Evangelho segundo S. Mateus 5, 12-23
Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso,
retirou-Se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à
beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta
Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, caminho do
mar, além do Jordão, Galileia dos gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma
grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou».
Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque está próximo o
reino dos Céus». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos:
Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois
eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores
de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante,
viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam
no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus
chamou-os, e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a
percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do
reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
Caros amigos e amigas, ainda hoje, Jesus escolhe habitar
na Galileia da nossa vida, caminha no nosso mar de trabalhos e preocupações,
chama-nos pelo nome e convida-nos a segui-lo. Nada, ninguém, nem nenhuma
situação, por mais escura que seja, está longe do olhar e do aproximar-se
luminoso de Deus.
Interpelações da Palavra
À beira mar…
Quanta gente,
quanto barulho, quanta confusão e promiscuidade, nesta região das periferias,
contaminada por estrangeiros e pagãos! Uma Galileia de gente com as mãos
corroídas pelo sal e o rosto queimado pelo sol. É aqui que o Reino se aproxima:
Jesus passa entre a gente e vê, numa casa de
pescadores, a sua Igreja. Esta nasce ali, nas margens dum mar, num lugar de
encontros, de partidas e chegadas, num cais de relações, de pessoas, de
comunhão. Ainda hoje, a Igreja é o contínuo caminhar de Deus ao encontro do
homem.
…um encontro…
Desde sempre se
tinham dedicado à pesca que lhes permitia sobreviver. Estavam, por isso, bem
familiarizados com as redes, com a humidade da noite, com o imprevisto das
ondas, com o mapa das estrelas que o pai, velho lobo do mar, conhecia como a
palma da sua mão. E, contudo, bastou um olhar, uma palavra, um encontro para
deixarem tudo. Ele não prometera nada: nem redes mais fortes, nem uma vida
melhor. Falara apenas de um Reino que se construía com o coração e com fios de
esperança. Bastara aquele convite para os jovens irmãos o seguirem. Naquele olhar até os pescadores mais experientes
naufragaram! Jesus chama e eles descobrem que dentro de si não há apenas as
rotas do lago, mas existe o mapa do céu, do mundo, do coração.
Jesus não rouba
a rede remendada, a barca desconchavada ou o pai idoso, mas alarga o coração,
faz viver cada momento e cada pessoa com um respiro universal, num oceano de
amor sem fronteiras.
…que renova a vida
É sempre Ele que
nos avista, nos encontra, nos habita, colocando o amor de Deus ao alcance da
mão e do coração. À semelhança de Pedro e André, de Tiago e João, Jesus olha para nós e no nosso mar avista um tesouro, no frio da nossa
vida vê o grão que germina, descobre uma generosidade que nós próprios
desconhecíamos, uma melodia que ignorávamos, e sussurra estradas de sol,
caminhos de alegria. Deus surpreende continuamente!
Quantos
pescadores estariam no lago naquele dia? Não sabemos; apenas que Jesus escolhe
irmãos! Os primeiros discípulos são companheiros de sangue! Desde o início, o
Evangelho é um convite à fraternidade e à comunhão profunda. Os discípulos são
gérmen de uma nova família, de uma Igreja de irmãos. Dois a dois! Nunca mais
sós!
Ainda
hoje, Jesus passa e reacende a vida,
deixando um perfume de sonhos e um contagioso desejo de felicidade, semeando um rasto de milagres e de esperanças. E isso,
caros amigos e amigas, é Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, disposto a lançar as
redes sem Ti, a ser eu a consertar,
intercetas o meu movimento
isolado e recusas o meu débil solucionar…
Sim, a Tua voz fez estremecer
o meu dia, o meu esforço e o meu doar.
O Teu convite sacudiu os meus
sonhos, o mapa traçado e o calendário definido.
Sim, a Tua voz abanou o meu
barco, a minha casa os meus laços.
O Teu olhar iluminou o meu
passado, o meu presente e o meu futuro.
Senhor, lança Tu as redes que
tocam os meus braços, conserta Tu as redes que trilham os meus pés
E, porque me convidas a
seguir-Te, serei, conTigo, pescador de Homens.
Viver a Palavra
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