Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá
e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há
nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as
nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus
eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do
céu. Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e
brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes
acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à
porta. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo isto
aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Quanto
a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho;
só o Pai».
Queridos amigos e amigas, atentos
aos sinais do tempo, que nos conduz ao inverno, o Senhor convida-nos este
Domingo a estar atento ao Sinal verdadeiro, a Cristo, como fonte de esperança e
de luz que sempre permanecerá e terá a última palavra.
O sol escurecerá
A
experiência de espera dos primeiros cristãos respira ansiedade e medo. Aspiram
à implantação do ditoso Reino de que falava Jesus e aguardam a Sua vinda final.
O discurso apocalíptico que encontramos em Marcos é reflexo dessas aspirações.
Pelos sinais do sol, da lua e das estrelas, que deixarão de “cumprir” a sua
missão, entendemos que chegará o momento em que já não haverá nem tempo nem
espaço. Um dia, todos, acolheremos a vida definitiva que está para além do
tempo e do espaço.
O fim do
mundo não é um mito do passado. Também hoje continuamos a imaginá-lo, a
defini-lo e até a marcar-lhe uma data. Basta estar atento à literatura e ao cinema,
que, insistentemente, tentam apresentar esse inimaginável relato. Continua viva
esta esta visão apocalíptica de origem judaica sobre o final da história, como
uma destruição histórica, um desastre universal. Todas estas fantasias não são
cristãs, caros amigos. O cristão não anseia pela destruição, mas vive na
esperança da nova criação: Eu renovo todas as coisas (Ap 21, 5)
Hão-de ver o Filho
do homem
No final
está o decisivo começo, aguarda-nos o abraço de Deus, o Deus revelado por
Jesus, o Deus que é Pai e Mãe. Um Deus que só quer a vida, a felicidade plena
dos seus amados, de todo o ser humano. Tudo ficará nas suas mãos.
Não
caminhamos para o vazio. No meio de sinais que, muitas vezes nem compreendemos,
Jesus é o sinal de que o Verão está próximo. Jesus é o sinal de que o amor é
maior. Jesus é o sinal de que Deus está bem perto, está em nós. O sol, a lua,
as estrelas podem apagar-se, mas o mundo não ficará sem luz. Será Jesus a nossa
única luz, que brilhará para sempre, sem tempo e sem espaço.
O centro
da fé cristã é a espera. Não esperamos um acontecimento, ou uma coisa, mas uma
pessoa. O verdadeiro cristão anseia pelo encontro com Aquele que tanto ama, e
por quem dá a vida, Jesus Cristo. A última palavra deste caminho de procura não
está no caos, na destruição, na solidão, mas em Jesus. Ele tem a última
palavra.
As minhas palavras
não passarão
Esquecemos,
constantemente, a nossa fragilidade. Com frequência nos denominamos imortais.
Parecemos sempre tão seguros, imutáveis, intocáveis que nada nos pode abalar.
Mas basta a mais serena brisa nos surpreender, para de repente nos sentirmos
frágeis e recordarmos a nossa finitude. Um dia, também não haverá mais tempo,
nem espaço (como este), para nós. O que nos espera depois de tantas canseiras?
Nós, cristãos, apoiamo-nos na certeza imutável da ressurreição de Jesus. Porque
a última palavra é a do amor. Pode tudo passar, mas “o amor jamais passará”
(1Cor 13).
Tenhamos
a coragem da vigilância, de perceber os sinais que Deus coloca no caminho e que
nos indicam apenas o amor. Tenhamos a coragem de experimentar um caminho de
esperança e não de medo e destruição. Tenhamos a coragem de semear, no escuro
do inverno, a cor do Evangelho que renova todas as coisas, porque cada hora é
única!
VIVER
A PALAVRA
Cultivarei
uma vigilância perseverante sobre o curso da minha vida, assente numa total
confiança em Deus.
REZAR A PALAVRA
Meu Deus, só Tu guardas o segredo do porvir, acendes o sol e
fortificas as estrelas,
Tu és Aquele que segura os céus e tem as coordenadas dos ventos.
Tu és o Senhor!
Meu Deus, imenso e próximo: confio o meu viver à tua
omnipresente solicitude.
Tu és o único que me conhece, confio todo o meu ser à tua
omnisciente bondade.
Tu és o meu Criador e meta, confio o meu querer à omnipotente
força do teu amor.
O teu colo me mima, o teu perdão me regenera, a tua beleza me
alinda: confio em Ti!
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