Experimenta este caminho com Maria até Jesus.
De 30 de agosto a 8 de setembro no Santuário da Senhora da Serra, no alto da Serra de Nogueira.
Com Maria até Jesus podes participar na caminhada do dia 30 com saída às 8.00h da Catedral de Bragança.
Diariamnete terás tempo para a oração de laudes, o sacramento da reconciliação, a celebração da eucaristia, dinâmicas juvenis, oração do rosário, novena, oração da noite e "evangelho dos sons".
No Espaço Jovem, através do grupo de Jovens Chiara, do qual fazem parte alguns elementos da JEF, encontras um espaço acolhedor de convívio entre os jovens que participam nas novenas com várias atividades juvenis.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
XXII Domingo Comum B
Evangelho segundo S. Marcos 7,
1-8.14-15.21-23
Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de
fariseus e alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. Viram que alguns dos
discípulos de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – Na
verdade, os fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado
cuidadosamente as mãos, conforme a tradição dos antigos. Ao voltarem da praça
pública, não comem sem antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a
que se prenderam por tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de
cobre -. Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os
teus discípulos a tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». Jesus
respondeu-lhes: «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está
escrito: ‘Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de
Mim. É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de
preceitos humanos’. Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos
prenderdes à tradição dos homens». Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão
e começou a dizer-lhe: «Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do
homem que ao entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna
impuro; porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades,
roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão,
inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do
homem e são eles que o tornam impuro».
Caros amigos e amigas,
continuamos em modo de refeição. Neste Domingo o Senhor provoca o nosso olhar,
crítico e saudoso, e propõe uma limpeza interior ao nosso coração para melhor
experimentarmos a refeição divina com um paladar sempre renovado.
Interpelações da Palavra
À volta de Jesus
Pelos
vistos, os fariseus e escribas também “seguiam Jesus”. Procuravam-no e olhavam
atentamente todos os seus gestos e atitudes. Reuniam-se à volta dele e cumpriam
escrupulosamente e zelosamente todas as prescrições antigas, conforme a
tradição. De tal forma eram “perfeitos” que lhes causava inquietação a falta de
cumprimento dos discípulos de Jesus. Caros amigos e amigas, são tantas as vezes
que estamos também à volta de Jesus e o procuramos assim, de modo “perfeito”,
em relação aos outros. O nosso olhar de medição, com a régua da tradição,
impede-nos de ver o essencial, deixando de ser contemplativos para ser
“mirones”. O nosso olhar de medição, com a balança do preceito, ofusca a
novidade e a liberdade do amor, deixando de ser misericordioso para ser
“assassino”. Urge escolher uma de duas atitudes na ceia de cada dia com o
Senhor: à volta dele de mãos e louça, limpas e intocáveis, ou à mesa com Ele
conscientes de que Só Ele nos pode purificar por dentro. Qual escolhemos?
O coração
está longe
“Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” O
cristianismo não é um aglomerado de prescrições e regras, mas uma relação de
amor com Cristo. Sem uma disponibilidade constante à novidade de Deus e uma
escuta atenta da Sua Palavra que nos renova, o culto que prestamos torna-se vão
e as doutrinas que ensinamos no altar e nas catequeses não passam de preceitos
nossos. Não podemos deixar-nos escravizar pelas tradições, pelo “sempre foi
assim”. Hoje, talvez chegássemos muito escandalizados junto de Jesus para
acusarmos “de mãos muito limpas”: já nada é como antes, antes é que era bom,
estes novos dão cabo da religião, tiram-nos a fé com estas modernices…. E quem
nos fez juízes? Não estraremos convertidos em “fiscais da fé”, como nos alerta
o Papa Francisco? O nosso coração continuará sempre longe de Deus, enquanto
colocarmos a tradição ou o culto, acima do mandamento do amor e da criatividade
do fogo do Espírito.
Duche ao interior
O
que sai do homem é que o torna impuro, não o que vem de fora. Há dúvidas? Jesus
é tão direto e esclarecedor. Verdadeiro e sábio Mestre! É de dentro de nós que
saem as más intenções. Não é o roubo do outro que me faz ladrão, nem o
adultério do vizinho que me torna infiel. São as palavras e os gestos que saem
de mim que constroem ou destroem o Reino. As mãos e os pratos que preciso lavar
para fazer parte do banquete é mesmo o meu coração. É urgente um duche de
misericórdia no nosso coração para que o nosso olhar seja limpo e terno,
acolhedor e grato.
Só
com o coração limpo pela misericórdia de Deus e com as mãos vazias de
preconceitos poderemos, caros amigos e amigas, saborear o Pão e o Vinho que o
Senhor prepara para nós e fazer festa, ser Evangelho.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, purifica os meus
lábios para melhor te dizer e anunciar ao mundo de hoje.
Senhor, limpa as minhas mãos
para gratuitamente Te oferecer e partilhar nas periferias.
Senhor, cura o meu olhar para
livremente Te contemplar em cada irmão.
Senhor, lava o meu coração
para alegremente te receber como alimento.
Senhor, esvazia o meu querer
para profeticamente acolher a novidade do Teu amor.
Viver a Palavra
Vou libertar o meu
olhar de críticas e preconceitos.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Novenas da Senhora da Serra
XXI Domingo Comum B
Evangelho segundo S. João 6, 60-69
Naquele tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus,
disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?». Jesus, conhecendo
interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes:
«Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do homem subir para onde estava
anteriormente? O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras
que Eu vos disse são espírito e vida. Mas, entre vós, há alguns que não
acreditam». Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não
acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar. E acrescentou: «Por isso
é que vos disse: Ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai».
A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele.
Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». Respondeu-Lhe Simão
Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós
acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».
Caros amigos e amigas, depois da
longa catequese destes últimos Domingos, agora Jesus deixa-nos “entre a espada
e a parede”, há que tomar uma opção! Continuamos com um cristianismo “à minha
maneira” que só vai até onde o egoísmo deixar, ou ousamos acompanhar Jesus naquela
entrega “até dar a vida?”
Interpelações da Palavra
O murmúrio continua
Perante
as palavras exigentes de Jesus, eles tinham que inventar um pretexto para, de
qualquer maneira, se esquivarem a um compromisso. Primeiro era a multidão que
murmurava, agora são os discípulos. Aquela linguagem de “ser carne para se dar
a comer”, ou seja de sair da concha do meu egoísmo para prestar atenção aos
outros, não correspondia nem aos seus sonhos de bem estar temporal, nem muito
menos às suas ambições de grandeza humana. Como condescender com aquela ideia
louca de “me dar aos outros”? Primeiro murmuraram, depois acusaram Jesus de ser
demasiado duro. No entanto, Ele maravilha-nos quando não deixa perturbar a sua
serenidade nem pelo êxito, nem pelo fracasso. Jesus não está interessado em
“segurar” os ouvintes, nem busca o aplauso, por isso não amolda as palavras aos
seus gostos. A sua palavra é a verdade. E, como Mestre da verdade, Ele continua
a tentar revelar-nos o segredo do amor de Deus… e a incentivar-nos a apostar nas
coisas do espírito, porque “a carne não serve de nada”.
Jesus sabia
Sim,
Ele sabia. Não como adivinho sagaz, que coloca a intuição ao serviço de si
mesmo, mas como quem está apto a orientar. Aquele que nos conhece, melhor nos pode
conduzir pelos meandros dos nossos comportamentos até deixar exposta a nossa
incoerência e fragilidade. Neste texto comove-nos uma evidência que envergonha
os nossos juízos apressados e tendenciosos: Ele sabia até “quem era aquele que
o iria entregar”. E, no entanto, até ao cenáculo, a delicadeza do Mestre
permanece inalterável para com todos. Se eu estivesse no lugar de Jesus, não procuraria
arredar o opositor da minha vida? Mas Jesus nunca desiste de alguém! Sabemos
bem como mantém “aquele que O iria entregar” junto de Si e não o faz por
ingenuidade, nem usa da coação para com ele. Continua a alimenta-lo da Palavra
e da Eucaristia, ama-o até ao fim, dá-lhe o dom da sua confiança, tal como ao
volúvel Pedro, como aos outros frágeis dez. Faz o mesmo connosco: mantém-nos
com Ele… sempre. Procura-nos, acolhe-nos. Sabe que havemos de O negar, que O vendemos
por pouca coisa e no entanto… ama-nos… sempre! Como podemos ser indiferentes a tal
amor?
Quereis ir
embora?
Depois
das multidões e dos discípulos, por fim o crivo é aplicado aos Apóstolos! Esta
pergunta não é tanto para obter uma informação – porque Ele sabia – mas para
permitir aos próprios Apóstolos a consciência da sua adesão. Jesus tinha de pôr
as coisas claras. Não estranhemos se também às vezes nos põe à prova! Não é
tanto para “ver” se somos fiéis, mas para nos dar a conhecer a nossa
fragilidade e finitude e aquela incoerência que, encoberta, não nos deixará
avançar. O admirável Mestre não vive dependente dos nossos “sins” ou “nãos”.
Ele quer que nos deixemos conduzir por Ele, mas isso é tão livre, tão livre que
Ele deixa todas as portas abertas. Quem estiver com Ele terá de estar de uma
forma totalmente livre! E nós, amigos e amigas, não queremos ir embora. Como
afastar-nos do doce Evangelho?
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, a clareza da tua mensagem, a eloquência dos teus gestos atingem-me vitalmente.
Hoje, com Pedro, oro: já não
posso ir para mais nenhum lado. O meu olhar é a ti que procura.
Não poderei deixar de te
seguir se quiser investir no máximo de mim… e quero, Senhor!
Tu tens palavras de vida: a
tua Palavra fala-me por dentro, é ela que me move,
Tu és o meu Mestre, o centro
do meu viver, a fonte da minha vida, a tua vida me vivifica,
é na tua vida que renasço e
quanto mais de ti me encho tanto mais me posso tornar fonte.
Tu és a estrada e a meta. Não
deixes que nunca me possa afastar de ti. Aceito, quero seguir-te!
Viver a Palavra
Vou procurar, na
minha verdade, quais as motivações que me levam a seguir Jesus.
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
XX Domingo Comum B
Evangelho segundo S. João 6, 51-58
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão
vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu
hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam
entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em
verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não
beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe
o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha
carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que
vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e
morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».
Caros amigos e amigas, é tempo de banquetes,
festas, comidas e bebidas…mas é sempre tempo de escutarmos e deixarmos
alimentar pela Palavra e pelo Pão de Deus, que é Jesus. Ele nos dá a vida para
que também nós tenhamos a coragem de nos darmos em alimento.
Interpelações da Palavra
Dou a Minha
carne
O
banquete da multiplicação da partilha do rapazito continua a “dar que falar”.
Jesus mantém a afirmação de base, verdade de fé: “Eu sou o pão vivo descido do
céu”. O Pão é oferecido, fruto do amor gratuito do Pai que se aproxima e desce
ao encontro das nossas (mais variadas) fomes. Podemos chamar-lhe um Pão
Universal. Hoje há tanta variedade de produtos que entram pelos tempos vazios
das nossas publicidades que parecem obrigar-nos a ter algumas fomes que nem
sequer temos. O Pão dado por Jesus é a Sua carne, alimento universal porque é
partilhado pela vida do mundo. É único e une, é vivo e dá vida, dá-se para que
também nós nos demos e sejamos sementes. Jesus não dá, dá-se, dá a sua carne
como alimento para que tenhamos vida, para não termos mais fome, nem habite em
nós o terror da morte. A Sua carne e o Seu sangue são agora alimento,
verdadeira comida e bebida, refeição divina e eterna.
Do como ao quem
Os
judeus e a multidão, por seu lado, escutam, questionam e discutem entre si… mas
como? Como pode Ele dar-nos a Sua carne a comer? Caros amigos e amigas, esta
questão continua ainda hoje quando não reconhecemos Jesus na Palavra e no Pão,
quando não sentimos fome deste amor infinito doado e partilhado. Hoje, somos
nós que perguntamos onde e como pode isto ou aquilo acontecer. Como pode Jesus
estar presente/ausente da nossa história? Continuamos mergulhados neste
mistério do como, porque teimamos encaixar nos nossos limites o milagre de
Deus. Jesus não responde aos comos,
não dá receitas dos seus milagres ou manuais de instruções para que saibamos
como “construir alimentos universais”. Jesus, tal como naquele imenso banquete,
continua a responder-nos com a palavra quem… A felicidade, a vida eterna é
fruto de uma relação de amor. Não se trata de saber como pode este milagre
acontecer. Jesus, por seu lado, propõe que QUEM comer viverá. Porque se não
comermos, não teremos a vida em nós. E… se continuamos detidos na teimosa
procura do como… não abraçamos a
magnífica realidade do quem!
Permanecer e
viver
O
alimento proposto por Jesus não é fruto de um saber ou conhecimento científico
do milagre eucarístico. Jesus insiste no ato de comer e beber, não no facto de
saber ou conhecer. Jesus dá-se em alimento, não em objeto de pesquisa ou
análise. Precisamos deixar-nos fascinar por esta surpresa de Deus, milagre
universal que se oferece em alimento. Desta refeição com sabor a caridade e
recheada de fé, nasce a esperança de uma vida por Ele, permanecendo Nele,
enviada com Ele, eterna.
Quem
participa deste banquete de amor, quem se deixa enamorar por tal presente que
não se merece mas se acolhe, quem procura um alimento de vida para a fome de
felicidade, esse (quem) permanece na
mesa, junto ao mestre na estrada da história ainda em construção. Convidados
para a festa da Palavra e do Pão, somos fome mas também mesa, porque
permanecemos inebriados pelo perfume do amor que se dá.
Quem come deste Pão que dá vida, dá-se em vida e torna-se, também ele, Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, verdadeira comida que
sacia a minha fome de mais e melhor.
Senhor, verdadeira bebida que
fecunda a secura e o medo de ser…
Quero dar-me, ser pão, viver
por ti…deixar-me sacrário que Te acolhe e Te abraça
e mesa que te reparte e
oferece. Quero ser espiga, semente, farinha e pão…
Senhor, Pão Vio descido do
Céu, ajuda-me também a descer, ensina-me a proximidade
e o gesto de ternura, encoraja
o meu dar e servir, para ser eucaristia.
Viver a Palavra
Vou encontrar um
momento para me dar, ser eucaristia no mundo de hoje.
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
XIX Domingo Comum B
Evangelho segundo S. João 6, 41-51
Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele
ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu». E diziam: «Não é Ele Jesus, o filho
de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu
desci do Céu’?». Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode
vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no
último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por
Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque
alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em
verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da
vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o
que desce do Céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que
desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de
dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».
Caros amigos e amigas, tantas são as nossas preocupações
para prolongar a vida, a vida biológica! Mas que discurso é este que garante
uma vida imortal? Não é demagogia barata: é um desafio de confiança em Deus.
Interpelações da Palavra
Murmuravam de
Jesus
Não
estranhamos se as palavras de Jesus sacudiram a admiração dos ouvintes que
tinham sido saciados da fome corporal! Jesus quer aproveitar a oportunidade
para os convidar a darem mais um passo na interpretação da vida. A vida de uma
pessoa está muito para lá da biológica e essa vida precisa de se alimentar. Poderiam
ter dado este passo, mas não: murmuraram. O murmúrio é subtil forma de colar um
rótulo de descrédito a uma mensagem. Este é uma reedição daquele que, na
caminhada do deserto, Israel já tinha imposto a Deus e a Moisés. Este murmúrio
é um antepassado dos nossos murmúrios íntimos, sempre que não levamos a peito
as inquietações que ainda hoje a Palavra de Deus nos proporciona. Achamos que já
conhecemos tudo sobre Jesus, que já sabemos todas as “leis” da prática cristã… blindamos
a capacidade de ser provocados, secamos o enxerto da comunicação deste Deus
sempre surpreendente. Confiamos mais nas nossas contas, feitas com régua e
esquadro, mas os resultados ficarão fracassados se tirarmos da equação uma medição
essencial: a medida do amor de Deus, que não tem medida.
O nosso Deus é um Deus que desce
O
Deus que no Êxodo se apresentara atento e solícito: “vi, ouvi e desci” é o Deus
misericordioso que Jesus vem anunciar. Mais: a que Jesus vem dar rosto. Jesus é
o Pão, é a mensagem, é a Vida daquela vida cuja indigência às vezes calamos e
mascaramos com exterioridades anestesiantes. Em Deus não há distâncias. Também
está no infinito sideral, mas está na partícula mais ínfima que nos compõe, é
um Deus que deixa a essência das suas mãos no nosso ser, que deixa o seu sopro
no nosso respirar. É um Deus que toma a nossa carne, que arma a sua tenda entre
nós, que se humilha, que morre por amor! Antes de O comungarmos, é Deus que nos
comunga! Mas a descida de Deus nem sempre é acolhida! Talvez temamos o risco de
nos deixar encontrar e tocar por um Deus humilde e desarmante, talvez não nos
apeteça assumir o seu modo despojado de amar! E, no entanto, como tudo seria
diferente se O deixássemos comunicar connosco! Amigos e amigas, não
desperdicemos a sua presença! A oração é o ponto de contacto, precisamos dela
para deixar Deus resolver aquela fome mais acutilante que nos avassala o ser: amar
e ser amados.
Um alimento para não morrer
A
morte não acontece apenas pelo envelhecimento das nossas células, a flacidez
dos tecidos, o mau funcionamento dos órgãos… a morte é este rondar contínuo do pecado,
o esboroar da nossa relação com a Vida que nos gerou. E há fomes ilegítimas que
não vêm senão desta sede da morte. Porque é uma ilusão pensar que a vida é um
acumulado de saúde. A vida não vem de dentro de nós. A vida vem-nos de Deus e
da capacidade de semearmos a nossa, no coração dos outros. Morremos quando
deixamos de ser fiéis ao amor. Jesus, sendo o Pão da Vida, não é um elixir
mágico que nos rejuvenesce as células, mas a poção preciosa que nunca deixa que
a morte tenha uma palavra definitiva. Aquele que nos criou é esse que
verdadeiramente nos alimenta. O que tinha de melhor Deus deu-nos, Jesus é a
pérola da Vida, o clímax do amor de Deus, verdadeiro pão, concreto alimento na
Eucaristia e na Palavra. Amigos e amigas, é este o alimento para não morrer,
verdadeiro banquete que nos serve o Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, Pão Vivo que dá vida, dom de Deus que se aproxima e se dá sem medida,
São pequenas as palavras para
Te louvar por tão grande dom.
Desces ao encontro da minha
fome e sede, dor e solidão, do meu cansaço e desânimo,
Para seres vida, alegria e
paz, porque és amor em dádiva constante.
Esse Pão que me dá vida para
além do tempo e do espaço, que me ressuscita e me levanta,
Eu creio que vem do Céu,
presente de Deus; eu creio que me alimenta eternamente…
Dá-me desse Pão, alimenta a
minha esperança, para que também eu me saiba d(o)ar!
Viver a Palavra
Vou encontrar fomes concretas em mim que o Pão do Céu
possa saciar.
domingo, 2 de agosto de 2015
Assinar:
Postagens (Atom)