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quinta-feira, 18 de abril de 2013

IV Domingo Páscoa C




Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».

Caros amigos e amigas, enquanto que os outros evangelistas têm parábolas, o Evangelho de João está cheio de imagens. Hoje, a beleza da imagem do bom pastor e a ternura das suas palavras revestem-se de uma enorme intensidade que transforma e alegra o coração.

“As minhas ovelhas escutam a minha voz e Eu conheço-as”
Escutar não é só ouvir os sons, mas é preciso a gramática da atenção e a pauta da sintonia para os decifrar. Ouvir é perceber um som; escutar é fazê-lo ressoar dentro, fazê-lo vibrar no coração. A gente vive daquilo que escuta, e a boca fala daquilo que vai no coração. Escutar é então o verbo da relação, da intimidade, do encontro, da partilha, do envolvimento e do compromisso.
A escuta é a primeira maneira de mostrar ao outro que existe, que é importante para mim. Quase como a mãe que ouve o choro do filho e aí escuta a necessidade de afecto, de presença, de alimento. Amar é principalmente escutar.
Escutar a voz do Pastor é ter a certeza que Deus fala e se dirige a mim. Mesmo se tantas vezes lamento o eco de um infinito silêncio, Deus atravessa a minha surdez, quebra a distância, dirige-me a sua palavra e o seu olhar. Os cristãos são aqueles que escutam a voz de Deus!
Para conhecer alguém não basta saber os dados do bilhete de identidade, tal como não basta conhecer de cor o rótulo de uma garrafa para conhecer o seu sabor, nem decorar uma receita para saciar a fome. É preciso experimentar, encontrar, perceber, saborear. Não te conheço porque sei onde vives ou tenho informações sobre ti, mas porque te encontro, acolho o que te habita, vejo quem és, o que sentes, o que vibra em ti. Do mesmo modo Deus conhece-me porque faz ecoar em mim a sua voz, me envolve, me transforma, me ama.

“Eu dou-lhes a vida eterna”
Há uma enorme desproporção entre aquilo que Deus faz por nós e aquilo que cada um deve fazer para corresponder ao seu dom. A vida de Deus, antes de qualquer resposta, mérito ou empenho, é-nos dada sem condições. Deus oferece um precioso tesouro: não coisas, mas a vida, a sua vida!
Muitos cansam-se, num activismo desenfreado, como se tudo dependesse deles, e esquecem a presença em si da humilde semente da vida de Deus.

“Ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai”
Nada nem ninguém, anjo ou homem, vida ou morte, presente ou futuro, nos poderá separar do amor de Cristo (S. Paulo). O homem é, para Deus, uma paixão tão grande que O faz atravessar a eternidade à nossa procura. Estamos nas mãos do Pai: as mãos que separaram o céu e a terra, mãos que moldaram o frágil barro de Adão, mãos estendidas aos doentes e a Pedro quando naufragava, mãos que partilharam o pão da vida na última ceia, mãos pregadas na cruz para um abraço eterno, mãos furadas que acolheram as dúvidas de Tomé… Amigos, nestas mãos eu confio a minha vida!
O Evangelho é uma longa história de mãos. Agora a tarefa é nossa: ser mão para os outros, prolongar o Evangelho.
VIVER A PALAVRA
Considero a alegria de saber que o Senhor me conhece e confio totalmente n’Ele.


REZAR A PALAVRA
Tu és o meu Senhor nada me falta!
Quando quiser encontrar o teu rosto seguirei o eco da tua voz,
confiante na segurança das tuas mãos fortes e ternas.
Tu és o meu Senhor nada me falta!
Concede-me, Pastor de beleza, a liberdade de te seguir nos verdes prados
e sacia-me com a frescura do teu Espírito.
Reconforta, Senhor, a minha alma e guia-me por caminhos rectos.
Tu és o meu Senhor nada me falta!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

X Domingo Comum


Naquele tempo, Jesus chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer. Ao saberem disto, os parentes de Jesus puseram-se a caminho para O deter pois diziam: «Está fora de Si». Os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu», e ainda: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios». Mas Jesus chamou-os e começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode aguentar-se. E se uma casa estiver dividida contra si mesma, essa casa não pode durar. Portanto, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não pode subsistir: está perdido. Ninguém pode entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens, sem primeiro o amarrar: só então poderá saquear a casa. Em verdade vos digo: Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado para sempre». Referia-Se aos que diziam: «Está possesso dum espírito impuro». Entretanto, chegaram sua Mãe e seus irmãos, que, ficando fora, O mandaram chamar. A multidão estava sentada em volta d’Ele, quando Lhe disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura». Mas Jesus respondeu-lhes: «Quem é minha Mãe e meus irmãos?». E, olhando para aqueles que estavam à sua volta, disse: «Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe». (Mc 3, 20-35)

Caros amigos e amigas, há uma estranha aliança entre os familiares de Jesus e os escribas para bloquear a pregação do Evangelho. Contudo, o Mestre não se deixa aprisionar e abre caminhos novos, ao encontro da sua família que é a humanidade.

“Está fora de Si”
Todos o conheciam bem após 30 anos em Nazaré. Aprendera a profissão com o pai, José, homem de confiança. E as mulheres alegravam-se com Maria, sua mãe, quando se encontravam na fonte. Todos se recordavam das brincadeiras e traquinices do pequeno Jesus e se encantavam, com a sua presença interessada e atenta, na sinagoga. Juntos formavam uma família honrada e respeitada. Agora, sem dúvida, os seus parentes sofriam. Pobre José que lhe deixara a carpintaria para poder formar a própria família… Folias da juventude, terá exclamado algum vizinho. Maria, ainda que escondesse as penas, alimentava uma semente de confiança. O filho feito vagabundo, fora de si, anunciava um mundo ao contrário, diverso, com um Deus amigo e próximo, como um Pai!
Na verdade, toda a vida de Jesus se passa “fora”: nasce fora da própria aldeia, até mesmo fora de casa, e é visitado por Magos vindos de fora; morre crucificado fora das portas de Jerusalém e, na manhã de Páscoa, sai fora do sepulcro! Toda uma vida fora e, ao mesmo tempo, à procura dos que estão fora, dos que estão longe dos enquadramentos e parâmetros pré-estabelecidos.

“Está possesso de Belzebu”
Era inadmissível a atitude de Jesus e até perigosa. Advogado dos marginalizados, daqueles que não contam, simpatizante de prostitutas e gente de pouco respeito, sublevador de multidões… Uma vida que incomodava os poderosos e os bem pensantes. Daí a terrível acusação: possesso de um espírito demoníaco!
Todavia, “tudo será perdoado”. Consoladora e grávida de esperança a declaração de Jesus! Nada há de irremediavelmente perdido para o Senhor da vida, qualquer que seja o passado de pecado e de morte que tenha desfigurado a beleza original da nossa semelhança e familiaridade com Deus. O que não se perdoa é a perversão do significado dos milagres atribuindo a satanás o que é de Deus. Estranha doença da alma que nega o amor do Espírito, adulterando a fonte da vida, subvertendo a alegria da família em solidão.

“Quem fizer a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã, minha Mãe”
Admirável e bendita genealogia divina que, “passando o olhar para aqueles que estão à sua volta”, rompe fronteiras e constrói uma nova arquitectura do mundo. A família de Jesus é fruto do seu olhar de amor, da escuta da sua Palavra, da partilha do seu Pão, de uma vivência. Ser de casa! Ser dos seus! Não por tradição, mas por pender dos seus lábios, por alimentar-se da sua presença, por ampliar o coração à sua medida!
Jesus não faz um apelo à desagregação da família, mas convida à dilatação da família, mais ampla daquela de carne e de sangue, além dos limites da casa, dos laços familiares, sociais ou religiosos, multiplicando o coração, retribuindo em centenas de irmãos, porque em cada pessoa há um fragmento de Deus. A família de Jesus ultrapassa os nossos sonhos. Deus é sempre excessivo, exuberante, muito para além dos nossos pensamentos e sacristias, até da fragilidade da nossa vida. Porque se o amor não for excessivo não é amor! E a única resposta é o excesso de amor.
Caros amigos e amigas, acolher este Jesus que conhece portas abertas além dos laços que aprisionam, e indica oceanos vastos e horizontes infinitos, é abrir o coração à vastidão e beleza do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero entregar ao Senhor a integridade da minha vida, na obediência à Sua vontade.


REZAR A PALAVRA
Senhor, estás mesmo fora de Ti, porque aceitaste fazer parte de mim.
Arriscas vir ao encontro da minha débil entrega e fazer caminho comigo.
Senhor, estás fora de Ti, porque encarnas permanentemente na minha história.
Arriscas experimentar as vicissitudes do meu tempo e da minha estrada.
Quero fazer da minha vontade a Tua, do meu desejo o Teu.
Quero fazer parte de Ti, da Tua família, meu Senhor e meu Deus!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

I Domingo Advento B

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!». (Mc 13, 33-37)

Sempre nos custa esperar. Mas quando o amor é maior, o tempo de espera constrói-nos por dentro e permite-nos criar espaço para o hóspede. É tempo de Advento, de espera(nça), de acolhimento, de surpresa, de trabalhar em nós a missão de sentinela! A qualquer momento, Cristo pedirá para entrar, para nascer de novo em nós.

Chegará o momento
A história faz-se de momentos. Pequenos flashes que constroem um caminho de busca e de espera. Há encontros previamente marcados, momentos que já esperamos e nos colocam numa atitude prévia de acolhimento. Mas na nossa vida, muitos mais são os momentos inesperados, os encontros surpresa, que testam a nossa capacidade de vigilância e de acolhimento. As novidades teimam em quebrar a nossa rotina. E ainda bem! Deus é sempre novo, a sua novidade convida-nos a vigiar, pois há sempre um novo momento de encontro com Ele.

A cada um a sua tarefa
No livro da vida, Deus precisa de nós. Atribui a cada um a sua tarefa. Confia nas nossas mãos, no nosso coração, nos nossos lábios, nos nossos pés…deixa-nos “entregues” à sua casa. Não nos questiona esta confiança desmedida de Deus? Como nos encontrará e encontrará a Sua casa ao voltar?

Vigiai!
Se soubéssemos quando o Senhor vem e como, não precisaríamos de vigiar, bastaria marcar uma hora com Ele, ou estarmos prontos no momento certo. Mas Deus é surpresa. Surge na tarde, no cansaço do trabalho, nas horas de menos paciência, de maior azáfama… e aí será urgente vigiar. Vigiar na tarde, é manter um coração sereno e aberto ao tudo que é Deus, pois só Ele basta.
Deus é surpresa. Surge à meia noite, quando o sono da rotina nos adormece, quando os sonhos pessoais escurecem o sonho de Deus sobre nós…e aí será urgente vigiar. Vigiar na noite, é deixar espaço para a gratidão, para o louvor, para o perdão e para o sonho que Deus tem para nós, pois Ele é tudo.
Deus é surpresa. Surge ao cantar do galo, quando a vida aflora e não temos tempo para Ele, quando os queixumes e o desespero nos deixam ensonados… e aí será urgente vigiar. Vigiar pela manhã, é abrir o coração à novidade da Palavra e à fome do Pão e deixar que seja Ele a conduzir o nosso dia, pois Ele quer habitar em nós.
Deus é surpresa e, ou vigiamos, ou nos encontrará a dormir.

VIVER A PALAVRA
Vou cultivar uma atenção permanente para ler os inesperados anúncios de Deus.

REZAR A PALAVRA
Perturbas-me, Deus da demora e da pressa, Deus do já e do ainda não.
Tu que me sacias, és a veemência da minha sede; Tu que me serenas, tanto me inquietas!
Tu que me procuras és o mesmo que me mandas esperar-Te em hora incerta.
Tu que és o milagre, nunca me dás resolvidas as equações da vida!
Tu que me fazes sonhar e és o meu repouso, não suportas encontrar-me a dormir!
Tu que, ao pormenor, me responsabilizas, envolves-me numa confiança infinda.
Perturbas-me e encantas-me, Deus novo, que me fazes de novo, em cada desafio.
Amo-te, supreendente Deus, que confias ao meu coração um pleno poder de amar!
Ofereço-te o meu labor, Deus que não deixas perder a minha vida quando morre por ti!
Espero-te, Deus que esperas sempre por mim e nunca desistes de me encontrar.
O teu momento já vive em mim: não deixes que a espera queime a esperança.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

XXVIII DOMINGO COMUM A

Naquele tempo Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial. e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos». (Mt 22, 1-14)

Caras amigas e amigos, Mateus oferece-nos mais uma página extraordinária e desconcertante que revela o sonho de Deus e a fragilidade do homem. Ocorre converter a fé triste para descobrir a beleza e a alegria de ser povo de Deus.

“Vinde às bodas”
Tudo começa com um dom, um convite, uma oferta. No princípio não está uma obrigação, uma proibição, um lamento, nem está primeiro aquilo que posso fazer por Deus, mas aquilo que Deus faz por mim. Ele convida a humanidade para umas núpcias, à festa do prazer de viver, à convivialidade, à fecundidade da alegria. O encontro com Deus é sempre banquete, júbilo, dança, sorriso, beleza. Ele prepara um banquete para todos os povos. E preparar uma refeição para alguém significa amá-lo, significa dizer-lhe: “quero que tu vivas”! Até parece que Deus não pode ficar sozinho e por isso anda num êxodo permanente à nossa procura.

Desculpas de ontem e de hoje
O drama de Deus é encontrar a sala vazia, a orquestra sem música, os copos sem vinho. É um Deus de pão e de festa, mas de uma palavra que ninguém escuta, impotente perante o nosso coração anestesiado. Contudo, o seu sonho é a sala cheia de comensais e de vida. Por isso não se desencoraja e regressa com entusiasmo e decisão às ruas e aos cruzamentos da vida. E se para nós a rejeição é um obstáculo, para Ele é motivo para alargar o convite e dilatar o sonho. Deus nunca capitula e, se as casas se fecham, Ele então abre estradas, acrescenta nomes à lista dos convidados, inventa novas comunhões. Não precisa de servidores constrangidos, mas de quem o deixe ser servidor da vida.
Nós pensamos que só há lugar para os bons, os puros, os beatos, mas ficaremos admirados quando virmos que o paraíso não está cheio de santos, mas de pecadores perdoados, de gente como nós. Ocuparão os lugares os Zaqueus, os Mateus, as Marias Madalenas, os cegos de Siloé, os paralíticos de Cafarnaum, os samaritanos e as adúlteras perdoadas. Deus festejará com todos, bons e maus, as bodas do seu Filho com a humanidade. Se a humanidade soubesse a ambição que Deus nela deposita a festa não teria fim. Porque Deus não se merece, acolhe-se.

Revestir-se de Cristo
Tantas vezes, pensamos e vivemos a fé como se de um funeral se tratasse. É urgente passar de uma fé crucificada para uma fé ressuscitada.
O homem sem a veste nupcial talvez não acreditasse que seria possível sentar-se à mesa do festim do rei e, por isso, não trouxe o seu contributo de beleza nem a prenda da sua alegria. Participar da festa e do júbilo de Deus sem estar envolvido no seu Espírito é como estar num casamento em fato de banho ou na praia em vestido de noiva.
O traje a meter é Jesus Cristo; é Ele a alegria da festa da vida. Revestir-se dos seus sentimentos, adornar-se dos seus gestos, embelezar-se com as suas palavras, perfumar-se com o seu Espírito, cobrir-se com a sua presença é, caros amigos e amigas, o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero arquitectar um coração disponível, para acolher o convite do Senhor.

REZAR A PALAVRA
Divino anfitrião do banquete do amor e da vida...
Volta a convidar a minha insensibilidade, sem fome do teu Nome,
volta a aliciar o meu paladar, poluído por enredos sem sutento,
volta a falar-me ao coração, para desposar o meu tempo distraído,
volta a preparar-me a casa com o manjar exorbitante do teu amor,
costura as minhas hesitações, com o traje da tua Verdade e veste-me...
de autenticidade, de festa, de ardor... perante Ti, Senhor da minha vida, quero viver!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Pescador da Humanidade - III Domingo Comum C

Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso, retirou-Se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou». Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus chamou-os, e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. (Mt4, 12-23)


Caros amigos e amigas, da sua cidade de Nazaré Jesus transfere-se para o coração da Galileia, para uma região nada prestigiosa, pobre e nas margens da fé. Aqui, onde ninguém o espera nem o deseja, Jesus escolhe anunciar o Reino de Deus. A partir de agora Ele será profeta pelos caminhos, nómada de Deus à procura dos que estavam perdidos e imersos nas trevas.

Ser a Galileia de Deus
Jesus passa entre gente humilde e esquecida e vê, numa casa de pescadores à beira de um lago desconhecido, a sua Igreja. Esta nasce ali, nas margens dum mar, num lugar de encontros, de partidas e chegadas, num cais de relações, de pessoas habitadas por outras. A Igreja é o contínuo caminhar de Deus ao encontro do homem.
Deus é um apaixonado que vai até onde ninguém o espera, nos confins da história e da vida. Um Deus capaz de sair dos momentos “sagrados” para intrometer-se no território da nossa existência, mesmo quando nos sentimos distantes, por vezes submersos nas sombras, para trazer a luz! Ainda hoje, Jesus caminha no nosso mar, escolhe habitar na nossa Galileia, encosta-se aos nossos trabalhos e preocupações, chama-nos pelo nome e convida-nos a ir com Ele. Cada lugar, cada tempo, cada situação é digno do amor de Deus! Nada, ninguém, nem nenhuma situação, por mais escura que seja, está longe do olhar e do aproximar-se de Deus.

Pescadores da humanidade
Entre mil vozes e rumores aquele rosto é inconfundível e aquelas palavras ecoam como únicas. Naquele olhar até os pescadores mais experientes naufragaram! Jesus chama os pescadores e esses descobrem que dentro de si não há apenas as rotas do lago, mas existe o mapa do céu, do mundo e do coração do homem. Sonhavam com um horizonte mais largo do que o mar e encontraram a vastidão do mundo. Sonhavam com barcas cheias de peixe e um dia ficarão admirados com uma multidão saciada e as sobras de doze cestos. Sonhavam libertar-se daquelas jangadas debaixo das trevas e encontraram uma luz deslumbrante. Sonhavam apenas com o próprio dia-a-dia e passaram a fazer parte do sonho de Deus.
Ainda hoje aquele “segue-me” é um convite para deixar as redes que nos aprisionam, para nos tornarmos pescadores da própria humanidade esquecida, para descobrir dentro do coração o mapa do coração de Deus. Naquele chamamento divino a fragilidade humana floresce e é convertida à vida.

O amor renova a vida
Jesus vê em Simão a pedra na qual fundará a sua comunidade; em João vê o discípulo das mais belas palavras de amor; um dia avistará em Mateus a pronta conversão do coração e na oferta da viúva no templo verá toda uma vida doada. O olhar de Jesus é um olhar criador, é profecia. Olha também para mim e no meu mar avista um tesouro, no Inverno da minha vida vê o grão que germina, descobre uma generosidade que desconhecia, uma melodia que ignorava. Deus faz-nos sempre nascer de novo. Porque quem experimenta o Amor, mesmo se morto, pode nascer. Só o amor faz viver! E Jesus ainda hoje passa e reacende a vida, deixando um rasto de milagres e esperanças. E isso, caros amigos, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero identificar os pontos mais escuros do meu viver e expô-los à luz do Evangelho de Jesus.

REZAR A PALAVRA
Senhor, pescador de corações sedentos,
vem habitar em mim, sombria região da morte, que grita pela tua vida...
Senhor, que abraças o meu querer inconstante,
toca a minha história, para que o meu sonho seja o teu...
Senhor, segredo do meu mar interior, convida-me...
para que deixe as redes que me prendem a um mar que não responde à minha fome...
para que deixe o barco que me conduz a viagens vazias de sentido.
Eis-me na tua rede, no teu barco...deixo-me...quero seguir-te...