quinta-feira, 9 de junho de 2011

PENTECOSTES A

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». (Jo 20, 19-23)

Caros amigos e amigas, os 50 dias do tempo de Páscoa permitem-nos, à semelhança dos apóstolos no cenáculo, passar do medo para uma explosão de felicidade. Ainda hoje o dom do Espírito facilita germinar em nós as sementes de ressurreição e abrir caminhos novos de esperança.

Artista dos interiores
O Espírito Santo, mesmo se discreto e tantas vezes esquecido, está sempre presente. Nunca dá nas vistas, mas prefere o espaço da interioridade, onde se fazem as confidências, onde se cria a comunhão, onde se sonha o futuro e se contempla silenciosamente o essencial. Não deseja protagonismos nem reclama vaidades. Em segredo, é sempre para o outro. Ele é o Amor em cada amor, a alma em cada vida, o ar de cada respiro, misterioso coração do mundo, êxtase de Deus, efusão ardente. O Espírito é doce carícia divina que se aproxima do nosso coração para aí deixar o dom maravilhoso da sua presença. Ali, no mais íntimo, onde humanidade abraça a divindade, está o Espírito de Deus.

Misterioso respiro de Deus
Através dum sopro Jesus transmite aos apóstolos o fôlego que animou a sua vida. Ali está toda a paixão, a potência e a energia que vivifica a vida. Para Deus basta um vento, uma brisa, um sopro vital. Respirar a “atmosfera” de Deus é viver, sonhar, amar Aquele que se respira! O Espírito Santo é o suave beijo divino, o perfume do amor, a respiração de Deus.
Na criação, Deus insuflou na argila o seu respiro e deu vida ao homem. O Sopro divino faz nascer, dá vida, é a fonte da vida. Agora, o Sopro, qual bálsamo da ressurreição, é o respiro de um mundo novo, de uma criação capaz de um novo início, de uma humanidade reavivada!

Força incomensurável
Quando, à semelhança dos Apóstolos, pensamos que tudo acabou, que o melhor é fechar-se, que não há saídas, o Espírito do Ressuscitado escancara as portas do coração, indica caminhos de encontro e comunhão, enche de oxigénio a vida. O Espírito faz passar os apóstolos amedrontados e enclausurados para a aventura da missão. Quando tudo parecia estéril, aquele Espírito que tinha rodado a pedra do sepulcro e vencido a morte faz despontar neles uma coragem e energia inesperadas. Finalmente, o Evangelho alicerçava raízes profundas no seu coração.
É por vezes difícil sair do nosso cenáculo e do lamento infértil. E o Espírito vem, humilde e decidido, mais forte do que o nosso desânimo, como vento que enche as velas da nossa vida, que dispersa as cinzas da morte e que difunde, por toda a parte, os pólenes da primavera da ressurreição.
No relato do Evangelho não se faz referência à presença de Maria. Contudo, acredito que, com os cabelos já grisalhos e junto dos apóstolos, Ela sorria serenamente como se já conhecesse o rosto e o modo de agir do Espírito. No seu íntimo tinha experimentado a Sua presença e tinha visto dissipar-se, no silêncio, todas as perplexidades. Ela bem sabia que a semente colocada por Deus no coração dos apóstolos trazia dentro de si a força para desabrochar e dar vida. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Deixo-me recriar pelo sopro do Espírito Santo, empenhando-me na paz, na alegria, no perdão.

REZAR A PALAVRA
Sopra sobre mim, Senhor, a frescura sempre nova do teu Espírito,
Que transpõe as paredes do medo e da insegurança
E constrói a admiração e a alegria experiencial do amor.
Sopra sobre mim, Senhor, a força sempre corajosa do teu Espírito,
Que levanta o estandarte do perdão e da unidade
E constrói abraços luminosos de paz e de comunhão.

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