quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

VI Domingo Comum A



Evangelho segundo S. Mateus 5, 17-37
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. (…) Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus. Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio, e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo. Portanto, se fores apresentar a tua oferta ao altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta. (…) Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher com maus desejos já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti (…). E se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor que se perca um só dos teus membros, do que todo o corpo ser lançado na geena. (…). A vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’. O que passa disto vem do Maligno».

Caros amigos e amigas, as palavras exigentes do Evangelho não são um apelo ao impossível, nem Jesus multiplica exigências, mandamentos e medos. O Mestre convida a passar da lei às pessoas, a ir à fonte e ao sentido da vida, ao coração onde Deus se faz presente.

Interpelações da Palavra
A Lei
“Não faças”, “não digas”, “não penses”… A letra da Lei pode ser dura, calculista, rígida, fria, talibã. Mas, para Jesus, o homem é muito mais do que a letra! Não basta a Lei! A felicidade é sempre um mais, um aumento, um multiplicar, um “sim” à vida! O amor, com os seus excessos e fantasias, exige perdão e renúncias, requer a paz com o inimigo, ultrapassa infinitamente a lei, vai à raiz de cada coisa e exige transparência nas acções e desejos, nas palavras e comportamentos. A lei de Jesus é a do coração, que não arranja desculpas para uma entrega plena e desmesurada. Ele não convida à mudança da lei, mas à conversão do coração. É no coração que se decide a verdade mais radical do homem. E o Evangelho é dilatação do coração, é mais vida, é aumento de amor!

“Eu, porém, digo-vos...”
Talvez, só após terem visto o amor crucificado, os discípulos descobriram o sentido destas palavras de Jesus: o amor não serve para nada, a não ser para amar! Sim, assim sem leis nem preceitos, apenas com a loucura inconcebível do coração do Filho de Deus. Sim, a conversão exige cuidar a vida que passa nas nossas mãos, nas palavras, nos silêncios; exige multiplicar e partilhar o amor; exige dar sabor e luz aos encontros; conduz ao louvor e à gratidão!

Viver o amor
Ser discípulo é antes de tudo uma questão de família, de irmãos, de casa, de comunhão. As relações humanas são o lugar do verdadeiro culto a Deus. Não se pode celebrar a paternidade de Deus se antes os laços fraternos não foram restabelecidos, nem se pode rezar pacificamente a Deus se se profana o irmão. Para Jesus o altar do irmão precede o altar de Deus! Ao excomungar o irmão do coração coloca-se fora da vida o próprio Deus.
Amigos, só se carregarmos o peso e a alegria do outro, se lhe conhecermos as lágrimas e os sorrisos, se descobrirmos sempre nele um tesouro, se virmos nele a riqueza de Deus, então superaremos as leis impostas exteriormente. O “irmão” é sempre um oceano, um céu, uma profundeza irrepetível, um ícone do rosto divino. Ele completa, com o seu amor, o que falta ao nosso coração. Isso é Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, na tua lei, leio a doçura de um amor que me quer cobrir de dignidade e beleza…
Eu te dou graças, porque no amor amplias infinitamente o horizonte da minha liberdade!
Eu te dou graças, porque transformas o jugo do legalismo, numa festa de relações!
Eu te dou graças, porque de uma prática insegura me realiza a plenitude de uma entrega!
Afasta de mim o jugo do medo, ó Deus da festa, para te servir com a leveza da alegria;
Livra-me de entregas remuneradas, Deus excessivo, e que não tema esbanjar o meu ser.
Quero continuar a trilhar os caminhos desenhados pelo amoroso engenho do teu coração.

Viver a Palavra

Vou assimilar e viver os mandamentos de Deus como a única via para ser feliz e fazer os outros felizes.

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