sábado, 15 de junho de 2013

XI Domingo Comum C



Naquele tempo, um fariseu convidou Jesus para comer com ele. Jesus entrou em casa do fariseu e tomou lugar à mesa. Então, uma mulher - uma pecadora que vivia na cidade - ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com perfume; pôs-se atrás de Jesus e, chorando muito, banhava-Lhe os pés com as lágrimas e enxugava-Lhos com os cabelos, beijava-os e ungia-os com o perfume. Ao ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia que a mulher que O toca é uma pecadora». Jesus tomou a palavra e disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa a dizer-te». Ele respondeu: «Fala, Mestre». Jesus continuou: «Certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Como não tinham com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles ficará mais seu amigo?». Respondeu Simão: «Aquele - suponho eu - a quem mais perdoou». Disse-lhe Jesus: «Julgaste bem». E voltando-Se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não Me deste água para os pés; mas ela banhou-Me os pés com as lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Não Me deste o ósculo; mas ela, desde que entrei, não cessou de beijar-Me os pés. Não Me derramaste óleo na cabeça; mas ela ungiu-Me os pés com perfume. Por isso te digo: São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama». Depois disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados». Então os convivas começaram a dizer entre si: «Quem é este homem, que até perdoa os pecados?». Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz». Depois disso, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias, a pregar e a anunciar a Boa Nova do reino de Deus. Acompanhavam-n’O os Doze, bem como algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades. Eram Maria, chamada Madalena, de quem tinham saído sete demónios, Joana, mulher de Cusa, administrador de Herodes, Susana e muitas outras, que serviam Jesus com os seus bens.

Caros amigos e amigas, Lucas narra a cena de uma prostituta que se intromete no grupo dos “bem pensantes” e transtorna as regras de etiqueta com gestos inesperados de ternura.

O alfabeto do amor
Encanta este Evangelho que fala de afecto, gratuidade, perfume, gestos simples e humanos, cheios de amor. Afinal, perante Deus não valem os protocolos mas só a espontaneidade do coração. Seduz este Deus ilógico que se deixa tocar e beijar, que se deixa lavar pelas lágrimas e para quem as atitudes contam muito mais do que discursos de palavras belas, mas vazias.
O fariseu sabe as regras do acolhimento, mas é a mulher pecadora que as põe em prática. Simão acolhe friamente Jesus em sua casa, enquanto a pecadora O recebe calorosamente dentro da sua vida. O dono da casa abre-lhe a dispensa, mas é a mulher que Lhe desabotoa o coração. O fariseu segue a lei, enquanto a mulher vive da gramática do amor. E, no fim, é ela que vai em paz, perdoada e amada. O fariseu escandaliza-se com o Mestre que se deixa tocar e beijar por uma prostituta que sabe usar a “arte” do corpo para viver! Mas, na verdade, é Simão o prostituto, o negociante do amor! O seu pecado, como qualquer pecado, é comercializar, comprar, calcular méritos e débitos diante de Deus.
São os gestos excessivos de ternura de uma prostituta que comovem Jesus, porque o amor é sempre exagerado e criativo. A verdade do coração é traduzida com o bálsamo dos beijos e o perfume das lágrimas. Quem dera aprendêssemos esta gramática, vivêssemos de sementes do perdão e do amor!

Muito se perdoa a quem muito amou
Para Jesus não interessa julgar, condenar ou absolver. Importa apenas que a mulher permaneça na dinâmica do amor. Para Deus ninguém coincide com o seu pecado, mas sim com a sua possibilidade e capacidade de amar, com a generosidade e a fantasia da gratuidade. Amar renova e cicatriza a vida. Existe um forte laço entre amor e perdão: quem se sabe perdoado, é capaz também de amar.

Ícone do amor
O Evangelho apresenta uma prostituta como modelo da nossa relação com Deus: aquela ousa apresentar-se como é, de coração aberto, para acolher o amor e o perdão e assim renovar a vida. O gesto da pecadora ultrapassa os farisaísmos, vai além do lícito e da obrigação. A linguagem do supérfluo perfume, absolutamente desnecessário, foi acolhida na sua gratuidade como abandono confiante. O que conta não é o muito ou o pouco, mas a qualidade de coração que se coloca naquilo que se faz.
Jesus na última ceia repetirá o gesto da mulher, pecadora, desconhecida e enamorada: ao lavar e enxugar os pés dos discípulos, afirmará o dom de si e a eucaristia da existência. Desde aí qualquer gesto humano realizado com todo o coração tem algo de religioso, aproxima-nos de Deus, é sinal de Deus em nós. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho.


VIVER A PALAVRA
Quero apresentar-me diante de Deus, de coração aberto para acolher o seu amor e perdão.

REZAR A PALAVRA
Senhor, tudo em Ti me encoraja a um encontro; que nada em mim impeça este encontro!
Tu conheces-me antes de eu me apresentar, perdoas-me antes de eu te pedir perdão.
Tu és Aquele que não não me condena, mas diante do qual o meu pecado agoniza,
Tu és Aquele para Quem a minha vida tem o máximo valor, onde encontro a fonte do viver.
Senhor, entrego-te o invólucro poluído do meu ser e sei que o Teu amor me recuperará!

Recebe, o bálsamo dos beijos e o perfume das lágrimas, semeia-me de misericórida... florirei!

Nenhum comentário: