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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

XXVI Domingo Comum C



Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado. Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’. O rico insistiu: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».
Caros amigos e amigas, o centro do Evangelho não é a vingança de um Deus que inverte a situação entre o rico e o pobre, mas o coração da parábola é o Senhor que nos visita no pobre.

Banquetes e chagas
Havia um homem podre de rico e havia um mendigo consumado pela miséria. Um vestia púrpura e linho fino, o outro usava uma manta de chagas. Um empanturrava-se desmedidamente, o outro apenas da ânsia de migalhas perdidas. Dum lado havia um rico anónimo, sufocado pela sua riqueza, enquanto doutro lado havia um pobre chamado Lázaro, em silêncio entre os cães.
O nome do pobre recorda o nome do amigo de Jesus e a casa da amizade: Lázaro de Betânia. Para Deus cada pobre tem um nome, um rosto, é um amigo de Deus. Na verdade, Deus conhece pelo nome os seus pobres e inscreve-os no céu depois de os ter gravado na palma da sua mão.

Abismo da indiferença
Há uma distância insuperável entre o rico e Lázaro. O rico não é condenado por ser rico ou por fazer mal ao pobre Lázaro. Simplesmente não o vê. Terrivelmente não se dá conta dele que lhe morre à porta de casa. Esta indiferença do coração anestesiado é o abismo intransponível que os separa. O pecado do rico é o de não ter visto, não ter escutado e não ter sentido. Porque “quem ama tanto, vê tantos pobres; quem ama pouco, vê poucos pobres; quem não ama, não vê ninguém”.
E os abismos criados aqui neste mundo são confirmados na eternidade. O inferno é apenas a soma infinita de solidões, o prolongamento do abismo dos nossos gélidos egoísmos. O inferno de todos nós ricos é viver indiferentes aos inumeráveis Lázaros deste mundo.

Deus nas chagas de Lázaro
A última pretensão do rico é o de enviar um sinal forte do além-túmulo aos cinco irmãos. Também nós gostaríamos de sinais evidentes, de um cristianismo mais cativante, emocionante e sensacional. Contudo, “ninguém se deixará convencer, mesmo se alguém ressuscitar dos mortos”. A vida e a fé não dependem da espectacularidade ou do milagre. A fé é sempre um levantar-se do sofá, na hora mais incómoda, para ver e escutar os Lázaros desta terra que são Palavra e profecia de Deus.
A terra já está cheia de milagres, de profetas, de Lázaros. Não são as aparições que convertem a vida. As migalhas, a gota de água, os grãos de mostarda, as moedas da viúva do Evangelho, até as mágoas e as feridas da gente,… são sempre o ponto de partida para grandes coisas. Não pretendem resolver os problemas do mundo, mas salvam os nossos egoísmos do abismo da indiferença. E numa migalha, caros amigos e amigas, cabe todo o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Hoje vou abrir a porta para ver quem me espera do lado de fora do meu eu.

REZAR A PALAVRA

Senhor, desafio constante na pauta muda do meu fazer,
transforma as minhas intenções em gestos, as minhas teorias em caridade criativa.
Faz com que a minha cegueira comodista dê lugar ao arremangar
e ao lançar as mãos na terra.
Destrói as minhas justificações e medos e lança-me de sorriso aberto e atento
nos braços do irmão. Senhor, desafio sempre novo no livro do meu ser,

converte a minha indiferença e distração em diFÉrença proFÉtica.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

XXIV Domingo Comum C



Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Quem de vós, que possua cem ovelhas e tenha perdido uma delas, não deixa as outras noventa e nove no deserto, para ir à procura da que anda perdida, até a encontrar? Quando a encontra, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes:‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’. Eu vos digo: Assim haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos, que não precisam de arrependimento. Ou então, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e tendo perdido uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente a moeda até a encontrar? Quando a encontra, chama as amigas e vizinhas e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida’. Eu vos digo: Assim haverá alegria entre os Anjos de Deus por um só pecador que se arrependa». Jesus disse-lhes ainda: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».
Caros amigos e amigas, as 3 parábolas de hoje são um evangelho nos evangelhos, um hino à ternura de Deus.

Pródiga folia divina
É tão sedutora a alegria do pastor que encontra a ovelha perdida e o entusiasmo da mulher com uma simples moeda. É tão misterioso este pai esbanjador de paternidade, gratuidade e ternura, que se comove e sofre, na estrada de todos os dias e vai ao encontro dos filhos, no dom de si. Alguém que não exige arrependimento, reposição, castigo. Sem necessidade de falar, apenas uma excessiva vontade de abraçar e de beijar. Do pecador faz um príncipe e do virtuoso infeliz faz um filho! Afinal, este Pai tem um coração de mãe, conhece o vocabulário da vida, alarga os horizontes, abre a futuros novos e inesperados, sacia a fome de amor, antecipa e celebra a folia da ressurreição!

Perder
Perde-se uma ovelha, perde-se uma moeda, perde-se um filho. E Deus perde-se por sua vez atrás do que estava perdido. Nada impede Deus, com dor e amor, de nos perseguir. Nem os 99 que perde; nem a pobreza de quem encontra. Nós, filhos novos ou velhos, com alma de vagabundos e de escravos precisamos do abraço que renova e do perfume da festa. E Deus, especialista em festas e filhos, sonha com o banquete dos filhos na casa paterna. E só quem se deixa carregar experimenta a alegria do bom Pastor!

Encontrar
Deus é diferente do que imaginávamos. Jesus narra-nos um Deus inesperado, paradoxal, que tem alegria nos reencontros! Até parece que Deus tem uma necessidade de estar connosco, que não se basta a si próprio e não está bem sozinho. O nosso Deus não quer ser Deus sem nós. Sem mim Deus não é feliz!
Lucas não apresenta o fim da história. Esta é uma parábola aberta a todos nós, sem soluções fáceis ou programadas. Talvez Lucas saiba que ainda existem braços sem abraços, faces nunca beijadas, olhares nunca cruzados, vidas à espera de encontros e de perdão. E também sabe que Deus anseia pelo milagre da tua e da minha ressurreição! E isto, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA

Nas minhas atitudes de todos os dias, vou deixar que o coração se renda ao amor irresistível de Deus.

REZAR A PALAVRA
Pai, sei que não sou digno de ser teu filho,
mas corre ao meu encontro e abraça-me com o teu amor.
E, porque sou um eterno vagabundo, reveste-me do teu perdão.
E arrasta-me, querido Pai, na festa da tua bondade e alegria,
para que eu saiba alegrar-me contigo e com os irmãos.
E possa habitar, desde já, a vida nova da ressurreição!

quinta-feira, 14 de março de 2013




Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».

Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje antecipa a Páscoa e a Ressurreição. De facto, a verdade e a sentença da vida de cada um não é o pecado e a morte, mas é o amor e o perdão.

Não se salva a vida dos outros sem dar a própria vida
Uma mulher é arrastada por uma cega multidão que grita justiça e condenação. Sentenciada de morte é despida da sua dignidade, vestida apenas do desejo mortífero das mãos cheias de pedras dos acusadores. O seu nome é o do seu pecado: adúltera! Calada, talvez nem esteja arrependida. Encontra-se agora sozinha, diante de Cristo, como pedinte de socorro e mendicante de amor!
Sozinho encontra-se também Jesus para que ratifique a sentença de óbito. Sentado no chão, o Mestre sonhará porventura em salvar a desgraçada, mas também os seus acusantes, enclausurados na cegueira do coração, pois a lei pode denunciar o pecado, mas nada faz pelo pecador.

Jesus inclina-se, escreve com o dedo no chão e levanta-se
O Mestre inclina-se para partilhar toda a miséria humana, para imprimir na terra o sinal da sua presença salvadora, para inscrever um futuro no coração da mulher e alçá-la à dignidade de ressuscitada! Jesus inclina-se sobre a nossa existência e grava um mandamento novo: a lei de Deus não é um preceito que se observa mas é uma pessoa que se encontra, alguém que se abraça, um irmão que se perdoa, um amigo que se ama!
No olhar de Cristo, que não se orienta para o pecado mas vê o coração e o sofrimento da pessoa, pressente-se o futuro. E se Jesus cala, fala o seu silêncio, que escava nos lapidadores a recordação da comum fragilidade e que, pacientemente, aguarda o germinar de uma vida nova.

Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar
No fim todos desaparecem da cena. “Só ficaram os dois: a pecadora e o salvador, a doente e o médico, a miséria e a misericórdia” (S. Agostinho). Neste encontro intui-se que a vida, mesmo a mais desgraçada de todas, esconde um caminho até ali impensável: a possibilidade do amor!
Jesus não julga, não banaliza a culpa, não justifica o adultério, não dá sentenças de morte, mas faz recomeçar a vida. E atribui à adúltera o mesmo título que dá à sua Mãe, em Canã e no Calvário: Mulher! Assim recorda à pecadora, e a nós, aquela grandeza que nenhuma culpa pode destruir. Ninguém é o seu pecado, porque diante de Deus somos renovadamente mulheres e homens, capazes de viver, capazes de amar. O Criador traça sempre de novo, em cada um de nós, a rota do céu, reproduz a imagem das origens, aquele rosto celestial com a beleza original, fruto do seu eterno amor.
A mulher salva por Jesus é imagem de todos nós, com os próprios “adultérios”. Contudo, o esposo, Cristo, porque nos ama e espera a nossa conversão, só pode já ter-nos perdoado. E nos repete aquelas palavras que mudam a morte em vida: “Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”! Este é, caros amigos e amigas, o verdadeiro Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Na praça pública da vida, vou procurar acolher, mais do que condenar.


REZAR A PALAVRA
Senhor,arrastada pela montra da crítica e a chuva de julgamentos e condenações,
temo o depois do agora e do ontem, temo o olhar do juíz, o pesar da balanlça,
porque, no sempre de cada momento, carrego a certeza das falhas e a luta da cruz.
Que dizes, Senhor? Que dizes da minha história de solidão e silêncio na praça?
Que dizes, Senhor? Que dizes das pedras que mantenho em mão para lançar?
“Mulher... Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar...”!