sexta-feira, 31 de maio de 2013

Corpo e Sangue de Cristo - C



Naquele tempo, estava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus e a curar aqueles que necessitavam. O dia começava a declinar. Então os Doze aproximaram-se e disseram-Lhe: «Manda embora a multidão para ir procurar pousada e alimento às aldeias e casais mais próximos, pois aqui estamos num local deserto». Disse-lhes Jesus: «Dai-lhes vós de comer». Mas eles responderam: «Não temos senão cinco pães e dois peixes... Só se formos nós mesmos comprar comida para todo este povo». Eram de facto uns cinco mil homens. Disse Jesus aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta». Assim fizeram e todos se sentaram. Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes,
ergueu os olhos ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção. Depois partiu-os e deu-os aos discípulos, para eles os distribuírem pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.

Caros amigos e amigas, na solenidade que hoje celebramos reconhecemos o imenso dom de Deus que nos convida também a ser dom, a ser pão com(o) Jesus. Consagrados por Ele somos Eucaristia!

Eucaristia, sinal de um Deus solícito
O milagre da multiplicação dos pães vem na sequência das curas que Jesus está a realizar. A Eucaristia é o maior dom do amor de Deus, porque é a entrega de Si próprio. A Eucaristia contém em si e resume os bens excelentes que o Senhor dá aos seus filhos amados; ela é o sinal de que Deus alimenta o seu povo e está atento à sua indigência e necessidades.
A cena passa-se ao entardecer quando as trevas da noite rondam a vitalidade do dia. Este estado de noite é um sinal da nossa condição peregrina que almeja uma aurora. A noite é este véu da nossa fragilidade que tacteia o decisivo. A Eucaristia surge-nos então aqui como um sol que se encontra com as nossas noites, que preenche de luz os espaços às vezes tenebrosos das nossas dúvidas e esforços e nos conduz no dia porque nos alimenta d’Aquele que é o Sol Divino… porque a Eucaristia é Presença!

Partiu-os e deu-os…
A Eucaristia é exigência para repartir os bens de Deus. Ela é fracção. Não se pode entender como algo de compacto, de acumulação de valor. Ela é o centro onde a dispersão se reconcilia e donde parte a irradiação do dom. Ela pertence a este dinamismo do amor que não se acumula, que não se deposita. Um depósito assim, que estagna e envenena, chama-se egoísmo. Só se entende o amor quando é repartido, quando explode, quando irradia vida para fora de si mesmo. O pão é o produto daquela longa história de mãos que nas mãos de Jesus encontram coroamento, é o fruto de um suceder de entregas que culmina na entrega de Jesus.
Decerto que os Doze também não teriam o estômago muito provido. Imaginemos o seu desconcerto quando pensavam exibir a Jesus uma louvável solicitude pelos famintos e Ele lhes diz: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Quantas vezes nos deixamos ficar pelos piedosos diagnósticos de fomes, sem avançar para a coragem de nos tornarmos refeição! Eles poderiam ter alegado: “Nós também temos fome!” Mas para Jesus tal argumento teria uma só solução, porque a sua lógica é esta: a nossa alimentação passa por dar de comer ao outro. E esta alimentação não se refere (apenas!) ao alimento exterior, mas o fazer-se alimento. Ser de Cristo é aceitar fraccionar-se, dar-se em alimento de comunhão. Nós somos o pão partido de Cristo, a sua viva Eucaristia.

A saciedade e o que sobra
Jesus podia ter feito um milagre perfeitinho, com bocados de pão contados e apenas umas migalhas para os passarinhos. Porquê este “desperdício”? Perguntará Judas a propósito do perfume derramado. Os doze deparam-se com a trabalheira de ter de recolher as sobras, cada um em seu cesto, sinal de uma abundância excessiva. Deus é esta desproporção imensa entre as nossas fomes e a sua misericórdia. Deus é um esbanjador inveterado, é esta grandeza que não calcula despesas, nem se deixa estrangular por orçamentos. A medida d’Ele é não ter medida. Amigos e amigas, não tenhamos medo de abrir o coração às dimensões de Deus para ser Eucaristia… explosão de Evangelho!

VIVER A PALAVRA

Vou descobrir o que em mim pode ser pão repartido para os outros.

REZAR A PALAVRA
Senhor, creio que transformas o deserto em vida, onde a surpresa da ternura
se esconde e confunde a teimosia das fugas. Creio que Te basta o meu pouco
para dele fazeres muito e sobrar em abundância. Senhor, creio que me amas
e, atento à minha fome, te dás em alimento e desejas habitar em mim.

Hoje ajoelho e adoro… Creio que estás em mim, Pão Vivo que desce do Céu.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Santíssima Trindade C



Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará».

Caros amigos e amigas, a festa de hoje fala de um Deus que é comunhão, relação, família: Pai, Filho e Espírito são os três protagonistas do único rosto de Deus. Este grande mistério do amor, sem termos a pretensão de o dominar ou explicar, é para acolher amorosamente.

Deus é família
Para uns, Deus é simplesmente algo de misterioso e sobrenatural. Para outros, é um velhote de barbas brancas sentado à janela do paraíso, distante e isolado do nosso mundo, quase um sem abrigo e sem família, que pede ao homem para o fazer sair da sua eterna solidão. Para outros ainda, é uma ilógica equação matemática (1+1+1=1). Porém, Deus não é uma definição, mas é vida, caminho, experiência. Deus não se explica, mas ama-se, reza-se, experimenta-se, porque “quanto mais se navega em Deus, novos mares se descobrem” (De Leon).
Deus não é um abismo de solidão, mas é amor que não se fecha no segredo dos deuses. Deus é festa, família, dança, relação, dom. Por Jesus sabemos que o único rosto de Deus, o verbo amar, se declina em três pessoas. São três pessoas que se amam totalmente que, nós de fora, vemos apenas um, como se fosse um oceano de amor. Cada pessoa desaparece na outra. Só quando nos aproximamos é que experimentamos a diferença do Pai, do Filho e do Espírito.
Deus é comunidade de vida e de amor de pessoas, que vivem e convivem, existem e subsistem eternamente na doação recíproca e voluntária, numa comunhão perfeita e plena de vida e amor. Deus é, ao mesmo tempo, em si mesmo, Aquele que ama, o Amado e o Amor.

Paradoxo do amor
O amor tem uma aparente contradição: por amor, cada pessoa se dá e se perde, para se encontrar e realizar na outra pessoa. Deus Pai “esquece-se” e desaparece da sua glória divina para aparecer na fragilidade humana do Filho. O Filho “esquece-se” de si, na fragilidade de um Amor que se aniquilou até à Cruz, tal era o “fraquinho” do Amor de Deus por nós, para revelar o Pai. O Espírito “esquece-se” de si e esconde-se na brisa, para abraçar o Pai e o Filho.
Este é também o modo de ser de Deus para connosco: Ele morre para nos fazer viver; Ele apaga-se para nos fazer brilhar; Ele diminui-se para nos engrandecer; Ele oculta-se para nos fazer aparecer; Ele parte para nos dar o lugar; Ele afasta-se para nos responsabilizar. De Deus aprenderemos sempre a viver com os outros, para os outros e graças aos outros. É isso viver na comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

A dança do amor é sempre plural
O amor nunca é exclusivo, mas é sempre sem medida, ilimitado, multiplicativo. Amar é viver de Deus! É viver daquela relação que nos amou primeiro.
Ensinar a arte do amor, mostrar como o evangelho se torna vida, aprender que as pessoas não vivem sem as outras, ou contra as outras, ou acima das outras, mas que vivem com as outras, para as outras, vivificadas nas outras, é iniciar a compreender o mistério trinitário da família divina.
Caros amigos e amigas, vivei o amor, ensinai a amar, assim como se ensina uma arte que se conhece, uma estrada que abre novos horizontes, algo que já todos aprendemos porque já o recebemos de Deus. E isto é viver e ensinar o Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Quero aprender, viver e ensinar a divina arte de amar com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

REZAR A PALAVRA
Visita ó Pai a minha orfandade com a tua paternidade.
Visita ó Jesus o meu isolamento com a tua fraternidade.
Visita-me ó “Sopro de Deus” com a tua amizade.
E que, em ti ó Pai, eu encontre a fonte da vida; em Cristo, o amor para caminhar.
E, no Espírito, incendeia de comunhão a minha solidão.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,

como era no princípio, agora e para sempre. Ámen.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Pentecostes C





Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

Caros amigos e amigas, os 50 dias do tempo de Páscoa permitem-nos, à semelhança dos apóstolos no cenáculo, passar do medo para uma explosão de felicidade. Ainda hoje o dom do Espírito facilita germinar em nós as sementes de ressurreição e abrir caminhos novos de esperança.

Artista dos interiores
O Espírito Santo é o ilustre esquecido da nossa vida de fé, o eterno desconhecido e ausente na nossa relação com Deus. E, no entanto, Ele está presente, mesmo se discreto. Nunca dá nas vistas, porque prefere o espaço da interioridade, onde se fazem as confidências, onde se cria a comunhão, onde se sonha o futuro e se contempla silenciosamente o essencial. Nunca compra protagonismos nem reclama vaidades. Talvez seja essa a sua identidade: ser sempre para o outro.
Na Bíblia é chamado de Consolador (para arrancar qualquer solidão), Vivificador (para mostrar o rosto de Deus e recordar a sua palavra), Paráclito (para defender do medo) e reveste-se de formas diversas: vento, fogo, pomba… Ele é o Amor em cada amor, a alma em cada vida, o ar de cada respiração.

Misterioso respiro de Deus
É através de um sopro que Jesus transmite aos apóstolos o fôlego que animou a sua vida, a paixão e energia que o vivificou. Para Deus basta um vento, uma brisa, um sopro vital. E nós bem sabemos o quanto a nossa vida é frágil e suspensa de um simples respiro. Pessoa e respiração são inseparáveis, coexistem juntos. Respirar a “atmosfera” de Deus é viver, sonhar, amar Aquele que se respira! O Espírito Santo é a respiração de Deus.
Já nas origens Deus insuflara no barro o seu respiro e o homem tornou-se um ser vivo. Desde então o Espírito preside a tudo o que nasce, é aquele que dá vida, é a fonte da vida (Credo). Esta é a tarefa miraculosa e maravilhosa do Espírito: fazer nascer a vida, mesmo onde aparentemente ela acabou. O Espírito é capaz de tornar possível o impossível.

Perigo de incêndio
O Espírito é perigoso, devastante e inquietante. Quando pensamos que tudo acabou, que o melhor é fechar-se, que não há saídas, o Espírito escancara as portas do coração, indica caminhos de encontro e de comunhão, enche de ar renovado a vida. Aos apóstolos amedrontados, o Espírito do Ressuscitado faz descobrir uma vida nova; de enclausurados passam à aventura de enviados.
É por vezes difícil sair do nosso cenáculo. E o Espírito vem, humilde e decidido, mais forte do que o nosso desânimo, como vento que enche as velas da nossa vida, que dispersa as cinzas da morte e que difunde por toda a parte os pólenes da primavera da ressurreição.
No relato do Evangelho não se faz referência à presença de Maria. Junto dos apóstolos, acredito que Ela sorria serenamente, como se já conhecesse o rosto e o modo de agir do Espírito. No seu interior já tinha experimentado a sua presença e tinha visto dissipar-se, no silêncio, todas as perplexidades. Ela bem sabia que a semente colocada por Deus no coração dos apóstolos trazia dentro de si a força para desabrochar, florir e dar vida… para ser colheita do Evangelho!

VIVER A PALAVRA
Vou considerar a ação do Espírito de Deus em mim e procurar abandonar-me à sua moção íntima.


REZAR A PALAVRA
 Vento dos céus, fogo de amor, Espírito de Deus!
Hoje, exponho-me a ti como terra que implora a tua fecundidade;
Quero ser terra nova, deixar germinar em mim a vida que vence a morte.
Vem a mim nos teus sete dons, abate as colinas do meu egoísmo,
lavra a minha rigidez, arranca o cultivo que não é tua sementeira,
e abre-me aos horizontes eternos que me chamam.
Opera, Tu, no meu ser, a obra em que te deliciarás!

Cantai hinos a Deus, Os Alma

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Caminhada Jovem à Senhora da Serra

Integrado no encontro de Visitadores, os jovens JEF (da UP6 de Bragança e Freixo/Ligares) subiram com Maria a Serra da Nogueira, no passado dia 12 de maio.
Caminhando na fé, com Maria, até Jesus, rezamos, cantamos e partilhamos a alegria de crer!
Depois da caminhada matinal até ao cimo da serra, tivemos um tempo de adoração juntamente com o grupo de Visitadores do Sacrário que tinham já tido uma formação cateqúetica pela manhã.
Recuperamos as forças com a partilha de farnéis e espalhamos sorrisos e cantos por toda a comunidade. No início da tarde tivemos a oração do rosário pelo recinto do santuário. O dia terminou com a Eucaristia, na qual orientamos o canto. Foi um dia cheio de paz e bem!