quinta-feira, 6 de outubro de 2011

XXVIII DOMINGO COMUM A

Naquele tempo Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial. e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos». (Mt 22, 1-14)

Caras amigas e amigos, Mateus oferece-nos mais uma página extraordinária e desconcertante que revela o sonho de Deus e a fragilidade do homem. Ocorre converter a fé triste para descobrir a beleza e a alegria de ser povo de Deus.

“Vinde às bodas”
Tudo começa com um dom, um convite, uma oferta. No princípio não está uma obrigação, uma proibição, um lamento, nem está primeiro aquilo que posso fazer por Deus, mas aquilo que Deus faz por mim. Ele convida a humanidade para umas núpcias, à festa do prazer de viver, à convivialidade, à fecundidade da alegria. O encontro com Deus é sempre banquete, júbilo, dança, sorriso, beleza. Ele prepara um banquete para todos os povos. E preparar uma refeição para alguém significa amá-lo, significa dizer-lhe: “quero que tu vivas”! Até parece que Deus não pode ficar sozinho e por isso anda num êxodo permanente à nossa procura.

Desculpas de ontem e de hoje
O drama de Deus é encontrar a sala vazia, a orquestra sem música, os copos sem vinho. É um Deus de pão e de festa, mas de uma palavra que ninguém escuta, impotente perante o nosso coração anestesiado. Contudo, o seu sonho é a sala cheia de comensais e de vida. Por isso não se desencoraja e regressa com entusiasmo e decisão às ruas e aos cruzamentos da vida. E se para nós a rejeição é um obstáculo, para Ele é motivo para alargar o convite e dilatar o sonho. Deus nunca capitula e, se as casas se fecham, Ele então abre estradas, acrescenta nomes à lista dos convidados, inventa novas comunhões. Não precisa de servidores constrangidos, mas de quem o deixe ser servidor da vida.
Nós pensamos que só há lugar para os bons, os puros, os beatos, mas ficaremos admirados quando virmos que o paraíso não está cheio de santos, mas de pecadores perdoados, de gente como nós. Ocuparão os lugares os Zaqueus, os Mateus, as Marias Madalenas, os cegos de Siloé, os paralíticos de Cafarnaum, os samaritanos e as adúlteras perdoadas. Deus festejará com todos, bons e maus, as bodas do seu Filho com a humanidade. Se a humanidade soubesse a ambição que Deus nela deposita a festa não teria fim. Porque Deus não se merece, acolhe-se.

Revestir-se de Cristo
Tantas vezes, pensamos e vivemos a fé como se de um funeral se tratasse. É urgente passar de uma fé crucificada para uma fé ressuscitada.
O homem sem a veste nupcial talvez não acreditasse que seria possível sentar-se à mesa do festim do rei e, por isso, não trouxe o seu contributo de beleza nem a prenda da sua alegria. Participar da festa e do júbilo de Deus sem estar envolvido no seu Espírito é como estar num casamento em fato de banho ou na praia em vestido de noiva.
O traje a meter é Jesus Cristo; é Ele a alegria da festa da vida. Revestir-se dos seus sentimentos, adornar-se dos seus gestos, embelezar-se com as suas palavras, perfumar-se com o seu Espírito, cobrir-se com a sua presença é, caros amigos e amigas, o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero arquitectar um coração disponível, para acolher o convite do Senhor.

REZAR A PALAVRA
Divino anfitrião do banquete do amor e da vida...
Volta a convidar a minha insensibilidade, sem fome do teu Nome,
volta a aliciar o meu paladar, poluído por enredos sem sutento,
volta a falar-me ao coração, para desposar o meu tempo distraído,
volta a preparar-me a casa com o manjar exorbitante do teu amor,
costura as minhas hesitações, com o traje da tua Verdade e veste-me...
de autenticidade, de festa, de ardor... perante Ti, Senhor da minha vida, quero viver!

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