quinta-feira, 20 de junho de 2013

XII Domingo Comum C



Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á».

Caros amigos e amigas, todo o Evangelho é uma grande interrogação e provocação à nossa existência acomodada e anónima. Só o encontro íntimo com Cristo permite uma resposta de amor.

Perguntas e respostas que implicam a vida
O olhar do Crucificado fixa-se sobre os discípulos e sobre mim interpelando e interrogando: “e tu quem dizes que eu sou”? E eu, náufrago daquele olhar e pergunta, sem saber o que responder, preferia dizer algo banal, desejaria assinalar com uma cruz alguma resposta já feita duma sondagem de opinião ou apenas repetir uma qualquer fórmula bonita, decorada mas sem vida.
Bem sei que, antes de qualquer resposta pessoal, esta é uma pergunta para amar, para viver, para escutar dentro. Por isso, só uma resposta que toca o coração e o ânimo da vida, que também diga quem eu sou, será verdadeira. As respostas já confeccionadas e congeladas nos hábitos de uma fé acomodada contrastam com uma resposta existencial, que vem da profundidade do coração.
E, no silêncio da alma, naquele lugar onde os amantes se encontram, poderia responder: “não, não me és indiferente, mesmo que não saiba o que te dizer”.

Tratar a Deus por Tu
Podemos falar de Deus, mas não falar com Deus; podemos escrever enciclopédias sobre Ele, mas não O conhecer; podemos passar toda a vida na Igreja e sermos desconhecidos aos seus olhos...
O “tu” é o ponto mais alto da relação com Deus. O tu é o pronome da proximidade, da urgência, da pertença e intimidade. O “tu” é o nosso grito de esperança que supera a distância abissal do anonimato e da indiferença. Jesus não é aquilo que digo dele, mas aquilo que vivo dele! Ele me seduz, me fascina e me possui no seu segredo. É apenas neste Tu-a-tu, que só o amor conhece e onde se partilha a vida, que se dão respostas que afectam a existência.

“Se alguém quiser… renuncie a si mesmo, tome a sua cruz”
É tão pequeno aquele “se” inicial e, contudo, muda tudo. Parece que naquele “se” Jesus me estende a cruz dizendo-me que não sou o centro do mundo nem a medida de tudo. Tomar a cruz não é um convite à suportação ou resignação. É sim um apelo a viver a paixão de Cristo, a ser pessoa de amor: “toma sobre ti a tua porção de amor e aceita o retalho de cruz que cada paixão traz consigo”!
Perder-se atrás de Cristo não é mortificar-se em sacrifícios, mas é ter uma vida apaixonada, uma vida multiplicada. Perder-se atrás de Cristo é conquistar uma infinita paixão pela existência.
Jesus fala de sofrimento, exclusão, morte… e também de ressurreição. E curiosamente os apóstolos parecem não ouvir esta última palavra. Nós também não. Nunca escutamos Deus até ao fim! E só na ressurreição, mistério de vida, se compreende o paradoxo do amor até à cruz.
Deus é uma eterna pergunta. E a resposta evidente é-nos dada em Jesus. Deus é Jesus, é aquele modo de vida, aquele modo de morrer, aquele modo de ressuscitar! E isso é Evangelho!


VIVER A PALAVRA
Vou deixar ressoar dentro de mim a pergunta: “Quem é Jesus para mim?”

REZAR A PALAVRA
Senhor, quero aceitar o fogo do teu olhar que me incendeia com a pergunta fundamental:
“Quem sou Eu para ti?” passo por ela, inadvertidamente, mas feita por ti perturba-me.
Vem novamente revolver o meu íntimo e arrancar-me a resposta que me fará viver!
Vem revelar-me que a Tua identidade é o único endereço da minha.
Vem abrir-me as portas à consciência tua presença que não me abandona e me anima,,
Destranca-me a vida deste egoísmo que a apodrece e semeia-a na terra do teu Reino.

Contigo a Cruz é árvore que flore e dá fruto de ressurreição. Entrego-me a ti, Senhor.

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