sábado, 24 de março de 2012

Vigília Quaresmal - SerClave



O Coro SERCLAVE, além da sua dedicação musical, sendo um grupo de jovens estudantes do IPB, está também inserido no Movimento da Juventude Eucarística Franciscana. A Patrícia Figueira orienta a parte artística, a Ir. Conceição Borges a dimensão espiritual.
No dia14 de Maio, no âmbito da Novena de S. José e numa linha de vivência quaresmal, o grupo proporcionou um momento de oração com música, Evangelho e reflexões de D. José Cordeiro sobre a Vigília Pascal.
Encontram-se no Youtube as gravações deste momento que ocorreu na Igreja de Santa Maria do Castelo, em Bragança:

quinta-feira, 22 de março de 2012

V Domingo Quaresma B

Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus». Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O». A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou». Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer. (Jo 12, 20-33)

Caros amigos e amigas, o desejo de ver Jesus por parte destes gregos, provavelmente pagãos, oferece a Jesus a ocasião para um breve discurso sobre a sua vida e a sua morte. É o último discurso público de Jesus. Deste modo, aqueles gregos tornam-se o símbolo daquela universalidade que será o grande fruto da cruz.

Senhor, nós queríamos ver Jesus
Ver Jesus, não é apenas uma curiosidade, mas um verdadeiro desejo de conhecer e de acreditar, pois este é o sentido profundo do verbo ver em S. João. E nós, chamados à comunhão com Deus e entre nós, devemos ser anunciadores deste dom. «O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós». Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré» (Bento XVI, VD 12).
Jesus responde com uma parábola que ilumina o inteiro sentido da sua vida. Ele é como o grão de trigo lançado à terra para dar fruto. E o fruto vem descrito logo a seguir: «quando for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Da morte do grão nasce o fruto. O centro da frase não é o morrer, mas o dar muito fruto. Viver é dar vida. A única visão de Jesus é o seguimento.

Chegou a hora
Com o tema fundamental da hora de Jesus, o texto passa dos gregos aos crentes. Este termo é essencial na teologia Joanina e indica diversas coisas, mas, a hora derradeira da cruz é o grande mistério de todo o mistério. A hora de Jesus é a grande passagem – a Páscoa. É a grande hora do amor. É ainda a hora de ver o invisível no visível da cruz pascal. E este é o enorme risco da fé.

A Cruz gloriosa
A cruz é a manifestação máxima do amor de Deus. Em todo o evangelho de João, Jesus fala da cruz em termos gloriosos. A cruz é glória do amor. «A glória de Deus é o homem vivo. A vida do homem é, todavia, ver Deus» (St. Ireneu). Na cruz contemplamos um amor forte. O poder, a fama e a riqueza não entram nesta glória. Só o serviço, a pobreza e a humildade são caminho do amor, do grão de trigo que morre. Deus entregou-se à liberdade dos homens. Todos esperavam um Deus que se impusesse a todos. Deus escolheu o caminho do amor que respeita a liberdade.
Ver Jesus significa viver n’Ele. Mas a vida em Cristo não se ensina, aprende-se e experimenta-se; é a finalidade da nossa oração e da nossa fé. Ele mesmo faz-se nosso companheiro. Ele é o único modelo a contemplar. Que depois de O ver, possamos mostra-l’O em eloquente Evangelho!
VIVER A PALAVRA
Quero VER Jesus: conhecê-Lo, amá-Lo, segui-Lo, anunciá-lo e testemunha-Lo com a vida toda.

REZAR A PALAVRA
Convidas-me a uma visão inteira do teu Mistério, à imersão na Luz do Teu amor!
Quero que a tua Presença seja a Luz que desvenda a paisagem em que me semeio,
e quero que a Tua Palavra seja a cor que define os traços do meu rosto a crescer.
Senhor, debato-me no terreno da fraqueza, da desobediência e da maldade:
mas revolve-me este solo com o apelo da Ressurreição... o crescimento do Homem Novo:
para que morra tudo o que já é morte em mim; para que eu viva apenas da Tua Vida!

quinta-feira, 15 de março de 2012

IV Domingo Quaresma B

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras. Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus. (Jo 3, 14-21)

Caros amigos e amigas, estamos perante uma revelação das profundezas do coração de Deus! O diálogo de Jesus com Nicodemos contém todos os elementos de uma catequese batismal e de uma carta com declaração de amor. É para nós!

Deus enviou o seu Filho, para que o mundo seja salvo por Ele
Deus não mandou o Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para o salvar por meio Dele. Não obstante isto, a sua vinda opera um juízo. Diante de Jesus ninguém fica indiferente, ou se acolhe ou se rejeita. Não é Deus que nos julga, mas somos nós que nos julgamos. Acolhendo o seu amor construímos a salvação, rejeitando-o construímos a condenação. Porque é que as pessoas preferem as trevas? Ó Deus Pai, os teus filhos não são maus, são frágeis e enganam-se facilmente. Preferem as trevas porque as trevas são mentirosas e mascaram-se de luz, prometendo felicidade e liberdade.
Imaginemos os medos de Nicodemos, que procura Jesus nas trevas da noite. Todavia, Jesus não o julga nem o condena. Jesus respeita o medo de Nicodemos e é paciente com as suas lentidões. Mais tarde o mesmo Nicodemos ousará ir a Pilatos a reclamar o corpo de Jesus, porque se sentiu amado na sua verdade de medos e de sombras.

Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito
Todo o Evangelho, toda a teologia, toda a fé se concentram nesta palavra. Se te perguntas que coisa significa amar, a resposta segundo o Evangelho está neste humilde verbo: DAR. O Pai deu o Filho, o Filho deu a vida.
Na oração do Pai-Nosso rezamos: «o pão nosso de cada dia nos dai hoje». Dai-nos o pão que faz viver. O amor não se vê, vêem-se os dons.
«Amar é querer que o outro exista», escreveu Santo Agostinho.

Quem pratica a verdade aproxima-se da luz
Quem faz o bem não tem medo da luz. No amor não há temor. A verdade não é um conjunto de coisas a aprender, mas é um projeto de vida para viver, num encontro permanente com a pessoa de Cristo. É desejo e encontro. Quanto mais desejo mais encontro e quanto mais encontro mais desejo…
O Salmo 17 canta isto mesmo ao afirmar: «o Senhor salvou-me porque me tem amor». O coração de Deus bate de amor por nós.
Aprendamos a estar com quem nos ama. A pessoa com quem converso é mais importante que o tema da conversa. A conversa é com Jesus. A minha resposta ao Amor seja: Senhor, eis-me aqui, podeis enviar-me!

VIVER A PALAVRA
Nas minhas noites escuras de fé, vou guardar espaço e tempo para o encontro com Jesus.

REZAR A PALAVRA
Senhor, hoje, no meu deserto quaresmal, Tu me apresentas o verdadeiro sinal de salvação,
no mais eloquente cartaz que se pode ler: a Cruz.
Tu és o verdadeiro Amor, um Amor imenso cuja leitura salva.
Desces da Tua divindade para Te deixares elevar como servo,porque queres que eu exista!
Senhor, quero pela fé deixar o meu coração permeável ao Teu esbanjamento de Vida.
Ajoelho o meu orgulho à tua humildade e abro-me à dádiva infinda que me presenteias...
Quero, nas mil e uma noites da fé,acordar o meu olhar para a Luz que me garantes!
Quero, nas mil e uma dispersões da vida, permanecer no regaço da tua Presença!
Quero, entre os mil e um sinais que me mentem, estender os braços e abraçar-te na Cruz!

domingo, 11 de março de 2012

JEF na semana das SFRJS em Mirandela


Na semana do dia 4 ao dia 11 de março, a Paróquia de S. João Bosco em Mirandela, celebrou a semana das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado.
Inserido no programa desta semana, esteve a participação ativa do grupo JEF SerClave, na dinamização das catequeses, da eucaristía e do concerto que se realizou no dia 10.
Toda a semana foi um tempo de conhecimento, partilha e louvor pelo dom da vocação das Servas Franciscanas.

sexta-feira, 9 de março de 2012

III Domingo Quaresma B

Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?». Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?». Jesus, porém, falava do templo do seu corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome. Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém: Ele bem sabia o que há no homem. (Jo 2)

Caros amigos e amigas, somos hoje confrontados com um Jesus estranhamente intolerante para com este “centro comercial” tão bem montado e aparentemente ao serviço do bem comum. Mas logrará Ele, abalar o alicerce dos monumentos de justificações que dentro de nós se continuam a alicerçar no pecado?

Fez um chicote…
Como se coaduna o Jesus do chicote com o olhar brando e misericordioso que absolve os pecados, que resgata a vida de uma adúltera? Como combinar este Jesus que expulsa, com Aquele que acolhe e come com os pecadores? O que é, afinal, a tolerância e a mansidão? E que justiça é esta? Não estavam aqueles homens no seu negócio “honrado” a facilitar a vida aos peregrinos que buscavam vítimas para os holocaustos?
Jesus vai à raiz do mal, sobre o qual é impossível construir. Quantas vezes o mal está lá no fundo das nossas construções onde sobrepomos arbitrariamente barro com areia, em desatenção desleixada. É preciso chicotear a nossa vida e desmascarar esta amálgama de infidelidades às vezes inconscientes e irrefletidas, outras maldosamente camufladas. Há sim um caminho rasgado na tolerância para aqueles que se dignam peregrinar, mas a tolerância faz-se de firmeza para aqueles cuja imobilidade ganha raízes no pecado.

Que sinal nos dás?
Parece uma pergunta legítima! É mesmo difícil ler os sinais da nossa própria desobediência. Por força queremos encontrar evidências fora de nós que expliquem os nossos desmoronamentos e não nos coibimos, tantas vezes, de culpar Deus. O sinal de Jesus é a sua entrega de amor e de fidelidade ao Pai. De entre os estilhaços da maldade, nas marcas de destruição que o nosso pecado lavra no seu corpo, o amor e a fidelidade edificam o Homem Novo, o Homem ressuscitado! É este o sinal onde flameja a esperança!
Jesus mostra-nos que, para além d’Ele, nada nem ninguém tem capacidade de nos abrigar do relento devorador da arbitrariedade. E recorda-nos que nós mesmos somos também templo… d’Ele. Ele bem sabe o que há no homem: é Ele que cuida de cada parcela da sua casa. Amigos e amigas, consideremos a inefável dignidade e responsabilidade de sermos acolhidos e de acolhermos, de sermos hóspedes e anfitriões da Vida!

Destruí… Eu o levantarei
Neste texto a nota dominante parece ser a destruição. Mas de cada sílaba eclode um canto à construção, cada letra é um desafio à ressurreição, à edificação do Homem Novo. Jesus não destrói nada. Ele despertar-nos para a evidência da destruição que talvez continuemos a ignorar e convida-nos à ousadia de uma construção sólida e perdurável. Ele mostra-nos que a destruição da nossa vida é provocada por um alheamento face à Presença e à Palavra de Deus. Porque é a Presença e a Palavra que nos criou, é a Presença e a Palavra que nos sustêm, e é apenas a Presença e a Palavra que nos podem reconstruir.
Acolhendo a Presença, edificando-nos da Palavra podemos ser a casa do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Pergunto-me sobre qual a base em que construo; sobre as minhas motivações mais íntimas.

REZAR A PALAVRA
Senhor, hoje vens visitar o meu “centro comercial”. Tenho o coração
cheio de coisas para trocar e vender, e sem espaço para o mais importante, para Ti.
Derruba, com o “chicote” da Tua Palara, as minhas falsas seguranças,
os tesouros vazios e terei a coragem de reconhecer a sede imensa que tenho de Ti.
Levanta-me, Senhor! Reconsrói este tabernáculo que quer ser só Teu.

terça-feira, 6 de março de 2012

Lectio Divina

A JEF esteve responsável pela dinamização da Lectio Divina do dia 5 de março na Cripta da Catedral de Bragança. Foi um momento muito belo de encontro com a Palavra.

quinta-feira, 1 de março de 2012

II Domingo Quaresma B - Transfiguração

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos».

Caros amigos e amigas, este segundo Domingo da Quaresma prolonga, ainda que em novo registo, o apelo do anterior: Deus continua a querer um encontro exclusivo com Ele. É o encontro com Deus que nos amadurece. É no encontro com Aquele que nos conhece que aprendemos a conhecer-nos.

Subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte
O monte é um símbolo extraordinário na Bíblia, como lugar dos encontros com Deus, onde Moisés recebeu a lei e conheceu mais profundamente o mistério divino, onde Elias encontrou o Senhor e escutou a sua voz. O monte é também sinal de uma ascensão que exige esforço.
No meio de tantas canseiras a anunciar a Boa Nova não sei se, à partida, aos discípulos teria agradado a ideia de subir um monte e logo um monte muito alto. Cansamo-nos depressa. Estamos constantemente a adiar esforços e mudanças. Jesus estabelece metas que estão sempre para lá das nossas expectativas e que nos convidam a uma superação constante. E só um coração que se deixa surpreender é um coração preparado para receber Deus.

«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».
A glória de Deus manifesta-se inesperadamente em Jesus. E uma nuvem luminosa envolve os discípulos, os quais entram na sombra santa que é o Espírito. Da nuvem, uma voz: «Este é o Meu Filho muito amado: escutai-O». Uma transfiguração de luz e de alegria, que antecipa a transfiguração de dor na noite escura do horto das oliveiras. Nesta aparente diferença está sempre o mesmo Cristo, próximo e obediente ao Pai. Esta voz no limiar da Páscoa evoca a voz do Batismo de Jesus, no limiar da vida pública. Ambas concordam em sublinhar que Jesus é o Filho, o Filho amado. O acrescento da Transfiguração «escutai-O» salienta a missão de Jesus como a imagem do Pai. A presença do Pai é que opera a transfiguração. A Transfiguração do Senhor é a manifestação antecipada do Ressuscitado e aponta para a beleza futura da Igreja, para a fisionomia a que cada um de nós é chamado a configurar-se.

Mestre, como é bom estarmos aqui!
Em todo o Antigo Testamento se repete um desejo: ver o rosto de Deus. No Tabor, os discípulos vêem o rosto de Deus no rosto humano de Jesus transfigurado na luz. Pedro exclama: “É bom estarmos aqui!” É o aqui da deliciosa presença do Senhor. “Escutai-O!” é a resposta do Pai! É como se o escutar fosse condição essencial para continuar e permanecer na sua presença. Guardar a sua Palavra é guarda-Lo a Ele, Palavra. Acreditar e confiar nessa presença é garantia para que todos os momentos, mesmo os mais difíceis e contraditórios, sejam bons.
O verbo estar (com o Senhor) tem de ser ativo e não passivo. A constatação de que é bom estar com o Senhor não é uma justificação para acampar mas um impulso para peregrinar e o recurso para alimentar a peregrinação. A glória de Cristo manifesta a glória do Pai e, ao mesmo tempo, resplandece em nós, para que nós possamos exprimir a mesma glória trinitária. E essa irradiação é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Esforçar-me-ei por ser, através dos meus gestos e atitudes, irradiação da presença de Jesus.

REZAR A PALAVRA
Senhor Jesus, fonte de luz, palavra do Pai, presença consoladora,
questionas a minha preguiça espiritual sempre que me convidas a subir.
Neste espaço em que me habitas, contemplo o mistério do teu estar, a luminosidade
do teu ser e vislumbro o segredo do amor do Pai, que me convida a escutar-Te.
Senhor, minha luz, dissipa as minhas trevas...e lança-me no vale da missão...
Quero estar contigo, porque é bom, mesmo na dúvida, saborear a tua presença.