Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar
dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o
arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu
Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do
alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as
mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao
Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com
grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
Caros amigos e amigas, na Ascensão Jesus regressa
à casa do Pai e começa uma aventura com novos protagonistas: eu e tu, tal como
os discípulos, construímos a Igreja. A festa da
Ascensão é, então, um convite a pôr-se a caminho na ternura e frescura do
Evangelho.
“Está escrito”
Na Ascensão Deus assina e
rubrica a nossa vida! As luzes e as sombras da nossa humanidade são conduzidas
por Jesus ao íntimo de Deus. Nada do que é humano e nosso fica distante do amor
divino. Deus conhece a nossa natureza humana marcada e saldada até à última
gota no alto da Cruz; Ele sabe do cansaço e sente a alegria pelo amor
reencontrado; Ele compreende o sofrimento e a desilusão pela traição; Ele
enxerga o peso das lágrimas choradas pelo vazio e o abandono; Ele entende a dor
do coração bem como o ardor de uma paixão.
E, porque conhece e sabe
do que somos feitos, num misto de terra e de céu, confia o Evangelho à nossa
fragilidade. E nós sabemos que só com Ele, em íntima sintonia, podemos
continuar a escrever páginas que dão vida e esperança.
Testemunhas na cidade e conduzidos a
Betânia
Em três anos os
discípulos caminharam atrás do Mestre, bom pastor, como vagabundos felizes nas
estradas da Palestina. Agora são convidados a permanecer na cidade, naquele
lugar habitado por multidões e anónimos, gente de permanência e de passagem,
lugar do quotidiano e da desesperante banalidade, da vida agitada e do delírio
confuso. E é aí, entre os homens e com eles, que Deus escolhe habitar.
Com a Ascensão, o nosso
dia-a-dia torna-se o refúgio de Deus e o homem torna-se o céu de Deus. O outro
é o nosso paraíso, o lugar onde Deus se pode encontrar. O Evangelho é então
semeado na vida e existência de cada pessoa.
Mas antes, Jesus conduz
os apóstolos a Betânia, terra da amizade e da intimidade, lugar de encontros
que alentam a vida, espaço onde o amor é capaz de estar e de andar, casa aberta
e ponte entre nós e o céu. Antes de “dar” testemunho, os discípulos precisam
“ser” testemunhas.
Vida abençoada e de bênção
A última imagem que os
discípulos retêm na memória é a de Jesus que abençoa. Na sua partida, Deus não grita
uma palavra de maldição ou um lamento estéril, não faz um juízo, não lança uma
condenação. Mas, deixa uma bênção, uma palavra de beleza e de estima, quase de
gratidão.
Mas porque é que Deus
estará grato por mim? Por nada, a não ser pela minha pobreza. E, todavia, Deus
abençoa. Abençoar é dizer bem, é ver todo o bem semeado dentro de ti, é
escolher a vida, a sua bondade e beleza.
Continuar a abençoar,
continuar a reconhecer e a dizer ao outro todo o bem que existe dentro dele,
continuar a testemunhar a beleza de quem caminha ao nosso lado, é começar já
hoje a viver o céu na terra e é deixar-se fortemente abraçar naquela bênção de
Jesus. E isso é evangelho.
VIVER A PALAVRA
Quero ser lugar de Deus para os outros, paraíso onde o irmão encontre felicidade.
REZAR A PALAVRA
Senhor, Tu
não me abandonas, és a eterna presença que me faz tocar o céu;
não te evades,
nem te escondes, és a esplendorosa Beleza que me embeleza;
Tu não te
superiorizas, nem me desprezas, és a plenitude que me eleva.
Senhor,
quero entregar-te o coração para que estabeleças o céu na terra!
Toca com
misericórdia a pobreza do meu ser, a banalidade dos meus dias,
para que
a minha vida anuncie e possa fazer provar o banquete da tua alegria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário