quinta-feira, 4 de abril de 2013

II Domingo Páscoa C




Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

Caros amigos e amigas, na oitava da Páscoa o evangelho apresenta-nos duas cenas: a aparição do ressuscitado aos seus discípulos na ausência de Tomé e o protagonismo de Tomé no encontro com o Mestre ressuscitado.

Shalóm
A saudação do ressuscitado «a paz esteja convosco», típica entre os judeus, não é uma simples saudação, mas é uma profecia e um acontecimento. O significado profundo de shalóm (paz) é de doação de um novo estilo de vida para cada pessoa e para as comunidades que seguem o projeto do espírito de Jesus Cristo: «como o Pai me enviou também eu vos envio a vós… recebei o Espírito Santo».

Olhos de Páscoa
Tomé não acredita no testemunho dos colegas: «vimos o Senhor». Ele sente a necessidade de experimentar pessoalmente o encontro com Cristo. Quando acontece o tu a tu, já não precisa de ver nas suas mãos o sinal dos cravos e de meter o dedo no lugar dos cravos ou a mão no lado aberto. Tomé fica fascinado pelo Mestre ressuscitado. De certo modo, Tomé representa-nos a todos. É uma figura atual que não aceita ser menos que os outros colegas que tinham visto o ressuscitado. Ele podia acreditar como nós pelo testemunho dos Apóstolos ou então como fez de pertencer ao grupo dos privilegiados que tocaram o mistério.
O encontro com o Ressuscitado transfigura o coração e a razão e lança-nos um enorme desafio: «não chega só pregar sobre ti, meu Deus, dar-te a conhecer aos outros, desenterrar-te dos corações dos outros. É preciso abrir nos outros o caminho que conduz a ti, meu Deus, e para isso é necessário ser um grande conhecedor da índole humana» (Etty Hilesum).

“Felizes os que acreditam sem terem visto”
Neste contexto Tomé exprime a máxima confissão de fé de todo o Novo Testamento. Ele dirige-se a Jesus como o antigo israelita se dirigia a Yahweh, isto é como o Senhor (Yahweh) e Deus (Elohim). A bem-aventurança que se segue à confissão de fé ilustra bem o facto extraordinário da aparição do ressuscitado-crucificado; o chamamento da comunidade para acreditar através da escuta e o valor do anúncio do Evangelho
Jesus chama felizes àqueles que acreditam sem ter visto. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. E isto, caros amigos e amigas, é o dinamismo do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero acolher do Coração do Ressuscitado a Vida que me faz mensagem do Seu Amor.


REZAR A PALAVRA
Bastantes vezes também eu não reconheço a tua presença viva e ressuscitada,
nos outros, na Igreja, no mundo e na história,
mas transforma o meu coração na paz da tua Páscoa,
para que, no dom do teu Espírito, possa sempre confiar e testemunhar-te,
Senhor e Deus, o amor sem medida.

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