quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Batismo do Senhor - A



Evangelho segundo S. Mateus 3, 13-17
Naquele tempo, Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser baptizado por ele. Mas João opunha-se, dizendo: «Eu é que preciso de ser baptizado por Ti e Tu vens ter comigo?». Jesus respondeu-lhe: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça». João deixou então que Ele Se aproximasse. Logo que Jesus foi baptizado, saiu da água. Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. E uma voz vinda do céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência».

Caros amigos e amigas, na festa que hoje celebramos reside uma esperança imensa: a certeza de que nada nem ninguém poderá mais fechar este céu que a fidelidade do Filho amado abriu, nem calar esta voz que, para sempre, nos declarará o seu amor.

Interpelações da Palavra
Veio ter com João Baptista
Estremeço!!! Na fila daqueles que caminham, carregados com a consciência dos seus pecados, vejo divisar-se a figura d’Ele, o Cordeiro sem pecado e sem mancha! Como é possível que venha ter comigo a Palavra de Quem eu sou a voz, o Caminho, para quem eu preparei o caminho, o Fogo no qual acendo a chama da minha mensagem? Aproxima-se como fagulha de luz, a insinuar-se nas trevas. Dou-me conta que um tempo novo se inaugura na relação dos seres humanos com Deus. Hoje vejo, de olhos deslumbrados, Deus a imergir na sua obra. Comovo-me ao contemplar o divino Oleiro de mãos empapadas com o barro onde insuflou a vida. Ali está Aquele que vem ensinar-nos o caminho do arrependimento, mas nele não nos deixa sós. Deus faz marcha com este povo que se liberta do mal, caminha com a imperfeição que ruma para beleza. Sou eu que quero receber d’Ele a graça regeneradora do perdão, mas é Ele me pede primeiro o caminho desimpedido para chegar a mim. Deixo-O vir… a água que eu derramar sobre Ele escorrerá como bênção para o mundo!

Abriram-se os céus
Os céus tantas vezes nos apareceram como véu intransponível que se interpunha entre nós, criaturas, e o Deus longínquo e inacessível… Não foi preciso que tivéssemos de perturbar o silêncio sideral; os céus rasgaram-se espontaneamente pois o Filho amado veio habitar o nosso chão e chamou todo o céu para esta terra que flore o próprio amor de Deus. Este chão agora é o céu. Por Jesus deu-se uma punção no véu que toldava os olhares. Nada mais se interporá entre o cúmplice olhar e o amoroso diálogo de Deus e das suas criaturas. Esta brecha é prenúncio daquela outra, feita no Coração de Cristo, o único lar que demandamos. A todos nos é possível penetrar no Santuário, no segredo de Deus, na torrente das suas delícias. Os ladrões do céu terão este encorajamento para arriscar! É preciso dar aos pobres esta estupenda notícia!!!

O Filho muito amado
Sobre o movimento do oceano da fidelidade do Filho dança o Espírito de Deus. A nova humanidade surgirá nesta carne preparada pela docilidade do Filho amado. Olho Jesus que sai da água, como o eclodir de uma nova criação. Jesus semeou na nossa humanidade aquela amabilidade que atrai o olhar enlevado de Deus. Só Jesus é absolutamente o Filho Amado, mas aqueles que O escutam e participam da sua fidelidade, tornam-se um com Ele e, por isso, estão aptos a escutar do Pai aquela mesma declaração de amor. É aqui, neste rio das minhas procuras, que O deixarei imergir; é aqui de entre as nuvens soturnas das minhas dúvidas que consentirei o golpear de uma voz; é aqui, no contexto da minha infidelidade, da minha fragilidade que se quer levantar, que permitirei que Ele vá fazendo progredir a doce narração do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Pai amoroso, abres os tempos com a Tua Palavra Criadora,
Abre o meu querer ao teu amor criativo, para que consita recriar-me da tua Palavra.
Filho amado, dás esperança àqueles que superam o conforto da passividade,
Que participe na tua fidelidade que, aqui e agora, é moção dos novos céus e nova terra,
Espírito de amor, fecundas a alegria de quem ousa caminhar ao teu ritmo
Torna o meu coração apto para acolher e deixar vibrar a declaração de amor do Pai.
Trindade Santíssima, adoro-vos e entrego-me ao vosso amoroso desígnio.

Viver a Palavra

Vou considerar o dom da minha vocação baptismal como um chamamento amoroso de Deus Trindade.

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