quinta-feira, 13 de setembro de 2012

XXIV Domingo Comum B


Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem João Baptista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». Jesus então perguntou-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias». Ordenou-lhes então severamente que não falassem d’Ele a ninguém. Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens». E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á».

Caros amigos e amigas, o Evangelho de hoje é um convite para uma fé como adesão pessoal, num encontro profundo e directo com Cristo.

Perguntas e respostas que implicam a vida
Imagino aquele olhar de Jesus fixo em mim enquanto ecoa continuamente aquela eterna pergunta: “e tu quem dizes que eu sou”? E eu, sem saber o que responder, preferia dizer algo banal, alguma resposta já feita das sondagens de opinião ou alguma bonita frase decorada mas sem vida…
Bem sei que, antes de qualquer resposta pessoal, esta é uma pergunta para amar, para viver, para escutar dentro. Por isso, só uma resposta que toca o coração, que implica o nervo da vida, que também diga quem eu sou, será verdadeira. A verdadeira resposta é só minha, com o meu coração, experiência, entendimento, fragilidade. E, no silêncio da alma, naquele lugar onde os amantes se encontram, poderia responder: “não, não me és indiferente, mesmo que não saiba o que te dizer”.

Pedro e Jesus
Em Pedro reconhecemos os “altos” e os “baixos” da nossa fé. Algumas vezes, temos uma fé viva, alimentada pela beleza das palavras de Jesus. Outras, sentimo-nos áridos e não aceitamos o estilo, a mensagem e a lógica do Evangelho. Gostamos do Jesus salvador, mas desdenhamos o Jesus sofredor, condenado e morto. Pedro exalta-se, e nós também, com o escândalo da cruz. Escândalo de um Deus impensável: que sofre e morre, vencido numa cruz indecente! A essência do cristianismo é a contemplação do rosto do Deus crucificado (Card. Martini). Só um Deus que sofre é capaz de entrar na dor dos seus filhos e compreender a cruz de cada um.

“Se alguém quiser…”
É aquele “se” tão pequeno que muda tudo. Parece que naquela palavra Jesus me estende a cruz dizendo-me que não sou o centro do mundo, nem a medida de tudo. Segui-Lo, caminhando perto Dele, trilhando as suas pegadas, porque diante do discípulo não está uma cruz vazia, nem um pedido de sofrimento, mas o Crucificado. Só Jesus torna a cruz digna de ser seguida e abraçada!
Jesus fala de sofrimento, exclusão, morte… e de ressurreição. E curiosamente os apóstolos parecem não ouvir esta última palavra. Nós também não. Nunca escutamos Deus até ao fim!
Deus é uma eterna pergunta. E a resposta evidente é-nos dada em Jesus. Deus é Jesus, é aquele modo de vida, aquele modo de morrer e também aquele modo de ressuscitar! Caros amigos e amigas, só Jesus é o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou aplicar-me na descoberta do segredo que, da minha relação com o Senhor, me faz Sua mensagem.

REZAR A PALAVRA

Senhor, hoje quero ouvir a tua pergunta, sem me furtar ao fogo do teu olhar!
Também aprecio o que os outros dizem, procuro opiniões e falo muito de Ti...
Leio tratados de cristologia e a boca diz vazios, sem perguntar nada ao coração.
 Mas hoje quero que esta pergunta mergulhe até ao fundo da minha verdade.
Deixarei que seja o Teu Espírito a escrever a resposta, com a agudeza da Cruz,
que liberta a tinta do amor, no papel disponível da minha vida, hora a hora.
Não raro,também sinto uma curiosidade incontível: E eu quem sou para ti?!
Mas a minha definição está em Ti e, na medida em que te procuro, Tu revelas-me.

Nenhum comentário: