quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

III Domingo Comum B

Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus. (Mc 1, 14-20)

Caros amigos e amigas, Jesus proclama o Evangelho de Deus! O Reino torna-se presente no dia-a-dia e, sem barulho, aproxima-se à margem do lago da nossa vida. Aqui um olhar e uma palavra fascinam e convidam-nos a sermos navegadores de outros mares.

“Está próximo o Reino de Deus”
O momento parece oportuno e não vale a pena esperar mais (S. Paulo). O olhar só para as memorias passadas, já fechadas no baú das recordações, ou virar-se apenas para os sonhos incertos do futuro só nos embriagam o presente. Para Jesus o momento é já: aqui e agora. Deus está agora presente, mesmo enquanto lês estas palavras, mesmo que não O sintas, mesmo que não dês por Ele, mesmo que o cansaço e a dor ofusquem o teu interior. Deus está próximo, está perto, ao alcance da tua vida!
Frequentemente nos queixamos da falta de tempo para fazer o que gostaríamos, para encontrar as pessoas que amamos, para gozar das alegrias que a vida nos dá ou da falta de tempo para chorar as mágoas e as tristezas. Quantas vezes não adiamos coisas e pessoas para momentos mais oportunos e dias melhores? E retardamos, talvez, assim também a fé, derrotados à tirania do caos quotidiano…

“Caminhando junto ao mar da Galileia, Jesus viu…”
Quando Deus chama, abraça-nos com o seu olhar. Jesus caminha e vê homens na faina da pesca: Ele aproxima-se e recolhe a vida onde ela está, no quotidiano das tarefas. Jesus caminha e vê. Em Simão vê Pedro, a rocha na qual fundar a sua Igreja; no pescador João adivinha o discípulo das mais belas palavras de amor; vê a adúltera e nela avista a mulher que ama; vê Mateus e, no cobrador de impostos, descortina a alegria do seguimento; vê Zaqueu e nele descobre a grandeza do coração. O Mestre também caminha em mim. Olha-me e, no meu Inverno, vê o grão que germina, intuiu uma generosidade que eu pensava não ter, adivinha uma melodia que ainda ninguém tocou (E. Ronchi). É um olhar que nos conhece, nos revela a nós próprios, nos envolve, afirmando segue-me! Podemos não saber a cor dos olhos de Jesus, mas naquele olhar descobrimos o amor apaixonado com que Deus nos ama!
Mas porquê segui-Lo? Não será algo displicente seguir um estranho para ser pescador de homens? Os quatro que O seguiram, que bem conheciam as rotas do lago, descobrem dentro de si o mapa do céu, do mundo, do coração, da humanidade. Um horizonte novo se abre e um novo sol brilha!

“Abandonar as redes”
Cristo não apresenta uma lista detalhada do que pretende; os discípulos não pedem explicações e correm logo atrás de Jesus. Os discípulos não estão preocupados com o que deixam atrás, porque encontraram Alguém. Estranha, mas sensata folia: não sabem ao que vão; sabem apenas com quem estão.
Ser pescador é conhecer ventos e marés, o luar e as estrelas e, entre essas, conhecer aquela que guia ao porto seguro, mesmo na noite mais escura ou no mar encapelado.
Deixar as redes é soltar-se das amarras que nos prendem a vida, enjaulam os pensamentos, bloqueiam a vontade e o amor. Ocorre deixar-se pescar por Deus, deixar-se abraçar naquele olhar. E renovados, seremos pescadores de homens, extraindo de dentro de cada um o tesouro da humanidade, escondido nas rugas da vida. Ser pescador de homens e mulheres é descobrir em todos o olhar de Deus, ajudando a germinar os dons ali semeados e fazendo desabrochar a beleza da vida. Assim, caros amigos e amigas, se proclama com a vida o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou descobrir o que preciso deixar para seguir Jesus.

REZAR A PALAVRA
Senhor, olha hoje a minha vida agitada pela confuência de tantas vagas,
a emprender navegações incertas, prisioneira de tantas redes...
Abre-me o tempo fecundado por Ti e deixa que mergulhe a minha na Tua Vida!
Tu encorajas o ambiente que permeia a minha procura: és a plenitude!
Tu resplandeces como um sol na esperança que me levanta: és a energia!
Urge que corte todas as redes que prendem a minha resposta e te siga.
Deixo tudo pelo Tudo que és Tu. E no meu nada em que te semeias... nasce o mar!

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