Evangelho segundo S. João 6, 51-50
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão
vivo descido do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu
hei-de dar é a minha Carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus
discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?». Jesus
disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a Carne do Filho
do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha
Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último
dia. A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é verdadeira bebida. Quem
come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele. Assim como o
Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá
por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os vossos pais
comeram, e morreram; quem comer deste pão viverá eternamente».
Caros
amigos e amigas, hoje, Jesus oferece-se em Eucaristia como nascente de amor,
para que alimentando-nos
do seu Corpo e Sangue, cheios do seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só
corpo e um só espirito.
Interpelações da Palavra
“Eu sou o pão vivo descido do Céu”
Todos precisamos de alimento, obviamente de pão,
mas também de afecto, de luz, de sentido, de sonhos e de felicidade. Sem pão o
homem morre! E Deus quer ser, nas nossas mãos e no nosso seio, o nosso pão,
alimento vital. Desde a criação Deus, numa eterna procissão, vem ao nosso
encontro, procura Belém (= a casa do pão) na nossa vida, porque não suporta
distâncias! Ele sonha ser o nosso pão, numa comunhão sem impedimentos, numa
harmonia em que o nosso coração o absorve e Ele absorve o nosso coração,
tornando-nos um só.
Deus é pai e
pão, dá-se a si mesmo, e alimenta-nos como uma mãe que nutre os filhos com o
seu corpo, como se estivéssemos ainda em gestação, preparando-nos para a plena
comunhão, aquela consigo, com a humanidade, a criação e o universo, aquela que
agora vivemos limitada mas que antecipamos em cada encontro e abraço.
“Comer a
carne e beber o sangue”
Estas palavras são escandalosas! Será que Jesus,
habituado às parábolas simples, fala agora uma linguagem incompreensível?
Talvez não, pois todos nos alimentamos uns dos outros: da presença e sabedoria,
da partilha e relação, da palavra e gestos. De outro modo, seríamos solitários,
ressequidos e esfomeados! Comer e beber, tão naturais e necessários, fazem
parte da nossa liturgia diária, como se a Eucaristia fosse natural e um ritual
existencial! Sim, porque antes do altar da Igreja está o santuário do irmão,
que é o corpo de Cristo visível e próximo, silencioso e gritante, amigo e
distante, pobre e tesouro, estrangeiro e doente, que continuamente repete: aquilo que fizeres a um dos mais pequeninos
é a mim que o fazes.
Afinal, Deus
conhece a dor da nossa carne e do amor, sabe o que custa a vida, entende o suor
das lágrimas e o sofrimento até ao sangue, numa dádiva até ao extremo. Comer a
carne e beber o sangue de Jesus é, então, viver do seu amor, é deixá-lo pulsar
nas nossas veias, é fazer que o nosso coração conheça a sua nascente, é ser
capaz de morrer por amor porque se vive de amor! Afinal, a fé não é uma ideia,
uma convicção, é muito mais: é a comunhão com uma pessoa, o Filho de Deus, feito
homem, carne da nossa carne, sangue do nosso sangue.
“Quem comer
deste pão viverá eternamente”
De facto, quem
se alimenta daquele que se fez pão alimenta-se da sua vida apaixonada de amor.
No corpo de Cristo, feito pão e vinho entregues por nós, o céu beija a terra, o
Criador assume o barro da criatura, a eternidade abraça o quotidiano. A
pessoa torna-se aquilo que come, configura-se naquilo que contempla,
transforma-se naquele que recebe! Assimilar Jesus faz-nos filhos e
consanguíneos dos habitantes da face da terra!
Cada um de nós sabe que, naquele pedaço de pão
ázimo e naquele cálice onde a nossa humanidade mergulha no vinho da alegria
divina, colocados sobre o altar, existe um segredo vital: somos saciados no pão
de Deus para nos tornarmos também pão, nutrimento que sacia para a vida eterna.
Porque o pão dos anjos é também, caros amigos e amigas, o verdadeiro pão dos
filhos. E Jesus é o pão feito Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o
Mistério
Senhor, Pão vivo, descido do
Céu, Tu és o alimento que mantém a minha verdadeira vida.
O teu Pão tem os nutrientes do
amor, a composição da festa, o detalhe da alegria.
O teu Pão
concentra toda a misericórdia do Coração do Pai e a força do Espírito.
O teu Pão tem
o sabor inefável da proximidade e a energia vivificante da tua Presença.
Eu Te louvo,
Senhor, delícia dos céus, desafio à partilha, exigência de comunhão:
que possa assimilar
a tua lição de entrega gozosa, ser pão como Tu, Eucaristia repartida.
Viver a Palavra
Vou considerar o
imenso amor de Jesus na Eucaristia e alimentar-me deste manjar de amor.
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