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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

XIX Domingo Comum C



Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei o que possuís e dai-o em esmola. Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável nos Céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração. Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor ao voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater. Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada, felizes serão se assim os encontrar. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem». Disse Pedro a Jesus:
«Senhor, é para nós que dizes esta parábola, ou também para todos os outros?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá à frente da sua casa, para dar devidamente a cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir’, e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou ou não cumpriu a sua vontade, levará muitas vergastadas. Aquele, porém, que, sem a conhecer, tenha feito acções que mereçam vergastadas, levará apenas algumas. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá».

Caros amigos e amigas, o Senhor convida-nos, neste Domingo, à vigilância confiante para acolher a Sua chegada. A Palavra propõe-nos cuidar o nosso “receber e dar”, a chama da nossa fé, o espaço do nosso coração para o encontro com o Nosso Senhor.

“Não temas pequenino rebanho”
É Cristo, o Filho de Deus Vivo, que nos dá esta segurança e certeza: Não ter medo!
Com Jesus aprendemos o “colo de Deus”, a confiança naquele que melhor nos conhece e ama, a esperança naquele que perdoa e acolhe incondicionalmente. Deus Pai acolhe-nos e convida-nos a acolhê-lo em nosso frágil esperar… O Pai de Jesus e Nosso Pai, dá-nos o reino, porque havemos então de temer?

“Aí estará o vosso coração”
Que outras riquezas precisamos procurar quando Ele nos basta? Ou estará o nosso coração “cegado” com brilhos que em breve se pintarão de ferrugem? O “valor” de Deus é permanente, não se corrói. Com Ele no nosso coração, como tesouro inestimável, a espera alimenta-se pelo desejo constante de acolher aquele que já nos habita, porque vivemos Nele.
A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor (LF, 4). Este tesouro carece ser cuidado, acolhido, vigiado, aguardado... porque Deus é sempre novo e vem de surpresa ao nosso encontro.

“Tende as lâmpadas acesas”
O servo feliz é aquele que anda ocupado com o Senhor. O autoritarismo e a superficialidade afastam da missão e impedem o cumprimento da vontade do nosso Senhor, aquele a quem servimos. “O servo que conhecendo a vontade do Senhor, não se preparou ou não cumpriu a sua vontade” vive a confusão e a dor, prova da ausência de fé. “Quando falta a luz, tudo se torna confuso: é impossível distinguir o bem do mal...” (LF, 3). O caminho sempre novo da fé, mantém o azeite das nossas lâmpadas e lança-nos para o mistério do serviço atento e disponível à novidade de Deus. “A fé é capaz de oferecer uma luz nova, porque vê mais longe, compreende o agir de Deus… (LF, 14)”.
Deus confia, acredita em nós, mesmo conhecendo a nossa fragilidade. Ele deseja vir ao nosso encontro, carece do nosso acolhimento, como um Pai que regressa para abraçar o filho, como um Senhor que volta para se encontrar com o seu servo. Deus vem! Que luz preparo para a Sua chegada? Como está a lâmpada da fé para esse encontro contínuo e sempre novo?
“A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho (LF, 57)”, e isto é Evangelho.


VIVER A PALAVRA
Vou descobrir as características do tesouro maior que transporto no meu coração.

REZAR A PALAVRA
Senhor, luz dos meus caminhos, mantém acesa a minha lâmpada.
Aumenta a minha fé para que Te possa acolher em cada encontro e me (re)encontre...
Senhor, quando vens? Senhor, preciso de Ti? Saber-te-ei esperar?
Não permitas que me distraia nas luzes do mundo e esqueça o espaço que reservei para Ti.
Tenho sede...quero desejar cada encontro sem medo... Ajuda-me a preparar-me para Ti...
Do que receber de Ti, seja para Me dar...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

XXI Domingo Comum B


Naquele tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?». Jesus, conhecendo interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes: «Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente? O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras que Eu vos disse são espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não acreditam». Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar. E acrescentou: «Por isso é que vos disse: Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai». A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele. Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». Respondeu-Lhe Simão Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».

Caros amigos e amigas, o texto de hoje desfecha o resultado do longo “discurso do Pão do Céu”. Este, à primeira vista, parece um fiasco e a declaração final de Pedro apenas um “sucesso residual”. Mas Jesus conhece bem a linguagem da semente. Falou em pão, fez sementeira e… as sementes são sempre pequeninas!

Um discurso escandaloso
Um qualquer pregador esperaria aplausos e gestos de aprovação; Jesus leva com uma razia de protestos.
Estas palavras impopulares desfalcam o grupo dos que se diziam discípulos. E, porém, não vemos aqui um Mestre prostrado em lamentos. Jesus não está apostado num recrutamento de fãs superficiais, mas na sementeira árdua de discípulos. Ele não fala com “paninhos quentes” para camuflar a exigência; a Verdade, que é Ele mesmo, não ondula ao sabor das nossas pressões, nem se define por sondagens à opinião pública. Jesus não busca a nossa admiração, o nosso louvor, o nosso trabalho, um desempenho impecável… nem sequer a nossa, às vezes vaidosa, virtude; Jesus busca-nos a nós a fim de permitirmos ao Pai que complete em nós a obra da criação. E esta obra vai muito além da “carne” até à vida eterna. Jesus é aquela Palavra eterna, criadora, proferida pelo Pai, que, mediante a fé, dentro de nós desenvolve a gestação do “homem novo”.
Amigos e amigas, precisamos de definir muito bem onde estamos e, se estamos com Ele, temos de aceitar a ferida da sua Palavra que nos desinstala e nos abre um caminho muito claro de conversão.

Também vós quereis ir embora?
Esta pergunta é, ao mesmo tempo, severa e doce; repreensão de força e pedido de fraqueza. De força porque Jesus é o que É e não muda para nos “fazer o favor”. Não é esse o seu modo de nos conquistar, com o suborno fácil ou com a cedência a qualquer tipo de chantagem. Esta pergunta é também uma manifestação da fraqueza do amor, que nos pede para reconsiderar a ruptura com Ele. É que Ele, decididamente, não quer que partamos, ardentemente nos quer junto de Si, pois sabe que sem Ele nada podemos fazer. Mas nós só podemos estar com Ele se for de forma totalizante. Ele não quer discípulos em part-time. Dá-nos a liberdade de ir ou ficar, mas tem o seu regaço aberto para nós, mortinho por nos franquear a sua vida.
Ao fazer esta pergunta directa e interpelante, imagino o olhar de Jesus, irradiante de sedução. Era naquele mesmo olhar que o pescador Pedro tinha experimentado o mergulho mais ousado da sua vida. Para alguns discípulos oportunistas, a oportunidade de êxito temporal acabava ali. Mas Pedro já se tinha afundado naquele olhar e sabia da vastidão que se agigantava para lá daquela superfície…

Para quem iremos, Senhor? Tu tens … Tu és…
A constatação de Pedro toca o fundo do coração do discípulo. Para além d’Ele não há mais nada, não há mais ninguém; Jesus é a única meta que pode escolher aquele que quer ir até ao fim. Ele é o único descanso que toda a inquietação anseia encontrar. Ele é a beleza que encerra toda a beleza. Se eu tiver o seu rosto a fulgurar ante os meus olhos, a energia do meu andar nunca esmorecerá; se eu souber para que meta caminho, farei por corrigir os desvios dos meus passos. Precisamos constantemente de olhar para Ele, centrar n’Ele toda a ambição e as energias da vida. Precisamos de nos implantar no terreno da sua Palavra, ganhar raízes até ao seu coração, para resistir a todas as enxurradas de egoísmo! As palavras que apelidamos de duras, têm a firmeza do caminho seguro, a consistência da rota certeira. Amigos e amigas, a Palavra é Ele, mas Ele quer escrever-se em nós. Deixemos que, no papel da nossa existência, Ele imprima a força e a beleza do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero conhecer melhor a Palavra de Deus que me dá vida!


REZAR A PALAVRA
Senhor, propões um caminho exigente, uma prova difícil, uma fasquia bem alta.
São duras as tuas palavras, porque ferem a frieza e a dureza do meu coração
e desinstalam o sossego estéril do meu sentir. Inflama a minha carne
 do teu Espírito, ajuda-me a calar os ruídos que me impedem de te ouvir
e fortalece os músculos adormecidos do meu coração, para acolher de ti
as palavras que me saciam e dão vida. A quem irei, Senhor, senão a ti?