quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

IV Domingo Advento B

Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». (Lc 1, 26-38)

Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje convoca-nos a escutar a Esperança e, como aquela jovem admirável de Nazaré, a sorrir a um Anjo. A cena da Anunciação é uma narrativa profundamente bela e uma novidade total na Bíblia. Todo o texto é composto em função do mistério de Cristo, a que Maria responde com disponibilidade total.

O imperativo da alegria: Alegra-te, ó cheia de graça
A absoluta iniciativa de Deus surpreende a humanidade. A saudação da voz vinda do céu, a do Anjo Gabriel «alegra-te ó cheia de Graça» = «tu que recebeste de graça» é uma palavra de bênção, que se tornou realidade em Maria e transformou a sua vida. Maria é definida pela sua essência de criatura harmoniosa e bela. A fé é dar atenção a quem nos chama pelo nome e espera uma resposta.
A reacção de Maria é natural e humana em dupla direcção: emotiva e racional. A pergunta que faz, toca o coração do mistério: «como é que vai ser isso, se eu não conheço homem?». O mensageiro responde: «a Deus nada é impossível». Diz, com efeito, que “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. Nenhuma palavra criadora é impossível a Deus. Eis a serva. “Eis-me aqui”. A palavra nasce do silêncio. O Anjo sai em silêncio. Aqui começa o grande desafio da fé. Maria na fé é o exemplo de quem procura Deus «na noite da fé» (Santa Teresa do Menino Jesus). Ela evangeliza com toda a sua pessoa e confia plenamente Naquele que nela confiou, pois só a confiança pode conduzir ao Amor.

O encontro com o mistério muda a vida
Depois deste mistério da anunciação, Maria é uma pessoa a quem foi entregue um grande segredo que mudou a sua vida. É um segredo de alegria, mas também de dor. A toda bela e cheia da ternura desmesurada de Deus, mostra-nos o evangelho da Esperança, e acompanha-nos sempre, para que a conversão do coração seja autêntica em nós.
Na Anunciação ela torna-se verdadeiramente templo, habitação de Deus. A jovem de Nazaré aparece como a amada e serva do Senhor, Virgem e Mãe. Figura singular, Ela reassume o antigo e antecipa o novo. A sua identidade está ligada à sua feminilidade e à sua maternidade. Tudo acontece na esfera do Espírito Santo, que é a fecundidade de Deus, a potência geradora do Pai. Maria foi a primeira a beneficiar dos frutos da obra da Redenção, tornando-se a imagem e o modelo, segundo o qual Deus quer refazer o rosto da humanidade.

Maria, a jovem da Páscoa
Na Anunciação, o Senhor revestiu de eternidade o tempo. Aqui antecipa-se o mistério total de Cristo realizado na sua Páscoa. A Deus nada é impossível, mas nós podemos fazer todo o possível. Na anunciação acontece a possibilidade do impossível. Aqui a vida aparece como uma fonte inesgotável de surpresa. A vinda da Palavra dependeu da palavra da jovem Maria.
Como Isaías, Maria diz o seu Eis-me aqui. A alegria da fé é submeter-se livremente à palavra escutada, por a sua verdade ser garantida por Deus, que é a própria verdade. Desta obediência, o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua realização perfeita é a “cheia de graça”.

VIVER A PALAVRA
Quero sentir-me visitado(a) por Deus e portador(a) do divino hóspede.

REZAR A PALAVRA
Senhor, a Tua eternidade visita o meu tempo tão banal, no assomo de cada surpresa!
Vozes de anjos musicam cada detalhe, cantam a tua anunciação em cada encontro!!!
O perfume da tua tocante presença inebria de júbilo a monotonia de cada repetição.
Fazes florir a terra, na humildade de cada sinal e brilhas no milagre de cada sorriso.
Meu Deus, quero encontrar na atenção de Maria a porta que te disponibilize o meu ser;
Quero beber da fecundidade de Maria a confiança e a ousadia que geram a Esperança;
Quero colher do silêncio de Maria a serenidade e a fé em que cresças, Palavra Criadora!
Eis-me aqui, Senhor! Faça-se em mim, segundo a Tua Palavra!

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