Naquele tempo, aproximou-se de
Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?».
Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o
único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é
este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior
que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus
é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a
inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais
do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma
resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E
ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.
Caros amigos e caras amigas,
neste Domingo, Jesus apresenta-nos a primeira de todas as suas propostas.
Convida-nos a um compromisso de amor único e total a Deus e aos irmãos. A
Palavra do Senhor questiona a quantidade e a qualidade do nosso amor.
Com todo o teu
coração, com toda a tua alma
A vida é
feita de regras, assim como a vivência religiosa do povo judeu também o exigia.
Uma lei repartida em múltiplas ordenações e prescrições, descentrava do
essencial a busca da fonte da felicidade dos mais sedentos. A aproximação do
escriba a Jesus transporta consigo a dúvida de todos nós. Entre tanto que já
escutámos Dele, tanto que possamos saber ou experimentar, Jesus propõe-nos “uma
só coisa necessária”: amar! Este Deus único, que Ele apresenta como pai de amor
maternal, é a meta, o caminho e o alimento da nossa estrada, é o nosso tudo e é
também com o “nosso tudo” que devemos amá-Lo.
Deus
habita todo o nosso sentir, todos os nossos afetos, medos e anseios. Se lhe
abrirmos, escancararmos, as portas do nosso coração, Ele inundará cada recanto.
Não podemos oferecer-lhe partes de nós. Amar a Deus é confiar-lhe um coração
por inteiro, que só Ele conhece. Deixemos que Ele toque todas as peças do nosso
coração, muitas vezes partido, e o conserte e molde à Sua imagem. A nossa alma
tem sede Dele, pois só Ele nos pode oferecer a água viva que buscamos. Nada nem
ninguém poderá preencher essa sede que nos “persegue” e inquieta. Amá-Lo com
toda a alma, é deixar-se cair no Seu colo de amor que nos acaricia e conforta.
Com todo o teu
entendimento e com todas as tuas forças
Só
amamos aquilo/aquele que conhecemos. Será que Deus ainda nos é estranho? É
certo, amigos, que ainda não o conhecemos "tal como Ele é”, mas a nossa
procura, o nosso aproximar, são reflexo dessa atração que nos estimula ao amor.
Quem ama, conhece e deseja conhecer ainda mais, passar tempo com o amado,
descobrir os seus gostos e preocupações, presenteá-lo, surpreendê-lo, encontrar
tempo para estar, conversar, fazer caminho lado a lado. É assim a nossa relação
com Deus? Quem ama a Deus, escuta, procura acolher os Seus ensinamentos e
pô-los em prática. Quem ama a Deus não ama o desconhecido, mas o melhor amigo.
Jesus
ensina-nos a medida do amor: amar sem medida, dar a vida, amar com todas as
forças; esse é o único e melhor sacrifício. Não há “meios amores”, “amor
parcial” ou em “part time”. O amor,
quando é amor, é total, requer e concentra todas as nossas forças, toda a nossa
vida.
Amarás o teu
próximo como a ti mesmo
O amor
não (sobre)vive só, não descansa, não tira férias nem fins de semana. O amor
precisa dar-se, só assim se realiza, só assim “é”. Jesus oferece-nos uma
proposta de amor, como caminho para a felicidade, só isso nos pede: amar a Deus
e aos irmãos. O amor a Deus tem a sua expressão nos irmãos, com os quais Ele se
identifica, e nos quais Ele habita. “Não há nenhum mandamento maior que estes.”
Podem propor-nos muitos caminhos, muitas soluções, muitas regras e lições, mas
só o amor a Deus e aos irmãos nos completa, porque fomos criados pelo e no amor
e só Nele poderemos ser felizes.
Cristo
propõe-nos o amor como resposta ao Seu amor primeiro. O cristão conhece apenas
a linguagem do amor. Acolhe-a e comunica-a como necessidade vital e não como
obrigação ou encargo. Quem ama a Deus e ao próximo como a si mesmo, vive e
escreve o Evangelho sempre novo do amor!
VIVER
A PALAVRA
Avaliarei
a qualidade do meu amor a Deus e ao próximo, pela qualidade dos meus gestos e
atitudes.
REZAR
A PALAVRA
Ó Deus, profundidade vertiginosa e segura, altura inalcançável e próxima,
amplidão infinita e aconchegante! Tu estás em primeiro e em
último,
porque atravessas todas as sequências e lhes dás o sentido.Tu és
o sentido!
Sinto-me ínfima parte do teu mistério, mas parte pensada,
desejada, amada.
Concede-me, Senhor, que te ame, na minha inteireza, e que possa
vislumbrar
a totalidade da tua presença no dom daqueles que colocas no meu
caminho.
Concede-me, Senhor, que me conjugue em todas as formas do verbo
amar.
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