sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Retiro de jovens: ESCUTO-TE E... ARRISCO!

No dia 21 de fevereiro de 2015, seguindo a proposta do SDPJV de Bragança-Miranda, 50 jovens subiram o cabeço de Balsamão para participar no retiro de jovens.

Dando corpo ao tema lançado pelo Sr. Bispo D. José Cordeiro para este ano pastoral – Ano da Bíblia, este dia de encontro, oração, fraternidade e formação bíblica decorreu sob o lema: Escuto-Te e… arrisco.


Na primeira parte da manhã houve tempo para variadas dinâmicas, ao longo dos claustros do Convento, no sentido de completar um puzzle com as etapas da Lectio Divina: o BI da Lectio Divina. Em cada fase da Lectio era desenvolvida uma atividade e entregue uma etiqueta com as quais cada jovem foi construindo um caminho. Na aprendizagem deste percurso espiritual de oração da Palavra, cresceu também a inter-relação ente os jovens e a familiarização com a Palavra de Deus.
Feita a descoberta do que é o método da Lectio Divina, o grupo seguiu depois para a prática concreta do mesmo através da passagem bíblica proposta na liturgia do dia: Lc 5, 27-32. Após o momento da Statio, com a invocação do Espírito Santo e um breve tempo de oração pessoal e de escuta, fez-se a leitura da Palavra, Lectio. Posteriormente decorreu a meditação da mesma através da exploração do texto bíblico num tempo de formação.

Após a partilha do almoço houve, ainda mediante a Palavra escutada pela manhã, um tempo forte de oração, Oratio. Em pequenos grupos partilhou-se a riqueza da Palavra de Deus e o percurso feito até ao momento, nomeadamente na interpelação que o Senhor faz através da passagem Bíblica rezada, Collatio. Dando-nos conta que, muitas vezes a nossa relação com Deus é “desajeitada” e temos receio de nos aproximarmos Dele e da Sua Palavra, explorou-se seguidamente a letra do tema: Balada do desajeitado (dos Quadrilha) com a visualização de um filme e a transposição do tema para a nossa vida espiritual. Também com a ajuda de um texto interpelador de Giovanni Papini, demo-nos conta que é urgente arriscar, deixar tudo e seguir o projecto que Jesus sonha para nós, a felicidade.

Na capela do Convento, reunimo-nos para nos colocarmos diante de Deus e deixar que Ele nos conduza, transforme e converta através da Sua Palavra. Surge no grito do silêncio da oração o imperativo: arrisca!
E agora? Já no final do percurso/dia é tempo de agir, deixar que a Palavra escutada, meditada, partilhada e rezada se torne vida e nos leve a agir em gestos concretos do nosso dia, Actio. Foi então que cada um construiu um postal para trocar com um elemento do grande grupo com o poema “Escuto” de Sophia de Mello Breyner, proposto na Carta Pastoral de D. José Cordeiro para o Ano da Bíblia. Seguiu também, para o nosso Bispo, um postal construído por todos.
Na escuta da Palavra, através do método da Lectio Divina, descobrimos o Deus que nos fala, abraça, converte, perdoa e faz festa, pois “caminho como quem é olhado, amado e conhecido/ e por isso em cada gesto ponho/ solenidade e risco” (Sophia de Mello Breyner).
Nós escutamos(-Te) e… arriscamos!


Irmã Conceição Borges, sfrjs

II Domingo Quaresma B



Evangelho segundo S. Marcos 9, 2-10
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos».

Caros amigos e amigas, do deserto silencioso e das provocações tentadoras do passado Domingo somos conduzidos, no Evangelho de hoje por Jesus, até ao esplendor da luz e tranquilizados pela voz do Pai. Sim, Deus converte a nossa história, entretecida de mortes e de sombras, num poema de vida e de luz.

Interpelações da Palavra
Descobrir a beleza de Deus
Não era a primeira vez que Jesus os tomara à parte consigo, mas hoje queria mostrar-lhes um sinal, uma recordação que lhes fortalecesse a vigília amarga no horto das oliveiras e no alto do calvário. No monte os discípulos descobrem que o Mestre, coberto de uma veste desbotada pelo sol e pela chuva, com a face enrugada pelo cansaço e pelos jejuns, resplandecia agora de uma inefável beleza, a beleza de Deus figurada em rosto humano! Aquela luz fulgente toca antecipadamente a sombra iminente da paixão, mas revela também o clarão da ressurreição. Na transfiguração nada é perdido, mas tudo é iluminado porque trespassado pela luz divina. Dentro da nuvem, no mistério de Deus, cada instante e pessoa adquire a sua beleza infinita, na certeza de que os momentos de claridade sustentam o caminho e conduzem ao dia sem ocaso! Só encontrando a glória e a beleza de Deus conseguimos enfrentar a cruz.

Mestre, como é bom estarmos aqui!
A fé nasce sempre de uma admiração, um encanto, um enamoramento, de um “que lindo!” gritado a pleno coração! Pedro é seduzido não pelos milagres, pela omnipotência divina ou pelo fascínio do infinito, mas pela beleza do rosto de Cristo. O olhar transfigurado de Jesus, verdadeiro espelho da alma, é a grafia de um coração de luz. Só aqui o homem se sente finalmente em casa. Só nesta contemplação o homem intui o paraíso. O céu é Jesus! O nosso destino é esta luz, nunca o mal e as trevas. Em cada um de nós está semeado um caminho de luz, uma via-lucis que aclara a necessária entrega da via-crucis.

A humanidade está grávida de luz!
Quando Deus passa na vida, quando por um momento Ele descobre o véu da sua face, então nada fica como antes. De facto, através dos instantes de beleza semeados na caravana cinzenta da nossa vida, Deus tece connosco uma história de amor. Porque a história do amor de Deus ficaria incompleta sem nós!
Nós tornamo-nos sempre aquilo que vemos e escutamos. Contemplar Jesus e escutar a sua Palavra cura o passado, incendeia o presente, ilumina o futuro, muda o coração, dá beleza, é luz para a noite. Quem acreditaria que uma prostituta, com um frasco de perfume aos pés de Jesus, seria apresentada como modelo, na beleza do seu gesto? Quem acreditaria que um ladrão crucificado faria brilhar para nós a luz do paraíso? Quem acreditaria que o corpo desfigurado do Crucificado se tornaria a verdadeira imagem do amor dado até ao fim? Quem acreditaria que o seu cadáver deposto na escuridão do sepulcro ressuscitaria glorioso na luz da aurora da Páscoa? Caros amigos e amigas, só experimentando a beleza de Deus seguimos o Evangelho!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor Jesus, olha como tantas miragens, tantas luzes sem luz, me despistam a visão;
Repara, Jesus, como o brilho de um trinunfo fácil, me faz subir a presunções, palcos e tribunas,
Vê, Jesus, como as tendas do comodismo me cravam na terra os pés, sedentos de caminhos…
E agora, por amor, me convidas a subir o teu monte para estar contigo: subirei, Senhor!
E agora a tua luz rasga-me a beleza com que anseio identificar o meu rosto… no teu rosto.
E agora, Filho amado, uma voz de amor me descerra que só Tu me podes ensinar a filiação.
E, por amor, me convidas a descer, a caminhar contigo até à entrega da vida; descerei, Senhor!

Viver a Palavra

Vou deixar regenerar a minha vida espiritual em momentos de encontro com o Senhor.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

I Domingo Quaresma B


Evangelho segundo S. Marcos 1, 12-15
Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

Caros amigos e amigas, em poucas linhas o Evangelista Marcos traça-nos o início da missão de Jesus. Aquela Palavra de amor e o enlevo que, no baptismo, o Pai colocara no Filho Amado é semeado num deserto. E afinal o deserto é fecundo: o amor germina, cumpre-se o tempo e o Evangelho brota!

Interpelações da Palavra
O Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto
Tinha ido ao Jordão para ser baptizado e depois viera aquela declaração de amor do Pai em que lhe dissera ser o Filho amado! Ficara cheio do Espírito Santo, porque o Espírito Santo é o puro amor entre o Pai e o Filho. Então a ida ao deserto flui deste encontro, é a continuação de um diálogo iniciado de recíproco amor. Este “impeliu” não tem nada de forçado, tem todo a ver com uma sedução, com uma condução… como o Senhor conduz Israel ao deserto para falar-lhe ao coração (Oseias, 2). Só no espaço imenso de um deserto, cabe o diálogo de um imenso amor. O deserto é o crisol dos santos. Ali onde o céu e a terra têm a mesma cor indistinta, e as paisagens se fundem Ele exercitará a atenção para entender o amadurecimento dos tempos, saber interpretar os brilhos dos olhares e os sinais dos rostos de quantos com Ele se cruzarem. Ali, onde o silêncio é plano, ele aprenderá a escutar os gemidos mais calcados e os gritos mais íntimos. Onde não há nada para ver e nada para ouvir Ele afinará a visão e a escuta. Precisamos de ir ao deserto com Jesus para curar todas as distrações que nos bloqueiam a visão e a escuta! Precisamos tanto de aprender a ver e a escutar!

Quarenta dias…
Quão caro era ao povo de Israel no número 40! Número jogado pelos grandes profetas, nas mais sonantes datas da sua história. Novamente o deserto, novamente quarenta dias, prenúncio de uma nova história recontada pela fidelidade do Filho amado. Em Jesus tudo começa, o mundo novo está a surgir. Aquele mundo que Isaías prenunciava, de uma convivência pacífica entre os seres da criação, cumpre-se em Jesus. A nova criação! Jesus, que era tentado por Satanás, vence a tentação pela sua fidelidade. Vivendo entre animais selvagens e anjos, Ele tudo reconcilia. Nesta quaresma que iniciamos, um novo quarenta nos pede a mesma fidelidade do Filho Amado. Entre feras e anjos, entre tentações e graças, toca-nos realizar a reconciliação em que tudo aquilo que guerreia a nossa visão e a nossa escuta deve submeter-se à Palavra que salva.

Cumpriu-se o tempo
“Cumpriu-se o tempo” faz-nos lembrar o termo de uma gestação. O tempo de Deus é fecundo! E o tempo de Deus é agora. Não atiremos para um futuro impreciso a promessa de que Deus está connosco, não adiemos a alegria de lhe dizer sim, não protelemos a centelha de salvação, incubada na força da consagração baptismal. Cabe-nos encontrar Deus no cerne deste tempo que nos envolve, aqui e agora, e acabaremos por perceber que o velho vício de reinarmos nós destoa com este tempo novo, favorável, em que Deus está connosco!
Arrepender-se tem a ver com essa passagem pelo deserto, o deserto da renúncia, mas sobretudo o deserto da atenção; o deserto do silêncio, mas sobretudo o deserto da escuta. Então o arrependimento que Jesus nos pede será esse tempo de gestação em que deixamos que a Palavra de Deus seja o critério das nossas vidas e acabe por emanar delas próprias. Porque o acreditar no Evangelho é tornar-se Evangelho!

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor Jesus, peregrino do deserto, leva-me contigo neste tempo de graça:
Ensina-me a sedução pelo Espírito que impele, inspira e desinstala, em cada descoberta,
Ensina-me os sinais dos tempos e do tempo, no discernimento das tentações permanentes,
Ensina-me a entrega missionária, na denúncia do erro e no anúncio da verdade,
Ensina-me a reconciliar tudo o que me envolve, no abraço da tua paz.
Senhor Jesus, leva-me contigo na areia do meu deserto, atrai-me na brisa dos encantos…
Senhor Jesus, habitante do meu deserto, ensina-me a acreditar no Evangelho!

Viver a Palavra

Vou arriscar um tempo de deserto com o Senhor e descobrir que tentações mais me seduzem.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

VI Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 1, 40-45
Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.

Caros amigos e amigas, a Palavra deste VI Domingo do tempo comum convida-nos a descobrir em nós a coragem do encontro com Jesus (sabendo-nos “leprosos”) e com os irmãos (sabendo-nos distantes). Transformados por Jesus, não conseguimos calar a urgência da comunhão.

Interpelações da Palavra
O tesouro do encontro
Quantas aproximações já teria tentado aquele leproso? Quantos encontros já teriam sido marcados, evitados ou negados? Quem estaria disponível para atender o impuro? Quem se arriscaria a acolher o excluído? Talvez ele pressentisse que só Jesus abateria essa distância e por isso foi ter com Ele e prostrou-se. O excluído procura o mestre da inclusão e do encontro. Encontra quem primeiro o procurou, porque o Seu coração é um tesouro aberto que se dá sem excluir ninguém. Jesus esbanja o seu amor, sobretudo pelos excluídos, pelos que não têm espaço nem nome, pelos que eu não aceito ou condeno. Neste tesouro do encontro nasce um grito contra a marginalização, a exclusão, o rótulo e o preconceito. Todos temos lugar no coração de Deus, todos somos convidados ao encontro com Ele, mesmo prostrados. Não foi necessário Jesus definir o leproso, ele sabia-se impuro e indigno de se aproximar, prostra-se e suplica-lhe: “Se quiseres… podes curar-me”. Tomar consciência das nossas “doenças” e do mistério do “único médico/salvador” que nos cura é já bálsamo que acalma a dor e limpa tantas lepras…

Quero, fica limpo
Será que aquele leproso sabia o querer de Jesus? Contudo parece que não temia que Ele se horrorizasse diante do seu estado! Teria Ele tempo para aquele “afastado”? E, de facto, Jesus não se horroriza com o estado do leproso, assim como não nos exclui nem nos rejeita, apesar das nossas culpas e “estado de alma”… compadece-se. Jesus não vira as costas ao leproso nem aos nossos problemas ou ansiedades, estende a mão. Não se afasta do leproso nem desvaloriza as nossas lutas e receios, toca(-nos). Sim, Jesus compadece-se, estende a mão, toca as feridas, vai ao encontro, desce até junto do nosso chão onde estamos, muitas vezes prostrados e cansados, desiludidos e cépticos em relação à vida e aos outros. O querer de Jesus é a cura do doente, a liberdade do oprimido, a alegria do desanimado. O querer de Jesus é a abertura de um espaço onde todos tenham um lugar acolhedor e franco, um lenitivo de compreensão e afecto.
E nós? Que fazemos do leproso, de qualquer leproso, que nos procura e vê em nós uma janela de esperança e uma possibilidade de encontro? Qual é o nosso querer em relação aos leprosos de hoje?

Segredo partilhado
O encontro surtiu efeito, porque Deus quer a salvação de cada um dos Seus filhos. Como calar agora este milagre? O anúncio do encontro é já um segredo partilhado, o leproso descobriu o tesouro que ansiava e não consegue detê-lo em si. De excluído passa a proclamador, de impuro passa a testemunho de vida. A nossa conversão é o melhor testemunho de que Deus nos ama, salva e liberta.
A felicidade só é possível onde há acolhimento, aceitação. Onde não há encontro falta a vida e a criatividade atrofia-se.
Somos convidados a ser “artífices de comunhão”, “instrumentos da maravilha do encontro”, “profetas da inclusão”.
Todos somos leprosos, excluídos e curados, impuros e limpos. Queridos irmãos, esta dinâmica do encontro da nossa culpa com o perdão de Deus é Vida, é Evangelho!



Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, coloco todo o meu ser diante da tua misericórdia… Confio em Ti!
Ainda que tema abrir-te minhas chagas secretas de lepra, quanto desejo a tua luz e calor!
Não maquilho a minha lepra, o meu pecado, porque sei que nunca me rejeitas;
Não te digo o que quero, entrego-me ao teu soberano querer, porque sei que me amas;
Não te digo o que faças, espero o toque da tua mão porque sei que é criadora!
Hoje, Senhor, aconteça o que acontecer, não sairei igual de junto de ti, o teu acolhimento cura!
Sairei da chuva do teu olhar com o olhar irrigado; do calor da tua mão com o ser incendiado…
Irei, Senhor, apregoar e divulgar a tua proximidade, o teu acolhimento, a tua misericórdia!

Viver a Palavra

Vou reconhecer as minhas lepras da alma e, sem medo, expô-las à misericórdia de Deus.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

V Domingo Comum B


Evangelho segundo S. Marcos 1, 29-39
Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falaram dela. Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. Ao cair da tarde, já depois do sol-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos e a cidade inteira ficou reunida diante da porta. Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias doenças, e expulsou muitos demónios. Mas não deixava que os demónios falassem, porque sabiam quem Ele era. De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar. Simão e os companheiros foram à procura d’Ele e, quando O encontraram, disseram-Lhe: «Todos Te procuram». Ele respondeu-lhes: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim». E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demónios.

Caros amigos e amigas, da Sinagoga de Cafarnaum, Jesus parte para o aconchego de uma família; do anúncio do Reino pela Palavra, Jesus passa ao anúncio através dos gestos de cura. Da casa passa à cidade e da cidade a “outros lugares”, ao mundo… Hoje chega aqui! O Evangelho de Jesus é para todos os tempos e lugares.

Interpelações da Palavra
Tomou-a pela mão e ela levantou-se
Começa pela casa de Simão. Este gesto de tomar pela mão e levantar é próprio de Jesus e daqueles que Lhe seguem os gestos. Um gesto familiar, de proximidade. Através do calor da sua mão, Ele deixa correr para a nossa a seiva que lhe passa no coração! Então ficamos irrigados do seu dinamismo e não podemos deixar de nos levantar de todas as prostrações. Ele faz-nos caminhar e devolve-nos a autonomia do serviço. Aquele que se deixa levantar por Jesus, ganha a agilidade dos peregrinos, a iniciativa dos obreiros da paz. Jesus confronta todos os “sábados estéreis”, todos os descansos infecundos e até desumanos, todas as hesitações tímidas ou comodistas, toda a inércia cúmplice do mal.
Naquele dia abateu-se sobre Cafarnaúm a profecia de Isaías como nunca tinha sido provada. A esperança de todos os que padeciam de enfermidades ganha vigor. Talvez na expressão “todos os doentes” possamos incluir “todas as doenças” e a integridade de cada “doente”. Será que alguém em Cafarnaúm ficou fora da lista? É que em vez de notificarmos Jesus acerca das doenças dos nossos órgãos fisiológicos precisamos de nos oferecer ao seu olhar, na totalidade do nosso ser, correndo o risco de que Ele nos levante e já não nos seja possível deixar de caminhar…

Retirou-se… começou a orar
Marcos nem tem tempo para falar do repouso de Jesus. Tudo n’Ele é dinamismo, porque agora Jesus também se levanta e sai... E aqui está de onde lhe vem o dinamismo. Estamos curiosos por saber como seria a oração de Jesus. Mas a descrição, apesar de breve, deixa-nos dados preciosos. Este “muito cedo” indica-nos qual era o alicerce dos dias de Jesus. Os seus gestos são reflexos do esplendor de um coração que se sente amado e que se deixa amar, por isso são gestos de amor. As palavras de Jesus alimentam-se desta intimidade dialogante com o Pai, por isso são palavras criadoras. O olhar de Jesus acende-se na alegria de ser olhado pelo artífice do universo, por isso é um olhar iluminante. Temos assim a fórmula para alcançar a plenitude dos dias: dias enraizados na comunhão com o Pai celeste.

Vamos a outros lugares
Não podemos ficar aqui a saborear os êxitos vaidosos, a rever-nos e a consolar-nos com uma obra própria. Não podemos encerrar no nosso controle a graça de Deus que se multiplica pela fecundidade do Espírito Santo. Ajudemos os irmãos a levantarem-se, também os que nem se sentem caídos, mas não cometamos a loucura de lhes manipular os movimentos; deixemos que caminhem livres, que tomem a iniciativa do serviço, amparados pela força do Alto...
Não sejamos semeadores que controlam os dinamismos e os ritmos da terra, mas confiam na força da graça e partem logo para outras sementeiras. Vamos a outros lugares, amigos e amigas, cruzemos as fronteiras dos preconceitos, não adiemos o amor, visitemos as dores dos irmãos, caminhemos pelos desertos tristes que nunca ouviram som de passos, pelas terras duras que nunca conheceram a água fecunda da Palavra. Vamos, partamos… semeando o Evangelho!



Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, vivo prostrado na febre das coisas que me afastam do irmão
e me detêm na solidão do meu querer e dos meus projetos desnudados de amor.
Vivo atormentado pela doença de me achar dono da vida, detentor da história
e possuído por demónios que não falam o amor e a comunhão.
Vivo perdido no espaço de cada gesto e procuro o caminho e a meta fora de Ti.
Mas Tu és a cura e a Palavra, Tu és a força e a sabedoria…
Cura-me, ensina-me, levanta-me e envia-me!

Viver a Palavra

Vou redescobrir na oração da vida a força e o discernimento para a missão.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Dia do Consagrado

E porque hoje, dia 2 de fevereiro, é o Dia do Consagrado, em pelno Ano da Vida Consagrada, recordamos as nossas irmãs Servas Franciscanas e rezamos com elas a alegria da vocação!