sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

EPIFANIA A 2011

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Os sinais de Deus iluminam as nossas noites e abrem caminhos de aventura na descoberta do Seu amor por nós. Neste Domingo, em que Deus se manifesta a todos, sem distinção, tenhamos a coragem de ajoelhar perante a maravilha, sempre nova, do Seu amor.

Onde está o rei?
Quem acredita questiona-se. E esta é uma das interrogações que mais nos inquieta: Onde está o nosso rei? Porque não vem Ele transformar este mundo cinzento num arco-íris? Exigimos soluções e não vivemos as propostas que a Sua Palavra nos lança. Não nos satisfazem mais os sinais. Precisamos vê-lo, fazer experiência de Deus. Senti-lo em nós. A fé lança sementes de curiosidade espiritual na nossa caminhada de crentes; e é ela que nos faz sair dos nossos palácios para ir procurar o rei que acaba de nascer.

Ficou perturbado…
Mas há reis que nos deixam perturbados. Talvez este Jesus também nos inquiete. Aqueles que competem com as nossas ideias, aqueles que questionam as nossas metas, aqueles que põem em perigo os nossos jogos…são nossos inimigos…e ficamos perturbados quando sabemos que nasceram, que estão aí por perto. Deixamo-nos perturbar quando temos como certas as nossas riquezas e não encontramos no Menino de Belém o nosso único REI. Deixamo-nos perturbar quando não somos barro dócil nas mãos de Deus-Amor.

Entraram, viram, prostraram-se, adoraram e ofereceram
Vamos entrar no mistério e ver com os olhos da fé a candura do sorriso de Deus. Prostremo-nos, porque a nossa altivez não deixa que a luz do Menino brilhe na escuridão da noite. Adoremos a presença de Deus em nós, na nossa gruta…e ofereçamos o presente que Deus semeia em cada um de nós. Só o silêncio pode cantar a proximidade de Deus. Ele veio, Ele está, adoremos…

VIVER A PALAVRA
Vou ajoelhar perante a minha estrela, Jesus Cristo, e fazer silêncio,
porque deslumbrada por amor tão grande e tão pequenino…

REZAR A PALAVRA

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Revisões...com DEUS!

É costume fazer revisões para as Fichas de Avaliação, para as provas, para os exames…
No caminho com Deus também precisamos fazer revisões… não para passarmos no teste, mas para avançarmos com mais qualidade e determinação na vida espiritual.
Façamos então algumas revisões:

1. Enumerar 3 aspectos positivos e 3 negativos vivência pessoal neste momento.

2. Ler Jo 15, 1-17
1«Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. 2Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. 4Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. 6Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem. 7Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá. 8Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.»
9«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. 11Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa. 12É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. 13Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhes-tes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá. 17É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.»

3. Deter-se durante algum tempo nas frases propostas… ou outras da passagem lida:
…sem mim, nada podeis fazer.
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor.
É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. (Jo15)

4. Meditar a Palavra com ajuda desta breve reflexão:
Consciente de que sem Deus nada sou, nada posso fazer…
preciso permanecer nele,
não me afastar da sua graça,
não perder o contacto com a essência do amor,
não deixar de beber da fonte da felicidade,
permitir que em mim corra a seiva da verdade…

Que fazer para estar nele, para permanecer nele?
10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor.
Guardando os seus mandamentos mantenho vivo este laço de amor, que me vincula a Cristo Mestre. E, permanecendo no seu amor, estou nele, e tudo poderei ser e fazer.

Mas como guardar os seus mandamentos?
12É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. (Jo15)
Obedeço ao seu pedido quando amo como ele me ama e nos ama.
Esta é a palavra-passe para permanecer ligado à videira: AMAR.

Em suma, para permanecer nele, preciso amar, guardando assim os seus mandamentos.
Pelo amor, mantenho vivo o canal que me une a Ele. E, estando nele, permanecendo no seu amor, tudo poderei ser e fazer, porque será o amor a minha bandeira.

5. Responder com o coração:
a. Que sentimentos desperta na minha vida actual esta passagem?
b. Que quer Deus dizer-me com estas afirmações?
c. Que trazem elas de novo para a minha vida?
d. Que estou disposto(a) a mudar?

6. Fazer silêncio para escutar a força do Espírito…

7. Completar, em forma de poema, a proposta lançada, tentado construir no final um propósito para o novo ano que inicia, mediante a Palavra rezada.

Sem ti, Senhor






1 segundo para Deus


Queremos que o primeiro instante de 2011, um "segundo", seja dedicado à comunhão espiritual com todas as pessoas do planeta, independentemente das suas convicções religiosas.

“A ideia é de que, à medida que o novo ano fosse entrando em cada fuso horário, houvesse alguém com vontade de sair de si, em oração, meditação ou silêncio independentemente da sua sensibilidade religiosa”, promovendo “acima de tudo um encontro de humanidade”, coração a coração.

Propõe-se que o início de 2011 constitua, do “Oriente ao Ocidente”, uma “elevação espiritual” que possa “tocar todos os povos”, incluindo as “sensibilidades não religiosas” que “partilham o ser pessoa”.

Esta iniciativa ambiciona fazer “de uma nova década o início de um novo ciclo, aumentando a consciência universal da necessidade absoluta de ir para além das fronteiras religiosas, percebendo que Deus não tem religião nem limites filosóficos”.

“O ser um segundo é uma provocação. É evidente que é apenas o ínicio. Mas devagarinho, talvez consigamos passar uma mensagem diferente, que não seja só a do Natal ‘made in China’ [fabricado na China] ou da euforia neurótica dos gritos dos primeiros momentos do ano”.

“Uma relação de fé com Deus implica uma relação de intimidade com os outros”, pelo que as religiões têm deixar de ser “combustível” para conflitos que não são mais do que políticos.

Nas primeiras linhas do Génesis, livro que abre a Bíblia, “Deus começa solteiro”, manifestando-se num “espírito que paira sobre a superfície das águas”, e na última linha do Apocalipse, texto que encerra a Escritura, descreve-se “o encontro final” entre Deus e a humanidade.

1 segundo para Deus causes.com

DIA MUNDIAL DA PAZ

DA MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DO
XLIV DIA MUNDIAL DA PAZ
1 DE JANEIRO DE 2011

LIBERDADE RELIGIOSA, CAMINHO PARA A PAZ

É doloroso constatar que, em algumas regiões do mundo, não é possível professar e exprimir livremente a própria religião sem pôr em risco a vida e a liberdade pessoal.

Negar ou limitar arbitrariamente esta liberdade significa cultivar uma visão redutiva da pessoa humana; obscurecer a função pública da religião significa gerar uma sociedade injusta, porque esta seria desproporcionada à verdadeira natureza da pessoa; isto significa tornar impossível a afirmação de uma paz autêntica e duradoura para toda a família humana.

Por isso, exorto os homens e mulheres de boa vontade a renovarem o seu compromisso pela construção de um mundo onde todos sejam livres para professar a sua própria religião ou a sua fé e viver o seu amor a Deus com todo o coração, toda a alma e toda a mente (cf. Mt 22, 37).

Toda a pessoa é titular do direito sagrado a uma vida íntegra, mesmo do ponto de vista espiritual. Sem o reconhecimento do próprio ser espiritual, sem a abertura ao transcendente, a pessoa humana retrai-se sobre si mesma, não consegue encontrar resposta para as perguntas do seu coração sobre o sentido da vida e dotar-se de valores e princípios éticos duradouros, nem consegue sequer experimentar uma liberdade autêntica e desenvolver uma sociedade justa.

A liberdade religiosa deve ser entendida não só como imunidade da coacção mas também, e antes ainda, como capacidade de organizar as próprias opções segundo a verdade.
Uma liberdade hostil ou indiferente a Deus acaba por se negar a si mesma e não garante o pleno respeito do outro. É inconcebível que os crentes «tenham de suprimir uma parte de si mesmos – a sua fé – para serem cidadãos activos; nunca deveria ser necessário renegar a Deus, para se poder gozar dos próprios direitos».

Se a liberdade religiosa é caminho para a paz, a educação religiosa é estrada privilegiada para habilitar as novas gerações a reconhecerem no outro o seu próprio irmão e a sua própria irmã, com quem caminhar juntos e colaborar para que todos se sintam membros vivos de uma mesma família humana, da qual ninguém deve ser excluído.

A família é a primeira escola de formação e de crescimento social, cultural, moral e espiritual dos filhos, que deveriam encontrar sempre no pai e na mãe as primeiras testemunhas de uma vida orientada para a busca da verdade e para o amor de Deus. Os próprios pais deveriam ser sempre livres para transmitir, sem constrições e responsavelmente, o próprio património de fé, de valores e de cultura aos filhos.

Embora movendo-se a partir da esfera pessoal, a liberdade religiosa – como qualquer outra liberdade – realiza-se na relação com os outros. Uma liberdade sem relação não é liberdade perfeita. Também a liberdade religiosa não se esgota na dimensão individual, mas realiza-se na própria comunidade e na sociedade, coerentemente com o ser relacional da pessoa e com a natureza pública da religião.

O fanatismo, o fundamentalismo, as práticas contrárias à dignidade humana não se podem jamais justificar, e menos ainda o podem ser se realizadas em nome da religião. A profissão de uma religião não pode ser instrumentalizada, nem imposta pela força.

A busca sincera de Deus levou a um respeito maior da dignidade do homem. As comunidades cristãs, com o seu património de valores e princípios, contribuíram imenso para a tomada de consciência das pessoas e dos povos a respeito da sua própria identidade e dignidade, bem como para a conquista de instituições democráticas e para a afirmação dos direitos do homem e seus correlativos deveres.
Também hoje, numa sociedade cada vez mais globalizada, os cristãos são chamados a oferecer a sua preciosa contribuição para o árduo e exaltante compromisso em prol da justiça, do desenvolvimento humano integral e do recto ordenamento das realidades humanas.

A mesma determinação, com que são condenadas todas as formas de fanatismo e de fundamentalismo religioso, deve animar também a oposição a todas as formas de hostilidade contra a religião, que limitam o papel público dos crentes na vida civil e política.

No respeito da laicidade positiva das instituições estatais, a dimensão pública da religião deve ser sempre reconhecida. Para isso, um diálogo sadio entre as instituições civis e as religiosas é fundamental para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da harmonia da sociedade.

A estrada indicada não é a do relativismo nem do sincretismo religioso. De facto, a Igreja «anuncia, e tem mesmo a obrigação de anunciar incessantemente Cristo, “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6), em quem os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo mesmo todas as coisas». Todavia isto não exclui o diálogo e a busca comum da verdade em diversos âmbitos vitais, porque, como diz uma expressão usada frequentemente por São Tomás de Aquino, «toda a verdade, independentemente de quem a diga, provém do Espírito Santo».

Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um factor de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz.

A defesa da religião passa pela defesa dos direitos e liberdades das comunidades religiosas.

Dirijo-me, por fim, às comunidades cristãs que sofrem perseguições, discriminações, actos de violência e intolerância, particularmente na Ásia, na África, no Médio Oriente e de modo especial na Terra Santa, lugar escolhido e abençoado por Deus. Ao mesmo tempo que lhes renovo a expressão do meu afecto paterno e asseguro a minha oração, peço a todos os responsáveis que intervenham prontamente para pôr fim a toda a violência contra os cristãos que habitam naquelas regiões. Que os discípulos de Cristo não desanimem com as presentes adversidades, porque o testemunho do Evangelho é e será sempre sinal de contradição.

O nosso grito de dor seja sempre acompanhado pela fé, pela esperança e pelo testemunho do amor de Deus

O mundo tem necessidade de Deus; tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e compartilhados, e a religião pode oferecer uma contribuição preciosa na sua busca, para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional.

A paz é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, um projecto a realizar, nunca totalmente cumprido. Uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz, que não é simples ausência de guerra, nem mero fruto do predomínio militar ou económico, e menos ainda de astúcias enganadoras ou de hábeis manipulações. Pelo contrário, a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada.

Convido todos aqueles que desejam tornar-se obreiros de paz e sobretudo os jovens a prestarem ouvidos à própria voz interior, para encontrar em Deus a referência estável para a conquista de uma liberdade autêntica, a força inesgotável para orientar o mundo com um espírito novo, capaz de não repetir os erros do passado. É preciso, antes de mais nada, proporcionar à Paz outras armas, que não aquelas que se destinam a matar e a exterminar a humanidade.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2010.

BENEDICTUS PP XVI

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SEGREDO DE DEUS


Deus segreda-nos o Seu infinito amor por Jesus Cristo,
a magia de Deus que desce
até à nossa cegueira para nos iluminar,
até à nossa fome para nos alimentar,
até à nossa solidão para nos acompanhar.

Deus está...
deixemo-nos tocar pelo Seu segredo...
Feliz Natal!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

...ESTRELA...

AS TRÊS LUZES

As três luzes…
Para ver não basta ter olhos. É preciso ter luz. E vemos o que vemos à imagem e semelhança da luz que temos…
Se a luz é fraca, fraca será a visão.
Se a luz é boa, a visão já será clara.
Além disso, as coisas tornam-se diferentes segundo as luzes que usamos. Com uma lâmpada de luz azul, todas as coisas se tornam azuis aos nossos olhos. Se tirarmos essa lâmpada e usarmos uma vermelha, todas as coisas se tornarão vermelhas…
Mas, falar de diversas luzes, é muito mais do que isto… Porque tudo pode ser visto a vários níveis. Não estamos condenados a ver somente a casca da existência. Para sermos capazes de conhecer verdadeiramente as pessoas com quem nos encontramos e percebemos profundamente as situações com que nos deparamos, temos que aprender a olhar por dentro, a ver fundo.

Na nossa vida há três luzes fundamentais: a luz do sol, a luz da inteligência e a luz da Fé.

A luz do sol ou das lâmpadas é a luz exterior que nos faz ver a casca de todas as coisas, a aparência de todas as pessoas e a forma de todos os acontecimentos. Mas não mais que isso… A esta luz, as coisas são sempre o que parecem. Tudo é apenas o que parece e aparece, o que se torna numa fonte inesgotável de equívocos…
É preciso descobrir uma luz que nos faça ver mais fundo, mais dentro…

A luz da inteligência é a luz racional que nos faz perceber o que as coisas são, as pessoas representam e os acontecimentos significam, para além das suas aparências e experiências imediatas. Mas viver é muito mais que raciocinar… A vida não é obrigatoriamente lógica! Ser pessoa é construir-se, num entretecido de opções, relações, escolhas, atitudes, recomeços…
A inteligência não chega para sermos felizes nem para nos construirmos de maneira sábia. Há realidades fundamentais na nossa construção pessoal que não são lógicas, como perdoar, por exemplo! Depois de sermos traídos, magoados, não é racionalmente lógico perdoar. Nesses momentos é clara a nossa razão a dizer-nos que perdoar não é mais do que abrir a porta a deixar-se magoar outra vez. Não é lógico “dar a outra face…” Mas… nós somos mais do que a nossa razão… A razão sem coração consegue chegar a extremos de desumanização…
É preciso, por isso, descobrir uma luz que nos faça ver ainda mais dentro, mais fundo…

A luz da Fé é a luz da Sabedoria que nos faz construir a vida como projecto chamado à plenitude. Por ela, todas as coisas se transfiguram aos nossos olhos! Os outros tornam-se irmãos e os acontecimentos tornam-se desafios a renascermos permanentemente de novo. Já não se trata simplesmente de perceber a realidade nos seus movimentos, na sua lógica, mas sim perceber o seu Sentido. A luz do sol e das lâmpadas faz-nos ver o que as coisas parecem. A luz da inteligência faz-nos ver o que as coisas são no âmbito da lógica racional. A luz da Fé faz-nos ver o que as coisas são no âmbito do seu Sentido, ou seja, o que estão chamadas a ser.
A luz da inteligência abre-nos à capacidade do raciocínio. A luz da Fé abre-nos à arte da Sabedoria de Viver! Percebemos a vida como projecto sonhado e amado por Deus, que brota do Amor e nele se plenifica! Damo-nos conta dos motivos válidos para viver, dos tesouros importantes a perseguir, das metas pelas quais vale a pena cansar-se…
A luz da Fé faz-nos ver com o olhar de Jesus, retira-nos dos olhos todas as escamas, pouco a pouco, como a Paulo (Act 9, 18). Ver como Jesus vê é olhar os outros, os acontecimentos e a vida de olhos limpos, desimpedidos de preconceitos, mágoas, rancores… É olhar tudo e todos à luz do Amor e da Verdade…
Como cristãos temos que iluminar todas as realidades com a luz da Fé. É esse o segredo da sabedoria e do testemunho que o Evangelho nos pede no dia-a-dia. Que saibamos olhar e ver tudo e todos a uma nova luz, que não é do mundo.
“A Tua Palavra, Senhor, é candeia para os meus passos e luz no meu caminho!” (Sl 119, 105)
Rui Santiago cssr

Mt 2, 1-18
Os Magos do Oriente - 1Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2E perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.» 3Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. 4E, reunindo todos os sumos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta:
6E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades da Judeia;
porque de ti vai sair o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de Israel.»
7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido.
8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.» 9Depois de ter ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. 10Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; 11e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra.

A luz deste Natal

Vimos a estrela e viemos adorá-lo
A acomodação cega-nos. A disponibilidade ilumina a nossa fraternidade.
Precisamos descobrir a luz que o outro traz dentro de si, só assim nos tornaremos humildes.
As estrelas do mundo, com o seu brilho fácil, ofuscam o brilho diferente da Estrela de Jesus.

E a estrela ia adiante deles
Que estrelas nos guiam? Que metas queremos alcançar? Quais os nossos sonhos?
Como construímos o caminho da nossa história? Com que meios?
Somos estrelas? Como orientamos a nossa luz?

Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria… e adoraram-no.
Onde nos conduzem as “nossas estrelas”?
Precisamos de “guias/estrelas”? Qual é a nossa estrela?
Que relação temos com a nossa estrela?


ORAÇÃO

Senhor, Tu és:
Minha LUZ, quando a noite nunca termina,
Meu CAMINHO, quando as encruzilhadas são confusas,
Meu SOL,no céu dos dias cinzentos,
Meu OÁSIS, quando o caminho é poeirento,
Minha FONTE, quando o solo racha pela secura,
Minha MONTANHA, quando a profundidade dos vales me inquieta,
Meu JARDIM, quando a cidade cresce muito depressa,
Minha SABEDORIA, quando a razão assalta o coração,
Minha ESPERANÇA, quando a terra tem a cor de sempre,
Minha PAZ, quando eu faço guerra,
Minha VIDA, quando o meu coração deixou de bater,
Meu CANTO, quando as palavras me faltam,
Minha JUVENTUDE, quando o cansaço me oprime,
Minha ALEGRIA, quando a tristeza se ri de mim,
Minha ALELUIA, quando o pecado é pesado e duro,
Minha BRISA, quando me sinto abafado,
Minha VERDADE, quando me sinto abalado,
Minha CLAREIRA, quando as sombras me assaltam,
Meu CORAÇÃO, quando não encontro o meu,
Meu SENHOR, quando procuro tudo dominar,
Minha VITÓRIA, quando tenho de lutar,
Meu HORIZONTE, quando os meus olhos estão nublados,
Minha ESTRELA, quando …

sábado, 18 de dezembro de 2010

IV Domingo do Advento A

O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo:
Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz:
«A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’».
Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa. (Mt 1, 18-24)

As propostas do Senhor questionam as nossas resoluções, por mais justas que possam parecer. No IV Domingo do Advento, a Palavra de Deus revela-nos um Deus atento que penetra o mais íntimo de nós próprios e nos faz sonhar…

…resolveu…
Todos os momentos da nossa vida são momentos de decisão. Constantemente tomamos resoluções, mais ou menos justas. Pensamos, ponderamos e resolvemos. Mas são muitas as vezes que o fazemos em segredo. Guardamos segredo, a Deus, dos nossos discernimentos e tornamo-nos impermeáveis à acção do Espírito, fonte de verdadeira justiça. Não basta decidir à luz da razão, o discípulo de Cristo deixa que seja o Espírito a decidir.

…não temas…
A disponibilidade gera a surpresa. José, justo e disponível, sonha; faz-se permeável à acção dinâmica e criativa de Deus. Esta relação de acolhimento e de humildade dá-lhe segurança e compromete-o directamente na missão. “Sem sonhos, as pedras dos caminhos tornam-se montanhas”. Quem sonha deixa de fugir e de viver no segredo. Aquele que arrisca sonhar, suja as mãos no serviço ilimitado e na aventura de um Sim constante a Deus.

…despertar do sonho…
Pelo sonho, a fuga dá lugar ao compromisso. “Os sonhos são bússolas do coração, são projectos de vida; eles renovam a esperança quando o mundo desaba sobre nós.” Quem sonha não desiste, desperta para o amor. Despertar do sonho é torná-lo realidade, construir o querer de Deus em nós, ser instrumento de paz e bem num mundo adormecido...

VIVER A PALAVRA
É tempo de estar atento aos sonhos que Deus coloca em mim.
Ao despertar de cada dia faço como o Senhor me ordenara?


REZAR A PALAVRA
Senhor, quero sonhar:
ter um coração justo e atento,
audaz e acolhedor,
como o de Maria e José.
Senhor, quero despertar:
abrir horizontes de paz,
lançar sementes de amor e
contemplar-te como Deus-connosco.

domingo, 12 de dezembro de 2010

III Domingo de Advento

Naquele tempo, João Baptista ouviu falar na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis:
os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele». (Mt 11,2-11)

Uma onda de esperança perpassa este III Domingo do Advento, o Domingo da alegria. Onda capaz de fazer destilar a genuína alegria, aquela que se alicerça na certeza de que Deus está com o seu povo, comigo, contigo… e nos providencia a salvação. E nós temos que o contar!

Um advento de esperança
Só quem espera, poderá ver surgir no horizonte os sinais inequívocos da visita de Deus! Nós sabemos Quem devemos esperar e não queremos perder-nos na ambiguidade de esperar outro(s)! Por onde passa, Deus deixa um rasto de salvação, que penetra todas as fortalezas e alvoroça todas as prisões. A de João Baptista. As nossas também! Embora nem sempre seja fácil deixar que as nossas doenças… e mortes sejam tocadas por Deus, ou por não as admitir, ou por não as identificar, não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar a “época de promoções” que Ele está a esbanjar!

O requinte da simplicidade
João Baptista é para nós o modelo do profeta do advento de Jesus! Morador entre o silêncio e a nudez do deserto, num espaço habitado apenas pela voz de Deus. Uma coluna erguida entre o velho e o novo, que medeia o antes e o depois. É profeta, pois prescinde do acessório e cobre-se apenas com a veste da filiação divina. É este requinte de simplicidade, livre de toda a maquilhagem exterior, que nos deixa expostos à acção de Deus, o único capaz da profecia. E somos chamados a ser profetas! É necessário sair dos palácios de reis auto-suficientes, que nos julgamos, despir os disfarces que nos distorcem a identidade, a roupagem que não nos agasalha e as “seguranças” que nos aprisionam, para acolher o horizonte com olhos deslumbrados de criança…

Ide contar…
Depois cabe-nos demonstrar o rasto de salvação que Jesus deixa na passagem pela nossa vida. Ser estes pobres capazes de conter e de contar o seu amor. Há demasiados sedentos de vida, à nossa volta, agonizando por falta de referências. E sem saberem. Urge preparar o caminho que lhes trará Jesus. Cabe-nos contar… fazer ver! Não com a monocórdica recitação de teorias sem vida, mas com a voz incendiada no Espírito Santo; com o perfume dos gestos entregues ao operar de Deus, com os lábios possuídos pelo Evangelho, contar com os sorrisos, os olhares e os silêncios, com a transparência de cada pormenor que emanamos. Cabe-nos ser revelação do puro milagre de Deus!

VIVER A PALAVRA

Serei sinal do advento de Jesus, através dos meus gestos transfigurados pela alegria.


REZAR A PALAVRA

domingo, 5 de dezembro de 2010

II Domingo de Advento

Naqueles dias, apareceu João Baptista a pregar no deserto da Judeia, dizendo: «Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus». Foi dele que o profeta Isaías falou, ao dizer: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». João tinha uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. Acorria a ele gente de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão; e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. Ao ver muitos fariseus e saduceus que vinham ao seu baptismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai acções que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é o nosso pai’, porque eu vos digo: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Por isso, toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo. Eu baptizo-vos com água, para vos levar ao arrependimento. Mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu, e não sou digno de levar as suas sandálias. Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. Tem a pá na sua mão: há-de limpar a eira e recolher o trigo no celeiro. Mas a palha, queimá-la-á num fogo que não se apaga». (Mt 13, 1-12)

O Senhor reclama acolhimento! Neste Domingo, o Espírito impele-nos a uma mudança de vida para melhor acolhermos aquele que vem, que está e que nos transforma pelo fogo. A palavra-chave é arrependei-vos.

Vem aí o Reino!
Que implicações tem na nossa vida esta certeza?
O Reino de Deus já está, o amor de Deus já nos habita. Deus não gosta de nos fazer esperar, mas precisa que lhe abramos a porta do nosso íntimo. Como nos preparamos para a Sua chegada, para a Sua presença constante na nossa vida? Desejamos mesmo que Ele venha morar connosco? Precisamos que o Reino de Deus venha? Mesmo com os corações fechados à Sua graça e precisando tanto de um sincero arrependimento, é Ele quem vem ao nosso encontro, é Ele que espera por nós.

Preparai o caminho do Senhor!
É tempo de preparar a nossa terra, para que os espinhos, os pássaros, as pedras e o Sol não destruam as sementes que o Senhor coloca em nós neste Advento. Ele vem ao encontro de cada um de nós. Urge “preparar o caminho e endireitar as Suas veredas” para que “as acções que praticamos sejam conformes ao nosso arrependimento”. Que fazer neste deserto para que a flor do amor desabroche? Como gritar o arrependimento, porque o Senhor anseia por nós?

Trigo e/ou palha?
“Aquele que vem é mais forte…baptiza no Espírito Santo e no fogo.” Fogo que queima a palha que somos. Arrependermo-nos é deixar que Deus nos limpe e recolha o trigo que há em nós para o celeiro do Reino, queimando a palha que nos escraviza. Sejamos eucaristia, num mundo vazio de Deus, num presépio ocupado por outros meninos que não o Salvador.

VIVER A PALAVRA
Neste tempo de acolhimento vou deixar-me purificar pela Palavra e pelo Espírito que prepara em mim o caminho para o Senhor que vem.


REZAR A PALAVRA