Naquele tempo, disse Jesus: «As
minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as
arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode
arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».
Caros amigos e amigas, enquanto que os outros
evangelistas têm parábolas, o Evangelho de João está cheio de imagens. Hoje, a
beleza da imagem do bom pastor e a ternura das suas palavras revestem-se de uma
enorme intensidade que transforma e alegra o coração.
“As minhas ovelhas
escutam a minha voz e Eu conheço-as”
Escutar não é só ouvir
os sons, mas é preciso a gramática da atenção e a pauta da sintonia para os
decifrar. Ouvir é perceber um som; escutar é fazê-lo ressoar dentro, fazê-lo
vibrar no coração. A gente vive daquilo que escuta, e a boca fala daquilo que
vai no coração. Escutar é então o verbo da relação, da intimidade, do encontro,
da partilha, do envolvimento e do compromisso.
A escuta é a primeira
maneira de mostrar ao outro que existe, que é importante para mim. Quase como a
mãe que ouve o choro do filho e aí escuta a necessidade de afecto, de presença,
de alimento. Amar é principalmente escutar.
Escutar a voz do Pastor
é ter a certeza que Deus fala e se dirige a mim. Mesmo se tantas vezes lamento
o eco de um infinito silêncio, Deus atravessa a minha surdez, quebra a
distância, dirige-me a sua palavra e o seu olhar. Os cristãos são aqueles que
escutam a voz de Deus!
Para conhecer alguém não
basta saber os dados do bilhete de identidade, tal como não basta conhecer de
cor o rótulo de uma garrafa para conhecer o seu sabor, nem decorar uma receita
para saciar a fome. É preciso experimentar, encontrar, perceber, saborear. Não
te conheço porque sei onde vives ou tenho informações sobre ti, mas porque te
encontro, acolho o que te habita, vejo quem és, o que sentes, o que vibra em ti. Do mesmo modo Deus
conhece-me porque faz ecoar em mim a sua voz, me envolve, me transforma, me
ama.
“Eu dou-lhes a vida
eterna”
Há uma enorme
desproporção entre aquilo que Deus faz por nós e aquilo que cada um deve fazer
para corresponder ao seu dom. A vida de Deus, antes de qualquer resposta,
mérito ou empenho, é-nos dada sem condições. Deus oferece um precioso tesouro:
não coisas, mas a vida, a sua vida!
Muitos cansam-se, num
activismo desenfreado, como se tudo dependesse deles, e esquecem a presença em
si da humilde semente da vida de Deus.
“Ninguém pode
arrebatar nada da mão do Pai”
Nada nem ninguém, anjo
ou homem, vida ou morte, presente ou futuro, nos poderá separar do amor de
Cristo (S. Paulo). O homem é, para Deus, uma paixão tão grande que O faz
atravessar a eternidade à nossa procura. Estamos nas mãos do Pai: as mãos que
separaram o céu e a terra, mãos que moldaram o frágil barro de Adão, mãos
estendidas aos doentes e a Pedro quando naufragava, mãos que partilharam o pão
da vida na última ceia, mãos pregadas na cruz para um abraço eterno, mãos
furadas que acolheram as dúvidas de Tomé… Amigos, nestas mãos eu confio a minha
vida!
O Evangelho é uma longa
história de mãos. Agora a tarefa é nossa: ser mão para os outros, prolongar o
Evangelho.
VIVER A PALAVRA
Considero a alegria de saber que o Senhor me
conhece e confio totalmente n’Ele.
REZAR A PALAVRA
Tu és o meu Senhor nada me falta!
Quando quiser encontrar o teu rosto
seguirei o eco da tua voz,
confiante na segurança das tuas mãos
fortes e ternas.
Tu és o meu Senhor nada me falta!
Concede-me, Pastor de beleza, a
liberdade de te seguir nos verdes prados
e sacia-me com a frescura do teu
Espírito.
Reconforta, Senhor, a minha alma e
guia-me por caminhos rectos.
Tu és o meu Senhor nada me falta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário