quinta-feira, 7 de maio de 2015

VI Domingo Páscoa B


Evangelho segundo S. João 15, 9-17
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse­-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo­-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».

Caros amigos e amigas, o amor é a única fonte que abastece a nossa verdadeira vida. O amor é outro nome dado ao Espírito Santo, laço que une as pessoas divinas, o “sangue” que permeia e mantém viva a Igreja.

Interpelações da Palavra
Vivemos de amor e de alegria
Estamos no ambiente da última ceia. Os olhos pasmados dos discípulos não conseguem acompanhar Jesus que os leva pelos meandros mais íntimos do seu coração. Naquela hora de aperto, o medo embotara a sua capacidade de entendimento, o discernimento coagulava à borda dos desafios… Porém o discípulo amado era o escriba do amor e, enquanto os outros não se permeabilizavam às revelações de Jesus na hora da Ceia e fugiam na hora do Calvário, esse discípulo espreitou o coração aberto de Jesus, quer na Ceia quer no Calvário!
No tempo pascal a Igreja serve-nos a refeição da intimidade de Jesus, as pérolas do seu testamento para nos fortalecer nas horas de Calvário. Quem não se sentirá seguro neste amor selado por um espontâneo dar a vida? Como pode proliferar em nós a tristeza, se Ele deseja a nossa alegria? Como pode um sentimento de abandono rondar-nos se Ele nos convida à permanência n’Ele? Neste Domingo percebemos bem o dinamismo deste verbo “permanecer” que não é estático, mas o aparelho circulatório da Igreja, como Corpo vivo.

Eu vos escolhi…
 Jesus revela-nos um amor que escolhe, um amor de eleição e, por isso, especial, personalizado. Deus escolheu-me?! Sim, amigo e amiga, tanto tu como eu estamos situados na mira daquele olhar divino. Ele escolhe a mim e a ti para uma missão concreta, para que vamos e demos fruto. Ele diz, a mim e a ti, que a experiência de amor mantida com Ele não pode ser precária, intermitente, ao sabor dos nossos estados de ânimo, não tem horas laborais, feriados ou férias. O verdadeiro amor, não é uma tremura à flor da pele, um estupefaciente fugaz, um romantismo ocasional. O verdadeiro amor é aquele fluxo permanente que colho da relação entre o Pai e o Filho e se torna manancial em mim, que refina as relações formais até as transformar em amizade, confiança e cumplicidade. Então o que Ele me “manda” não vem de um patrão, mas passa a ser espontâneo colaborar na sua missão, serviço e amizade aos irmãos, até à doação da própria vida… como Ele!

… e destinei para que vades e deis fruto…
Não podemos correr o risco de nos tornarmos canos esclerosados pelo egoísmo, torneiras entupidas pela timidez ou pelo comodismo. O discípulo, consciente de que recebe a vida do Mestre, sabe que o seu tesouro só vive quando partilhado. A nossa permanência nesta videira, abundante de vida, não apenas nos alimenta, mas faz-nos adotar a mesma fluidez e a tornar-nos manancial para os demais, portadores do mesmo amor capaz de dar a vida tanto nas grandes, como nas comezinhas situações de cada dia. É este amor que leva os pés até às periferias existenciais, que gera o carinho nas mãos que curam, que se faz presença a regar a secura do abandono, que se faz luz no olhar que anima, paciência que escuta, palavra que liberta… Este amor faz-nos sair de nós e envia-nos em missão. É este amor que solta do nosso ser a proclamação feliz do Evangelho.

Rezar a Palavra e contemplar o Mistério
Senhor, só nas tuas palavras encontro estabilidade para permanecer, Tu és a Palavra!
Só Tu cantas a melodia que faz crescer em mim a esperança perfeita, Tu és a alegria!
Tu dás a vida por mim, és o puro Amor, e me recrias das mortes quotidianas, és a Vida!
A Ti, Senhor, que me escolhes e envias, quero entregar a vida, permanecer na Tua Palavra,
tornar-me causa de alegria, fazer viver a tua Vida em mim, ser sinal fecundo do teu Amor!
Sim, Senhor, quero permanecer… para que ao teu envio eu parta sempre do teu Coração…

Viver a Palavra

Vou acolher a feliz amizade que o Senhor me dedica e ser no mundo um sinal claro do seu amor.

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