quarta-feira, 17 de março de 2010

…ficou só Jesus e a mulher…



1Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. 3Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio 4e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. 5Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» 6Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. 7Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» 8E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. 9Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. 10Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» 11Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» (Jo 8)

Como quer que entendamos os gestos de Jesus, certo é que consegue deixar inseguro quem acusa. Ele os remete à sua própria condição terrena, mesmo quando se recusam a ver-se ao espelho.
Com uma úncia frase, Jesus responde de forma criativa e sábia às muitas palavras dos fariseus. Esta frase exprime a sabedoria e a misericórida do amor de Deus. Um a um, afastam-se porque sabem que sua vida não está isenta de pecado.
Ficam apenas os dois: Jesus e a pecadora, “a miserável e a misericórdia” (Sto Agostinho). E agora sim, Jesus dirige-se à mulher. Sem mencionar a questão da culpa ou da acusação, ele “tira-a de seu embaraço e da sua insegurança falando apenas do comportamento dos acusadores” (BLANK). Jesus promete-lhe o perdão e enconraja-a a não pecar mais. Jesus não a acusa nem lhe mostra a gravidade da sua culpa, mas transmite-lhe confiança e optimismo para o caminho futuro. Ele liberta-a para uma vida nova.
(in Jesus Porta para a vida, Anselm Grün)


Senhor,
As garras da acusação
Empurram a minha miséria até ti…
Não tenho perdão,
Não tenho defesa,
Fui apanhada a pecar…

A lei traça uma sentença para mim,
Sinto as pedras da culpa
Que me ferem de morte
E marcam em mim
O sinal do pecado.

Calo um grito de vergonha
Escondo a nudez do meu ser
E espero a primeira pedra,
Que a última já não sentirei…

Que me resta,
Se fui apanhada a pecar?

Ouço longe a discussão
E, sem me defender,
Preparo o meu corpo para a dor.

A tua sabedoria criativa
Alterou a crueldade de um destino
E começa uma nova história em mim.

Onde estão eles?
Não há pedras para mim
Porque há pecado em todos…
Ninguém me condenou!

Fico eu e tu,
A miséria e a misericórdia,
O quase nada e o tudo…
Que me resta,
Se fui apanhada a pecar?

Não me condenas…
Cheguei fruto do pecado.
Parto semente de perdão.

sábado, 6 de março de 2010

…venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro.



1Nessa ocasião, apareceram alguns a falar-lhe dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos sacrifícios que eles ofereciam. 2Respondeu-lhes:«Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido?
3Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos igualmente.
4E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé, matando-os, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém?
5Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos da mesma forma.»
6Disse-lhes, também, a seguinte parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou.
7Disse ao encarregado da vinha: ‘Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?’ 8Mas ele respondeu: ‘Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume. 9Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.’» (Lc 13)

Não podemos confundir Deus com uma espécie de juíz ou de mestre que sanciona imediatamente as acções dos homens, premiando exteriormente os bons e castigando os maus. A desgraça de uma política que conduz à violência, repressão e morte (13,1), a desgraça de uma civilização que pode esmagar aqueles que a controem (13,4), são sinal da precaridade do homem no mundo.
Urge mudar…
Conversao significa viver abertos ao mistério do reino como dom de amor e como urgência de uma mudança, de uma entrega de amor aos outros.
É ainda tempo de conversão. Deus cuida de nós, uma e outra vez, como de uma árvore que parece totalmente incapaz de dar fruto. Se não correpondermos a esses cuidados, quebraremos nós próprios a relação…
(Comentários à Bíblia Litúrgica)

Testa a tua fecundidade:
Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou.
Que frutos Deus espera de mim?
Será que deixei que alguém os colhesse na vez do dono?
Que argumentos utilizo para justificar a minha esterilidade?

Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?
Para que estou eu a ocupar a terra…?
Qual o objectivo da minha existência?
O que me torna tão incapaz de dar fruto?

Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume.
Quanto tempo tenho ainda para dar fruto?
Que cuidados me ajudarão a dar fruto?
Que conversão provocará o meu desabrochar?


Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.

Senhor,
Tavez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
Voltes para procurar o que te pertence,
Os meus frutos…
Os frutos que permites em mim.

Senhor,
Talvez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
A minha resposta seja a mesma,
Um silêncio envergonhado
De umas mãos cheias de nada
Para te dar.

Senhor,
Talvez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
Tenha mais um abraço
Da tua teimosa misericórdia
Que espera o meu tímido frutificar.

Senhor,
Talvez na próxima estação,
Amanhã ou ainda hoje,
Eu mude, me converta,
Sentindo a alegria de continuar na tua vinha,
Porque deixei que fosses fruto em mim…