sexta-feira, 12 de setembro de 2014

XXIV Domingo Comum A


Evangelho segundo S. João 3, 13-17
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Ninguém subiu ao Céu senão Aquele que desceu do Céu: o Filho do homem. Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele».

Caros amigos e amigas, a Cruz de Cristo é o ícone de um amor levado ao extremo, é a obra prima da beleza de Deus. Cada vez que contemplamos a cruz com olhos de fé, algo da beleza de Deus nos embeleza o ser.

Interpelações da Palavra
Subir e descer ao Céu
Este movimento de subir e descer faz-nos recordar o movimento de circulação do sangue no organismo. Então entendemos o que é o Céu. O Céu não é um canto estanque no universo sideral, no qual Deus se encontra gradeado pela sua majestade intocável, inacessível ao ser humano, o qual pelo contrário se encontra penando neste “vale de lágrimas” esperando a benesse de ser admitido à intimidade com Deus. Geralmente pensamos no Céu como um estado futuro e pensamos em Deus como um morador no longínquo. E afinal o céu é a circulação do amor de Deus, que sobe e desce, que atinge todos os espaços e todos os tempos. Deus é este viajante incansável e hóspede contínuo que estabelece morada no próprio coração do ser humano.
O formato da cruz, com as suas hastes horizontal e vertical, anuncia o pacto de reconciliação entre o céu e a terra, entre o homem e Deus. Não mais o Deus longínquo e inacessível, mas o Deus que estende os braços e rasga o coração. Então, não mais uma humanidade dividida e dispersa, mas reunida e acolhida!

Deus amou tanto o mundo…
Este é o grande retrato de Deus: o amor extremo! E em que tábua Deus podia desenhar melhor a sua imagem senão na Cruz? S. Paulo repreendia os cristãos da Galácia por se deixarem seduzir por outras imagens, depois de confrontados com a suma beleza exposta em Cristo crucificado! É este o único ícone capaz de surpreender e seduzir e o mais requintado bom gosto. É aqui que os olhos da alma se adoçam com a mais fina ternura e os ouvidos da alma escutam a sinfonia mais perfeita do silêncio e do perdão, é aqui que o paladar da alma encontra a doçura da mansidão e o olfacto da alma aspira o mais nobre perfume da entrega sem limites ao Pai e à humanidade, é aqui que o tacto da alma encontra a mais suave textura de uma presença: a do próprio Deus! Não há brilho que se lhe sobreponha, não há outra representação mais cabal do que é Deus frente ao homem, do que é o Homem Novo, Aquele para o qual se encaminha a nossa ambição mais infinita. Jesus denomina-se o “Filho do homem” para indicar que Ele é o resumo do que Deus quer do homem.

A árvore da vida
A árvore é a mais eloquente imagem da Cruz, porque se fala em vida e vida em abundância, quando se fala da Cruz de Cristo. Ela é esta fundura que bebe nas raízes da humanidade, mas sobretudo na seiva do amor eterno do Pai Criador; ela é esta amplitude capaz de estender os braços amantes de Cristo até às mais longínquas securas de afecto e de ternura, ela é esta verdura, este viço sempre aceso capaz de nos infundir esperança, ela nos dá o fruto saboroso de Cristo entregue, ela abre o coração da fonte da eterna sabedoria, o manancial de onde brotam os sacramentos, a fenda por onde podemos entrar no segredo íntimo de Deus; ela é esta altura capaz de nos elevar, como uma escada, até ao Céu. Ela é este eco da misericórdia de Deus que se difunde pelo universo, que pulsa, vivo e quente, no coração da Igreja e nas páginas do Evangelho.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

A cruz gloriosa do Senhor ressuscitado é a árvore da minha salvação;
dela me alimento, nela me deleito, nas suas raízes cresço, nos seus ramos me estendo. (…)
Na fome alimento, na sede fonte, na nudez roupagem.
Augusto caminho, minha estrada estreita, escada de Jacob, leito de amor das núpcias do Senhor.
No temor defesa, nas quedas apoio, na vitória a coroa, na luta és o prémio. Árvore da salvação,
pilar do universo, o teu cimo toca os céus e nos teus braços abertos chama-me o amor de Deus.
Hino Litúrgico

Viver a Palavra

Vou olhar a Cruz como a imagem mais cabal da beleza de Deus.

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