segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

REVEILLON 2013


Nestes últimos dias do ano multiplicaram-se as “ofertas” e propostas para bem preparar e gozar a passagem de ano.
Também nós decidimos fazer um golpe de concorrência às empresas de turismo e restauração e vimos apresentar-vos uma proposta aliciante, diríamos mesmo a melhor do mercado, para a toilette a usar e para a refeição festiva… Mas esta proposta tem a particularidade de não se esgotar na passagem de ano. Fica para todo o ano, para toda a vida. Resiste a todas as crises. É acessível a todas as carteiras, a todas as idades, a todos os gostos e serve a todos os “volumes”.
Amigos e amigas… a Palavra de Deus tem tudo! Sorriam, divirtam-se e “não se esqueçam de ser felizes”!
Votos de um Feliz ano 2013










domingo, 30 de dezembro de 2012

 


Paz e Bem

Como é de tradição, na passagem de Ano vestimos algo de novo a estrear.
São Paulo, deu-me uma ideia e decidi ir às compras, aproveitando os saldos, para poder vestir algo de novo no início do Novo Ano e "conseguir alguma sorte" para o 2013 que aí vem.
Eis a minha proposta!


REVESTI-VOS DO AMOR
12Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, 13suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, fazei-o vós também. 14E, acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o laço da perfeição. 15Reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados num só corpo. E sede agradecidos. (Col 3)






Caros amigos, seguindo o conselho de São Paulo, certamente teremos um ano cheio de sorte, de sabedoria e de graça!
Agasalhem-se com o amor!

Feliz 2013!


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sinais da Nova Evangelização

Fruto do encontro de animadores JEF do dia 1 de dezembro de 2012, surge um conjunto de sinais que nos podem ajudar na tarefa da Nova Evangelização.


OBRIGATÓRIO SERVIR



OBRIGATÓRIO REMAR



OBRIGATÓRIO SEGUIR



OBRIGATÓRIO SORRIR



PERIGO COM A PROCURA DE RECEITAS



PERIGO DA PREGUIÇA



PERIGO DE PESSIMISMO



PROIBIDO NÃO OUVIR



PROIBIDO FUGIR



PROIBIDO OBRIGAR

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

SAGRADA FAMÍLIA - ano C



Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

Caros amigos e amigas, neste caminho de Belém, somos convidados a contemplar a família de Nazaré. Nela descobrimos o sentido da procura e a raiz da comunhão, Jesus. Com eles, aprendemos o acolhimento da Palavra como segredo para o crescimento da Fé.

Como era costume
Lucas apresenta-nos uma família “praticante”. A Torah prescrevia que cada israelita se devia apresentar no Templo nas três grandes festas, entre elas, a da Páscoa. José, Maria e Jesus, fazem parte desse povo em peregrinação constante, em busca celebrativa e permanecem a caminho do seu Deus, recebendo aí a sua identidade de comunidade ao encontro. Podemos pensar, pelos relatos posteriores do Evangelho, que Jesus era um revolucionário, no ataque constante à lei judaica. Nesta passagem de Lucas encontramos a verdadeira missão de Jesus, a de Filho. E é nesta obediência de liberdade que descobrimos a fidelidade da família de Nazaré, que, “como de costume” peregrina, anda à busca, caminha ao encontro do seu Deus.

Começaram a procurá-l’O
No caminho de regresso, Jesus não parte com a caravana e fica em Jerusalém. Confiando que Ele estaria com os familiares e amigos, só no final do dia os seus pais se apercebem da Sua falta. Que rebeldia esta, a de Jesus? Porque procederia assim? Como estaria o coração de Maria e José ao sentir a falta do seu filho? Que ansiedade e preocupação… Serão estes os sentimos que nos habitam quando sentimos a falta de Jesus no nosso caminho? Ou nem damos pela Sua falta?
Muda o sentido da peregrinação, da procura. Já não é o Templo de Jerusalém o foco da sua caminhada mas o Senhor do Templo. Ao terceiro dia (alusão aos três dias entre a Cruz e a Ressurreição), a escuridão dá lugar à luz, a ausência à presença…e surge a pergunta de uma mãe aflita: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura.» À pergunta e desabafo da mãe, Jesus responde com uma catequese: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Jesus esclarece os pais que está na casa de Seu Pai. O pai de Jesus não é José mas o próprio Deus. Aqui se exprime de forma bem clara a filiação divina de Jesus. Jesus fala de um “dever”, Ele deve estar com o Pai. “Aquilo que parecia como desobediência ou como liberdade inconveniente com os pais, na realidade é precisamente expressão da sua obediência filial” (Papa Bento XVI, Infância de Jesus).

Eles não entenderam as palavras de Jesus
A palavra de Jesus é grande demais para caber na limitada lógica do nosso pensar e da nossa inteligência. Queremos respostas óbvias às nossas perguntas. Maria não compreende as palavras do seu próprio Filho, mas guarda-as no seu coração. Na sua fé, também em peregrinação e a caminho, Maria não arquivou nem congelou a resposta de Jesus, ponderou, questionou, meditou, deixou que o Espírito fosse iluminando e dando maturação ao seu caminho.
Somos tentados a manipular e reduzir as palavras de Jesus às nossas medidas. Precisamos aprender com Maria, a crescer na fé, guardando a Palavra em nosso coração. Ela é feliz porque acredita, porque crê. É neste berço de peregrinos que Jesus cresce, em sabedoria, em estatura e em graça. Só uma família à procura de Deus pode ser berço de paz e lançar sementes de amor. Só numa família que guarda a Palavra em seu coração, nos seus gestos, nos seus desejos e planos, pode crescer Jesus, pode ser Natal, pode fazer acontecer o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou preparar o lugar para Jesus na minha vida, de tal modo que não possa viver sem Ele.


REZAR A PALAVRA
Senhor Jesus, quero ardentemente fazer parte da tua família, quero cultivar esta pertença mútua
 de modo que faças parte da minha vida e eu me sinta constantemente pertença tua.
Que te entenda como o Amigo e confidente mais seguro, o Pai e a Mãe carinhoso e solícito;
Tu és o Irmão, o Esposo da alma, a fonte de onde manam as minhas relações humanas.
Livra a famílias deste mundo da insídia do egoísmo, na tua família humana encontrem inspiração.
Proteje-nos do individualismo para que no berço das nossas relações possas continuar a nascer.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

What is Advent? Gangnam Style!

IV Domingo ADVENTO C




Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».

Caros amigos e amigas, imediatamente antes do Natal, o texto de Lucas para este Domingo é uma peça preciosa, cheia de verbos dinâmicos… quase explosivos. O Advento é um tempo explosivo. Acendamos o rastilho, pois a explosão está tão perto!

Pôs-se a caminho… apressadamente
Se procurarmos um motivo para a pressa de Maria ficamos decepcionados ao encontrar a banalidade deste “saudou Isabel”. Percorreu tantos quilómetros para isto?! Maria desconcerta as nossas viagens de negócios, as nossas urgências megalómanas, com o valor aparentemente tão débil de uma saudação, de um sorriso, de um brilho do olhar, que merecem os maiores cansaços do caminho.
A pressa de Maria transporta a pressa de Deus. Depois de experimentar Deus que vem ao encontro da humanidade, Maria vai ao encontro da fragilidade de Isabel. Por intermédio de sua Mãe Santíssima, Jesus começa aquela que será a sua forma de vida itinerante, ao encontro do coração sedento do ser humano. Ele convida-nos a pôr-nos a caminho, cruzar com o outro a rota das suas lutas e cansaços, ser peregrino da sua dor, socorro da sua indigência, lenitivo da sua solidão, acender-se numa alegria inadiável: o Senhor está connosco! Como Maria, aquele que está habitado por Jesus não pode adormecer nas poltronas da indiferença, do comodismo ou do estatuto... leva Jesus até onde houver sede de Deus.

Entrou… saudou… ouviu… exultou… ficou cheia… exclamou
Que poderosa a saudação de Maria! O encontro com Deus provoca uma onda imparável... Estes verbos, palpitando de rajada, movimentados, rimados e rítmicos, embebidos de melodia, como que nos fazem dançar. Mães e filhos convidam-nos para este baile em que a música sublime é a alegria de Deus, que escorre do seu Amor e gera Vida. A abertura ao amor de Deus é o prodígio que sotura a distância entre estas duas mulheres separadas por quilómetros e por anos, fecunda os dois ventres aprisionados pela esterilidade, homologa dois testamentos com a assinatura da esperança. Caros amigos e amigas, celebrar o Natal é acolher o amor de Deus e deixar que ele nos fecunde e se faça vida em nós. Vida pronta para ser partilhada em palavras e em gestos concretos e gerar mais vida.
Maria é bem-dita, diz Isabel. Ela ensina-nos a fonte do elogio: a descoberta de que o outro é uma palavra bela de Deus. Experimentemos fazer elogios assim: o mundo ficará cheio de palavras belas.

Acreditou
Mais um verbo e este… tem todo o segredo. Não andamos tão afadigados à procura da felicidade? Ei-la!!! Tão fresca, ágil e segura! Maria é feliz porque acreditou. Este acreditar não se pode confundir com uma credulidade ingénua e imprudente. Maria é segura na confiança em Deus. Depois da anunciação, não se evade, não fica acabrunhada, rendida a elucubrações pessimistas sobre o que lhe podia acontecer. Não se vitima... assume, ergue-se. É uma mulher combativa, porque crente. Acreditar em Deus é um risco que exige valentia e intrepidez, pois o percurso muitas vezes tem de ser feito no meio da noite, entre desertos, com sabor a silêncio e a vazio, nas bordas do absurdo e do sem sentido. E eis que esta frágil menina, a quem um Anjo coloriu a vida de promessas improváveis, corre e deriva pelas montanhas, à procura de uma prima idosa e estéril! Grande fé... que sustentou tão bela história... A fé de Maria é um convite a superar as barreiras de cepticismo, as justificações que interpomos para que Deus escreva sua história em nós e por nós. Não temamos, porque a sua história em nós é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou saudar o irmão, consciente de que transporto em mim a semente de uma boa notícia.

REZAR A PALAVRA
Senhor, preciso saborear a maravilha do Tua notícia, para que os meus passos
de encontro sejam apressados e derrubem a apatia do meu comodismo espiritual.
Senhor, preciso de ouvir a alegria do Teu silêncio reconfortante,
para que o meu abraço de encontro seja puro e acolhedor.
Senhor, preciso contemplar a ternura do Teu estar comigo, para que o meu acreditar
seja fruto do encontro com a Tua Palavra. Senhor, preciso de aprender com Maria.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

III domingo ADVENTO C




Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Baptista: «Que devemos fazer?». Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns publicanos para serem baptizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Perguntavam-lhe também os soldados: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo». Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu baptizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».

Caros amigos e amigas, neste Domingo da alegria a expectativa cresce e interroga-se: que fazer?

O povo estava na expectativa
É de todos muito próxima a experiência humana da expectativa. Esperar alguém, esperar algum acontecimento é diário. Estamos sempre em expectativa. Afinal, as pessoas do tempo de João Baptista são muito semelhantes às de agora. O tempo passa, mas a expectativa de algo novo que está para acontecer permanece. E ainda bem. Porque onde esta expectativa definha, é sinal que já se desiste da promessa de vida plena. Promessa que todo o homem transporta.
Assim sendo, em última análise, a expectativa assume cambiantes messiânicos. Eu espero a novidade da salvação, não a novidade da desgraça ou da catástrofe. Espero o novo repleto de vida. E nós, os cristãos, sabemos que esse novo não é um mero lugar, um outro ambiente, um sentimento, uma moda ou uma estratégia. Esse novo é uma Pessoa. É o Filho Eterno de Deus. É o rosto de Jesus Cristo. Ele, Homem Novo, é que gera lugares novos, ambientes novos, sentimentos novos, presenças novas. Diremos, tão antigos e tão novos, porque eternos.

Está a chegar
E, neste campo de permanente expectativa, joga-se a iminência da chegada. Pode, por isso, parecer cansativa tanta espera para tão pouca recepção. Resta saber para quem é mais cansativo, se para nós, se para Deus. Vale-nos que Deus não se cansa de salvar a humanidade. Ele já chegou à vida de muitos, é um facto. Ele está a chegar à vida de todos, é a garantia da Palavra, hoje. E cada um de nós? Onde se situa? Aborrece-se pela ausência de recepção? Que recepção presta Àquele que está a chegar? Que preparação constrói? Que Advento concebe?

«Que devemos fazer?»
No tempo de João, a recepção, o advento da vinda do Messias surge orientado por este pedido: «Que devemos fazer?». Foi a pergunta colocada pelas multidões, por alguns publicanos e pelos soldados a João Baptista. Ou seja, afeta multidões anónimas, mas também rostos bem específicos. Todos se inquietavam. Que devemos fazer para acolher bem Aquele que está a chegar? Que devemos fazer para sermos coerentes com a nova realidade que está prestes a começar? E João, saciado da novidade de Deus, anunciador já da Boa Nova que está a chegar, diz: «Reparti». Esta é a única ação segura e necessária aos novos dias que se aproximam. Repartir, partilhar, como Deus. Segundo o fazer criador de Deus.
Esta pergunta, que atinge a todos, trespassa toda a história e toda a nossa história. Há sempre momentos críticos, que nos exigem a decisão, o milagre da partilha, do amor em ação. No fundo, é isso que Jesus nos ensina, quando, em cada Eucaristia, se reparte a Ele mesmo na fração do Pão. No fundo, é este o cerne de qualquer vocação. O que tenho de fazer? Para quem hei-de fazer?
Caros amigos e amigas, aqui, na partilha de nós mesmos e de quanto temos, na vivência da vocação, radica a alegria de muitos, a nossa alegria, a alegria de Deus, que renovando-nos com o Seu amor, exulta de alegria por nossa causa (Sf 3, 17). É preciso fazer o amor que renova e que alegra. E isto é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou descobrir, no concreto, como repartir-me para melhor acolher.


REZAR A PALAVRA
Senhor, Mestre que aguardo e desejo abraçar em meu inquieto coração:
Que devo fazer neste caminhar de interrogações, onde a única certeza parece ser a dúvida?
Que devo fazer neste sombrio e limitado horizonte do ser, onde o vazio me destabiliza?
Que devo fazer nesta procura de sentido, onde a espectativa me cansa e estimula?
Se a Tua resposta é o repartir, que me impede de abrir as mãos para me dar?
Se a Tua resposta é acolher, que me impede de abrir o coração para dialogar?
Se a Tua resposta é converter, que me impede de abrir caminhos que conduzam a Ti?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


A GRANDE ENTREVISTA II


O Sr. Padre José Luís Pombal é formador no Seminário Maior de Bragança e moderador da Unidade Pastoral 6 de Bragança. O Sementinha decidiu faz-lhe uma grande entrevista sobre a Nova Evangelização:



SEM - No momento em que se fala tanto da expressão “Nova Evangelização” no seio da Igreja, pode definir-nos do que realmente se trata?
Pe. José Luís - É uma expressão que foi difundida pelo papa João Paulo II, ainda que não tivesse sido ele a forjá-la. E na difusão que João Paulo II protagonizou, adornou-a, em 1983, com três coordenadas: “novas expressões, novos métodos, novo ardor”. É a partir delas que podemos obter uma tentativa de definição, como me pedis. Agora, nova no conteúdo não é de certeza, porque esse corresponde ao mesmo de sempre: o Evangelho encarnado, Jesus Cristo. Tão antigo e tão novo!

SEM - Mas, se a denominação passa por NOVA EVANGELIZAÇÃO, significa que as iniciativas anteriores de anunciar Cristo onde a luz da Fé esmoreceu e o fogo de Deus pede para ser reavivado, nas últimas décadas, não tiveram o êxito esperado? O que é que na sua opinião terá falhado no anúncio da palavra de Deus?
Pe. José Luís - O ‘falhanço’ é transversal a todos os séculos e prende-se sempre com a falta de docilidade ao Espírito Santo, principalmente da parte daqueles que pregam e não vivem. Por isso, Paulo VI veio advertir que hoje os mestres só são escutados se derem testemunho. Trata-se de testemunhar o mandamento do amor, amando. Agora, hoje, o contexto é genuinamente adverso. Hoje, a admiração inicial diante dos cristãos – “vede como eles se amam” –, penso que já não seria a mesma. E aqui vejo parte do ‘falhanço’. Hoje, tudo é direito, tudo é dever. Assim sendo, onde cabe a gratuidade? Há um livro do teólogo suíço Hans Urs von Balthasar intitulado “Só o amor é digno de fé”. Concordo plenamente, mas o meu receio, hoje, é que diante duma cultura tão an-estética já nem o amor fascine. Porquê? Porque se a gratuidade não é reconhecida, tudo é devido, tudo é interesseiro, e no meio de tanta justificação tudo é absurdo… Nestas circunstâncias, será que a Nova Evangelização é decisiva? Sim, se por ela nos reabituarmos ao Espírito Santo!

SEM - E, se de NE continuamos a falar, pensa que se poderá tratar de uma atualização do anúncio de Cristo e da sua palavra à sociedade e ao mundo de hoje?
Pe. José Luís - Necessariamente. Há quem diga que a evangelização não se deve classificar de ‘nova’, porque podemos valorizar mais os métodos de hoje que o conteúdo de sempre e a própria metodologia de Cristo. É verdade… Mas, para mim, a evangelização é sempre nova, porque acontece sempre em contextos novos. São esses contextos que temos de amassar com o fermento de Cristo. Isto é Evangelização. E sempre nova, se assim for hoje à tarde e amanhã de manhã. É urgente é que amassemos com a mão das palavras e a mão das obras.

SEM - Na sua perspetiva, como presbítero moderador de uma unidade pastoral, como pensa implementar as diretrizes da NE, anunciadas pelo Papa Bento XVI no final do Sínodo, no passado mês de Outubro?
Pe. José Luís - Da mesma maneira que pensava antes desse anúncio, ou seja, com muita serenidade. O papa falava de três linhas pastorais relacionadas com: os sacramentos da iniciação cristã; a missão ad gentes; e, as pessoas batizadas que não vivem as exigências do Batismo. A primeira e a última são as que dizem mais respeito à realidade em que me movo, que precisa, antes de mais, de ser amada tal qual é. Depois, veremos…

SEM - Será possível colocar em prática estas novas orientações na nossa realidade? O que pensa que terá que mudar por parte de quem anuncia?
Pe. José Luís - Sou um jovem padre, mas já experimentei na carne que se as indecisões não ajudam, as pressas ainda ajudam menos. Neste sentido, a catequese (sobre os sacramentos) é importante? É. As novas iniciativas face aos batizados esquivos também? Sim. Mas… não se faziam já antes? Faziam. Por que falharam?... Muito devido à vertigem do fazer! Para a Unidade Pastoral da qual sou moderador tenho apenas um desejo pastoral, para mim e para os agentes pastorais a colaborar comigo, no sentido de dar cumprimento às orientações do Santo Padre: contacto pessoal com os paroquianos. Só assim poderemos testemunhar o Cristo que nos salvou… Contacto pessoal? Como? Sem desistir à partida.

SEM - De acordo com a realidade da nossa diocese tão desertificada, onde a juventude é escassa, quais são os desafios e oportunidades que na sua opinião a NE poderá trazer à juventude cristã para que Cristo possa ocupar um lugar central em suas vidas?
Pe. José Luís - É um facto que na nossa diocese a juventude é escassa. Mas nem por isso a nossa pastoral juvenil se deve inscrever na gramática da sedução. Este é o grande desafio. Penso que devemos falar a linguagem que os jovens entendem: «se quiseres!…». Anunciar, sim; testemunhar, também; ir de encontro e ao encontro, sempre; subserviência, nunca. Depois, se são principalmente os jovens que conseguem evangelizar com eficácia os outros jovens, qual é a razão para, imersos nos nossos planos sedutores, não olharmos por aqueles que já se decidiram por Cristo e procuram crescer na amizade com Ele?… Esta é a grande oportunidade para se fazer dum jovem cristão um adulto na fé.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

II Domingo ADVENTO C



No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide e Lisânias tetrarca de Abilene, no pontificado de Anás e Caifás, foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a zona do rio Jordão, pregando um baptismo de penitência para a remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus’».

Caros amigos e amigas, a estrada do Advento conduz-nos à fonte que é berço… Com João aprendemos a escutar no deserto e a pregar pelos caminhos que o Senhor vem ao nosso encontro. Neste segundo domingo, endireitemos os caminhos tortuosos do nosso coração para melhor vermos a salvação de Deus.

Percorreu toda a zona, pregando um baptismo de penitência
Deus vem ao nosso encontro e atua na história do homem, onde deseja fazer a Sua morada. Em João Batista encontrou a escuta atenta e a dinâmica de um coração sedento no meio do deserto. Aí Deus fala, interpela, convida e envia. Neste encontro prévio com Deus, João bebe a coragem de fazer caminho, de ir ao encontro, de anunciar e denunciar. Neste encontro prévio com Deus, João bebe a necessidade de pregar um baptismo de penitência que une a mudança de vida à purificação do corpo. É da experiência com Deus que nasce a missão de propor um caminho de salvação, de libertação do que nos aprisiona.
Deus continua a falar no nosso deserto, na solidão, na fome, no sofrimento, na saudade, na injustiça, no desemprego, no desânimo, na incompreensão, no desespero, na escuridão… Deus fala e sussurra ao nosso ouvido, com voz mansa: «Prepara o caminho, estou a chegar!»

Preparai os caminhos do Senhor
A voz de Deus assegura, em Isaías (Is 40, 3-5), que o deserto da distância que separava os israelitas da sua terra, durante o exílio da Babilónia, havia de converter-se num caminho de esperança e liberdade. João é a realidade daquela antiga voz que proclamava: «Preparai no deserto o caminho do Senhor». Com a sua pregação incisiva, João despertava no povo o entusiasmo messiânico. Era necessário endireitar veredas, altear os vales, abater os montes e as colinas, endireitar os caminhos tortuosos e aplanar as veredas escarpadas para que o Senhor viesse. Não basta aguardá-lO e desejá-lO, importa preparar o caminho para a sua chegada. É Ele que chega, que toma a iniciativa de vir ao encontro dos nossos desertos, de vir libertar-nos das nossas amarras, de vir iluminar as nossas noites.
Preparai o caminho do Senhor, caros amigos! Preparemos os caminhos tortuosos dos nossos corações enrugados; endireitemos as veredas da nossa alma tantas vezes escarpada; alteemos o que está escondido com os nossos medos e abatamos as colinas do nosso orgulho, para que Deus venha e encontro espaço em nós.

Toda a criatura verá a salvação de Deus
Para acolher Jesus é preciso passar por um caminho de purificação. Hoje parece estranho precisar de purificação quando tudo é tao imediato como uma pastilha na máquina de lavar, ou uma cirurgia plástica. Parece estar em desuso a necessidade de parar para rever os meus atos, ter consciência de que posso ter magoado alguém, olhar em profundidade a razão dos meus gestos e dos meus desejos. Só um coração disponível poderá acolher Jesus que teima em nascer de novo. Só um olhar maravilhado como o de Maria Imaculada, poderá “ver a salvação de Deus”, saborear o mistério do amor.
Caros amigos e amigas, precisamos de Deus, o nosso deserto interior tem constante sede do Seu amor. Preparemos os caminhos do nosso ser, da nossa comunidade, da nossa paróquia, da nossa família, do nosso grupo de amigos para acolher Aquele que vem ao nosso encontro. Isto é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou rever a minha vida, e cuidar do que, em mim, impede a aproximação de Deus.

REZAR A PALAVRA
Há um tempo preciso em que me anuncias a tua visita, Senhor, e esse tempo é Hoje.
No tempo em que reino e estrago os caminhos, quando o orgulho tão alto te esconde o rosto.
Mas és Tu que vens ao meu encontro?! Estremeço com tal condescendência do teu amor.
Não posso permitir-me perder o agora que me presenteias. Quero preparar a tua visita.
Quero lavar o meu rosto no teu perdão, quero adornar o meu coração de bondade.
Quero vestir-me de alegria e alindar os meus olhos com a luz da tua salvação!
A Tua Palavra é o meu caminho, a tua Presença a minha morada. Vem, Senhor Jesus! 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

I Domingo ADVENTO C




Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».

Caros amigos e amigas, a caminho do Natal, este primeiro Domingo do Advento coloca-nos perante a perspetiva de um Deus que “nasce” das entranhas do nosso quotidiano. É um Deus que não está longe, é o Deus connosco, o Emanuel.

Sinais no sol, na lua e nas estrelas
Este texto não é um manual de procedimentos perante catástrofes eminentes, nem um tratado científico sobre a finitude das forças cósmicas. É antes poema de amor de um Deus que semeia sinais de Si mesmo em todas as esquinas, que Se declara nas fontes de luz, que dança no firmamento e que nos convida a comparecer à sua presença, indicando-nos a segurança do caminho. Mas parece que o Senhor nem sempre tem hipótese de comunicar connosco! Andamos tão distraídos que nem ligamos aos sinais subtis que se derramam nos detalhes da trivialidade. Depois vêm alguns sinais mais “sonoros” e esses dão-nos medo. Geralmente, tudo o que sai do comum vem destabilizar. O ser humano “morre” de susto perante os “abalos” daquilo em que punha a sua segurança, daquilo que parecia estável. Quantas vezes nos atrofia o receio, quantas vezes o medo nos subjuga, quantas vezes a constatação da realidade nos paralisa e até as previsões do que ainda não aconteceu nos fazem sucumbir! Mas o susto não é coisa que mereça a nossa morte. O Senhor não quer que os seus discípulos sejam medrosos, daqueles que, perante os sinais, ficam paralisados pelo susto. Ele convida-nos a acolher os sinais, como leitores vigilantes…

Erguei-vos e levantai a cabeça
Não podemos continuar a pasmar, leais à ditadura de tantas constatações, refugiados no túmulo do pessimismo. Os leitores dos sinais de Deus são como terra que se deixa arar e semear por um presente recheado de possibilidades, são visionários de uma história fecundada pelo amor de Deus. Ele vem, porque Ele está. O título de Filho do homem proclama a sua admirável consanguinidade connosco, a sua solícita presença… a partilha de um poder e de uma glória só entendidas através de uma vigilância promovida pelo amor.
Erguer-se e levantar a cabeça é a atitude viva dos que não se deixam amarfanhar pelo susto. O ícone do Filho do homem é um sol que ilumina todas as realidades da vida, é a fonte de luz que não falha, é o sinal que nos sustém a esperança, que nos alimenta o sentido da caminhada. Jesus é o Deus-connosco, Aquele que recapitula em si o sonho de transpormos os nossos limites, é Aquele que guarda as coordenadas da nossa plenitude; Ele é a força subtil e imprevista que, entretanto percebida, tem poder para libertar a luz que dorme no resguardo do nosso medo.

Vigiai e orai em todo o tempo
O requisito mais eficaz para a vigilância é o amor. O vigilante nunca pode morrer de susto, pois aprende a ler os sinais. O vigilante não se torna pesado, subjugado pela realidade, atado pelas expectativas, mas é capaz de elevar as expectativas até à leveza da Esperança, pois vive com sentido… o vigilante tem os olhos abertos ao bem absoluto e, na massa da história, onde a dor e a fealdade se insinuam, ele distingue o que é decisivo, descortina o filão da Beleza e segue-a, desde a fonte até ao mar, ainda que na sua carne doam as feridas de um mundo corruptível.
A última frase do texto revela-nos a divina “astúcia” do Senhor que, decisivamente, o que pretende é preparar-nos e convidar-nos a “aparecer” diante d’Ele! Com que enlevo Ele deseja o nosso advento aos seus olhos, Ele prepara ardentemente o encontro! Amigos e amigas, vigiar a aparição do Senhor à nossa vida não é senão preparar a nossa aparição aos olhos d’Aquele que mais nos ama. E não é para amanhã. O fim do mundo não é amanhã; o que vigio é o constante hoje, o advento de Cristo para ser acolhido na minha vida. E isto é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou cultivar a atenção aos sinais da presença de Deus na minha vida.

REZAR A PALAVRA
Senhor, do meu coração pesado de quereres, preso por vontades e ferido pela agitação,
deixo brotar a simplicidade de uma lâmpada atenta aos Teus sinais.
Neles quero escutar o Teu vir e saborerar a Tua presença libertadora.
Senhor, na lama das preocupações do tempo, no cinzento da angústia solitária,
deixo brotar a coragem de um constante reerguer, contemplo o alto como meta
e aprendo a espera, na confiança de que desejas habitar-me e quebrar as cadeias.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

XXXIV Domingo Comum B - Cristo Rei


Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos judeus?». Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?». Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».

Queridos amigos, com a Solenidade de Cristo Rei, termina o Ano Litúrgico B, na certeza de que Cristo é o centro, o Rei Universal. Nele, somos convidados a escutar a Sua Palavra e a pô-la em prática, construindo um reino de paz e de bem. Neste domingo ingressemos com coragem num novo Reino, aquele que é proposto por Cristo Rei!

Tu és o Rei dos judeus?
Os caminhos de Deus, nem sempre são os caminhos do Homem. Celebramos a festa de Cristo Rei, com uma passagem da Paixão do Senhor. Pode, na eminência da morte, celebrar-se a realeza de alguém? No diálogo com Pilatos, o Senhor revela-se, ajuda-nos a tocar o Seu mistério e a acolher a verdade da Sua missão.
Jesus não quis ser rei. Não quis, nem quer mandar, apenas propor. Não quis, nem quer dominar, apenas servir. Não quis, nem quer subjugar, apenas ajudar a levantar. A realeza de Deus questiona os nossos modelos de poder. Ele não deseja ser um chefe político. Cristo quer apenas reinar no nosso coração, não como ditador, mas como amigo, irmão, companheiro de viagem.
Jesus é um Rei que lava os pés aos seus discípulos, que percorre as ruas para tocar os pobres e beijar os doentes. Jesus é a imagem do poder de Deus que escuta, ampara, consola e se dá…

O meu reino não é deste mundo
Pilatos quer saber o que Jesus fez para chegar a esta situação. Um rei, não pode ser entregue à morte, não pode permitir a mentira, a injúria, a dor...Também nós fazemos perguntas a Jesus, interrogamos a Sua forma de atuar. É aqui, na sede, na procura da verdade, que Jesus faz uma catequese sobre a Sua forma de reinar.
O reino de Jesus é diferente dos reinos deste mundo, está marcado pela verdade. Este reino não se identifica com os poderes triunfalistas que conhecemos, mas com os valores mais profundos do Evangelho.
A moeda deste reino é a gratuidade, a bandeira é o amor, o hino é o Evangelho e o exército é formado pelos humildes. As armas dão lugar aos braços para acolher, os muros transformam-se em pontes para unir. A diferença é estímulo para a comunhão e a linguagem comum é a força do Espírito.
Vale a pena pertencer a este reino, ser pedra viva de um templo sempre em construção.

Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz
Sim, Jesus é Rei, para isso nasceu e veio ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Propondo um reino diferente, Cristo Rei do Universo, é a verdade, a transparência do amor. Não uma verdade como ausência da mentira, mas a encarnação da essência de Deus amor.
Só os que estiverem abertos à verdade poderão acolher esta proposta de pertencer a um reinado diferente dos do mundo. Só os que estiverem abertos à verdade poderão escutar em profundidade a catequese criativa do amor que deseja construir em cada coração um altar. Só os que estiverem abertos à verdade, poderão entender a mensagem do Senhor que é Rei. Só estes farão parte do reino.
Não nos é indiferente este reino, num mundo cheio de propostas ditatoriais, mesmo que discretas. Ansiamos a fraternidade, pois compreendemos que as escadas do poder só separam e subjugam. Precisamos acreditar neste Rei manso e humilde de coração e crer que nasce já em nós esta semente do Reino.
A feliz esperança num Reino de amor, não pode ficar guardada nas gavetas da nossa vida pessoal como uma verdade passiva que não nos transforma. Urge sair para a rua, ser soldado do reino em que acreditamos e gritar a novidade do Espírito em cada gesto. Precisamos de mapa, de um guia, de uma norma para fazer parte deste reino? Procura o Evangelho e descobrirás a verdade!

VIVER A PALAVRA
Quero abraçar, de uma forma sempre nova, a causa do amor, bandeira do Reino de Cristo!


REZAR A PALAVRA
Senhor, Rei do amor que me abraça, mestre do perdão que me conforta, caminho para a santidade que procuro, verdade única que me sacia e vida abundante que não tem fim.
Senhor, Rei do amor que me transforma, fonte de sabedoria que anseio, modelo de
serviço e humildade, pastor atento que me guia e luz da história que constróis em mim.
Senhor, Rei do amor que me convida, força e certeza para o caminho, água e frescura
nas minhas sedes, grito de paz e de esperança. Senhor, Cristo Rei, quero ser teu servo!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

XXXIII Domingo Comum B


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai».

Queridos amigos e amigas, atentos aos sinais do tempo, que nos conduz ao inverno, o Senhor convida-nos este Domingo a estar atento ao Sinal verdadeiro, a Cristo, como fonte de esperança e de luz que sempre permanecerá e terá a última palavra.

O sol escurecerá
A experiência de espera dos primeiros cristãos respira ansiedade e medo. Aspiram à implantação do ditoso Reino de que falava Jesus e aguardam a Sua vinda final. O discurso apocalíptico que encontramos em Marcos é reflexo dessas aspirações. Pelos sinais do sol, da lua e das estrelas, que deixarão de “cumprir” a sua missão, entendemos que chegará o momento em que já não haverá nem tempo nem espaço. Um dia, todos, acolheremos a vida definitiva que está para além do tempo e do espaço.
O fim do mundo não é um mito do passado. Também hoje continuamos a imaginá-lo, a defini-lo e até a marcar-lhe uma data. Basta estar atento à literatura e ao cinema, que, insistentemente, tentam apresentar esse inimaginável relato. Continua viva esta esta visão apocalíptica de origem judaica sobre o final da história, como uma destruição histórica, um desastre universal. Todas estas fantasias não são cristãs, caros amigos. O cristão não anseia pela destruição, mas vive na esperança da nova criação: Eu renovo todas as coisas (Ap 21, 5)

Hão-de ver o Filho do homem
No final está o decisivo começo, aguarda-nos o abraço de Deus, o Deus revelado por Jesus, o Deus que é Pai e Mãe. Um Deus que só quer a vida, a felicidade plena dos seus amados, de todo o ser humano. Tudo ficará nas suas mãos.
Não caminhamos para o vazio. No meio de sinais que, muitas vezes nem compreendemos, Jesus é o sinal de que o Verão está próximo. Jesus é o sinal de que o amor é maior. Jesus é o sinal de que Deus está bem perto, está em nós. O sol, a lua, as estrelas podem apagar-se, mas o mundo não ficará sem luz. Será Jesus a nossa única luz, que brilhará para sempre, sem tempo e sem espaço.
O centro da fé cristã é a espera. Não esperamos um acontecimento, ou uma coisa, mas uma pessoa. O verdadeiro cristão anseia pelo encontro com Aquele que tanto ama, e por quem dá a vida, Jesus Cristo. A última palavra deste caminho de procura não está no caos, na destruição, na solidão, mas em Jesus. Ele tem a última palavra.

As minhas palavras não passarão
Esquecemos, constantemente, a nossa fragilidade. Com frequência nos denominamos imortais. Parecemos sempre tão seguros, imutáveis, intocáveis que nada nos pode abalar. Mas basta a mais serena brisa nos surpreender, para de repente nos sentirmos frágeis e recordarmos a nossa finitude. Um dia, também não haverá mais tempo, nem espaço (como este), para nós. O que nos espera depois de tantas canseiras? Nós, cristãos, apoiamo-nos na certeza imutável da ressurreição de Jesus. Porque a última palavra é a do amor. Pode tudo passar, mas “o amor jamais passará” (1Cor 13).
Tenhamos a coragem da vigilância, de perceber os sinais que Deus coloca no caminho e que nos indicam apenas o amor. Tenhamos a coragem de experimentar um caminho de esperança e não de medo e destruição. Tenhamos a coragem de semear, no escuro do inverno, a cor do Evangelho que renova todas as coisas, porque cada hora é única!

VIVER A PALAVRA
Cultivarei uma vigilância perseverante sobre o curso da minha vida, assente numa total confiança em Deus.


REZAR A PALAVRA
Meu Deus, só Tu guardas o segredo do porvir, acendes o sol e fortificas as estrelas,
Tu és Aquele que segura os céus e tem as coordenadas dos ventos. Tu és o Senhor!
Meu Deus, imenso e próximo: confio o meu viver à tua omnipresente solicitude.
Tu és o único que me conhece, confio todo o meu ser à tua omnisciente bondade.
Tu és o meu Criador e meta, confio o meu querer à omnipotente força do teu amor.
O teu colo me mima, o teu perdão me regenera, a tua beleza me alinda: confio em Ti!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

XXXII Domingo Comum B


Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas, com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».

O Evangelho deste Domingo presenteia-nos dois quadros contrastantes que realisticamente ilustram modos distintos de apreender e se relacionar com Deus. De que lado estamos? Esta descoberta é um desafio.

Quem te avisa…
Perante o aviso de Jesus, com que o texto começa, podemos pensar: se ele diz “acautelai-vos” estará a advertir para algo que vem de fora, para o qual me devo precaver. Uma análise mais séria leva a adentrar-me pelas avenidas do meu ser e a descobrir esse escriba enterrado nas minhas motivações. Não será esse escriba o responsável por destabilizar a minha humildade e verdade face aos outros? Talvez seja ele o que coloca um verniz à frente da minha falta de autenticidade; talvez seja ele a ditar-me certas regras de competição desenfreada, de busca de atenções, de defesa dos “meus direitos”, de uma implacável indiferença perante os detalhes do irmão. Urge, então, localizar e denunciar esse escriba… E esse escriba provavelmente sou eu!
Não tenho hipótese de ludibriar Deus com a soma avultada do meu trabalho pelo seu Reino, com a incontável lista das minhas obras de piedade, com a sobra de palavras... Deus não se suborna com esmolas. O desafio que Jesus me deixa é o de converter a minha vida interior, num manancial a fundo perdido...

Veio uma pobre viúva
Mas a viúva pobre também nos vem causar problemas. Primeiro: que estranho este Deus que se compraz nos pobres, que simpatiza com os fracos! Teremos de passar pela penúria para que Ele se interesse por nós? Segundo: como pode ser elogiada a tremenda imprudência desta mulher que dá tudo o que tem? Ela vai agravar a crise humanitária, é mais uma na conta dos que têm de ser socorridos pela assistência social…
Há aqui qualquer cumplicidade entre ela e Deus que, à primeira, nos escapa. A nossa lógica é a independência… face a Deus e face ao outro. Não toleramos pensar que somos indigentes, que, de algum modo, dependemos dos outros, ainda que o Outro seja Deus. Gostamos muito mais de ser nós a dar esmolas, a mostrar, a ostentar… a deixar um débito na conta do outro e cobrar-lhe juros quando se proporcionar. No fundo batemos sempre na mesma tecla: queremos colocar-nos no lugar de Deus. A pergunta que temos de fazer é esta: qual é o nosso Deus? Ou seja, para onde encaminhamos a nossa confiança?

O que é dar?
Os ricos davam, a viúva deu? Na verdade, nós nunca damos nada. Tudo o que nos passa pelas mãos é pura gratuidade de Deus. Vivemos num ambiente em que tudo é (de) graça. Não se trata de deixar de lado o nosso esforço, nem de enveredar pela atitude passiva de quem acha que tudo se resolve por si. Trata-se de deixar fluir pelas nossas mãos a incomensurável riqueza de Deus que é nossa, mas é d’Ele. Trata-se de lhe dizer: confio em ti, e entrego-te aquilo que de ti recebo, o que tenho e sou; é na tua presença que me abrigo, é sob o teu horizonte que sonho, é da tua vida que me alimento é para o teu rosto que caminho.
Amigos e amigas, a viúva pobre é um perfeito ícone da nossa condição perante Deus. É pobre de bens e é viúva… pobre de relações. Ela é a expressão de uma pura dependência de Deus. Porque é Ele o sustentáculo das coisas que fruímos e das pessoas que amamos. É Ele Quem dá valor aos bens, e a beleza a tudo o que é belo. Só n’Ele integramos a profundidade e a verdade de nos amarmos. É Ele o único pelo qual podemos aferir a nossa gestão de bens e de relações. A oferta da viúva é tudo o que tem para viver, é a sua vida e ela manifesta um percurso claro para a sua vida: vem de Deus, vai para Deus, pois está em Deus. E isto porque… verdadeiramente tudo o que possuímos para viver é Deus. E isto é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou encontrar e praticar novas formas de humildade e de entrega total e incondicional, ao jeito de Jesus.

REZAR A PALAVRA

Senhor, no encontro de um sentir, na descoberta do Teu sonho para mim,
construo a minha entrega como resposta ousada de um crer, de um ofertar.
Quero oferecer-Te a minha vida; tudo o que sou, sinto e tenho é para Ti.
Cala os longos discursos do meu saber. Desfaz as convencidas teorias do meu
pensar. Desmorona as supostas certezas do meu agir. Anseio apenas
oferecer-me a Ti, confiar em Ti, crer em Ti, entregar-Te a minha vida.
Não quero, Senhor, dar-Te do que me sobra, mas desejo em tudo, dar-me a Ti!