Paz e Bem
Já podes descobrir as notícias mais fresquinhas do nosso MEL/jovem.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Visitas aos grupos MEL
O Secretariado do MEL está a fazer as visitas aos grupos de crianças/jovens MEL com o tema: SANTICÓRDIA!
sábado, 17 de outubro de 2015
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
XXIX Domingo Comum B
Evangelho segundo S. Marcos 10, 35-45
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu,
aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o
que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles
responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e
outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber
o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?».
Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que
Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado.
Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim
concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto,
começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes:
«Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio
sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim
entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem
quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje convida
a passar do desejo do sucesso para o sonho dAquele que se fez servo de todos
para nos dar a vida.
Interpelações da Palavra
Na glória, um à direita e outro à esquerda…
Dois irmãos
sonhadores, algo atrevidos e ingénuos, antes que fossem ultrapassados pelos
amigos, confiam a Jesus um pedido de promoção. João, mais místico e espiritual,
e Tiago, de carácter forte, têm a coragem de manifestar abertamente o que todos
os outros discípulos escondem secretamente no coração: arranjar um bom lugar no
reino dos céus. Mas quem de nós não sonhará com um bom lugar, se possível ao
sol, na glória de Deus?
Não sabeis o
que estais a pedir
Imagino o sorriso de
Jesus que não condena a ambição dos discípulos nem o seu desejo de serem os
primeiros. Com uma delicadeza pedagógica orienta-lhes a estrada e o olhar: quem
desejar ser grande ocupe o lugar do último; quem quiser ser o primeiro comece
por servir.
Estaremos prontos a
seguir tal caminho? Quem me dera ter a resposta “yes, we can” dos irmãos, dispostos a beber do cálice e do baptismo
de Cristo. Talvez não tivessem consciência que o primeiro lugar se conquista na
cruz. Estar à direita e à esquerda de Jesus implica acompanhá-lo no calvário do
dom de si. Ali o pobre torna-se o príncipe do reino e os humildes são herdeiros
da terra. O caminho de glória passa pelo maior gesto de amor: servir e dar
vida.
Servir a vida e dar vida
Imagino a
atrapalhação dos filhos de Zebedeu e dos outros discípulos, repetindo em
silêncio aquelas palavras: servir, ser o mais pequeno, o último, o escravo…
procurando entender o sonho divino. De facto, o mundo novo começa com Cristo
que se “despojou de si mesmo, assumindo a condição de servo” (Filipenses 2,7)
para servir a vida. De facto, a partir de baixo é mais fácil escutar o pulsar
da vida, aperceber-se dos ínfimos detalhes, viver a realidade da história. Afinal
as raízes vêm do chão. Do alto, pelo contrário, a distância aumenta e
amplifica-se a solidão. Deus, para se fazer próximo, põe-se de joelhos diante
de cada um, como para o fazer crescer desde a raiz. Dali de baixo, procura os
olhos de cada filho, procura as feridas da terra para ligá-las com tecidos de
luz. O seu império é aquele minúsculo espaço que lhe basta para nos lavar os
pés (Ronchi). Ainda hoje, Deus é o servo que semeia vida, mais vida, sempre e
apenas vida. E o divino semeador sabe que tem de começar
a partir da terra…
O sonho e a ambição
do evangelho é de uma humanidade onde cada um se inclina não diante dos poderosos
do mundo mas do último; vive para se ajoelhar aos pés do outro e beijá-los de
luz, na certeza que é mesmo ali que se encontra Jesus, e se está à sua direita
e à sua esquerda. Então, caros amigos e amigas, escutaremos da sua boca: “Servo
bom e fiel entra e participa na alegria do teu Senhor” (Mateus, 25,21)!É a
floração do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, Mestre da vida, quero
que me faças o que Te vou pedir:
Concede-me um lugar de serviço
e doação sem limites que confunda a minha sede de poder,
para obter a riqueza da
humildade e da gratuidade;
Concede-me um lugar de escravo
de todos que bloqueie a “corrida concorrente” ao primeiro,
para obter a graça da verdade
e da fraternidade.
Concede-me o lugar da partilha
generosa, que estende a estrada de mim até ao outro,
para obter a graça do
verdadeiro encontro que se faz comunhão.
Senhor, Mestre da vida, a teu
lado, o meu lugar é o Teu lugar, é o lugar do próximo…
Viver a Palavra
Hoje, vou tomar o
lugar do meu irmão e deixar que o outro seja mais.
domingo, 4 de outubro de 2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
XXVI Domingo Comum B
Evangelho segundo S. Marcos 9,
38-43.45.47-48
Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos
um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque
ele não anda connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode
fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. Quem não é contra nós é
por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade
vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes
pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço
uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para
ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do
que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o
teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na
vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é
para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de
Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde
o verme não morre e o fogo nunca se apaga».
Caros amigos e amigas, o tesouro
da Palavra deste Domingo convida-nos a fazer um exame de consciência sobre o
nosso grau de permanência no grupo dos “de Jesus”. Podemos estar dentro mas com
os pés, as mãos e até os olhos bem afastados da caridade, do Evangelho. A
caridade é a bandeira dos que “andam com Jesus”.
Interpelações da Palavra
Não anda
connosco
Depois
de tentar ensinar os discípulos sobre quem é realmente o primeiro, Jesus vê-se
agora confrontado com o tema de quem anda com Ele ou não anda, quem pode curar
e quem não pode. Apesar dos esforços do Mestre em ensinar o valor do serviço e
do acolhimento, os discípulos acabam por não entender o Espírito que os anima.
Depois do “primeiro e do último”, surge a discussão do “dentro e fora”. O
relato de Marcos é iluminador. Ver um desconhecido que “não anda connosco” a
expulsar demónios é realmente um abuso e pode ser uma ameaça ao grupo… É uma
intromissão que é necessário impedir, cortar, deitar fora! Quantas vezes nos
preocupamos demasiado e gastamos rios de energia na “fiscalização da fé”.
Apontamos o dedo, passamos rasteiras e olhamos de lado aos que, mesmo fora do
grupo, do nosso partido, da nossa paróquia, da nossa sacristia, praticam o bem,
semeiam a caridade, libertam e curam. É tempo de recordar as palavras sábias do
Papa Bento XVI: “a maior perseguição da Igreja não vem de inimigos externos,
mas nasce do pecado na Igreja, e que a Igreja, portanto, tem uma profunda
necessidade de re-aprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender
por um lado o perdão, mas também a necessidade de justiça”.
A bandeira da caridade
Jesus
rejeita a posição sectária e excludente dos discípulos, que só pensam no seu
prestígio e crescimento e propõe uma postura de acolhimento e abertura
inclusiva: “Quem não é contra nós é por nós”. Fora da Igreja há um número
imenso de pessoas de boa vontade, corações cheios de humanidade e que
transbordam caridade. Neles está vivo e escrito o nome de Jesus, pois defendem
os valores humanos, o perdão e a fraternidade, tal como Jesus. A bandeira da
caridade não tem fronteiras nem partidos, porque o amor é universal. Não
podemos viver condenando iniciativas que ferem o “desde sempre” ou que não se
ajustam aos nossos modelos e medidas. Jesus convida-nos a alegrar-nos com o
bem, venha de onde vier. Faz bem quem é de bem, só ama quem se deixa revestir
pelo amor. O reino de Deus cresce também nos seres humanos de boa vontade que
levantam diariamente a bandeira da caridade no coração dos irmãos.
Mutilados pelo Espírito
Mas
há mãos, pés e olhos que são escândalo, mesmo pertencendo aos que “andam com
Jesus”. Não serão os nossos, caros amigos e amigas? Não seremos nós ocasião de
escândalo quando esmorecemos a caridade e desistimos do perfume da missão? As
mãos que não abençoam, não curam, não tocam os excluídos precisam ser cortadas.
Há pés que não caminham para estar perto, não procuram os perdidos: precisam
ser cortados. Há olhos que nunca veem ternura, não detetam o amor e o Evangelho:
precisam ser arrancados. É sempre possível a fidelidade ao Mestre, desde que
nos deixemos “mutilar” e purificar pelo Espírito. Temos que reaprender a nossa
identidade sem extremismos, mas também sem nos deixarmos dissolver no “tudo
vale”. Urge valorizar a pertença ao grupo dos que “andam com Jesus”, dos que
permaneceram em casa do Pai até ao dia da festa do irmão mais novo e fazer
festa sem condenar, acolher com um coração maravilhado e cantar o Evangelho.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, mata o escândalo que
dentro da minha mente me impede o acolhimento;
Corta o que, de dentro dos
meus pés, os prende ao comodismo e à passividade;
Ceifa o que de dentro das
minhas mãos as gradeia no egoísmo e na posse;
Arranca tudo o que de dentro
dos meus olhos não os deixa contemplar.
Dá-me, Senhor, um coração
puro, veste-me com o traje nupcial do teu amor!
Viver a Palavra
Vou afinar a minha
sensibilidade para reconhecer e encorajar tanto bem que existe à minha volta.
sábado, 19 de setembro de 2015
XXV Domingo Comum B
Evangelho segundo S. Marcos 9, 30-37
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam
através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava
os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos
homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os
discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar.
Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que
discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com
os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze
e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de
todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e
disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e
quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».
Caros amigos e amigas, quantas vezes
desconversamos perante Deus, face às exigências da missão que Ele nos confia!
No Evangelho de hoje Jesus afronta uma delicada questão que sempre temos
tendência em trazer à cena, as questões de precedências. Jesus elege o serviço
e a simplicidade como critérios de grandeza.
Interpelações da Palavra
Tinham receio
de o interrogar
Os
discípulos sabem, por experiência, como é arriscado fazer perguntas a Jesus ou dar-lhe
conselhos. Ele nunca lança propostas a meias medidas. Ele não condescende com a
mediocridade do assim-assim. A Palavra de Jesus é tão acutilante que ainda hoje
preferimos ficar com as nossas dúvidas engavetadas na ignorância e no pretexto
da timidez do que confrontar-nos com uma resposta da parte de Jesus que sabemos
que sempre nos comprometerá. Ainda hoje este receio de O interrogar nos embota
o crescimento. Tememos que Jesus nos dê a lição da humildade. Tememos o que Ele
nos possa pedir, vamos deixando fluir uma vida de fé morna, recitando um constante
“logo se verá” que não quer fechar caminhos, mas não tem a ousadia de os rasgar.
O maior é aquele que mais ama
Tal
como os discípulos, ainda hoje perdemos tanto tempo em discussões sobre
precedências entre idades, estatutos, medalhas e borlas… Quantas vezes isto é
causa de melindres, de amuos e de guerras, mesmo no seio da Igreja! Há um
descaramento que herdámos destes apóstolos de Jesus continuando a gerir tão mal
as nossas ambições! E o critério de Jesus é tão simples quando nos diz que o
maior é aquele que mais serve. O nosso problema nem é tanto servir. Até servíamos
sem parar, mas logo nos vem ao pensamento que aquele que mais serve não é
aquele que tem mais aplausos, não é aquele que tem mais honras, não é aquele
que é mais considerado. Os nossos lugares cimeiros são ocupados por gente
engenhosa, capaz de passar por cima dos outros. Quantas vezes testemunhamos que
aquele que mais serve parece ser o mais insensato, em frases como “não te mates
muito porque ninguém te agradece!” Como entender a “importância” do serviço no
escondimento? Há só uma forma de o entender e de saber que a Deus nunca é
agradável o trabalho do escravo, do que luta por um agradecimento, porque o
maior é aquele que mais ama e nunca se pode compreender um serviço sem amor.
Sim, se amo, sou feliz a servir, porque o servir é uma expressão de amor.
Ter um coração de menino
Jesus
senta-se, não fala de cima. Senta-se para que os amigos possam estar ao nível
dos seus olhos e compreendam o que é disponibilizar um regaço para o pequeno. Talvez
as chicotadas da vida, as traições dos outros, a consciência da fragilidade nos
façam reagir de modo a sentir-nos maiores, capazes de resistir a embates. As
manhas enferrujaram-nos a inocência, os vícios do calculismo instalaram-se,
procuramos adestrar a defesa perante os outros. E Jesus revela-nos que o
importante é sermos pequenos, capazes de receber o outro, desarmados, para que
ele se sinta em casa, quando instalado no conforto do nosso coração. Precisamos
de uma esperteza sim, mas não é a aprendida nas cartilhas da astúcia, é aquela
que procura conquistar o Reino de Deus através de uma inocência que não é
ingenuidade. Amigos e amigas, precisamos de pedir a Deus em cada manhã, com o
pão de cada dia, aquela dose de inocência capaz de nos lubrificar a confiança,
a tolerância, a misericórdia e o perdão. A engrenagem da Igreja fica perra, a
sua caridade deixa de fluir se os nossos “interesses” bloqueiam a misericórdia,
porque a misericórdia é o sumo do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, que caminhas para
Jerusalém semeando bondade, tem piedade da minha mesquinhez.
Que quando procuro sobrepor-me
aos outros sejas Tu o meu limite…
Senhor, Tu que não procuras
ser servido mas servir, envolve-me na alegria da tua entrega.
Que quando procuro
recompensas, Tu sejas o meu prémio.
Senhor, Tu que me lavas os
pés, e carregas o peso da minha maldade, liberta-me do egoísmo.
Que quando procuro fugir à
cruz e à morte, sejas a minha Ressurreição!
Viver a Palavra
Quero servir com
alegria e optar pela liberdade de não esperar recompensas pela minha
entrega.
domingo, 6 de setembro de 2015
XXIII Domingo Comum B
Evangelho segundo S. Marcos 7, 31-37
Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro
e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território
da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe
que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, afastando-Se com ele da multidão,
meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois,
erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer
«Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão
da língua e começou a falar correctamente. Jesus recomendou que não contassem nada
a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o
apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os
surdos oiçam e que os mudos falem».
Caros amigos e amigas, ouvir, escutar é condição
prévia para falar. Talvez este Evangelho nos permita pedir ao Senhor que rompa
a nossa surdez para que, uma vez capazes de ouvir a sua Palavra, possamos
anunciar, com credibilidade e coragem, as suas maravilhas.
Interpelações da Palavra
Um Jesus em saída
Não
é a primeira vez que surpreendemos Jesus em deambulações por territórios
“proibidos” para a ortodoxia judaica. Para aquele tempo de horizontes fechados,
o Mestre anuncia claramente que está “em saída” para fazer do mundo a sua
pátria e das terras dos famintos da palavra o seu púlpito. É neste território
da Decápole, terra de pagãos inveterados, que Ele se depara com uma surdez-mudez
não apenas passível de se abrir à sua Palavra, mas capaz de a “apregoar
intensamente”. Este Evangelho desafia os agentes da Evangelização a suprimirem
todo o cepticismo esterilizante, a não “escolherem” locais “mais propícios”
para a sementeira da palavra. Afinal, temos é de abandonar-nos ao movimento do
Espírito que “sopra onde quer” e continua a surpreender as nossas lógicas e
programas.
Um surdo que
mal podia falar…
Tocar-lhe
com os dedos, onde a sensibilidade do tacto é mais intensa, colocar-lhe na
língua a sua própria saliva são sinais de um profundo envolvimento. Tudo nos
faz recordar a criação do ser humano. O milagre torna-se um ícone da criação.
Este surdo-mudo é recriado, ganha a fisionomia original. Mas seria apenas uma
cura física? As preces mais imediatas são pelos males físicos. Ambicionamos o
bem estar, a ausência de dor e pedimos milagres apenas com este fim. No
entanto, todos nós somos portadores de chagas íntimas para as quais nem nos
lembramos de pedir socorro. Pedimos ninharias, bens temporais que se esfumam, e
não pedimos o Espírito Santo! A nossa surdez espiritual, a nossa gaguez para o
testemunho precisam do remédio da saliva de Jesus, empapada de Palavra,
precisam do toque sensibilíssimo dos seus dedos, que destilam a caridade,
precisam do som da sua voz que acorda o caos. E nós também podemos ser
instrumentos de Jesus para que outros possam abrir-se. E isto não se faz sem
atenção e solicitude.
Effathá!
Só
Jesus pode encher as nossas palavras vazias, só Ele nos pode dizer novamente
abre-te. Não é um “abre-te Sésamo!” mágico, é uma verdadeira recriação. O verbo
vem num tom imperativo, mas nada tem a ver com uma ordem gratuita, é antes um
apelo à confiança. Este, como todos os milagres de Jesus, não é feito à
distância de uma varinha de condão. Jesus envolve-se profundamente nele e
demanda o envolvimento de outros. O milagre começa por uma oração de
intercessão: “trouxeram-lhe”! O surdo mudo está rodeado de uma comunidade
orante. Como é grande a força da oração de intercessão! Mas depois tudo se
desenrola na privacidade. Jesus retira-o, elege-o. Respeita-o ao ponto de o
preservar dos olhares alheios! O admirável Mestre dá ao miraculado o
protagonismo da cura. É como se dissesse: “Tens capacidade de te abrires, não
sou eu que te abro, apenas bato à tua porta. A abertura depende de ti, da tua
disponibilidade para o acolhimento.” Jesus pede sempre uma colaboração no
milagre, desde o vinho de Caná, pelo pão da multiplicação até ao milagre da
última Ceia. Quando eu peço um “dá-me pão” Ele dá… depois de me ensinar a
lançar a semente à terra e passada a faina da colheira e da cozedura. Caros
amigos e amigas é assim que Ele continua a dizer-nos: “Effathá!” ao toque
surpreendente da sua graça, à saliva fecundante do seu Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, tenho dentro de mim
territórios pagãos que precisam da fertilidade da tua palavra,
Vem anunciar-me de novo a
alegria do imenso amor de Deus!
Senhor, tantas vezes os meus
critérios são obstáculo à força dos teus apelos,
Vem abrir o meu entendimento,
dá-me a docilidade de coração para te escutar e obedecer!
Senhor, há alturas em que os
medos me paralisam, o comodismo me desencoraja,
Vem acender a tua aurora nos
meus lábios, vem fecundar com a tua a minha mensagem!
Eis-me aqui, Senhor! Eis a
minha vida entregue à arte dos teus dedos criadores...
Viver a Palavra
Vou pedir ao Senhor
que me cure de toda a surdez e mudez espiritual.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Novenas da Senhora da Serra 2015
Experimenta este caminho com Maria até Jesus.
De 30 de agosto a 8 de setembro no Santuário da Senhora da Serra, no alto da Serra de Nogueira.
Com Maria até Jesus podes participar na caminhada do dia 30 com saída às 8.00h da Catedral de Bragança.
Diariamnete terás tempo para a oração de laudes, o sacramento da reconciliação, a celebração da eucaristia, dinâmicas juvenis, oração do rosário, novena, oração da noite e "evangelho dos sons".
No Espaço Jovem, através do grupo de Jovens Chiara, do qual fazem parte alguns elementos da JEF, encontras um espaço acolhedor de convívio entre os jovens que participam nas novenas com várias atividades juvenis.
De 30 de agosto a 8 de setembro no Santuário da Senhora da Serra, no alto da Serra de Nogueira.
Com Maria até Jesus podes participar na caminhada do dia 30 com saída às 8.00h da Catedral de Bragança.
Diariamnete terás tempo para a oração de laudes, o sacramento da reconciliação, a celebração da eucaristia, dinâmicas juvenis, oração do rosário, novena, oração da noite e "evangelho dos sons".
No Espaço Jovem, através do grupo de Jovens Chiara, do qual fazem parte alguns elementos da JEF, encontras um espaço acolhedor de convívio entre os jovens que participam nas novenas com várias atividades juvenis.
XXII Domingo Comum B
Evangelho segundo S. Marcos 7,
1-8.14-15.21-23
Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de
fariseus e alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. Viram que alguns dos
discípulos de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – Na
verdade, os fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado
cuidadosamente as mãos, conforme a tradição dos antigos. Ao voltarem da praça
pública, não comem sem antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a
que se prenderam por tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de
cobre -. Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os
teus discípulos a tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». Jesus
respondeu-lhes: «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está
escrito: ‘Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de
Mim. É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de
preceitos humanos’. Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos
prenderdes à tradição dos homens». Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão
e começou a dizer-lhe: «Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do
homem que ao entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna
impuro; porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades,
roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão,
inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do
homem e são eles que o tornam impuro».
Caros amigos e amigas,
continuamos em modo de refeição. Neste Domingo o Senhor provoca o nosso olhar,
crítico e saudoso, e propõe uma limpeza interior ao nosso coração para melhor
experimentarmos a refeição divina com um paladar sempre renovado.
Interpelações da Palavra
À volta de Jesus
Pelos
vistos, os fariseus e escribas também “seguiam Jesus”. Procuravam-no e olhavam
atentamente todos os seus gestos e atitudes. Reuniam-se à volta dele e cumpriam
escrupulosamente e zelosamente todas as prescrições antigas, conforme a
tradição. De tal forma eram “perfeitos” que lhes causava inquietação a falta de
cumprimento dos discípulos de Jesus. Caros amigos e amigas, são tantas as vezes
que estamos também à volta de Jesus e o procuramos assim, de modo “perfeito”,
em relação aos outros. O nosso olhar de medição, com a régua da tradição,
impede-nos de ver o essencial, deixando de ser contemplativos para ser
“mirones”. O nosso olhar de medição, com a balança do preceito, ofusca a
novidade e a liberdade do amor, deixando de ser misericordioso para ser
“assassino”. Urge escolher uma de duas atitudes na ceia de cada dia com o
Senhor: à volta dele de mãos e louça, limpas e intocáveis, ou à mesa com Ele
conscientes de que Só Ele nos pode purificar por dentro. Qual escolhemos?
O coração
está longe
“Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” O
cristianismo não é um aglomerado de prescrições e regras, mas uma relação de
amor com Cristo. Sem uma disponibilidade constante à novidade de Deus e uma
escuta atenta da Sua Palavra que nos renova, o culto que prestamos torna-se vão
e as doutrinas que ensinamos no altar e nas catequeses não passam de preceitos
nossos. Não podemos deixar-nos escravizar pelas tradições, pelo “sempre foi
assim”. Hoje, talvez chegássemos muito escandalizados junto de Jesus para
acusarmos “de mãos muito limpas”: já nada é como antes, antes é que era bom,
estes novos dão cabo da religião, tiram-nos a fé com estas modernices…. E quem
nos fez juízes? Não estraremos convertidos em “fiscais da fé”, como nos alerta
o Papa Francisco? O nosso coração continuará sempre longe de Deus, enquanto
colocarmos a tradição ou o culto, acima do mandamento do amor e da criatividade
do fogo do Espírito.
Duche ao interior
O
que sai do homem é que o torna impuro, não o que vem de fora. Há dúvidas? Jesus
é tão direto e esclarecedor. Verdadeiro e sábio Mestre! É de dentro de nós que
saem as más intenções. Não é o roubo do outro que me faz ladrão, nem o
adultério do vizinho que me torna infiel. São as palavras e os gestos que saem
de mim que constroem ou destroem o Reino. As mãos e os pratos que preciso lavar
para fazer parte do banquete é mesmo o meu coração. É urgente um duche de
misericórdia no nosso coração para que o nosso olhar seja limpo e terno,
acolhedor e grato.
Só
com o coração limpo pela misericórdia de Deus e com as mãos vazias de
preconceitos poderemos, caros amigos e amigas, saborear o Pão e o Vinho que o
Senhor prepara para nós e fazer festa, ser Evangelho.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, purifica os meus
lábios para melhor te dizer e anunciar ao mundo de hoje.
Senhor, limpa as minhas mãos
para gratuitamente Te oferecer e partilhar nas periferias.
Senhor, cura o meu olhar para
livremente Te contemplar em cada irmão.
Senhor, lava o meu coração
para alegremente te receber como alimento.
Senhor, esvazia o meu querer
para profeticamente acolher a novidade do Teu amor.
Viver a Palavra
Vou libertar o meu
olhar de críticas e preconceitos.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Novenas da Senhora da Serra
XXI Domingo Comum B
Evangelho segundo S. João 6, 60-69
Naquele tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus,
disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?». Jesus, conhecendo
interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes:
«Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava
anteriormente? O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras
que Eu vos disse são espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não
acreditam». Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não
acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar. E acrescentou: «Por isso
é que vos disse: Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai».
A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele.
Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». Respondeu-Lhe Simão
Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós
acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».
Caros amigos e amigas, depois da
longa catequese destes últimos Domingos, agora Jesus deixa-nos “entre a espada
e a parede”, há que tomar uma opção! Continuamos com um cristianismo “à minha
maneira” que só vai até onde o egoísmo deixar, ou ousamos acompanhar Jesus naquela
entrega “até dar a vida?”
Interpelações da Palavra
O murmúrio continua
Perante
as palavras exigentes de Jesus, eles tinham que inventar um pretexto para, de
qualquer maneira, se esquivarem a um compromisso. Primeiro era a multidão que
murmurava, agora são os discípulos. Aquela linguagem de “ser carne para se dar
a comer”, ou seja de sair da concha do meu egoísmo para prestar atenção aos
outros, não correspondia nem aos seus sonhos de bem estar temporal, nem muito
menos às suas ambições de grandeza humana. Como condescender com aquela ideia
louca de “me dar aos outros”? Primeiro murmuraram, depois acusaram Jesus de ser
demasiado duro. No entanto, Ele maravilha-nos quando não deixa perturbar a sua
serenidade nem pelo êxito, nem pelo fracasso. Jesus não está interessado em
“segurar” os ouvintes, nem busca o aplauso, por isso não amolda as palavras aos
seus gostos. A sua palavra é a verdade. E, como Mestre da verdade, Ele continua
a tentar revelar-nos o segredo do amor de Deus… e a incentivar-nos a apostar nas
coisas do espírito, porque “a carne não serve de nada”.
Jesus sabia
Sim,
Ele sabia. Não como adivinho sagaz, que coloca a intuição ao serviço de si
mesmo, mas como quem está apto a orientar. Aquele que nos conhece, melhor nos pode
conduzir pelos meandros dos nossos comportamentos até deixar exposta a nossa
incoerência e fragilidade. Neste texto comove-nos uma evidência que envergonha
os nossos juízos apressados e tendenciosos: Ele sabia até “quem era aquele que
o iria entregar”. E, no entanto, até ao cenáculo, a delicadeza do Mestre
permanece inalterável para com todos. Se eu estivesse no lugar de Jesus, não procuraria
arredar o opositor da minha vida? Mas Jesus nunca desiste de alguém! Sabemos
bem como mantém “aquele que O iria entregar” junto de Si e não o faz por
ingenuidade, nem usa da coação para com ele. Continua a alimenta-lo da Palavra
e da Eucaristia, ama-o até ao fim, dá-lhe o dom da sua confiança, tal como ao
volúvel Pedro, como aos outros frágeis dez. Faz o mesmo connosco: mantém-nos
com Ele… sempre. Procura-nos, acolhe-nos. Sabe que havemos de O negar, que O vendemos
por pouca coisa e no entanto… ama-nos… sempre! Como podemos ser indiferentes a tal
amor?
Quereis ir
embora?
Depois
das multidões e dos discípulos, por fim o crivo é aplicado aos Apóstolos! Esta
pergunta não é tanto para obter uma informação – porque Ele sabia – mas para
permitir aos próprios Apóstolos a consciência da sua adesão. Jesus tinha de pôr
as coisas claras. Não estranhemos se também às vezes nos põe à prova! Não é
tanto para “ver” se somos fiéis, mas para nos dar a conhecer a nossa
fragilidade e finitude e aquela incoerência que, encoberta, não nos deixará
avançar. O admirável Mestre não vive dependente dos nossos “sins” ou “nãos”.
Ele quer que nos deixemos conduzir por Ele, mas isso é tão livre, tão livre que
Ele deixa todas as portas abertas. Quem estiver com Ele terá de estar de uma
forma totalmente livre! E nós, amigos e amigas, não queremos ir embora. Como
afastar-nos do doce Evangelho?
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, a clareza da tua mensagem, a eloquência dos teus gestos atingem-me vitalmente.
Hoje, com Pedro, oro: já não
posso ir para mais nenhum lado. O meu olhar é a ti que procura.
Não poderei deixar de te
seguir se quiser investir no máximo de mim… e quero, Senhor!
Tu tens palavras de vida: a
tua Palavra fala-me por dentro, é ela que me move,
Tu és o meu Mestre, o centro
do meu viver, a fonte da minha vida, a tua vida me vivifica,
é na tua vida que renasço e
quanto mais de ti me encho tanto mais me posso tornar fonte.
Tu és a estrada e a meta. Não
deixes que nunca me possa afastar de ti. Aceito, quero seguir-te!
Viver a Palavra
Vou procurar, na
minha verdade, quais as motivações que me levam a seguir Jesus.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
XX Domingo Comum B
Evangelho segundo S. João 6, 51-58
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão
vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu
hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam
entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em
verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não
beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe
o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha
carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que
vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e
morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».
Caros amigos e amigas, é tempo de banquetes,
festas, comidas e bebidas…mas é sempre tempo de escutarmos e deixarmos
alimentar pela Palavra e pelo Pão de Deus, que é Jesus. Ele nos dá a vida para
que também nós tenhamos a coragem de nos darmos em alimento.
Interpelações da Palavra
Dou a Minha
carne
O
banquete da multiplicação da partilha do rapazito continua a “dar que falar”.
Jesus mantém a afirmação de base, verdade de fé: “Eu sou o pão vivo descido do
céu”. O Pão é oferecido, fruto do amor gratuito do Pai que se aproxima e desce
ao encontro das nossas (mais variadas) fomes. Podemos chamar-lhe um Pão
Universal. Hoje há tanta variedade de produtos que entram pelos tempos vazios
das nossas publicidades que parecem obrigar-nos a ter algumas fomes que nem
sequer temos. O Pão dado por Jesus é a Sua carne, alimento universal porque é
partilhado pela vida do mundo. É único e une, é vivo e dá vida, dá-se para que
também nós nos demos e sejamos sementes. Jesus não dá, dá-se, dá a sua carne
como alimento para que tenhamos vida, para não termos mais fome, nem habite em
nós o terror da morte. A Sua carne e o Seu sangue são agora alimento,
verdadeira comida e bebida, refeição divina e eterna.
Do como ao quem
Os
judeus e a multidão, por seu lado, escutam, questionam e discutem entre si… mas
como? Como pode Ele dar-nos a Sua carne a comer? Caros amigos e amigas, esta
questão continua ainda hoje quando não reconhecemos Jesus na Palavra e no Pão,
quando não sentimos fome deste amor infinito doado e partilhado. Hoje, somos
nós que perguntamos onde e como pode isto ou aquilo acontecer. Como pode Jesus
estar presente/ausente da nossa história? Continuamos mergulhados neste
mistério do como, porque teimamos encaixar nos nossos limites o milagre de
Deus. Jesus não responde aos comos,
não dá receitas dos seus milagres ou manuais de instruções para que saibamos
como “construir alimentos universais”. Jesus, tal como naquele imenso banquete,
continua a responder-nos com a palavra quem… A felicidade, a vida eterna é
fruto de uma relação de amor. Não se trata de saber como pode este milagre
acontecer. Jesus, por seu lado, propõe que QUEM comer viverá. Porque se não
comermos, não teremos a vida em nós. E… se continuamos detidos na teimosa
procura do como… não abraçamos a
magnífica realidade do quem!
Permanecer e
viver
O
alimento proposto por Jesus não é fruto de um saber ou conhecimento científico
do milagre eucarístico. Jesus insiste no ato de comer e beber, não no facto de
saber ou conhecer. Jesus dá-se em alimento, não em objeto de pesquisa ou
análise. Precisamos deixar-nos fascinar por esta surpresa de Deus, milagre
universal que se oferece em alimento. Desta refeição com sabor a caridade e
recheada de fé, nasce a esperança de uma vida por Ele, permanecendo Nele,
enviada com Ele, eterna.
Quem
participa deste banquete de amor, quem se deixa enamorar por tal presente que
não se merece mas se acolhe, quem procura um alimento de vida para a fome de
felicidade, esse (quem) permanece na
mesa, junto ao mestre na estrada da história ainda em construção. Convidados
para a festa da Palavra e do Pão, somos fome mas também mesa, porque
permanecemos inebriados pelo perfume do amor que se dá.
Quem come deste Pão que dá vida, dá-se em vida e torna-se, também ele, Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, verdadeira comida que
sacia a minha fome de mais e melhor.
Senhor, verdadeira bebida que
fecunda a secura e o medo de ser…
Quero dar-me, ser pão, viver
por ti…deixar-me sacrário que Te acolhe e Te abraça
e mesa que te reparte e
oferece. Quero ser espiga, semente, farinha e pão…
Senhor, Pão Vio descido do
Céu, ajuda-me também a descer, ensina-me a proximidade
e o gesto de ternura, encoraja
o meu dar e servir, para ser eucaristia.
Viver a Palavra
Vou encontrar um
momento para me dar, ser eucaristia no mundo de hoje.
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