quinta-feira, 22 de agosto de 2013

XXI Domingo Comum C


Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças’. Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora. Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus. Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».

Caros amigos e amigas, muitos pensam em salvar-se, outros aceitam e deleitam-se no imenso amor em que sabem que são salvos. E em nós próprios podem conviver, tantas vezes, estes dois modos de estar…

Os que se salvam… serão poucos ou muitos?
O inquiridor do Evangelho parece preocupar-se de algo com que toda a gente se preocupa… em “salvar a sua pele”. Além da “salvação” que pugnamos alcançar na vida terrena, também muitas vezes “cuidamos”, por conta própria, da futura. Anotamos leis, executamos mandamentos, cumprimos promessas, proferimos orações, a fim de carimbar o nosso passaporte para a salvação, como se fosse um preço a pagar, como se fosse um adiantamento que fica num crédito a nosso favor e que Deus será “obrigado” a considerar. Mas o que é a salvação? É apenas o amor em que infinitamente Deus me ama. Então cuidar da salvação é um abandono a esta incrível gratuidade de Deus que supera todas as leis e mandamentos, que não se abala perante as minhas ingratidões; é a aceitação desta confiança desmedida que, inveteradamente, Ele arrisca depositar em mim. E não são excentricidades piedosas que me levarão ao conhecimento de Deus, mas um coração que escuta e coloca n’Ele toda a sua alegria.

Uma pergunta a quem vai a caminho
Como no Evangelho anterior, um teor de dureza mantém-se, por parte de Jesus. Muitos podem entender aqui a imagem de um Deus caprichoso que fecha arbitrariamente uma porta e deixa alguns desesperados de fora. Como se coaduna esta palavra com aquela outra de Jesus que diz: “Batei e abrir-se-vos-á”? E porque teremos de entrar pela porta estreita? Este Deus estará a estragar a nossa felicidade com um conjunto de restrições e proibições aos prazeres da vida? Uma abordagem assim não passa de um erro de perspectiva. Nós pensamos sempre numa vida descartável, provisória, em que sejamos nós o centro de tudo e daqui provêm todos os nossos desmandos. A mensagem de Jesus não é um catálogo de restrições, mas um veemente convite. Ele diz “esforçai-vos, entrai”. Jesus está a caminho para Jerusalém; ensina nas cidades e aldeias mas não se detém. E é neste contexto que Ele adverte: fazer caminho não é ficar-se pelo caminho, mas focar e perseguir a meta… como um atleta que não desperdiça o precioso tempo em devaneios que lhe consumirão tempo e energias inúteis e que até poderão impedir-lhe a chegada.

Sentar-se-ão à mesa no reino de Deus
O banquete é a imagem mais característica deste acolhimento que Deus faz aos seus filhos. Ele não é um Deus cruel que estraga a nossa felicidade com proibições… O nosso Deus é um anfitrião, um Pai feliz com a felicidade dos seus filhos, um Deus que alimenta, que acolhe e que faz festa, um Deus fiel, amoroso e providente que nos convida a não estagnar em nós mesmos: “Vinde”. Porque o verdadeiro prazer da vida é o de se sentir acolhido, valorizado, amado. É este o Deus que resplandece na minha meta, para onde quero, mais do que caminhar, voar… Afinal aceder a Deus é uma questão de mútuo conhecimento, pois a porta mais estreita é a porta da familiaridade, a porta que encurta distâncias e não requer as complicadas formalidades que se fazem aos hóspedes. Entrar pela porta estreita é para aquele que é da casa e só pensa, ansiosamente, ser acolhido no colo do Pai. E neste lugar dispensam-se ordens de precedência…este é o lugar primeiro de onde parte a minha alegria, este é o lugar último que completa toda a minha felicidade. E é para aqui, amigas e amigos, que segue o caminho do Evangelho!


VIVER A PALAVRA
Vou trabalhar a minha atitude interior em vista de uma, cada vez maior, familiaridade com Deus.

REZAR A PALAVRA
Pai querido, autor e consumador da minha alegria, meu Bem maior,
Tu és o alicerce seguro dos meus sonhos, Tu és o acolhimento certo do meu esforço.

Te dou, graças, Deus da minha felicidade porque brincas com o meu olhar quando te olho, porque  danças com o meu canto quando te louvo, porque fazes um banquete delicioso quando a minha fome é de Ti! Só Tu, meu doce Abbá, me sabes amar infinitamente: quero, com o teu Jesus, e no Espírito Santo, encaminhar para ti toda a ambição que me move!

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