quinta-feira, 2 de junho de 2011

VII DOMINGO PÁSCOA A - ASCENSÃO


Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, em direcção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».

Caros amigos e amigas, no regresso à casa do Pai, Jesus envia os discípulos a todo o mundo, insuflados pelo Espírito. A festa da Ascensão é, então, um convite a pôr-se a caminho na ternura e frescura do Evangelho.

“Os onze discípulos partiram para a Galileia”
Os discípulos partem para o lugar onde tudo tinha começado, o lugar do encontro, do enamoramento São apenas onze e estão assolados pelas dúvidas. Contudo, Jesus tanto acolhe a adoração como as dúvidas, numa discrição silenciosamente amiga. A confiança do Mestre não dá importância às incertezas daquele punhado de homens e acredita ainda hoje em cada um de nós. Ele bem sabe que a missão não se baseia na força ou dúvida dos discípulos, porque no coração da missão está o coração do Pai. O milagre do Evangelho é, então, prodigamente semeado nas sílabas da voz humana e nas frágeis mãos de cada pessoa.
Deus arrisca, aposta, aventura-se e deixa a beleza da criação na nossa vida de barro, confia a sua obra de amor à fragilidade do coração humano.

“Ide, ensinai, baptizai”
Jesus elevando-se da nossa terra – olhada, visitada e semeada ternamente por Deus – inaugura uma fraternidade universal, como uma seara verdejante a ondular ao vento suavíssimo do Espírito. O Mestre ousa sonhar em grande: a missão confiada tem a pretensão de totalidade, de eternidade, com sabor de infinito. A fé torna-se sempre um sair, um andar, um abrir-se, um pôr-se a caminho do mundo. Deus é para todos, é de todos. Ninguém pode sequestrar a salvação. Mergulhar tudo e todos em Deus; baptizar na beleza e novidade que se encontrou e conheceu; inundar a humanidade naquele oceano de amor, faz brotar a vida!
A partir da Ascensão, o discípulo torna-se uma pessoa de fronteira, é levado pelo Ressuscitado a superar o horizonte do umbigo egoísta. O outro torna-se um universo imenso para caminhar. O outro, irmão, é o paraíso, a terra prometida, o lugar onde Deus se pode encontrar.

“Eu estou sempre convosco”
No fim do Evangelho descobrimos que a promessa inicial de Deus – ser o Emanuel, o Deus connosco – se mantém. Ele não se satisfaz com visitas fortuitas, mas promete estar presente todos os dias, dia após dia, de luz e de trevas, de presença e de silêncio. Jesus não assegura coisas, riquezas, comodismos; afiança antes uma presença, uma relação, uma companhia: eu estou sempre convosco! Nunca mais estaremos sós. Nunca mais um Deus distante, separado, esquecido no alto dos céus, mas amassado com a humanidade. Céu e terra reproduzidos, multiplicados e engendrados juntos.
Desta união, o homem sairá recoberto de céu, porque o Filho se revestiu da humanidade. Em Jesus as realidades celestes beijaram a terra e as terrestres foram elevadas à intimidade de Deus. Maravilhosa missão que nos é confiada: criar laços com a eternidade, enamorar-se do céu, ser escada do paraíso. A missão é salvar um pedaço do céu na nossa vida e fazer nascer uma semente de éden no coração da humanidade.
Ainda hoje, Deus mete os seus passos nas pegadas do homem. Basta subir e descer a humanidade de Cristo para encontrar a bênção de Deus. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Caminho consciente de que Jesus está sempre comigo e me envia em missão.

REZAR A PALAVRA
Senhor Tu és o monte onde a nossa elevação atinge o cume,
Tu, Homem Novo, és o farol a indicar a meta da nossa humanidade.
Escondes-te, mas não te ausentas, distingues-te, mas não te separas:
podemos ler-te no código intenso de tudo o que nos envolve
e saborear a tua presença inequívoca, que nos aconchega
e distinguir, no âmago do silêncio, o som que fecunda as nossas vozes.
O teu corpo glorioso rasgou o valado por onde escorre o Amor que Te une ao Pai
e nos rega as possibilidades do coração, da filiação à fraternidade.
Envias-nos... Vamos! Descemos do monte a arder em mensagem, com o fogo da Tua Palavra.

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