quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

IV Domino Comum B

Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia. (Mc 1, 21-28)

Caros amigos e amigas, Jesus vai à Sinagoga e começa a ensinar. Todos ficam admirados porque as suas palavras e os seus gestos libertam. Ainda hoje, a sua voz remete ao silêncio os gritos das nossas divisões.

“Todos se maravilhavam”
Quantas vezes não ficamos boquiabertos, encantados, seduzidos pelas palavras proferidas por alguém? E, quantas vezes, não ficamos também ofendidos por outras palavras ou pelos silêncios que tiram a vida?
Bem gostaria de saber o que Jesus disse naquele sábado na Sinagoga para que as pessoas ficassem admiradas. Além disso, o jovem Mestre, vindo de Nazaré, trazia apenas o título académico de carpinteiro. Contudo, as suas palavras despertavam o coração e embelezavam a vida.
Surpreendidos ficamos quando, mesmo sem o saber e após lermos o Evangelho, compreendemos que eram aquelas palavras que procurávamos, palavras que saciam o coração. Deus nunca fala para o vazio, mas quer fazer desabrochar a bela história que há em nós.

“Que tens Tu a ver connosco Jesus Nazareno?”
Como aquele homem na Sinagoga dizemos: “que tens a ver comigo, homem da Galileia? Que tens a ver com a minha vida, com a minha família, com o meu trabalho, com os meus momentos de festa ou de dor”? Como o endemoniado de Cafarnaum, podemos ir ao templo, participar na oração, professar a “nossa” fé, mas por dentro das nossas escolhas vivemos as contradições do que acreditamos. Dentro da nossas comunidades habita tantas vezes a lógica tenebrosa da divisão.
Ainda hoje, é demoníaca uma fé que coloca Deus longe do quotidiano. É demoníaca uma fé que vê em Deus um concorrente à felicidade, obrigando a mortificações. É demoníaca uma fé que se fica nas palavras vazias. É demoníaca a fé aborrecida e de fachada, formalista e fechada, que não toca a vida nem o mundo.
Conhecer Deus de pouco nos serve se não se faz vida. De nada serve ser cristão ao Domingo, durante uma hora, para se ser incrédulo o resto da semana. E podemos até seguidamente gritar: “Vieste para nos perder?” Mas Deus não vem para tirar a vida, mas para a intensificar. Mesmo se o Evangelho é excessivo e pede tudo, é para dilatar e multiplicar a existência.

Uma questão de autoridade
Naquele dia, Jesus falara não apenas de Deus, mas ousara falar como Deus. Os escribas, doutores das Escrituras e das tradições, enchiam as pessoas com as suas longas ladainhas e intermináveis lengalengas. Jesus, ao contrário, proclama a Escritura realizando-a, pondo-a em prática. As suas palavras tornam-se visíveis nos seus gestos de salvação, de cura, de libertação, que tocam o cerne da vida.
Será também por uma questão de autoridade que Jesus será condenado: que autoridade tinha Ele para expulsar os vendilhões do Templo?, para perdoar os pecadores?, para afirmar-se Filho de Deus?, para dizer as palavras de Deus? Ele fala como Deus porque O vive, porque fala com o mesmo coração de Deus.
Importante, então, não é dizer o evangelho, mas tornar-se e fazer-se Evangelho. Um Evangelho feito não apenas de palavras, mas de vida. É impossível amar Deus e depois contentar-se só de pão, satisfazer-se de coisas exíguas, saciar-se de pequenos amores. Para Deus, amar é sempre com todo o coração, com todas as forças, com todo o ser. Ele nasceu e veio para que tenhamos “vida em abundância”. Ele é, caros amigos e amigas, o verdadeiro tesouro, o fascínio do Evangelho.

VIVER A PALAVRA
Vou deixar que a Palavra e a autoridade de Jesus me provoquem o viver de cada dia.

REZAR A PALAVRA
Senhor, que tens a ver comigo? Que procuras em mim? Que esperas dos meus passos?
Vieste para me questionar? Para limitar os meus planos?
Para me expulsar do “meu território”? Que queres de mim, Senhor?
Que palavras são essas que me diriges e teimam semear questões no livro da vida?
Ensina-me o mistério da tua presença e o segredo da tua sabedoria.
Ensina-me a alegria do teu serviço e a transparência da tua autoridade.
Que o meu ser não procure respostas, mas esteja disponível para se maravilhar em ti...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

III Domingo Comum B

Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus. (Mc 1, 14-20)

Caros amigos e amigas, Jesus proclama o Evangelho de Deus! O Reino torna-se presente no dia-a-dia e, sem barulho, aproxima-se à margem do lago da nossa vida. Aqui um olhar e uma palavra fascinam e convidam-nos a sermos navegadores de outros mares.

“Está próximo o Reino de Deus”
O momento parece oportuno e não vale a pena esperar mais (S. Paulo). O olhar só para as memorias passadas, já fechadas no baú das recordações, ou virar-se apenas para os sonhos incertos do futuro só nos embriagam o presente. Para Jesus o momento é já: aqui e agora. Deus está agora presente, mesmo enquanto lês estas palavras, mesmo que não O sintas, mesmo que não dês por Ele, mesmo que o cansaço e a dor ofusquem o teu interior. Deus está próximo, está perto, ao alcance da tua vida!
Frequentemente nos queixamos da falta de tempo para fazer o que gostaríamos, para encontrar as pessoas que amamos, para gozar das alegrias que a vida nos dá ou da falta de tempo para chorar as mágoas e as tristezas. Quantas vezes não adiamos coisas e pessoas para momentos mais oportunos e dias melhores? E retardamos, talvez, assim também a fé, derrotados à tirania do caos quotidiano…

“Caminhando junto ao mar da Galileia, Jesus viu…”
Quando Deus chama, abraça-nos com o seu olhar. Jesus caminha e vê homens na faina da pesca: Ele aproxima-se e recolhe a vida onde ela está, no quotidiano das tarefas. Jesus caminha e vê. Em Simão vê Pedro, a rocha na qual fundar a sua Igreja; no pescador João adivinha o discípulo das mais belas palavras de amor; vê a adúltera e nela avista a mulher que ama; vê Mateus e, no cobrador de impostos, descortina a alegria do seguimento; vê Zaqueu e nele descobre a grandeza do coração. O Mestre também caminha em mim. Olha-me e, no meu Inverno, vê o grão que germina, intuiu uma generosidade que eu pensava não ter, adivinha uma melodia que ainda ninguém tocou (E. Ronchi). É um olhar que nos conhece, nos revela a nós próprios, nos envolve, afirmando segue-me! Podemos não saber a cor dos olhos de Jesus, mas naquele olhar descobrimos o amor apaixonado com que Deus nos ama!
Mas porquê segui-Lo? Não será algo displicente seguir um estranho para ser pescador de homens? Os quatro que O seguiram, que bem conheciam as rotas do lago, descobrem dentro de si o mapa do céu, do mundo, do coração, da humanidade. Um horizonte novo se abre e um novo sol brilha!

“Abandonar as redes”
Cristo não apresenta uma lista detalhada do que pretende; os discípulos não pedem explicações e correm logo atrás de Jesus. Os discípulos não estão preocupados com o que deixam atrás, porque encontraram Alguém. Estranha, mas sensata folia: não sabem ao que vão; sabem apenas com quem estão.
Ser pescador é conhecer ventos e marés, o luar e as estrelas e, entre essas, conhecer aquela que guia ao porto seguro, mesmo na noite mais escura ou no mar encapelado.
Deixar as redes é soltar-se das amarras que nos prendem a vida, enjaulam os pensamentos, bloqueiam a vontade e o amor. Ocorre deixar-se pescar por Deus, deixar-se abraçar naquele olhar. E renovados, seremos pescadores de homens, extraindo de dentro de cada um o tesouro da humanidade, escondido nas rugas da vida. Ser pescador de homens e mulheres é descobrir em todos o olhar de Deus, ajudando a germinar os dons ali semeados e fazendo desabrochar a beleza da vida. Assim, caros amigos e amigas, se proclama com a vida o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou descobrir o que preciso deixar para seguir Jesus.

REZAR A PALAVRA
Senhor, olha hoje a minha vida agitada pela confuência de tantas vagas,
a emprender navegações incertas, prisioneira de tantas redes...
Abre-me o tempo fecundado por Ti e deixa que mergulhe a minha na Tua Vida!
Tu encorajas o ambiente que permeia a minha procura: és a plenitude!
Tu resplandeces como um sol na esperança que me levanta: és a energia!
Urge que corte todas as redes que prendem a minha resposta e te siga.
Deixo tudo pelo Tudo que és Tu. E no meu nada em que te semeias... nasce o mar!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

II Domingo Comum B

Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?». Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?». Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’. (Jo1, 35-42)

Caros amigos e amigas, no Evangelho de hoje alguns verbos são essenciais – procurar, encontrar, permanecer – e indicam um percurso para este ano novo.

“Vendo que Jesus passava”
Quem me dera ter o olhar de João que vê o Cordeiro de Deus aproximar-se. Desde a criação Deus anda à procura do homem (cfr. Génesis: “Adão, onde estás?). Ele procura-nos como manso cordeiro que não pede sacrifícios mas que se sacrifica por nós; não pede ofertas, mas dá-se Ele mesmo em holocausto. O Criador torna-se por amor vítima!
E quando nos encontra pergunta: “Que procurais?” As primeiras palavras de Jesus, no Evangelho de João, são a pergunta fundamental da existência. Que procuraremos na nossa vida? O que é nos move, arrasta, alegra, faz viver? Qual é a nossa maior fome e sede? O que é que nos deixa pobres? Quais são os nossos desejos mais verdadeiros? A resposta não será nem o dinheiro, nem a saúde, nem o poder. A mesma só pode ser dada pelo coração. A pergunta do Mestre é um convite para uma peregrinação ao coração, para compreendê-lo e decifrar as suas raízes. A vida move-se apenas por uma paixão, pelos sonhos, pela beleza e bondade. Nunca pela imposição.
“Quem procuras?” será perguntado no Jardim da Páscoa por Jesus a Maria Madalena que o deseja abraçar. Afinal, procuramos sempre o outro, alguém a quem abraçar. Se não estivermos apaixonados pela vida nunca encontraremos o Senhor.

“Mestre, onde moras?”
É quase como dizer: “Deus, onde estás”? Procuramos a sua casa para estar com Ele, para nos sentarmos aos seus pés e escutar as palavras que fazem viver, para habitar o milagre da sua amizade e reacender o coração, para O contemplar e Dele aprender a amar verdadeiramente. Todos procuramos aquele desejo de amor, aquele nome novo que só Deus sabe pronunciar, como no caso de Pedro, que torna a vida sólida e preciosa como uma rocha.
A fé é sempre este desejo de encontro, de presença, de relação e de fidelidade. E só quem encontrou Deus pode falar Dele e com Ele. A fé é a procura constante da casa do Mestre. É Ele a casa, onde a vida se torna festa.

“Foram ver onde morava e ficaram com Ele”
Mesmo se o endereço da casa não é indicado por João, bem gostaríamos de saber o que disse Jesus, naquele dia às quatro da tarde, aos dois discípulos que se sentiram fascinados pelo seu olhar. Mas, como é indiscreto gravar os segredos dos diálogos, nada ficou registado. Penso, contudo, que as palavras foram poucas. Na verdade, só nos encontramos com alguém quando paramos e permanecemos, quando temos tempo para escutar-lhe o coração, quando os silêncios dizem muito mais do que as palavras. Habitar, viver, morar, ficar, experimentar a vida ordinária do Mestre, gozar da sua companhia,… não são ideias ou poção mágica, mas uma experiência concreta de partilha de vida. E o amor mais do que dizê-lo, vive-se e experimenta-se.
Os discípulos ficaram até tarde. Também nós só o encontraremos se reservarmos tempo para a escuta do coração, para escutar aquelas perguntas que tornam viva a vida. Ele encontra-se nas margens do nosso hoje.
As horas vividas com Deus gravam-se para sempre. E quando Ele fixa o seu olhar sobre nós, a nossa vida transforma-se e torna-se contágio de milagre. Só Ele é, caros amigos e amigas, o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou manter alerta o meu olhar para perceber quando Jesus passa pela minha vida.

REZAR A PALAVRA
Senhor, procuro a fonte de onde jorra a verdadeira água que sacia a minha sede.
Senhor, procuro o caminho que me conduzirá à presença do amor maior.
Senhor, procuro a luz que dissipa as trevas do meu medo e da minha dúvida.
Senhor, procuro a brisa que segreda a essência do mistério do Teu abraço.
Mestre, diz-me, onde moras? Onde está a fonte, o caminho, a luz, a brisa...?
Nesta interrogação que me inquieta...descubro o Teu olhar que procura o meu
e me convida de novo: Vem, põe-te a caminho coMigo, vê e encontrar-Me-ás!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Epifania B

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho. (Mt 2, 1-12)

Caros amigos e amigas, deixar que o interrogante brilho de uma estrela fustigue o conforto das nossas certezas é um desafio tremendo que os Magos do Oriente hoje nos lançam. Não basta embalar-nos numa generosa dose de “bons” sentimentos. Para chegar a Deus há que peregrinar, prostrar-se e oferecer… tudo!

Vieram do oriente

Na Epifania celebramos a manifestação de Jesus a todos os povos e nações. Torna-se fácil pensarmos que esta manifestação é para os outros, esses pagãos, a quem bem sabemos diagnosticar a falta de fé, defeitos e carências espirituais. Mas há um vasto oriente a evangelizar dentro de nós, territórios que precisam urgentemente de serem irrigados pela Luz do Menino de Belém, é necessário levantar-nos do refastelamento de uma rotina acomodada e partir, para estreitar as distâncias que nos separam de Deus. Mas como saber o caminho? É preciso ter uns olhos atentos e disponíveis para dialogar com as estrelas que nos guiam até Deus. É preciso um coração sensível para nos deixar interpelar pelos sinais que Ele é pródigo em estender-nos.

Não é fácil o movimento de erguer os olhos. Temo-los presos às nossas comezinhas banalidades e instalados no nível mais confortável do horizonte. Não é por acaso que na liturgia, sobretudo neste tempo de Natal, surge frequente o convite a levantar-nos e a erguer os olhos! Ainda que ao primeiro impacto dolorosa, a Luz de Deus é a mais saciante experiência que podemos proporcionar à nossa capacidade de ver...

Prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O

Os magos dizem vir adorar, e também Herodes declara tal intenção, obviamente armadilhada. Mas onde está esse Herodes que se perturba com a perspetiva do nascimento de um Rei? Ainda procuramos um reino de coroas e de cetros, ainda pugnamos por ser o centro do universo. Desde Adão que pulula em nós esta tendência para competir com Deus, para desconfiar de Deus, para a loucura de admitirmos estar no lugar d’Ele. É esta a nossa desgraça. Adorar o Criador é a mais verdadeira e a mais libertadora atitude da criatura. Vale a pena dedicar-nos a procurar a omnipotência desconcertante deste Deus que nos procura até ao ponto de se manifestar na fragilidade de uma criança! Os magos, na sua atitude humilde e despojada, testemunham que a adoração a Deus é fonte de alegria, gerada na certeza de que Ele não tira nada, mas dá tudo (Bento XVI).

Regressaram por outro caminho

Aquele que encontrou Deus nunca pode permitir-se repetir caminhos velhos, onde a marca do pecado se insinua. O encontro com o Deus sempre novo torna-nos novos, dá-nos a aptidão para deixar ecoar em nós os sonhos de Deus, que rasgam aos nossos pés um mundo de possibilidades, desafiantes e duradouras!

Amigos e amigas, que a Palavra, a mais brilhante estrela que nos guia até ao Salvador, supere a noite dos nossos cansaços e desilusões, nos dissolva a penumbra da rotina e nos acorde um dinamismo apaixonado, capaz de romper fronteiras e galgar distâncias. Deixemos o nosso ser tornar-se incandescência do Evangelho!

VIVER A PALAVRA

Vou ser estrela, sempre nova, que conduz até Jesus.


REZAR A PALAVRA

Senhor,onde estás, tu que acabas de nascer?

Preciso ver-te, tocar-te, sentir-te perto, fascinar-me com a tua presença.

A estrela da Palavra me conduz até ao encontro com o mistério do teu amor.

No segredo da vida, no palmilhar da história, descubro o teu (re)nascer permanente

E, mergulhado na alegria do encontro, prostro-me para te adorar.

Trago comigo o tesouro que depositas em mim a cada momento,

a vida de procura e a sede de amor. Eis-me aqui, contigo!

domingo, 1 de janeiro de 2012

DA MENSAGEM DE BENTO XVI PARA O XLV DIA MUNDIAL DA PAZ

A expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens;

Eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.

Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.

A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver « coisas novas » (Is 42, 9; 48, 6).

A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida.

Urge a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo.

São necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos.

A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.

É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro » Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.

Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu.

Os média não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários

Viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam. Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.

Que é o homem? O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade

A “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo.

A paz é fruto da justiça e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo

A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída.

O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).

Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação.

Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.

A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos

A paz não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras

Vaticano, 8 de Dezembro de 2011.

BENEDICTUS PP XVI

2012! E agora?




2012


2012 bênçãos de Deus-Pai/Mãe!

2012 graças de Cristo Jesus!

2012 dons do Espírito Santo!

2012 ternuras de Maria. nossa Mãe!

2012 dias de luz a vencer as trevas!

2012 noites de luar e de estrelas!

2012 sonhos a realizar!

2012 razões para viver!

2012 sorrisos a partilhar!

2012 flores para regar!

2012 perdões a oferecer!

2012 oportunidades para ser feliz!

2012 esperanças para vencer a crise!

2012 caminhos para ser solidário!

2012 futuros a conquistar!
2012 abraços de Paz e Bem!