Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis
compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a
verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e
vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é
meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele
receberá do que é meu e vo-lo anunciará».
Caros amigos e amigas, a festa de
hoje fala de um Deus que é comunhão, relação, família: Pai, Filho e Espírito
são os três protagonistas do único rosto de Deus. Este grande mistério do amor,
sem termos a pretensão de o dominar ou explicar, é para acolher amorosamente.
Deus é família
Para
uns, Deus é simplesmente algo de misterioso e sobrenatural. Para outros, é um
velhote de barbas brancas sentado à janela do paraíso, distante e isolado do
nosso mundo, quase um sem abrigo e sem família, que
pede ao homem para o fazer sair da sua eterna solidão. Para outros ainda,
é uma ilógica equação matemática (1+1+1=1). Porém, Deus não é uma definição,
mas é vida, caminho, experiência. Deus não se explica, mas ama-se, reza-se,
experimenta-se, porque “quanto mais se navega em Deus, novos mares se
descobrem” (De Leon).
Deus não é um abismo de solidão, mas é amor que não se fecha no segredo dos
deuses. Deus é
festa, família, dança, relação, dom. Por Jesus sabemos que o único rosto de
Deus, o verbo amar, se declina em três pessoas. São três pessoas que se amam
totalmente que, nós de fora, vemos apenas um, como se fosse um oceano de amor.
Cada pessoa desaparece na outra. Só quando nos aproximamos é que experimentamos
a diferença do Pai, do Filho e do Espírito.
Deus é
comunidade de vida e de amor de pessoas, que vivem e convivem, existem e
subsistem eternamente na doação recíproca e voluntária, numa comunhão perfeita
e plena de vida e amor. Deus é, ao mesmo tempo, em si mesmo, Aquele que ama, o
Amado e o Amor.
Paradoxo do amor
O amor
tem uma aparente contradição: por amor, cada pessoa se dá e se perde, para se
encontrar e realizar na outra pessoa. Deus Pai “esquece-se” e desaparece da sua
glória divina para aparecer na fragilidade humana do Filho. O Filho
“esquece-se” de si, na fragilidade de um Amor que se aniquilou até à Cruz, tal
era o “fraquinho” do Amor de Deus por nós, para revelar o Pai. O Espírito
“esquece-se” de si e esconde-se na brisa, para abraçar o Pai e o Filho.
Este é
também o modo de ser de Deus para connosco: Ele morre para nos fazer viver; Ele
apaga-se para nos fazer brilhar; Ele diminui-se para nos engrandecer; Ele
oculta-se para nos fazer aparecer; Ele parte para nos dar o lugar; Ele
afasta-se para nos responsabilizar. De Deus aprenderemos sempre a viver com os
outros, para os outros e graças aos outros. É isso viver na comunhão com o Pai,
o Filho e o Espírito Santo.
A dança do amor é
sempre plural
O amor
nunca é exclusivo, mas é sempre sem medida, ilimitado, multiplicativo. Amar é
viver de Deus! É viver daquela relação que nos amou primeiro.
Ensinar
a arte do amor, mostrar como o evangelho se torna vida, aprender que as pessoas
não vivem sem as outras, ou contra as outras, ou acima das outras, mas que
vivem com as outras, para as outras, vivificadas nas outras, é iniciar a
compreender o mistério trinitário da família divina.
Caros
amigos e amigas, vivei o amor, ensinai a amar, assim como se ensina uma arte
que se conhece, uma estrada que abre novos horizontes, algo que já todos
aprendemos porque já o recebemos de Deus. E isto é viver e ensinar o Evangelho!
VIVER
A PALAVRA
Quero aprender, viver e ensinar a
divina arte de amar com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
REZAR
A PALAVRA
Visita ó Pai a minha orfandade com a tua paternidade.
Visita ó Jesus o meu isolamento com a tua fraternidade.
Visita-me ó “Sopro de Deus” com a tua amizade.
E que, em ti ó Pai ,
eu encontre a fonte da vida; em Cristo, o amor para caminhar.
E, no Espírito, incendeia de comunhão a minha solidão.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,
como era no princípio, agora e para sempre. Ámen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário