Grupo de Jovens JEF da Freguesia de Sortes - Bragança
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
XXXI Domingo Comum A
Comemoração de todos os
fiéis defuntos
Evangelho segundo S. João 11, 21-27
Naquele tempo, disse Marta a Jesus: «Senhor, se
estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas eu sei que, mesmo agora, tudo
o que pedires a Deus, Ele To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão
ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição
do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita
em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em
Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que
Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».
Caros amigos
e caras amigas, neste Domingo em que celebramos os defuntos, os cemitérios acolhem
multidões, as flores preenchem as campas, o silêncio e o clima outonal são
tristes. É dura e incompreensível a irmã morte! Portanto, hoje, Jesus convida-nos
à liturgia da vida.
Interpelações da Palavra
«Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não
teria morrido»
É este também o
grito de escândalo com que repreendemos
Deus quando conhecemos a morte, na separação das pessoas amadas. O
gemido de Marta prolonga o nosso soluço:
Senhor, porque não escutaste o meu desespero? Porque és tão indiferente à
doença e à morte? Se estivesses aqui talvez a dor das tuas lágrimas se pudessem
misturar à minha mágoa e terias feito algo! Talvez não reconheçamos a sua
presença silenciosa, mas não com a dispensa da morte, porque para Ele o maior bem
não é uma vida centenária, mas é viver já uma vida de ressuscitados.
«Eu sou a ressurreição e a vida»
Estas são talvez as palavras mais importantes do
Evangelho, palavras grávidas de vida, palavras já presentes e não apenas
realizáveis num futuro distante e enevoado. Sim, é hoje que somos assediados
pela ressurreição! É Cristo o lugar da ressurreição! É Ele a semente de
eternidade que Deus lançou no coração da humanidade!
Mesmo se alguns apostam tudo na escuridão, no vazio
para além da morte, na inutilidade das cinzas e do pó com que fomos feitos,
Deus aposta hoje na vida, na fecundidade, nos laços que nem a eternidade poderá
separar. Sim, Deus acredita em mim, acredita que a beleza que eu teço agora
jamais será desfeita, acredita que a ressurreição que hoje eu semeio será
amanhã um campo florido, acredita que a morte não tem a última palavra porque
Ele já antes a venceu, destruiu, aniquilou. Sim, na memória de Deus, a morte
foi vencida e derrotada. Ainda que passem três dias ou trinta anos, o amor de
Deus é inimigo do esquecimento, porque mais forte do que a morte é Alguém, é o
Amor! E o amor de Deus é a força da ressurreição!
A morte pode sepultar
a pessoa, impedi-la de ser e de viver, enterrá-la no esquecimento, mas não
impedirá os laços indestrutíveis de amor que nos ligam a Deus. Para Ele não
existe um sepulcro do qual não se possa sair, não há túmulo tão profundo que
não possa ser violado, nem ninguém é cadáver putrefacto que não possa renascer
de novo, porque para Deus não há morte que não possa ser vencida pelo amor!
Acreditar no amor
A vida eterna não é uma
fábula ou um sonho, mas é a vida do Evangelho concreto nos gestos do quotidiano
amor. Aqui nada é esquecido: nem um afecto, um copo de água ou o mais pequeno sorriso.
Por isso, o Evangelho alerta-nos a ter mais medo de uma vida vazia, inútil e
infecunda do que da morte, essa última portagem que ultrapassaremos
agarrando-nos fortemente ao coração d’Aquele que nunca nos abandonará.
Quem nos separará do
amor de Cristo? Nem anjos nem demónios, nem vida, nem morte, nada nos poderá
separar do amor de Deus (S. Paulo). E esta certeza nos basta. Se Deus é amor,
Ele vingará a nossa morte. A sua vingança é a ressurreição, um amor nunca
separado. Esta é, caros amigos e amigas, a esperança e o amor do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, acredito no amor, por isso acredito na vida, porque o amor não deixa morrer a vida!
Acredito que
Tu és Amor, por isso acredito que Tu és Vida.
Acredito que
me amas, por isso acredito que não me deixarás morrer.
Senhor,
acredito que amas os que eu amo, por isso acredito que eles vivem no teu amor.
Senhor,
ensina-me a amar como Tu amas para que possa dar vida àqueles que amo.
Senhor, seduz
o meu amor, para que te ame de tal modo que sejas sempre vida em mim.
Viver a Palavra
Vou procurar entender
a vida e a morte na perspetiva de um Deus que me ama infinitamente.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
XXX Domingo Comum A
Evangelho segundo S. Mateus 2, 34-40
Naquele tempo os fariseus, ouvindo dizer que Jesus
tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei
perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da
Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração,
com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro
mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a
ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».
Caros amigos e caras amigas, eis aqui, compendiado
numa única frase, o caminho que sacia toda a verdadeira ambição… É este o ideal
de Deus a nosso respeito, é esta a nossa meta: amar. Mas amar será assim tão
simples?
Interpelações da Palavra
Perguntou-lhe para O experimentar…
A trama do tributo a
César fora um fracasso, era preciso montar uma nova armadilha. Os fariseus pensam
encaminhar Jesus para os labirintos de normas e de leis onde eles são especialistas
imbatíveis, embrulha-lo numa discussão, e… aí não seria difícil encurralá-lo com
um qualquer deslize de interpretação. E eis que o Mestre dá uma resposta tão
breve quanto incisiva a esses mestres, profissionais de exterioridades: revela
a joia que a lei tem dentro. É como se eles andassem a mostrar o cálice, e
Jesus desse a provar o néctar.
Jesus derruba-lhes a
arrogância de se acharem donos de Deus e das suas graças, mostrando que o
caminho está aberto a todos: amar a Deus… com a condição de amar o próximo!
Apresenta-lhes um mandamento, depois outro, ambos livres de glosas e de
comentários, como duas pérolas saídas do cofre da lei, a brilhar à luz do dia,
um brilho onde toda a lei ganha sentido, e que reduz a nada todo o legalismo
escravizante.
Amar a Deus
É fácil confundir o
amor a Deus com o cumprimento de procedimentos e de obrigações… oferecer-lhe orações,
sacrificiozinhos… acrescentar créditos à nossa salvação, como se a salvação
viesse de uma irrepreensibilidade exterior! É como aqueles pais que dão muitas
coisas aos filhos, mas raramente lhes fazem provar a doçura de um beijo, ou o
mel de uma carícia e muito menos o aconchego da atenção. Somos capazes de calar
com exterioridades um apelo que nos atinge muito mais fundo… o Deus que nos seduz.
A verdade é que,
como os fariseus, também nós desejamos “experimentar” Deus, mas por vezes
seguimos o caminho errado. Jesus mostra-nos o verdadeiro caminho para a
experiência de Deus: o amor. Não podemos deixar secar a relação vital, o trato
de amizade com Ele! Deus quer homens e mulheres, livres da armadura de
prescrições e de protocolos, para O amar sem coações, capazes de fazer uma
experiência inteira, onde nada pode ficar de fora. A tríplice repetição de ‘todo
o coração, toda a alma, todo o espírito’ revela-nos que Deus,
que é tudo e só amor, nos demanda por inteiro, não pede isto e aquilo, mas pede
a nossa integridade. O amor a Deus não se trata de um sentimento, é uma opção
por aceitar que o amor de Deus tome posse de nós. Significa deixar-se embeber,
empapar, por Deus que é amor, passarmos a ser o que Deus é, de modo que
qualquer um que nos vir tem que perceber, pelos nossos gestos, palavras e
obras, que somos composição do amor… que “vai ali o amor!”
Amar o próximo
Mas o amor a Deus não é também um delírio forjado
nas nuvens da nossa imaginação, um calorzinho acendido a isqueiro no coração, como nas velas das nossas devoções. O amor a
Deus é um fluxo semeado na terra do coração do irmão. Os dois mandamentos, que
Jesus coloca lado a lado, são como dois pés que poderão caminhar longe, são
como duas mãos que poderão moldar o mundo: um sozinho… não funciona! Se o “Shemá
Israel” soava diariamente a todo o judeu piedoso, para lembrar o amor a Deus,
Jesus coloca o amor ao irmão no mesmo patamar para indicar que o amor a Deus
sem o amor ao irmão, manifestado em obras concretas, não tem solo onde possa
sobreviver. Só o irmão concreto, que vive ao nosso lado, é a porta que abre o
sacrário do amor a Deus.
Jesus elevará o
patamar do amor “como a ti mesmo” a uma fasquia ainda mais alta: “como Eu vos
amei”. Aqui está a plenitude que queremos alcançar, a estrela que nos guia e
brilha no firmamento do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, Mestre do amor,
Ensina-me um coração indiviso,
onde a vida és Tu e a novidade da Palavra sacie a
minha fome de ser. Ensina-me
uma alma atenta, onde a luz és Tu e a beleza
da Tua presença nutra a minha
terra sedenta de Ti. Ensina-me um espírito corajoso,
onde o sustento és Tu e a
descoberta de cada irmão é missão e compromisso.
Senhor, Mestre do amor, desejo
amar como Tu me amas… sem medida!
Viver a Palavra
Vou apostar em gestos
concretos de gratidão pelo amor de Deus para comigo.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
Visitas aos grupos
Já começaram as visitas aos grupos de jovens/crianças.
ESCUTAR é o tema de base!
Em breve estaremos junto de ti para caminharmos juntos, não deixes de aparecer!
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
XXIX Domingo Comum A
Evangelho segundo S. Mateus 22, 15-21
Naquele tempo os fariseus reuniram-se para deliberar sobre
a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus
discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que
és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem Te deixares
influenciar por ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. Diz-nos o teu
parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?». Jesus, conhecendo a sua malícia,
respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo». Eles
apresentaram-Lhe um denário, e Jesus perguntou: «De quem é esta imagem e esta
inscrição?». Eles responderam: «De César». Disse-lhes Jesus: «Então, dai a
César o que é de César e a Deus o que é de Deus».
Caros amigos e amigas, as perguntas que
colocamos a Deus – até aquelas mais insidiosas – recebem sempre uma resposta
clara e sincera que nos convidam a alargar o coração a uma desmedida que
desconhecíamos.
Interpelações da Palavra
“É lícito
pagar tributo a César ou não?”
A
armadilha, é preciso reconhecê-lo, tinha sido bem engendrada. Demoradamente, os
fariseus tinham discutido a melhor maneira de forjar uma cilada a Jesus, do
qual se dizia que era o Messias. Na verdade, havia um ou dois homens que se
intitulavam Messias, mas esses não eram perigosos porque a gente não os seguia,
enquanto o tal Jesus atraía enormes multidões,
cheias de admiração pelos seus milagres. Por
isso, convencidos da sua imposturice, os fariseus montam um estratagema
simples: perguntar-lhe se, nesta terra de Deus humilhada pelo invasor romano, é
lícito ou não pagar impostos ao imperador. Assim, dissesse sim ou não, cairia na
ratoeira: se concordasse com o pagamento do tributo tornar-se-ia colaborador de
Roma, logo falso Messias; se acedesse a não se pagar o tributo seria
considerado rebelde, preso e condenado! Então,
com uma lisonja melosa e hipócrita, formulam a pergunta e esperam pela resposta
com uma deferência simulada.
Jesus escutando-os, olhou-os com tristeza, e pediu-lhes uma moeda. A rapidez com que um retiraram a moeda,
embrulhada no lenço do bolso, foi a mesma com que ouviram a resposta!
“Dai a César… Dai a Deus…”
Jesus não se deixa
levar pela cantiga farisaica, nem se arma em amotinador revolucionário. Pelo
contrário, diante da cilada sem
escapatória, o Rabi de Nazaré abre um oceano de vida. A
sua resposta, cheia de sabedoria celestial, tinha sido genial! Afinal, é
preciso dar a cada um o que lhe pertence: vós que sabeis reconhecer a imagem e o
nome das moedas, sabereis reconhecer o rosto e os gestos de Deus? Conseguireis
descortinar e escutar as suas palavras? Sede, portanto, igualmente escrupulosos com Deus como
o fazeis com os Césares deste mundo! E porque Deus vos deu muito mais, logo
muito mais lhe deveis! Devolvei, dai de volta, restituí a Deus! Porque nada daquilo que tendes
é realmente vosso! Na verdade, de nada somos donos, porque tudo é dom e graça. A nossa vida é um tecido de débitos, um rosário de
dádivas. E há tanto amor a restituir, tanta instrução, amizade, esperança a
devolver!
Dar a Deus o que é de Deus
Alguns crêem que
Deus se contenta com exterioridades, promessas e algumas moedas deixadas cair
no cesto das esmolas. Mas Deus espera principalmente por nós, num diálogo,
presença e partilha de vida.
Se a imagem de César
está na moeda, a imagem de Deus está em nós. Porque a luz da sua face deixou em
nós a sua marca! Somos nós a moeda
do tesouro divino; uma moeda que tem a efígie e a inscrição do imperador dos
céus. Devolvamos a Deus o que é de Deus! «Não foi o céu a ser feito à imagem de
Deus, nem a lua, nem o sol, nem a beleza das estrelas, nem qualquer uma das
outras coisas que existem na criação. Só tu te tornaste imagem e semelhança da
beleza incorruptível, sinal da verdadeira divindade, receptáculo da vida feliz,
imagem da verdadeira luz, na qual, olhando para ela, te tornas aquilo que Ele
é, porque por meio do raio reflectido proveniente da tua pureza imitas Aquele
que brilha em ti» (S. Gregório de Nissa).
Dar a Deus é
inscrever no nosso coração Cristo, é descobrir a marca original do seu
mistério, a grafia do milagre, a impressão digital do dedo criador, que em
Jesus se fez visível. Isso, caros amigos e amigas, fará resplandecer em
nós a beleza do Evangelho.
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Mestre da verdade, ajuda-me a
distinguir entre o teu amor e os poderes que não me salvam;
Rei humilde, perdoa-me as
perguntas que nunca querem a tua resposta;
Pérola preciosa, diz-me que
vale a pena investir em ti a minha vida;
Tesouro incorruptível, mostra-me
a caducidade das riquezas que amarfanham a vontade;
Cunho do meu ser, grava a tua
imagem de bondade nos meus gestos de todos os dias;
Beleza infinita, que brilhas
sobre mim, que eu saiba reconhecer-te e restituir-te o meu olhar…
Viver a Palavra
Vou considerar a
minha dignidade de filho de Deus e a importância de corresponder-lhe.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Plano MEL-JEF
Consulta o Plano de Atividades da JEF/MEL para 2014/2015 e participa connosco nesta aventura com Cristo Palavra!
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
XXVIII Domingo Comum A
Evangelho segundo S. Mateus 22, 1-14
Naquele tempo Jesus
dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e,
falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei
que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os
convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros
servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois
e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem
fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros
apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito
indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e
incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os
convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para
as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos,
reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se
de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que
não estava vestido com o traje nupcial. e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui
sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos:
‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro
e ranger de dentes’. Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os
escolhidos».
Caras amigas e amigos, a história da humanidade é a
história da paixão de Deus que não se cansa de convidar para a festa do seu
Filho; é também a história de um amor, por vezes dramático e rejeitado, mas
nunca derrotado.
Interpelações da Palavra
“Vinde às
bodas”
Imagino
a azáfama real daqueles dias antes do casamento. E imagino também a força prodigiosa do amor de Deus que percorre as
ruas, convoca o mundo, no desejo de encher a sala das núpcias. Sim, neste sonho
de desposar a humanidade, o encontro com
Deus é sempre banquete, júbilo, dança, sorriso, beleza. Ele prepara um banquete
para todos e cada um de nós, os felizes convidados! O noivo nos espera. Mais, é Ele a festa! Até parece que não suporta estar sozinho e que o
inferno é a solidão. O Reino, a amizade com Jesus, ser filho de Deus são
um dom, totalmente gratuito, nunca devido ou merecido. São um dom surpreendente
e não um peso a suportar, um convite para uma relação alegre e não uma doutrina
a seguir ou um rito cheio de rubricas a repisar.
“Os convidados não eram dignos”
O que sentirá Deus
diante da humanidade cheia de desculpas, escrava da mais pequena coisa, sem
tempo para a alegria? O drama divino é encontrar a sala despojada, a orquestra
sem música, os copos vazios. Sem comensais, amanhã, a fragrância do pão estará
apagada, a alegria do vinho adormecida, os perfumes das carnes suculentas
putrefactos. Por isso, Deus nunca desiste e regressa com entusiasmo aos
cruzamentos da vida, acrescentando nomes à lista dos convidados até ao mais
esquecido, o meu e o teu. É a mesma força que, desbravando as dificuldades, sai
ao encontro do leproso, convida à mesa os pecadores e, nunca se resignando,
ressuscita os mortos. Ele festejará com todos, bons e maus, as bodas do seu
Filho com a humanidade.
“Amigo, como entraste aqui sem o traje
nupcial?”
Amigo!
Palavra carregada de humanidade! Mesmo assim a festa não o convertera. O homem
sem a veste nupcial talvez não acreditasse que seria possível sentar-se à mesa
do rei e, por isso, não trouxera o seu contributo de beleza nem a prenda da sua
alegria. Ter-lhe-ia bastado pouco: uma flor dos campos na lapela e uma
escovadela no pó das calças, mas sobretudo a alegria que se gera dentro, o
encanto e o aleluia da festa. Estava ali sem acreditar, sem entrar no amor
louco de Deus que desejava uma aliança com ele. Não deixou que a saliva do
coração lhe escorresse pela vida fora, mudando a tristeza em luz, a solidão em
banquete, a exclusão em comunhão!
Também nós podemos
ser cristãos trajados de severidade, tristeza, silêncio. Pensamos carregar todo
o pesar do mundo em vez de trazer o sorriso de Deus ao mundo. Podemos ser convidados
de rosto austero e olhar apagado, que penduraram a paz e a confiança no
vestíbulo da vida. Mas não esqueçamos: a veste nupcial é Jesus Cristo! É Ele a
alegria da festa da vida. Revestidos da sua presença somos, caros amigos e
amigas, a alegria do Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, rei do banquete da graça e da verdade, rei da festa e do encontro,
preparas cada
instante com o cuidado da festa e da cor;
Preparas cada
espaço com a surpresa e o perfume da caridade;
Preparas o
alimento de que tanto preciso para avançar, Tu o preparas e me convidas…
para este
evento, que está sempre pronto a me acolher, buscas-me
na primeira
hora e na última, nas encruzilhadas dos caminhos e no ruído da cidade…
Senhor,
procuras-me, precisas-me na festa que é Tua…
Nesta festa
permanente que preparas, sim, Tu tudo preparas para mim…
Viver a Palavra
Vou intensificar e
valorizar a minha participação no banquete da Eucaristia.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
XXVII Domingo Comum A
Evangelho segundo S. Mateus 21, 33-43
Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos
sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário
que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou
uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. Quando
chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para
receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram
um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos,
em maior número que os primeiros. E eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim,
mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho’. Mas os
vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; matemo-lo
e ficaremos com a sua herança’. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e
mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». Eles responderam:
«Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros
vinhateiros, que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca
lestes na Escritura: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra
angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos
digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus
frutos».
Caros amigos
e amigas, a parábola de hoje narra a história do amor excessivo de Deus. Nada
bloqueia o seu sonho de encontro: nem a rejeição, o desprezo, o desinteresse ou
o não acolhimento! Nada impede o seu amor!
Interpelações da Palavra
A canseira do amor
Deveria ser uma vinha luxuosa e frutuosa para
desencadear os ciúmes e o apetite dos arrendatários. Na verdade, ela era a
vinha mais esplendorosa da região: fora o próprio dono que lhe retirara as
pedras uma após a outra; com amor apaixonado plantara as vides; fizera jorrar no
centro uma fonte para a regar; edificara uma sebe como um abraço para a
defender; e construíra uma torre alta para melhor a contemplar. O Senhor,
atento e apaixonado pela sua vinha, descera diariamente para cuidar de cada
ramo, na ânsia dos bons frutos. O amor é um sonho traduzido em trabalho e suor,
em contemplação enlevada. No entanto, o sonho entregue às mãos dos vinhateiros,
colocado à mira da ganância, torna-se rapidamente num pesadelo e numa tragédia.
Esta vinha é a
história de um Deus apaixonado: somos nós o campo da predilecção de
Deus, a vinha amada de mil cuidados e atenções. Mas somos também nós que nos esquecemos
facilmente que não somos proprietários, mas apenas jardineiros! Depressa
esquecemos que o amor é um dom, não se pode possuir, mas é para ser partilhado.
A vida não se pode aprisionar, mas é para ser vivida, intensa, realizada,
saboreada. Tudo é dom, tudo é gratuito, tudo é vida.
O amor nunca se cansa
Deus nunca se
rende! Como o vinhateiro recomeça, após cada rejeição, a assediar o nosso
coração com profetas, novos servos, com o próprio Filho. E arrisca, radical e
gratuitamente, a própria vida. O coração do Pai, tocado por um excesso de amor,
não volta as costas àqueles que lhe mataram o filho mas vai à sua procura.
Persistentemente, continua um diálogo de amor que nenhuma desilusão
poderá apagar. Ainda hoje, Ele bate à nossa porta,
naqueles que esperam do nosso campo um vinho de festa, um canto de alegria, um
punhado de mais vida.
Encher o mundo de amor
O sonho de Deus não é o pagamento de um tributo por
parte dos trabalhadores, mas é uma vinha que não produza mais cachos de sangue
ou uvas amargas de lágrimas, mas bagos cheios de luz e de sol.
No fim da parábola da vida, a vinha será dada a
quem saberá encher de frutos o mundo. O mundo pertence a quem o torna melhor, a
quem o faz florescer, a quem lhe faz amadurecer os cachos. Para isso veio
Cristo, vide e vinho de festa. Sobre Ele nos enxertamos, nele nos saciamos,
nele nos inebriamos, nele amadurecemos, para assim encher as ânforas do mundo
do miraculoso vinho de Caná. E isso, caros amigos e amigas, é Evangelho!
Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, és Tu que enches o mundo de calor, de irmãos e de irmãs!
Tu acendes o sol que dá brilho
ao olhar, beleza ao rosto e leveza à esperança,
Tu completas o arco do
horizonte, dás rumo aos caminhos e força aos meus pés.
O céu tem a cor do teu
sorriso, e a ternura das tuas mãos... como és bom, Senhor!
Contemplo a tua obra em mim e à
minha volta, recolho a gratuidade que tudo promove!
Talvez ontem ainda estragasse a
tua obra, com um apego que me encarcerava,
mas hoje quero entregar-te os
frutos do teu dom: eis-me aqui, envia-me!
Viver a Palavra
Vou considerar a
solicitude de Deus para comigo e procurar corresponder ao dom do seu amor.
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