quinta-feira, 1 de novembro de 2012

XXXI Domingo Comum B


Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.

Caros amigos e caras amigas, neste Domingo, Jesus apresenta-nos a primeira de todas as suas propostas. Convida-nos a um compromisso de amor único e total a Deus e aos irmãos. A Palavra do Senhor questiona a quantidade e a qualidade do nosso amor.

Com todo o teu coração, com toda a tua alma
A vida é feita de regras, assim como a vivência religiosa do povo judeu também o exigia. Uma lei repartida em múltiplas ordenações e prescrições, descentrava do essencial a busca da fonte da felicidade dos mais sedentos. A aproximação do escriba a Jesus transporta consigo a dúvida de todos nós. Entre tanto que já escutámos Dele, tanto que possamos saber ou experimentar, Jesus propõe-nos “uma só coisa necessária”: amar! Este Deus único, que Ele apresenta como pai de amor maternal, é a meta, o caminho e o alimento da nossa estrada, é o nosso tudo e é também com o “nosso tudo” que devemos amá-Lo.
Deus habita todo o nosso sentir, todos os nossos afetos, medos e anseios. Se lhe abrirmos, escancararmos, as portas do nosso coração, Ele inundará cada recanto. Não podemos oferecer-lhe partes de nós. Amar a Deus é confiar-lhe um coração por inteiro, que só Ele conhece. Deixemos que Ele toque todas as peças do nosso coração, muitas vezes partido, e o conserte e molde à Sua imagem. A nossa alma tem sede Dele, pois só Ele nos pode oferecer a água viva que buscamos. Nada nem ninguém poderá preencher essa sede que nos “persegue” e inquieta. Amá-Lo com toda a alma, é deixar-se cair no Seu colo de amor que nos acaricia e conforta.

Com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças
Só amamos aquilo/aquele que conhecemos. Será que Deus ainda nos é estranho? É certo, amigos, que ainda não o conhecemos "tal como Ele é”, mas a nossa procura, o nosso aproximar, são reflexo dessa atração que nos estimula ao amor. Quem ama, conhece e deseja conhecer ainda mais, passar tempo com o amado, descobrir os seus gostos e preocupações, presenteá-lo, surpreendê-lo, encontrar tempo para estar, conversar, fazer caminho lado a lado. É assim a nossa relação com Deus? Quem ama a Deus, escuta, procura acolher os Seus ensinamentos e pô-los em prática. Quem ama a Deus não ama o desconhecido, mas o melhor amigo.
Jesus ensina-nos a medida do amor: amar sem medida, dar a vida, amar com todas as forças; esse é o único e melhor sacrifício. Não há “meios amores”, “amor parcial” ou em “part time”. O amor, quando é amor, é total, requer e concentra todas as nossas forças, toda a nossa vida.

Amarás o teu próximo como a ti mesmo
O amor não (sobre)vive só, não descansa, não tira férias nem fins de semana. O amor precisa dar-se, só assim se realiza, só assim “é”. Jesus oferece-nos uma proposta de amor, como caminho para a felicidade, só isso nos pede: amar a Deus e aos irmãos. O amor a Deus tem a sua expressão nos irmãos, com os quais Ele se identifica, e nos quais Ele habita. “Não há nenhum mandamento maior que estes.” Podem propor-nos muitos caminhos, muitas soluções, muitas regras e lições, mas só o amor a Deus e aos irmãos nos completa, porque fomos criados pelo e no amor e só Nele poderemos ser felizes.
Cristo propõe-nos o amor como resposta ao Seu amor primeiro. O cristão conhece apenas a linguagem do amor. Acolhe-a e comunica-a como necessidade vital e não como obrigação ou encargo. Quem ama a Deus e ao próximo como a si mesmo, vive e escreve o Evangelho sempre novo do amor!

VIVER A PALAVRA
Avaliarei a qualidade do meu amor a Deus e ao próximo, pela qualidade dos meus gestos e atitudes.

REZAR A PALAVRA

Ó Deus, profundidade vertiginosa e segura, altura inalcançável e próxima,
amplidão infinita e aconchegante! Tu estás em primeiro e em último,
porque atravessas todas as sequências e lhes dás o sentido.Tu és o sentido!
Sinto-me ínfima parte do teu mistério, mas parte pensada, desejada, amada.
Concede-me, Senhor, que te ame, na minha inteireza, e que possa vislumbrar
a totalidade da tua presença no dom daqueles que colocas no meu caminho.
Concede-me, Senhor, que me conjugue em todas as formas do verbo amar. 

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