quinta-feira, 6 de agosto de 2015

XIX Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 6, 41-51
Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu». E diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?». Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».
Caros amigos e amigas, tantas são as nossas preocupações para prolongar a vida, a vida biológica! Mas que discurso é este que garante uma vida imortal? Não é demagogia barata: é um desafio de confiança em Deus.

Interpelações da Palavra
Murmuravam de Jesus
Não estranhamos se as palavras de Jesus sacudiram a admiração dos ouvintes que tinham sido saciados da fome corporal! Jesus quer aproveitar a oportunidade para os convidar a darem mais um passo na interpretação da vida. A vida de uma pessoa está muito para lá da biológica e essa vida precisa de se alimentar. Poderiam ter dado este passo, mas não: murmuraram. O murmúrio é subtil forma de colar um rótulo de descrédito a uma mensagem. Este é uma reedição daquele que, na caminhada do deserto, Israel já tinha imposto a Deus e a Moisés. Este murmúrio é um antepassado dos nossos murmúrios íntimos, sempre que não levamos a peito as inquietações que ainda hoje a Palavra de Deus nos proporciona. Achamos que já conhecemos tudo sobre Jesus, que já sabemos todas as “leis” da prática cristã… blindamos a capacidade de ser provocados, secamos o enxerto da comunicação deste Deus sempre surpreendente. Confiamos mais nas nossas contas, feitas com régua e esquadro, mas os resultados ficarão fracassados se tirarmos da equação uma medição essencial: a medida do amor de Deus, que não tem medida.

O nosso Deus é um Deus que desce
O Deus que no Êxodo se apresentara atento e solícito: “vi, ouvi e desci” é o Deus misericordioso que Jesus vem anunciar. Mais: a que Jesus vem dar rosto. Jesus é o Pão, é a mensagem, é a Vida daquela vida cuja indigência às vezes calamos e mascaramos com exterioridades anestesiantes. Em Deus não há distâncias. Também está no infinito sideral, mas está na partícula mais ínfima que nos compõe, é um Deus que deixa a essência das suas mãos no nosso ser, que deixa o seu sopro no nosso respirar. É um Deus que toma a nossa carne, que arma a sua tenda entre nós, que se humilha, que morre por amor! Antes de O comungarmos, é Deus que nos comunga! Mas a descida de Deus nem sempre é acolhida! Talvez temamos o risco de nos deixar encontrar e tocar por um Deus humilde e desarmante, talvez não nos apeteça assumir o seu modo despojado de amar! E, no entanto, como tudo seria diferente se O deixássemos comunicar connosco! Amigos e amigas, não desperdicemos a sua presença! A oração é o ponto de contacto, precisamos dela para deixar Deus resolver aquela fome mais acutilante que nos avassala o ser: amar e ser amados.

Um alimento para não morrer
A morte não acontece apenas pelo envelhecimento das nossas células, a flacidez dos tecidos, o mau funcionamento dos órgãos… a morte é este rondar contínuo do pecado, o esboroar da nossa relação com a Vida que nos gerou. E há fomes ilegítimas que não vêm senão desta sede da morte. Porque é uma ilusão pensar que a vida é um acumulado de saúde. A vida não vem de dentro de nós. A vida vem-nos de Deus e da capacidade de semearmos a nossa, no coração dos outros. Morremos quando deixamos de ser fiéis ao amor. Jesus, sendo o Pão da Vida, não é um elixir mágico que nos rejuvenesce as células, mas a poção preciosa que nunca deixa que a morte tenha uma palavra definitiva. Aquele que nos criou é esse que verdadeiramente nos alimenta. O que tinha de melhor Deus deu-nos, Jesus é a pérola da Vida, o clímax do amor de Deus, verdadeiro pão, concreto alimento na Eucaristia e na Palavra. Amigos e amigas, é este o alimento para não morrer, verdadeiro banquete que nos serve o Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, Pão Vivo que dá vida, dom de Deus que se aproxima e se dá sem medida,
São pequenas as palavras para Te louvar por tão grande dom.
Desces ao encontro da minha fome e sede, dor e solidão, do meu cansaço e desânimo,
Para seres vida, alegria e paz, porque és amor em dádiva constante.
Esse Pão que me dá vida para além do tempo e do espaço, que me ressuscita e me levanta,
Eu creio que vem do Céu, presente de Deus; eu creio que me alimenta eternamente…
Dá-me desse Pão, alimenta a minha esperança, para que também eu me saiba d(o)ar!

Viver a Palavra

Vou encontrar fomes concretas em mim que o Pão do Céu possa saciar.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

XVIII Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 6, 24-35
Naquele tempo, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago, subiram todos para as barcas e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus. Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará. A Ele é que o Pai, o próprio Deus, marcou com o seu selo». Disseram-Lhe então: «Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?». Respondeu-lhes Jesus: «A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou». Disseram-Lhe eles: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do Céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».

Caros amigos e amigas, tantas vezes as nossas procuras não vão além da satisfação do imediato. E vamos, de insatisfação em insatisfação, adiando a vida. Hoje Jesus aposta em acender em nós aquele rastilho de ousadia capaz de buscar, para lá do pão, o alimento que nos mata a fome mais funda do nosso ser.

Interpelações da Palavra
Como chegaste aqui?
Ficam admirados com a dimensão da peregrinação humana de Jesus. Tinham comido aqueles pães, “de graça” e parecia-lhes que aquele novo líder era o que lhes convinha para assegurar uma subsistência fácil. Muitas vezes o que buscamos em Deus e na sociedade é um assistencialismo automático e sem contrapartidas, pedimos “milagres”, mas esquecemos o compromisso. Jesus trava logo aqueles raciocínios “interesseiros” e aponta uma ousadia maior: Ele não vem resolver-nos uma imediata fome de pão, mas uma crise de sentido que resolverá o pão e o caminho! Mais que buscar o pão, Ele convida-nos a buscar nele a força que nos fará sair de nós mesmos para ser pão junto aos demais.

Praticar as obras de Deus
Quando perguntamos a Jesus o que é preciso “fazer” para corresponder às obras de Deus, parece que ficamos desapontados. Acreditar n’Aquele que Ele enviou?! Mas… acreditar é obra? Admiramo-nos! No entanto, o que Jesus nos pede, não é um “fazer” mas uma confiança na própria obra de Deus. E isto não é fácil! Quereríamos ser nós a “fazer” e afinal o grande desafio é olhar o que Deus faz, aceitá-lo, acolhê-lo e laborar nele…  E isto nada tem a ver com apatia e passividade, mas com a capacidade de trabalhar na própria obra de Deus. A nós, que gostamos dos direitos de autor, Ele quer que nos voltemos para a missão d’Ele. A nós que gostamos de nos destacar dos outros e do universo, Ele insiste em convidar-nos para a obra que nos fará ficar em harmonia com os outros e com o universo! Faz-nos falta ter fome, amigos e amigas. Faz-nos falta que o Outro nos faça falta. Precisamos drasticamente de encontrar uma pobreza dentro de nós que nos faça aptos para a partilha. A nós que gostamos de acumular, Ele diz que a acumulação é o gradeamento da liberdade, que só o despojamento nos libertará para tomar posse da harmonia do universo.

Eu Sou o pão da vida
Não nos basta evocarmos aqueles subsídios digestivos “caídos do céu”, Jesus diz-nos que temos de nos agarrar àquela força que nos desencarcera de nós mesmos para nos alimentarmos do Outro e nos darmos em alimento ao outro. “Dá-nos desse pão” é um pedido de fidelidade ao amor de Deus. O pão tem em si mesmo a identidade da partilha. E Ele é o Pão entregue por todos, Ele é o máximo do que Deus podia fazer por nós! O ser Ele Pão não é metáfora, é o sacramento em que Deus se esbanja para nos alimentar. Não há outro caminho para obter esse pão, senão seguir os gestos de Jesus, porque toda a semente que deseje o máximo da sua realização, sonha tornar-se Eucaristia, ou seja transformar-se em Jesus. E nós estamos nesta transformação de nós mesmos. Ser pão é a culinária do Evangelho!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
À tua procura, Senhor, subo a barca da conquista,
porque sei que me convidas ao “outro lado do mar”…
À tua procura, Senhor, faminta da verdade, do pão e da Palavra,
mergulho na Tua presença que me completa.
Dás-te em Pão, alimento eterno, oferta de Deus, tesouro que perdura.
Pão de Deus, a ti procuro, como terra árida, sequiosa… és oásis no meu deserto…
Senhor, dá-me sempre desse Pão. Procuro-te na minha fome e sede e creio que sempre me sustentas. És bom!

Viver a Palavra

Vou procurar o Pão da Eucaristia como dom do Céu que sacia a minha fome de felicidade.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Virgem Peregrina

Jovens JEF/MEL acompanharam de perto a visita da imagem da Virgem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima à Diocese de Bragança:

Grupo Juventude Franciscana de Sortes na Unidade Pastoral da Senhora da Serra.
Grupo Sorrisos Missiocários (Bragança) na Unidade Pastoral da Senhora das Graças.



quinta-feira, 23 de julho de 2015

XVII Domingo Comum B


Evangelho segundo S. João 6, 1-15
Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.

Caros amigos e amigas, o Evangelho narra a bela passagem da multiplicação dos pães. O pão, fruto da terra e do trabalho árduo de muitas mãos, resume a essencialidade do dia-a-dia e também a festa da partilha. O pão simboliza a nossa vida. E Deus, que deseja ser da mesma massa que nós, escolhe o pão para se encontrar connosco, no coração da vida, na eucaristia.

Interpelações da Palavra
Famintos de Deus
Quem me dera ser um daqueles cinco mil, naquela tarde primaveril, à beira do lago. Desejava estar ali não tanto pelo milagre do pão, mas sobretudo para estar com Jesus e ter o coração a arder, para O escutar e me alimentar das suas palavras que libertam, curam, consolam a vida. E imagino-me entre aquela multidão boquiaberta, olhando para os cestos de pão e peixe que circulam, comendo, saciando-se e enchendo os bolsos, abundantemente. Deus nunca manda ninguém para casa de mãos vazias. Na verdade, os seus cálculos do amor não coincidem com os nossos. A lógica da generosidade vence o egoísmo e o dom gratuito substitui a lógica do comprar.

A semente do milagre
O milagre inicia pela generosidade de um jovem. A sua oferta era irrisória diante daquela multidão esfomeada: apenas 5 pães e 2 peixes colocados nas mãos de Jesus, sem armazenar, correndo até o risco de passar fome! No entanto, o seu pouco torna-se fermento de milagre: é o sim humilde de Maria que se entrega totalmente, é o gesto da viúva que no Templo dá tudo o que tem. O gesto do jovem é contagioso: convida àquela dinâmica do dom, da entrega da vida, do dar-se naquilo que se faz. É o primeiro passo de um milagre inimaginável. Este jovem é ícone do dom infinito do Pai que dá o seu Filho, num amor que não faz cálculos!
Quando o “meu” pão se torna o “nosso” pão, então torna-se também origem de milagre, sacramento de comunhão. Hoje, Deus precisa da tua e da minha “merenda” para saciar o mundo, para alimentar os outros. Ele multiplicará sempre o gesto de amor até à abundância, ao excesso, à desmedida.
Todos somos suficientemente ricos para dar. Se olharmos bem temos tempo, talentos, um pouco de fraternidade, de paz, de alegria, de justiça,… E, como no relato do Evangelho, nada será perdido porque nada é demasiado pequeno para não servir de comunhão. Deus nunca deita fora a nossa vida, nem o mais pequeno gesto, porque somos demasiado preciosos. Ainda hoje há excessos de milagres espalhados no nosso quotidiano.

“Tomar, dar graças e distribuir”
São três verbos que transformam a nossa vida em Evangelho. Tomar e receber a vida, as pessoas, um pedaço de pão, a história. Agradecer e bendizer por aquilo que se é e se recebe, até as mais pequenas migalhas. E distribuir dando-se, porque cada um só é rico daquilo que dá, já que a vida não se pode aprisionar nem acumular, apenas partilhar e viver com os outros. E, quando assim é, a vida sobra em abundância. Assim vive-se em Eucaristia! E a Eucaristia torna-se vida! E o pão nosso de cada dia torna-se Evangelho!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor Jesus, atento a cada movimento, a cada dor e fome que me assalta.
Precisas dos meus cinco pães e dois peixes que, por graça, de Ti recebi…
Precisas o meu estar na multidão, disponível para a supresa e para a partilha.
Com o meu pouco fazes o milagre que transborda, a graça da comunhão
e a experiêcia da saciedade. Tu és o Pão que dá vida, o profeta que havia de vir
ao mundo… À mesa, santado à Tua beira, quero fazer sempre parte deste banquete.

Viver a Palavra

Vou descobrir o que em mim são os ”cinco pães e dois peixes a partilhar”.