AS TRÊS LUZES As três luzes…
Para ver não basta ter olhos. É preciso ter luz. E vemos o que vemos à imagem e semelhança da luz que temos…
Se a luz é fraca, fraca será a visão.
Se a luz é boa, a visão já será clara.
Além disso, as coisas tornam-se diferentes segundo as luzes que usamos. Com uma lâmpada de luz azul, todas as coisas se tornam azuis aos nossos olhos. Se tirarmos essa lâmpada e usarmos uma vermelha, todas as coisas se tornarão vermelhas…
Mas, falar de diversas luzes, é muito mais do que isto… Porque tudo pode ser visto a vários níveis. Não estamos condenados a ver somente a casca da existência. Para sermos capazes de conhecer verdadeiramente as pessoas com quem nos encontramos e percebemos profundamente as situações com que nos deparamos, temos que aprender a olhar por dentro, a ver fundo.
Na nossa vida há três luzes fundamentais: a luz do sol, a luz da inteligência e a luz da Fé.
A luz do sol ou das lâmpadas é a luz exterior que nos faz ver a casca de todas as coisas, a aparência de todas as pessoas e a forma de todos os acontecimentos. Mas não mais que isso… A esta luz, as coisas são sempre o que parecem. Tudo é apenas o que parece e aparece, o que se torna numa fonte inesgotável de equívocos…
É preciso descobrir uma luz que nos faça ver mais fundo, mais dentro…
A luz da inteligência é a luz racional que nos faz perceber o que as coisas são, as pessoas representam e os acontecimentos significam, para além das suas aparências e experiências imediatas. Mas viver é muito mais que raciocinar… A vida não é obrigatoriamente lógica! Ser pessoa é construir-se, num entretecido de opções, relações, escolhas, atitudes, recomeços…
A inteligência não chega para sermos felizes nem para nos construirmos de maneira sábia. Há realidades fundamentais na nossa construção pessoal que não são lógicas, como perdoar, por exemplo! Depois de sermos traídos, magoados, não é racionalmente lógico perdoar. Nesses momentos é clara a nossa razão a dizer-nos que perdoar não é mais do que abrir a porta a deixar-se magoar outra vez. Não é lógico “dar a outra face…” Mas… nós somos mais do que a nossa razão… A razão sem coração consegue chegar a extremos de desumanização…
É preciso, por isso, descobrir uma luz que nos faça ver ainda mais dentro, mais fundo…
A luz da Fé é a luz da Sabedoria que nos faz construir a vida como projecto chamado à plenitude. Por ela, todas as coisas se transfiguram aos nossos olhos! Os outros tornam-se irmãos e os acontecimentos tornam-se desafios a renascermos permanentemente de novo. Já não se trata simplesmente de perceber a realidade nos seus movimentos, na sua lógica, mas sim perceber o seu Sentido. A luz do sol e das lâmpadas faz-nos ver o que as coisas parecem. A luz da inteligência faz-nos ver o que as coisas são no âmbito da lógica racional. A luz da Fé faz-nos ver o que as coisas são no âmbito do seu Sentido, ou seja, o que estão chamadas a ser.
A luz da inteligência abre-nos à capacidade do raciocínio. A luz da Fé abre-nos à arte da Sabedoria de Viver! Percebemos a vida como projecto sonhado e amado por Deus, que brota do Amor e nele se plenifica! Damo-nos conta dos motivos válidos para viver, dos tesouros importantes a perseguir, das metas pelas quais vale a pena cansar-se…
A luz da Fé faz-nos ver com o olhar de Jesus, retira-nos dos olhos todas as escamas, pouco a pouco, como a Paulo (Act 9, 18). Ver como Jesus vê é olhar os outros, os acontecimentos e a vida de olhos limpos, desimpedidos de preconceitos, mágoas, rancores… É olhar tudo e todos à luz do Amor e da Verdade…
Como cristãos temos que iluminar todas as realidades com a luz da Fé. É esse o segredo da sabedoria e do testemunho que o Evangelho nos pede no dia-a-dia. Que saibamos olhar e ver tudo e todos a uma nova luz, que não é do mundo.
“A Tua Palavra, Senhor, é candeia para os meus passos e luz no meu caminho!” (Sl 119, 105)
Rui Santiago cssr
Mt 2, 1-18
Os Magos do Oriente - 1Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2E perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.» 3Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. 4E, reunindo todos os sumos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. 5Eles responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta:
6E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades da Judeia;
porque de ti vai sair o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de Israel.»
7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido.
8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.» 9Depois de ter ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. 10Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; 11e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra.
A luz deste NatalVimos a estrela e viemos adorá-lo
A acomodação cega-nos. A disponibilidade ilumina a nossa fraternidade.
Precisamos descobrir a luz que o outro traz dentro de si, só assim nos tornaremos humildes.
As estrelas do mundo, com o seu brilho fácil, ofuscam o brilho diferente da Estrela de Jesus.
E a estrela ia adiante deles
Que estrelas nos guiam? Que metas queremos alcançar? Quais os nossos sonhos?
Como construímos o caminho da nossa história? Com que meios?
Somos estrelas? Como orientamos a nossa luz?
Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria… e adoraram-no.
Onde nos conduzem as “nossas estrelas”?
Precisamos de “guias/estrelas”? Qual é a nossa estrela?
Que relação temos com a nossa estrela?
ORAÇÃOSenhor, Tu és:
Minha LUZ, quando a noite nunca termina,
Meu CAMINHO, quando as encruzilhadas são confusas,
Meu SOL,no céu dos dias cinzentos,
Meu OÁSIS, quando o caminho é poeirento,
Minha FONTE, quando o solo racha pela secura,
Minha MONTANHA, quando a profundidade dos vales me inquieta,
Meu JARDIM, quando a cidade cresce muito depressa,
Minha SABEDORIA, quando a razão assalta o coração,
Minha ESPERANÇA, quando a terra tem a cor de sempre,
Minha PAZ, quando eu faço guerra,
Minha VIDA, quando o meu coração deixou de bater,
Meu CANTO, quando as palavras me faltam,
Minha JUVENTUDE, quando o cansaço me oprime,
Minha ALEGRIA, quando a tristeza se ri de mim,
Minha ALELUIA, quando o pecado é pesado e duro,
Minha BRISA, quando me sinto abafado,
Minha VERDADE, quando me sinto abalado,
Minha CLAREIRA, quando as sombras me assaltam,
Meu CORAÇÃO, quando não encontro o meu,
Meu SENHOR, quando procuro tudo dominar,
Minha VITÓRIA, quando tenho de lutar,
Meu HORIZONTE, quando os meus olhos estão nublados,
Minha ESTRELA, quando …