lugar da astúcia a inocência, no lugar da força o amor, no lugar do prestígio a humildade. Só assim se vive a maravilha do Deus connosco, a novidade e a beleza do coração do Pai que Jesus nos revelou. Só assim o mundo vive de Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Vem, Espírito Santo, descendente luz divina que me faz reconhecer o Cordeiro!
Suave impulso da vida, mostra-me que Ele mergulha no mar da minha humanidade,
que Ele tira os pecados do meu mundo, alimenta-me com o excesso do seu amor!
Vem trazer-me a atmosfera que faz reverberar a voz audível do Pai,
vem abrir-me a alma à Palavra que salva e ajusta a ela a minha voz para o anúncio.
Vem, segura as minhas dúvidas e os meus medos, dá-lhes o alimento da tua ousadia.
Vem abrir espaço na minha vida para que possa acolher Aquele que me vem salvar!

Viver a Palavra

Vou parar perante a Palavra e deixar espaço para que o Cordeiro de Deus me possa encontrar.

Mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações



Vocações, testemunho da verdade

Amados irmãos e irmãs!
1. Narra o Evangelho que «Jesus percorria as cidades e as aldeias (…). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe”» (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que «a messe é grande». Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a acção eficaz, que é causa de «muito fruto», deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. São Paulo, que foi um destes «colaboradores de Deus», trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: «Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo» (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.
2. Muitas vezes rezámos estas palavras do Salmista: «O Senhor é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-Lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho» (Sal 100/99, 3); ou então: «O Senhor escolheu para Si Jacob, e Israel, para seu domínio preferido» (Sal 135/134, 4). Nós somos «domínio» de Deus, não no sentido duma posse que torna escravos, mas dum vínculo forte que nos une a Deus e entre nós, segundo um pacto de aliança que permanece para sempre, «porque o seu amor é eterno!» (Sal 136/135, 1). Por exemplo, na narração da vocação do profeta Jeremias, Deus recorda que Ele vigia continuamente sobre a sua Palavra para que se cumpra em nós. A imagem adoptada é a do ramo da amendoeira, que é a primeira de todas as árvores a florescer, anunciando o renascimento da vida na Primavera (cf. Jr 1, 11-12). Tudo provém d’Ele e é dádiva sua: o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, mas – tranquiliza-nos o Apóstolo – «vós sois de Cristo e Cristo é de Deus» (1 Cor 3, 23). Aqui temos explicada a modalidade de pertença a Deus: através da relação única e pessoal com Jesus, que o Baptismo nos conferiu desde o início do nosso renascimento para a vida nova. Por conseguinte, é Cristo que nos interpela continuamente com a sua Palavra, pedindo para termos confiança n’Ele, amando-O «com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças» (Mc 12, 33). Embora na pluralidade das estradas, toda a vocação exige sempre um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Quer na vida conjugal, quer nas formas de consagração religiosa, quer ainda na vida sacerdotal, é necessário superar os modos de pensar e de agir que não estão conformes com a vontade de Deus. É «um êxodo que nos leva por um caminho de adoração ao Senhor e de serviço a Ele nos irmãos e nas irmãs» (Discurso à União Internacional das Superioras Gerais, 8 de Maio de 2013). Por isso, todos somos chamados a adorar Cristo no íntimo dos nossos corações (cf. 1 Ped 3, 15), para nos deixarmos alcançar pelo impulso da graça contido na semente da Palavra, que deve crescer em nós e transformar-se em serviço concreto ao próximo. Não devemos ter medo: Deus acompanha, com paixão e perícia, a obra saída das suas mãos, em cada estação da vida. Ele nunca nos abandona! Tem a peito a realização do seu projecto sobre nós, mas pretende consegui-lo contando com a nossa adesão e a nossa colaboração.
3. Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que «são espírito e são vida» (Jo 6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que «por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)?
4. Amados irmãos e irmãs, viver esta «medida alta da vida cristã ordinária» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31) significa, por vezes, ir contra a corrente e implica encontrar também obstáculos, fora e dentro de nós. O próprio Jesus nos adverte: muitas vezes a boa semente da Palavra de Deus é roubada pelo Maligno, bloqueada pelas tribulações, sufocada por preocupações e seduções mundanas (cf. Mt 13, 19-22). Todas estas dificuldades poder-nos-iam desanimar, fazendo-nos optar por caminhos aparentemente mais cómodos. Mas a verdadeira alegria dos chamados consiste em crer e experimentar que o Senhor é fiel e, com Ele, podemos caminhar, ser discípulos e testemunhas do amor de Deus, abrir o coração a grandes ideais, a coisas grandes. «Nós, cristãos, não somos escolhidos pelo Senhor para coisas pequenas; ide sempre mais além, rumo às coisas grandes. Jogai a vida por grandes ideais!» (Homilia na Missa para os crismandos, 28 de Abril de 2013). A vós, Bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs, peço que orienteis a pastoral vocacional nesta direcção, acompanhando os jovens por percursos de santidade que, sendo pessoais, «exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada a todos com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas mais recentes oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31).
Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja «boa terra» a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto. Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há-de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz. E a colheita será grande, proporcional à graça que tivermos sabido, com docilidade, acolher em nós. Com estes votos e pedindo-vos que rezeis por mim, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 15 de Janeiro de 2014
FRANCISCO

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Batismo do Senhor - A



Evangelho segundo S. Mateus 3, 13-17
Naquele tempo, Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser baptizado por ele. Mas João opunha-se, dizendo: «Eu é que preciso de ser baptizado por Ti e Tu vens ter comigo?». Jesus respondeu-lhe: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça». João deixou então que Ele Se aproximasse. Logo que Jesus foi baptizado, saiu da água. Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. E uma voz vinda do céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência».

Caros amigos e amigas, na festa que hoje celebramos reside uma esperança imensa: a certeza de que nada nem ninguém poderá mais fechar este céu que a fidelidade do Filho amado abriu, nem calar esta voz que, para sempre, nos declarará o seu amor.

Interpelações da Palavra
Veio ter com João Baptista
Estremeço!!! Na fila daqueles que caminham, carregados com a consciência dos seus pecados, vejo divisar-se a figura d’Ele, o Cordeiro sem pecado e sem mancha! Como é possível que venha ter comigo a Palavra de Quem eu sou a voz, o Caminho, para quem eu preparei o caminho, o Fogo no qual acendo a chama da minha mensagem? Aproxima-se como fagulha de luz, a insinuar-se nas trevas. Dou-me conta que um tempo novo se inaugura na relação dos seres humanos com Deus. Hoje vejo, de olhos deslumbrados, Deus a imergir na sua obra. Comovo-me ao contemplar o divino Oleiro de mãos empapadas com o barro onde insuflou a vida. Ali está Aquele que vem ensinar-nos o caminho do arrependimento, mas nele não nos deixa sós. Deus faz marcha com este povo que se liberta do mal, caminha com a imperfeição que ruma para beleza. Sou eu que quero receber d’Ele a graça regeneradora do perdão, mas é Ele me pede primeiro o caminho desimpedido para chegar a mim. Deixo-O vir… a água que eu derramar sobre Ele escorrerá como bênção para o mundo!

Abriram-se os céus
Os céus tantas vezes nos apareceram como véu intransponível que se interpunha entre nós, criaturas, e o Deus longínquo e inacessível… Não foi preciso que tivéssemos de perturbar o silêncio sideral; os céus rasgaram-se espontaneamente pois o Filho amado veio habitar o nosso chão e chamou todo o céu para esta terra que flore o próprio amor de Deus. Este chão agora é o céu. Por Jesus deu-se uma punção no véu que toldava os olhares. Nada mais se interporá entre o cúmplice olhar e o amoroso diálogo de Deus e das suas criaturas. Esta brecha é prenúncio daquela outra, feita no Coração de Cristo, o único lar que demandamos. A todos nos é possível penetrar no Santuário, no segredo de Deus, na torrente das suas delícias. Os ladrões do céu terão este encorajamento para arriscar! É preciso dar aos pobres esta estupenda notícia!!!

O Filho muito amado
Sobre o movimento do oceano da fidelidade do Filho dança o Espírito de Deus. A nova humanidade surgirá nesta carne preparada pela docilidade do Filho amado. Olho Jesus que sai da água, como o eclodir de uma nova criação. Jesus semeou na nossa humanidade aquela amabilidade que atrai o olhar enlevado de Deus. Só Jesus é absolutamente o Filho Amado, mas aqueles que O escutam e participam da sua fidelidade, tornam-se um com Ele e, por isso, estão aptos a escutar do Pai aquela mesma declaração de amor. É aqui, neste rio das minhas procuras, que O deixarei imergir; é aqui de entre as nuvens soturnas das minhas dúvidas que consentirei o golpear de uma voz; é aqui, no contexto da minha infidelidade, da minha fragilidade que se quer levantar, que permitirei que Ele vá fazendo progredir a doce narração do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Pai amoroso, abres os tempos com a Tua Palavra Criadora,
Abre o meu querer ao teu amor criativo, para que consita recriar-me da tua Palavra.
Filho amado, dás esperança àqueles que superam o conforto da passividade,
Que participe na tua fidelidade que, aqui e agora, é moção dos novos céus e nova terra,
Espírito de amor, fecundas a alegria de quem ousa caminhar ao teu ritmo
Torna o meu coração apto para acolher e deixar vibrar a declaração de amor do Pai.
Trindade Santíssima, adoro-vos e entrego-me ao vosso amoroso desígnio.

Viver a Palavra

Vou considerar o dom da minha vocação baptismal como um chamamento amoroso de Deus Trindade.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

VOCorAÇÃO


O dia 4 de janeiro foi tempo de ORAR a VOCAÇÃO com o CORAÇÃO.
9 jovens aceitaram o desafio da Pastoral Vocacional das Servas Franciscanas e embarcaram na aventura da VOCorAÇÃO.

Iniciámos o dia com a visita à fábrica das hóstias na Casa de Santa Clara, em Bragança. A visita foi orientada pela Irmã Maria José Oliveira, que descrever o sonho de uma semente: Toda a semente sonha ser eucaristia! 


A manhã foi preenchida por um tempo forte de adoração eucarística, onde pudemos parar, olhar, escutar e avançar neste encontro que nos faz crescer. Depois de uma viagem pela história da Congregação segui-se o tempo de almoço partilhado.


A tarde iniciou com um tempo de formação orientado pelo Sr Padre José Luís Pombal no Colégio de S. João de Brito, com o tema: Vocação a ser pessoa. Ainda houve tempo para um trabalho de grupo proposto pela Irmã Conceição:"A pérola és tu". No final da tarde participamos na Eucaristia da Igreja de São João Batista da Sé. Ainda antes do jantar tivemos a oportunidade de rezar o rosario e as vésperas com as irmãs da comunidade do Colégio de S. João de Brito. 



Após o jantar de convívio, inserimo-nos numa atividade da pastoral juvenil da UP Senhora das Graças (Jovens C'aFÉ).


Todo este dia nos ajudou a mergulhar no encontro de Deus que sonha para nós um caminho de felicidade.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Domingo da Epifania A



Evangelho segundo S. Mateus 2, 1-12
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está - perguntaram eles - o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente
seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Caros amigos e amigas, Deus quer partilhar-se connosco, manifesta-se aproxima-se da nossa história e revela-se a todos como Salvador, como Aquele que toca e transforma, que guia e acompanha. Neste Domingo em que Ele se nos mostra, mostremos-Lhe com ternura a arca do nosso tesouro.

Interpelações da Palavra
Onde está?
Chegámos a Jerusalém cheios de esperança. O cansaço e o medo não esmoreceram a vontade de “provar” os cálculos a que nos tínhamos dedicado. Os sinais, os mapas, os astros, as escrituras, tudo nos falava do rei dos judeus que acabara de nascer. Cada qual estava mais empolgado, não medimos os perigos desta viagem e desta aventura. Parecíamos pássaros que voavam ao sabor da ciência, com asas de curiosidade desmedida. Um só desejo nos guiava, adorá-l’O. Ainda vejo a estrela que nos falava desse caminho, dessa procura, dessa viagem… e parou, parou não num palácio, mas “no lugar onde estava o Menino”. Foi um alvoroço, tanta alegria, encontrámos o tesouro, chegámos à meta da nossa viagem e entrámos em casa…

Adoraram-n’O
Gostava de fazer esta viagem convosco, Magos. Os meus cálculos, conhecimentos e até as estrelas que brilham neste céu de procura, vão-me falando desse rei que procurastes com tanta alegria e afã. Gostava de galgar esse deserto, pisar o brilho dessa estrela que seguia à vossa frente e descobrir onde pousa hoje, aqui e agora… Gostava de sentir a alegria desse momento de encontro, atravessar o umbral desse humilde lugar iluminado pela presença de um tesouro maior… Escuto o vosso silêncio diante da Luz, da Estrela maior, vejo-vos por terra adorando Aquele a quem tanto buscáveis. E, sem que ninguém dê por mim, também eu me prostro diante do mistério dessa Meta e adoro…

Abrir os tesouros
Oh Maria, que poderei oferecer a esse Menino Rei que acaricias em teus braços? Trouxe comigo a arca recheada da vida. Dela retiro pequenos tesouros que fui acumulando das viagens que me desenham. Mas é tudo tão pouco para tão sublime e humilde Rei… Vejo o ouro da alegria e das vitórias, o incenso da partilha e da relação, a mirra de cada passo no caminho… Mas que hei-de oferecer Àquele que a mim se oferece? Que presente dar à Presença. Neste singelo abrir-me a Quem me habita manifesta-se, de novo, o Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, Menino Deus, que no silêncio me falas de amor, eis-me aqui
para Te adorar, prostrar-me, tocar a ternura do Teu sorrir para mim.
Eis-me aqui para Te adorar, prostrar-me, olhar a candura do Teu afável abraço.
Eis-me aqui para Te adorar, prostrar-me, acolher a luz que invade a fria escuridão.
Eis-me aqui para Te adorar, prostrar-me, desnudar o presente da Tua feliz presença.
Eis-me aqui para Te adorar, prostrar-me, oferecer-me, deixar-me habitar por Ti.

Viver a Palavra

Vou abrir o meu coração e descobrir que tesouro posso oferecer ao Menino Deus.