Caros amigos e amigas, para entrar no Reino de Deus não se requer riqueza ou inteligência. O Evangelho conquista-se apenas com o coração e com a força do amor. É dom gratuito a acolher!
“Eu Te bendigo, ó Pai…”
Na Galileia cresce a rejeição e hostilidade face a Jesus; os milagres convencem só exteriormente; os familiares procuram-no pensando que está tolo; os fariseus perseguem-no para ser processado e remetido ao silêncio,… Todavia, no meio da crise, Jesus bendiz ao Pai! Em vez de se lamentar e criticar, louva, bendiz e agradece a Deus. Na sua boca apenas uma palavra repetida à exaustão: Abbá, Papá! É uma oração que revela um estilo de vida: encantar-se e enamorar-se até pelo mínimo, pequeno, inútil! O seu “sim” ao Pai não está condicionado pelo sucesso da missão, mas é uma adesão radical que mesmo as situações desfavoráveis ou contraditórias não abalam.
Nós, do nosso lado, pensamos e acreditamos que é mais fácil lastimar-se do que agradecer. Temos a boca inundada de lamúrias, ressentimentos e amarguras que roubam o encanto da vida. Custa-nos encontrar a doçura e a alegria de Jesus nos pequenos. O conhecimento dos mistérios não é um privilégio, mas pertence aos de “coração puro”, a todos aqueles com capacidade de maravilhar-se e de adivinhar, nas palavras e gestos de Jesus, a intimidade com o Pai.
“…porque revelaste estas verdades aos pequeninos”
Afinal, Deus tem preferências, não é indiferente! Escolhe e aposta naqueles que mais ninguém quer, prefere o que é fraco aos olhos do mundo para confundir os fortes. As crianças têm o dom de libertar e superar os limites do mundo adulto: o desencanto, o calculismo e os medos. Os pequenos não se escandalizam diante da humildade de Deus, diante da folia da sua pobreza! Não conseguindo viver sozinhos, não são auto-suficientes, vivem sempre em função do outro. O seu olhar vê além das aparências, entra no mistério das pessoas e das coisas, entra no coração de Deus. O segredo divino é ter olhos para os pequeninos.
As seguranças dos poderosos e dos sábios impedem-nos de dar graças. Só o pequeno, aberto ao inédito, pode cantar com Jesus os louvores de Deus. Só o silêncio se deixa seduzir com o canto dos pássaros. Só o pobre ensina a viver apenas e simplesmente de amor!
Para Jesus os pequenos não são apenas os doze discípulos, mas todos os que acolhem a sua palavra. Entre eles há pecadores, prostitutas, doentes, pobres, mas também alguns escandalosamente ricos, como os publicanos e cobradores de impostos. A força do Evangelho transforma a vida das pessoas. Não se enche um copo já cheio. É necessário um coração despojado para que Deus encontre o seu lugar.
“Vinde a min, todos os que andais cansados e oprimidos”
Como é sedutor o convite para repousar e pacificar a própria vida no Mestre. Ele é o verdadeiro cônjuge (= aquele que toma com o outro o jugo) na fidelidade e no amor. Não se pode caminhar sozinho, sem a ajuda de alguém. Em Cristo até a nossa fragilidade e pecado são colocados nas mãos de Deus e se transformam em ocasião para dar graças.
Jesus não suprime o cansaço, as lágrimas, as dores, mas desafia a demorar no seu coração! Só o amor é mestre da vida. Frequentar o coração de Jesus é, para nós sábios e inteligentes mas analfabetos do coração, fazer da dureza da vida um motivo de bênção, porque Ele está connosco. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!
VIVER A PALAVRA
Na presença do Pai, vou construindo um coração manso, humilde e confiante.
REZAR A PALAVRA
Abba, ó Pai, eu te bendigo
no enlevo de Jesus, o Filho amado,
porque me acolhes
porque me acolhes
no berço da mansidão de Jesus,
porque me alimentas
porque me alimentas
com o leite da humildade de Jesus,
porque me educas
porque me educas
na escola da cruz de Jesus.
Remodela o meu coração,
Remodela o meu coração,
viciado pelo orgulho,
derrama nos meus olhos
derrama nos meus olhos
o colírio da simplicidade,
para que, assim, me possa abrir
para que, assim, me possa abrir
à tua revelação criadora,
e saborear, no meio de tantas lutas,
e saborear, no meio de tantas lutas,
o repouso dos que a Ti se confiam.