sexta-feira, 13 de setembro de 2013

XXIV Domingo Comum C



Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Quem de vós, que possua cem ovelhas e tenha perdido uma delas, não deixa as outras noventa e nove no deserto, para ir à procura da que anda perdida, até a encontrar? Quando a encontra, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes:‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’. Eu vos digo: Assim haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos, que não precisam de arrependimento. Ou então, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e tendo perdido uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente a moeda até a encontrar? Quando a encontra, chama as amigas e vizinhas e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida’. Eu vos digo: Assim haverá alegria entre os Anjos de Deus por um só pecador que se arrependa». Jesus disse-lhes ainda: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».
Caros amigos e amigas, as 3 parábolas de hoje são um evangelho nos evangelhos, um hino à ternura de Deus.

Pródiga folia divina
É tão sedutora a alegria do pastor que encontra a ovelha perdida e o entusiasmo da mulher com uma simples moeda. É tão misterioso este pai esbanjador de paternidade, gratuidade e ternura, que se comove e sofre, na estrada de todos os dias e vai ao encontro dos filhos, no dom de si. Alguém que não exige arrependimento, reposição, castigo. Sem necessidade de falar, apenas uma excessiva vontade de abraçar e de beijar. Do pecador faz um príncipe e do virtuoso infeliz faz um filho! Afinal, este Pai tem um coração de mãe, conhece o vocabulário da vida, alarga os horizontes, abre a futuros novos e inesperados, sacia a fome de amor, antecipa e celebra a folia da ressurreição!

Perder
Perde-se uma ovelha, perde-se uma moeda, perde-se um filho. E Deus perde-se por sua vez atrás do que estava perdido. Nada impede Deus, com dor e amor, de nos perseguir. Nem os 99 que perde; nem a pobreza de quem encontra. Nós, filhos novos ou velhos, com alma de vagabundos e de escravos precisamos do abraço que renova e do perfume da festa. E Deus, especialista em festas e filhos, sonha com o banquete dos filhos na casa paterna. E só quem se deixa carregar experimenta a alegria do bom Pastor!

Encontrar
Deus é diferente do que imaginávamos. Jesus narra-nos um Deus inesperado, paradoxal, que tem alegria nos reencontros! Até parece que Deus tem uma necessidade de estar connosco, que não se basta a si próprio e não está bem sozinho. O nosso Deus não quer ser Deus sem nós. Sem mim Deus não é feliz!
Lucas não apresenta o fim da história. Esta é uma parábola aberta a todos nós, sem soluções fáceis ou programadas. Talvez Lucas saiba que ainda existem braços sem abraços, faces nunca beijadas, olhares nunca cruzados, vidas à espera de encontros e de perdão. E também sabe que Deus anseia pelo milagre da tua e da minha ressurreição! E isto, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA

Nas minhas atitudes de todos os dias, vou deixar que o coração se renda ao amor irresistível de Deus.

REZAR A PALAVRA
Pai, sei que não sou digno de ser teu filho,
mas corre ao meu encontro e abraça-me com o teu amor.
E, porque sou um eterno vagabundo, reveste-me do teu perdão.
E arrasta-me, querido Pai, na festa da tua bondade e alegria,
para que eu saiba alegrar-me contigo e com os irmãos.
E possa habitar, desde já, a vida nova da ressurreição!

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