quinta-feira, 19 de junho de 2014

Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor – Ano A


Evangelho segundo S. João 6, 51-50
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo descido do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha Carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?». Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a Carne do Filho do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram; quem comer deste pão viverá eternamente».

Caros amigos e amigas, hoje, Jesus oferece-se em Eucaristia como nascente de amor, para que alimentando-nos do seu Corpo e Sangue, cheios do seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espirito.

Interpelações da Palavra
“Eu sou o pão vivo descido do Céu”
Todos precisamos de alimento, obviamente de pão, mas também de afecto, de luz, de sentido, de sonhos e de felicidade. Sem pão o homem morre! E Deus quer ser, nas nossas mãos e no nosso seio, o nosso pão, alimento vital. Desde a criação Deus, numa eterna procissão, vem ao nosso encontro, procura Belém (= a casa do pão) na nossa vida, porque não suporta distâncias! Ele sonha ser o nosso pão, numa comunhão sem impedimentos, numa harmonia em que o nosso coração o absorve e Ele absorve o nosso coração, tornando-nos um só.
Deus é pai e pão, dá-se a si mesmo, e alimenta-nos como uma mãe que nutre os filhos com o seu corpo, como se estivéssemos ainda em gestação, preparando-nos para a plena comunhão, aquela consigo, com a humanidade, a criação e o universo, aquela que agora vivemos limitada mas que antecipamos em cada encontro e abraço.

“Comer a carne e beber o sangue”
Estas palavras são escandalosas! Será que Jesus, habituado às parábolas simples, fala agora uma linguagem incompreensível? Talvez não, pois todos nos alimentamos uns dos outros: da presença e sabedoria, da partilha e relação, da palavra e gestos. De outro modo, seríamos solitários, ressequidos e esfomeados! Comer e beber, tão naturais e necessários, fazem parte da nossa liturgia diária, como se a Eucaristia fosse natural e um ritual existencial! Sim, porque antes do altar da Igreja está o santuário do irmão, que é o corpo de Cristo visível e próximo, silencioso e gritante, amigo e distante, pobre e tesouro, estrangeiro e doente, que continuamente repete: aquilo que fizeres a um dos mais pequeninos é a mim que o fazes.
Afinal, Deus conhece a dor da nossa carne e do amor, sabe o que custa a vida, entende o suor das lágrimas e o sofrimento até ao sangue, numa dádiva até ao extremo. Comer a carne e beber o sangue de Jesus é, então, viver do seu amor, é deixá-lo pulsar nas nossas veias, é fazer que o nosso coração conheça a sua nascente, é ser capaz de morrer por amor porque se vive de amor! Afinal, a fé não é uma ideia, uma convicção, é muito mais: é a comunhão com uma pessoa, o Filho de Deus, feito homem, carne da nossa carne, sangue do nosso sangue.

“Quem comer deste pão viverá eternamente”
De facto, quem se alimenta daquele que se fez pão alimenta-se da sua vida apaixonada de amor. No corpo de Cristo, feito pão e vinho entregues por nós, o céu beija a terra, o Criador assume o barro da criatura, a eternidade abraça o quotidiano. A pessoa torna-se aquilo que come, configura-se naquilo que contempla, transforma-se naquele que recebe! Assimilar Jesus faz-nos filhos e consanguíneos dos habitantes da face da terra!
Cada um de nós sabe que, naquele pedaço de pão ázimo e naquele cálice onde a nossa humanidade mergulha no vinho da alegria divina, colocados sobre o altar, existe um segredo vital: somos saciados no pão de Deus para nos tornarmos também pão, nutrimento que sacia para a vida eterna. Porque o pão dos anjos é também, caros amigos e amigas, o verdadeiro pão dos filhos. E Jesus é o pão feito Evangelho!


 


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, Pão vivo, descido do Céu, Tu és o alimento que mantém a minha verdadeira vida.
O teu Pão tem os nutrientes do amor, a composição da festa, o detalhe da alegria.
O teu Pão concentra toda a misericórdia do Coração do Pai e a força do Espírito.
O teu Pão tem o sabor inefável da proximidade e a energia vivificante da tua Presença.
Eu Te louvo, Senhor, delícia dos céus, desafio à partilha, exigência de comunhão:
que possa assimilar a tua lição de entrega gozosa, ser pão como Tu, Eucaristia repartida.

Viver a Palavra

Vou considerar o imenso amor de Jesus na Eucaristia e alimentar-me deste manjar de amor.

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