domingo, 18 de abril de 2010

Vocações

Com base na Mensagem do Papa para a
47ª Semana de Oração pelas Vocações


…a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da ação gratuita de Deus, mas é favorecida também pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo.
O testemunho dos consagrados move-me? Porquê?

Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf. Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida.
Que pretendo anunciar com a tua vida?
Que barreiras encontro nesse caminho?

Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem.
O que admiro mais em Jesus de Nazaré?

Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «“Encontramos o Messias” (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42). O mesmo aconteceu com Natanael – Bartolomeu –, graças ao testemunho doutro discípulo, Filipe, que cheio de alegria lhe comunica a sua grande descoberta: «Acabamos de encontrar Aquele de quem escreveu Moisés na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45). A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino.
Como caracterizas alguém que é verdadeiro testemunho de Jesus Cristo?

Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele.
Desejas amar e permanecer com Ele? Como?

A figura de Jesus que, na Última Ceia, Se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a a cintura e Se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (cf. Jo 13,3-15). No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus. A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus.
Como podes viver esta dimensão do serviço?

A própria existência dos religiosos e religiosas fala do amor de Cristo, quando O seguem com plena fidelidade ao Evangelho e assumem com alegria os seus critérios de discernimento e conduta. Tornam-se «sinais de contradição» para o mundo, cuja lógica frequentemente é inspirada pelo materialismo, o egoísmo e o individualismo. A sua fidelidade e a força do seu testemunho, porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no ânimo de muitos jovens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total. Imitar Cristo casto, pobre e obediente e identificar-se com Ele: eis o ideal da vida consagrada, testemunho do primado absoluto de Deus na vida e na história dos homens.
O que mais te atrai na Vida Religiosa?

Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens refletirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade.

sábado, 17 de abril de 2010

Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem…



1Algum tempo depois, Jesus apareceu outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste modo: 2estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. 3Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. 4Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. 5Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» 6Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.»Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar.
7Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água. 8Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros. 9Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. 10Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.» 11Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. 12Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. 14Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. (Jo 21)

Mais uma manhã… uma manhã de mistério… de ressurreição.
Após uma noite de cansaço e frustração, de esforço e desânimo, de decepção e improdutividade, o ressucitado aparece. E quando Ele chega, a manhã cinzenta transforma-se, a noite da frustração muda de aspecto.
À pergunta de Jesus «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?», as mãos vazias dos diccípulos são a resposta. Então Jesus propõe a solução para que possam encontrar o que procuram. Fazer o mesmo que sempre têm feito, mas segundo a Sua orientação e a Sua Palavra: lançar as redes para o lado direito. A novidade desta proposta não está no que se faz, mas na obediência. A “pesca sem sucesso” surge da iniciativa humana, a “pesca milagrosa” nasce da proposta de Jesus Ressucitado. Precisamos ouvir a Palavra de Jesus e executar consciente e atentamente os nossos afazeres diários. Assim virão os resultados e a palavra de Jesus nos guiará para o fundo do nosso mar interior.
Quando a rede se enche, da totalidade (153 grandes peixes), o discípulo atento, o discípulo que Ele amava, dá-se conta que é Jesus que está na margem: «É o Senhor!». O amor reconhece o ressucitado no meio das actividades diárias, no meio do trabalho, da escola, da viagem. O ressuscitado está connosco. Mas é necessário um olhar de amor para perceber a sua presença.
E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?». Os cristãos acreditam, não perguntam. Por ser o Senhor que está no meio deles, a manhã cinzenta transforma-se num clima de intimidade e de amor. Na celebração eucaristica experimentamos a ressurreição, a presença de Jesus.
É nas coisas simples do dia-a-dia que o véu é tirado, que se faz a expriência do ressuscitado, que a manhã cinzenta se torna colorida, que pescamos felicidade dentro de nós. Basta que vivamos atentos e obedientes à Palavra e tenhamos um olhar cheio de amor para reconhecer Jesus ressuscitado.
(Jesus Porta para a vida, Anselm Grün, com adaptações)


Vou pescar,
Lançar as redes da vida
Para encontrar alimento
Que sacie a minha sede de felicidade.

Vou pescar,
Experimentar o gozo da aventura,
Da procura de sentido
Para o sonho que constróis em mim.

Vou pescar,
Partilhar a alegria do serviço
A graça da fraternidade
O mistério e o risco da comunhão.

Mas…não apanharei nada…
as redes surgirão vazias…
o esforço de nada valerá…
Se não lançar as redes segundo tua proposta,

Quero olhar com amor para te reconhecer
E as manhãs cinzentas da frustração
Se tornarem coloridas, proque Tu estás…


quarta-feira, 7 de abril de 2010

...porque choras?...

E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?»

Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» (JO 20)

domingo, 4 de abril de 2010

"...não sabemos onde o puseram."

1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. 2Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.» 3Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. 6Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, 7ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição. 8Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, 9pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. 10A seguir, os discípulos regressaram a casa. (Jo 20)


Aquela manhã começa envolta em mistério. A pedra que guardava o túmulo tinha sido retirada. Como? Porquê? Que terá acontecido?
A única certeza é que Jesus não estava lá.
Maria Madalena procura ajuda. O Senhor tinha sido levado e não sabia onde o puseram…
Pedro e João, não só vão, como correm até ao local vazio de certezas, mas cheio de mistério.
Resssalta a figura do discípulo amado que, chegando primeiro ao túmulo se inclina, observa e repara. Pedro entra primeiro e admira-se. João entra de seguida, vê e começa a crer.
A Páscoa não cabe na nossa lógica humana. Precisamos aspirar às coisas do alto para que a Ressurreição do Senhor dê sentido à nossa história.
Não sabemos onde o puseram?
Ou sabemos bem onde Ele está?


Procuro cedo, ainda escuro,
O sinal da tua presença
E encontro
Um local vazio de certezas
E cheio de mistério.
Não entendo,
Não sei onde te puseram.

Quero correr,
Para te encontrar na ajuda,
Na caridade fraterna.

Quero inclinar-me,
Abeirar-me do mistério
Para escutar os teus sinais.

Quero observar,
Estar atenta ao que me rodeia,
Onde tu habitas.

Quero reparar,
Discernir tudo quanto
Possa ser tua proposta.

Quero entrar,
Estar contigo,
Fazer parte de ti.

Quero admirar-me,
Surpreender-me
Com o teu amor.

Quero ver,
Conhecer-te,
Contemplar a tua misteriosa presença.

Quero crer
Que não estás no túmulo
Porque estás em mim…