quinta-feira, 11 de abril de 2013

III Domingo Páscoa C




Naquele tempo, Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?». Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».

Caros amigos e amigas, nesta página Jesus ressuscitado ressuscita os discípulos desanimados. É no diálogo de amor que se superam as incertezas, as fragilidades e traições anteriores e se renova a vida.

Uma narração de ressurreição
Todo o texto, revestido de um ar primaveril e familiar, é o relato da ressurreição dos discípulos: a passagem da noite para a luz, da ignorância para o reconhecimento de Jesus, da improdutividade para a pesca abundante, do nada ter para comer para o banquete preparado por Jesus. A presença do Ressuscitado, até na nossa vida, produz sempre mudanças e recria a comunidade.

Reacender a vida
É uma noite amarga a de Pedro e dos amigos, reflexo de quem viu naufragar um sonho, uma pessoa, uma vida. Fechados na sua incerteza e fraqueza, depois do parêntesis místico, voltam à dura realidade no lago onde tudo tinha começado. Se por um lado eles retornam ao antigo trabalho de pescadores, por outro lado Jesus continua a sua actividade de amor. Pedro retoma as redes de pesca e Jesus retoma as relações de amor ali onde tinham parado, no jardim das oliveiras.
A fé nunca é um dado adquirido para sempre, como carimbo inapagável e garantido no passaporte da vida. É uma relação de amor, um conhecer progressivo que aquece o coração e alimenta a vida. E, como sempre, Jesus espera por nós no fim da noite mais escura.

“Tu, amas-Me”?
Jesus interroga Pedro e leva a confessar por três vezes o amor àquele que o tinha negado também três vezes por temor! “Enquanto Cristo morria na cruz, Pedro morria negando. O Senhor Jesus ressuscita dos mortos e, no seu amor, ressuscita Pedro” (S. Agostinho). Também como Pedro somos arrastados para a ressurreição! Criados para a vida, nada nos poderá separar do Amor!
No diálogo com Pedro vemos um dos diálogos mais fascinantes da história de Deus que procura o homem. E quando Jesus interroga a Pedro interroga-me a mim e a ti. A repetição da questão talvez seja mais importante do que a nossa resposta. Não importa mais as negações e os erros passados. Importa apenas o Amor que procura e pede amor. Nada mais! Naquela eterna pergunta, renovada incansavelmente, Deus torna-se apaixonadamente o mendigo do amor! E isso é Evangelho!


VIVER A PALAVRA
Quero revestir o meu olhar de amor para te reconhecer nas circunstâncias da vida.

REZAR A PALAVRA
Quando as minhas mãos apertarem as redes de uma noite de pesca sem fruto
traz à margem da minha vida, Senhor, a luz da tua aurora;
E faz que o calor da tua voz alimente a minha débil esperança.
Com as brasas do teu amor, Senhor, aquece o meu coração e alimenta-me da tua presença.

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