quinta-feira, 30 de outubro de 2014

XXXI Domingo Comum A


Comemoração de todos os fiéis defuntos

Evangelho segundo S. João 11, 21-27
Naquele tempo, disse Marta a Jesus: «Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas eu sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Ele To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».

Caros amigos e caras amigas, neste Domingo em que celebramos os defuntos, os cemitérios acolhem multidões, as flores preenchem as campas, o silêncio e o clima outonal são tristes. É dura e incompreensível a irmã morte! Portanto, hoje, Jesus convida-nos à liturgia da vida.

Interpelações da Palavra

«Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido»
É este também o grito de escândalo com que repreendemos Deus quando conhecemos a morte, na separação das pessoas amadas. O gemido de Marta prolonga o nosso soluço: Senhor, porque não escutaste o meu desespero? Porque és tão indiferente à doença e à morte? Se estivesses aqui talvez a dor das tuas lágrimas se pudessem misturar à minha mágoa e terias feito algo! Talvez não reconheçamos a sua presença silenciosa, mas não com a dispensa da morte, porque para Ele o maior bem não é uma vida centenária, mas é viver já uma vida de ressuscitados.

«Eu sou a ressurreição e a vida»
Estas são talvez as palavras mais importantes do Evangelho, palavras grávidas de vida, palavras já presentes e não apenas realizáveis num futuro distante e enevoado. Sim, é hoje que somos assediados pela ressurreição! É Cristo o lugar da ressurreição! É Ele a semente de eternidade que Deus lançou no coração da humanidade!
Mesmo se alguns apostam tudo na escuridão, no vazio para além da morte, na inutilidade das cinzas e do pó com que fomos feitos, Deus aposta hoje na vida, na fecundidade, nos laços que nem a eternidade poderá separar. Sim, Deus acredita em mim, acredita que a beleza que eu teço agora jamais será desfeita, acredita que a ressurreição que hoje eu semeio será amanhã um campo florido, acredita que a morte não tem a última palavra porque Ele já antes a venceu, destruiu, aniquilou. Sim, na memória de Deus, a morte foi vencida e derrotada. Ainda que passem três dias ou trinta anos, o amor de Deus é inimigo do esquecimento, porque mais forte do que a morte é Alguém, é o Amor! E o amor de Deus é a força da ressurreição!
A morte pode sepultar a pessoa, impedi-la de ser e de viver, enterrá-la no esquecimento, mas não impedirá os laços indestrutíveis de amor que nos ligam a Deus. Para Ele não existe um sepulcro do qual não se possa sair, não há túmulo tão profundo que não possa ser violado, nem ninguém é cadáver putrefacto que não possa renascer de novo, porque para Deus não há morte que não possa ser vencida pelo amor!

Acreditar no amor
A vida eterna não é uma fábula ou um sonho, mas é a vida do Evangelho concreto nos gestos do quotidiano amor. Aqui nada é esquecido: nem um afecto, um copo de água ou o mais pequeno sorriso. Por isso, o Evangelho alerta-nos a ter mais medo de uma vida vazia, inútil e infecunda do que da morte, essa última portagem que ultrapassaremos agarrando-nos fortemente ao coração d’Aquele que nunca nos abandonará.
Quem nos separará do amor de Cristo? Nem anjos nem demónios, nem vida, nem morte, nada nos poderá separar do amor de Deus (S. Paulo). E esta certeza nos basta. Se Deus é amor, Ele vingará a nossa morte. A sua vingança é a ressurreição, um amor nunca separado. Esta é, caros amigos e amigas, a esperança e o amor do Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, acredito no amor, por isso acredito na vida, porque o amor não deixa morrer a vida!
Acredito que Tu és Amor, por isso acredito que Tu és Vida.
Acredito que me amas, por isso acredito que não me deixarás morrer.
Senhor, acredito que amas os que eu amo, por isso acredito que eles vivem no teu amor.
Senhor, ensina-me a amar como Tu amas para que possa dar vida àqueles que amo.
Senhor, seduz o meu amor, para que te ame de tal modo que sejas sempre vida em mim.

Viver a Palavra

Vou procurar entender a vida e a morte na perspetiva de um Deus que me ama infinitamente. 

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